Luna
A noite tinha tudo para ser longa e triste. Pois vim para casa da Bella para me distrair e o Théo apareceu.
Conversamos. Ele esclareceu tudo. Alguém armou para ele achar que eu tinha um caso com Douglas. Acabamos fazendo as pazes.
Fizemos amor com total intensidade. Tive vontade de falar que o amo, mas me segurei.
Sei que pareço boba diante do Théo. Sobretudo sempre perdoando. Mas, não temos nada sério. Quer dizer, a partir de agora se ele pisar na bola não vai ser como antes. Será diferente.
Dormimos juntos. Antes nos amamos para matar as saudades. Foi tudo perfeito.
Hoje, antes de retornar para Saquarema vou deixar o exame de gravidez com a Bella e pedir para entregar ao Théo.
Ele precisa saber que será pai mesmo sem querer. Tem esse direito. Só espero que a reação dele não seja das piores.
Levanto da cama e ele ainda está dormindo. Beijo de leve seus labios. Tomo um banho rápido para não acordá-lo. Quero falar com a Bella antes dela sair para a clínica.
Encontro a Bella e o Léo na cozinha trocando beijos.
- Amor, não vai hoje. Vamos voltar para a cama. - fala Léo.
- Não. Tenho que trabalhar. As 16h você me pega. - ela diz manhosa.
-Bom dia! - falo.
Os dois respondem. O Leonardo muda na mesma hora. Ele não consegue disfarçar que não gosta de mim.
- Está bem? - pergunta Bella.
- Sim. Ótima. Bem, quando você voltar, ja terei ido. Só queria te dar um abraço. - falo.
Ela vem em minha direção e me abraça. Leonardo olha a contragosto.
- Estarei no quarto Bella. - ele diz e sai.
Bella me olha e sorri. Eu entendo o que é. E sobre minha noite com o Théo.
- Está feliz?
- Sim. Esclarecemos muitas coisas. Ele estava com Antonella, mas só a deixou em casa. Recebeu uma foto e pensou que eu estive com outro. - falo.
- Leo me falou isso. O Théo conversou com ele. E quando vai falar sobre a gravidez? - questiona.
- Então. Vou te deixar esse exame e você entrega a ele depois que eu chegar em Saqurema. - falo.
- Você acha melhor assim? - Bella se assusta.
- Sim Bella. Confesso que tenho medo sa reação dele. - digo.
- Tudo bem. Mas depois vocês precisarão conversar. - diz.
- Sei disso. Você entrega e eu dou um tempo para ele assimilar tudo e o procuro. - falo tensa.
- E como está esse bebezinho? - fala com voz de criança.
- Acredito que bem. Já não sinto mais dores. - falo.
Ela acaricia minha barriga. Me olha e sorrir. Abaixa e fala com voz infantil.
Nesse exato momento a última pessoa que deveria entrar na cozinha, surge como mágica.
- O que significa isso Luna? - fala com a voz estrangulada pela raiva.
Gelo e estremeço na mesma proporção. Olho para as mãos dele e vejo os remédios que tomo para manter a gravidez.
- Ai meu Deus. - Bella sussurra.
- Estou esperando uma explicação. - fala grosso.
- Théo. Mes escuta primeiro por favor. - peço.
O exame de gravidez queima em minha mão. Os olhos dele faíscam de raiva.
- Explica. Porque quero muito saber. - diz ele.
Ele coloca os remédios com furia na pequena mesa da cozinha. Volta para sala o sigo. Bella vem atrás.
Ele está de costas na sala com as mãos no bolso e cabeça baixa. Não tenho mais como prolongar esse momento.
- Estou grávida. - falo num fio de voz.
Vejo ele enrijercer as costas. E descontar toda sua furia em uma parede. O soco foi tão forte que temho medo dele ter quebrado a mão. Choro.
- O que está acontecendo aqui? - pergunta Léo.
Ninguém responde. Théo me olha como se visse além de mim. Os olhos estão vermelhos.
Ele vira, abre a porta e sai. Bate com violência e assusta a todos.
- Vocês vão me explicar o que está acontecendo? - Léo pede.
- Te explico o que você quiser. Mas por favor, ele está transtornado. Vamos atrás dele. - peço chorando.
Léo pega as chaves do carro e saímos. Ele liga para Renan pelo viva voz do carro e pergunta se está seguindo o Théo.
- Ele está na rota de casa. Estou bem atrás dele. Está muito nervoso. Pedi para dirigir e ele nem me olhou. - Renan fala preocupado.
Léo desliga e vamos o trajeto todo calados. Pelo menos não vou enfrentá-lo sozinho. Esperava outra reação dele. Gritar, me acusar. E não sair sem olhar para trás.
Chegamos e o Léo para o carro na frente do edificio. Subimos pelo elevador comum. O privativo demoraria para descer. Renan estava no corredor.
- O que aconteceu? - pergunta nervoso.
- Ele descobriu Renan. - falo.
- Isso não é bom. - ele diz passando a mão na testa.
De repente ouvimos barulho de vidro quebrando. Renan imediatamente abre a porta e entramos. Théo estava fora de si quebrando tudo.
Quebrou todos os copos do balcão do bar. Os arranjos do aparador. E continua.
- Pára Théo. Deixa de ser Infantil. - Leonardo grita.
- Ah! Falou o profissional em perfurar pulso. - ele grita.
- Théo. Por favor! - falo desesperada.
- Agora é a golpista! - grita.
- Eu não sou golpista. Não fale assim comigo. - peço num fio de voz.
- Falo. Você foi desleal. Sabe o que você fez? Cravou um punhal em meu coração. - falou amargo me apontando o dedo.
- Pela terceira vez. O que está acontecendo? - Leo pergunta irritado.
- Aconteceu o que você falou. Que essa mulher ia arrombar com minha vida. Eis que sua profecia se cumpriu. - rir debochado.
- Luna? - Léo me questiona.
Não consigo dizer nada. Estou engasgada. Um nó na garganta e vontade de sumir.
- Ela esta grávida! - Théo grita.
Mais um vidro quebrado. Dessa vez foi uma garrafa que ele arremessou na porta da sacada.
- Quanto tempo Luna? - pergunta Léo.
- Dez semanas. - falo.
- Olhe só como ela é falsa e dissimulada. Dez semanas. Eu sempre falando que não quero filhos e ela já grávida escutando. Você é maquiavélica. - ele diz.
Sua voz é mais fria ainda. Estremeço a cada palavra que ele diz. Começo a suar frio.
- Juro que não foi de propósito. Nunca faria isso. E não fiz esse filho sozinha. - altero a voz.
- Não fez! Mas eu confiei em você. Falou comigo sobre o remédio. Comprei e com verteza você não tomou. Isso foi maldade. - fala.
- Tomei sim a pílula. Quando engravidei já estava aqui. Mas com tanta coisa na cabeça, relaxei. Me perdoa. - falo nervosa.
- Perdoar? Você tem noção do que fez comigo? Do inferno que vai se transformar minha vida? - ele grita com o rosto banhado em lágrimas.
- Théo. Tudo bem que ela errou. Mas um filho não é o fim do mundo. - Léo diz.
- Não? O que é um filho na vida de uma pessoa que corre riscos todos os dias? Que é ameaçado de morte constantemente? Ele vai ter vida? Você acha que eu vou deitar e consegui dormir? - ele grita possesso.
- Não quero que você pense que um filho será um estorvo em sua vida. - digo.
- Você acabou com o pouco de paz que eu tinha na vida. - ele diz tremendo.
- Não fala assim! - choro.
Ele se escora na parede e chora como uma criança. Me aproximo e Renan faz sinal de não. Volto.
- Porquê não falou quando descobriu Luna? - Léo pergunta baixo proximo a mim.
- Estava com medo disso. Dessa reação. - fala.
- Você só adiou isso. - Léo diz.
- Falei a ela para dizer. Mas confesso que também tive medo. - diz Bella.
- Você sabia Isabella? - Léo pergunta ríspido.
- Sim. Soube há pouco tempo. - ela fala.
- E não me disse porque? - pergunta baixo.
- Luna pediu que não falasse a ninguém. - fala.
- Eu sou ninguém Isabella? Você não tinha o direito de esconder isso de mim. - ele fala alto.
- Eu não tinha era o direito de trair a confiança da minha irmã. - Ela responde.
- A minha pode. Não acredito nisso. - ele fala balançando a cabeça.
- Léo, por favor, não complica. - ela pede.
- Incrível como você tem o dom de me enlouquecer. - fala.
- Esquece isso Leonardo. Elas são iguais. Não é a toa que têm o mesmo sangue. - Théo fala.
- Você não vai falar assim comigo. - Bella fala apontando o dedo para o Théo.
- Falo como quiser. São iguais. As duas atrás de um idiota rico para mudar de vida. Duas golpistas. - ele grita.
Leo avança sobre ele e o empurra na parede.
- Não vou permitir que você ofenda a minha mulher. Quer falar da sua, problema seu. - ele força Théo mais uma vez contra a parede. Renan os separa.
- A diferença irmão. É que a sua foi inteligente e não ficou grávida. - Theo fala ajeitando a roupa.
- Fui burra sim. Sabe porquê? Me envolvi com uma pessoa como você. Que também mentiu e dissimulou no início. Que me fez de idiota todo esse tempo. - grito na cara dele.
- Isso. Agora é a parte que você fala que esta grávida e quer pensão. - ele fala debochado.
Me aproximo mais ainda e ficamos cara a cara. Respiro fundo. Ele sustenta o olhar.
- Não quero nada seu. Se meu filho é um estorvo, um peso que você não pode carregar, para mim, ele é uma benção. - digo.
- Claro. O que pode lhe render uma mesada bem gorda. E não se preocupe, se realmente for meu filho, ele terá cerca de 15mil por mês. Ou mais. - diz ácido.
- Se for seu filho? - pergunto incrédula.
- Qual é Luna? Você acha mesmo que vou assumir assim? Sem teste de DNA? Você só pode está brincando. - Diz sorrindo.
- Quem deve esta de brincadeira é você. Não estive com ninguém todo esse tempo. Você está me ofendendo. - falo.
- Você é quem está ofendendo a minha inteligência. Acha mesmo que sou idiota? - grita.
- Idiota você é sim. O filho é seu. Se não quiser acreditar, problema seu. Ele não nascerá sem amor por causa disso. - falo magoada.
- Ja disse. Se for meu, terá todo o apoio financeiro. Afinal é isso que você busca. - diz friamente.
- Não. Você não me conhece. Não quero seu dinheiro. Não vamos precisar. - falo incerta, porém firme.
- Quero o exame. Faça e depois conversaremos. - fala ácido.
- Não vou fazer. Fique com sua dúvida. O importante é que eu tenho certeza. E a maior delas é que devo me afastar de você. Uma pessoa que dúvida e renega o próprio filho é uma pessoa sem escrúpulos. - falo com raiva.
- Escrúpulos? Quem é você para me cobrar isso? A mulher que transou comigo na hora que nos conhecemos. - ele grita. - E você pode muitos bem ter feito isso outras vezes.
- Você não vai falar com a minha irmã assim seu cretino. - Bella grita na cara dele.
- Sua irmã trepou comigo numa parede assim que me disse seu nome. - ele disse
A Bella deu uma bofetada na cara dele. Fechei os olhos.
- Isabella! Você enlouqueceu? - Léo a puxou de perto do Théo ficando entre os dois.
Théo passa a mão no rosto e vejo quanta raiva tem na sua expressão.
- Nunca mais faça isso Isabella. - ele fala de uma forma que dá medo.
- Então munca mais insulte minha irmã. - ela diz.
- Tire essa mulher daqui agora! - ele pede ao Léo.
- Vou levar a Isabella e volto. - ele diz saindo e puxando a Bella.
- Não vou deixar a Luna sozinha com esse aí! - ela diz puxando a mão.
- Você vai comigo agora Isabella. Passou de todos os limites. - Leo fala alterado.
- Me faça um favor irmão. Leva a outra também. Me impede de fazer uma besteira. - Théo fala me olhando com raiva.
E todo o choro que eu reprimir agora sai alto e dolorido. Todos me olham e não me importo.
- Não queria que fosse assim Théo. Não vou te obrigar a assumir um filho que você não quer. Fique despreocupado. - falo.
- Que eu não sei se é meu. Pode ser do doutorzinho. O que deve lhe render uma boa pensão também. - diz.
Sinto uma raiva sem sentido. Como ele pode falar essas coisas? Como consegue magoar as pessoas em direção a porta. Antes de sair, olho para o Théo mais uma vez. Respiro fundo e saio.
Entramos no carro do Léo e ele faz o percurso em silêncio. Nem para Bella ele olha.
Chegamos na casa da minha irmã e eles foram para o quarto. Entrei e comecei a arrumar minhas coisas. Fui na cozinha pegar meus remédios e escutei uma discussão bem alterada entre a Bella e o Léo. Isso aperta meu coração.
Volto para o quarto rápido. Termino de arrumar minha bolsa. Pego minhas coisas. Vou sair sem dizer nada. Chega de atrapalhar a vida da minha irmã. Depois de tudo, não tenho esse direito.
Abro a porta para sair e dou de cara com o James. Ele me olha desconfiado.
- Para onde vai?
- Vou embora. - falo.
- Escondida, suponho. - diz.
- Sim. Não quero atrapalhar mais a vida das pessoas. - Falo.
De repente sinto uma pontada aguda na barriga. Lembro da outra vez. Respiro fundo. E a dor aumenta. Sinto algo descer e molhar minha calcinha.
- James. Me ajuda. Estou com muita dor e acho que estou sangrando. - peço desesperada.
- Vamos! Leonardo, Leonardo! - grita.
- James! - escuto a voz de Léo e é a última coisa antes de tudo escurecer.