Capítulo 64

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Luna

Minha vida está uma confusão.  Lembro de todos momentos desde que saí da casa da minha mãe até quando acordei na sala de parto e vi o Théo segurando minha mão  como se isso dependesse a minha vida.

Esse é o melhor momento da minha vida.  Mas, não queria que fosse assim. Dessa forma tão prematura.

Essa tensão toda não é bom para meus bebês e nem para mim. Mas, infelizmente não  pensei na consequências dos meus atos e agora estou aqui em desespero por causa da situação da Vitória.  O meu menininho é um pouco mais forte, porém  minha menininha terá que lutar bravamente para sobreviver.

Acredito que vai dar tudo certo. Mas meu coração de mãe sofre. Eles são tão pequenininhos e passando  por tudo isso.

Assim que termina minha cirurgia fico mais 30 minutos na sala em observação  e depois me levam para o quarto.  Quando entro me surpreendo com a quantidade  de rosas.  Vermelhas, rosas, brancas. Fiquei  mais emotiva ainda. Ja deitada em minha cama, não  acredito ao ler o cartão  e saber quem as enviou.

"Luna, você nos presenteou com dois tesouros.  Dois seres humanos serão tão incríveis quanto os pais. Ja os amo com todas as minhas forças. Você é uma mulher de fibra mesmo tão nova. Me perdoe por tudo. Vamos escrever uma nova história."    

Leonardo Portinari.

Não  esperava por isso. Nunca que imaginei nessa vida e nem em outra, uma atitude assim vinda do Leonardo que sempre me tratou com hostilidade.

- Posso entrar? - pede dona Lúcia.

- Oi! Deve. - respondo sorrindo.

- Acabei de ver nossos amores. Estão firmes  e fortes. - diz empolgada. 

- Eu sei do real estado da Vivi. Eu juro que estou confiante. Mas, não posso evitar entrar em desespero.  Eu só queria levar ela para casa.  - falo aos prantos. 

- Ela vai ficar boa logo Luna. Tenha fé. - diz dona Lucia chorando também. 

Ela me abraça e faz carinho  em minhas costas.  Isso me deixa mais vulnerável ainda. Está insuportável esse vazio em meus braços. 

- Posso vê-los? - pergunto ansiosa.

- Hoje não.  Sinto muito. Você passou por uma cirurgia não  tem nem 3 horas. Vai ficar  de repouso por conta da anestesia. Eles estão em boas mãos. - diz sr. Jorge entrando.

Minha sensação é de impotência. Culpa também me assola. Fui imprudente e não vou me perdoar nunca. Meus bebês estariam dentro de mim ainda  se não  fosse minha teimosia.

- Onde está o Théo?  - pergunto e eles se olham.

Acho estranho essa troca fe olhares e a demora em me responder.  Meu coração gela. Ele ainda não  teve comigo desde que saí do centro cirúrgico.

- Nossos filhos estão na uti, estou aqui impossibilitada de vê-los e queria ele do meu lado. - falo com a voz embargada. 

- Ele está com os gêmeos.  Como o hospital é da família, ele foi autorizado a ficar lá com os dois. Ele está arrasado Luna. Se sente culpado e toda aquela história de não  querer filhos voltou a tona. Dê um tempo a ele. - diz dona Lúcia.

Que droga  que só sei chorar.  Não  estou conseguindo achar maturidade para tudo isso. É muito sofrimento. Meu Deus, que isso acabe logo.

- Avisaram a minha mãe?

- O Théo pediu que não avisasse enquanto você está em trabalho de parto. Mas a Louise foi para lá buscá-la. Preferimos avisar pessoalmente. - diz dona Lúcia.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora