Capítulo 14

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Luna

Fico parada no meio do banheiro parecendo um poste. Não posso estar grávida. Não é o momento e não é para ser assim. Meu Deus, como fui estupidamente descuidada. Mas eu não me sinto grávida. Não! Não!

- Luna. Fala alguma coisa minha filha. Está branca igual a papel - diz dona Lúcia.

- Não posso estar grávida dona Lúcia. Não agora. O que eu faço? - pergunto desesperada.

- Primeiro você se alimenta. Já está tarde e não podemos fazer muita coisa. Se acalme. - pede.

Ela me conduz até a cozinha e pede para Tereza fazer um sanduíche natural. Comi e bebi metade de um suco de beterraba que ela me empurrou.

-Vamos Luna. Precisa descansar. Você esta bem pálida ainda. - fala.

- Estou cansada mesmo. - levanto.

- Tereza. Pode se recolher. E não comente com ninguém sobre o que viu aqui. - pede e saímos.

Fomos para o quarto do Théo. Sento na cama e ela em uma poltrona. Baixo a cabeça.

- Vocês não conhecem nenhum método para prevenir gravidez? - pergunta.

- Sim dona Lúcia. Mas foi tudo tão repentino entre mim e o Théo. Não tomava anticoncepcional. E foi tanta coisa acontecendo em minha vida que sempre esquecia. - digo constrangida.

- E meu filho dando uma de imaturo não usava camisinha. - fala.

- Ele disse que só não usou comigo. - falo ainda olhando para o chão.

- Acredito. Do jeito que ele é, se não usasse, já teriamos uns 50 netos. - fala.

Sorrio sem graça. Até a mãe sabe o quanto o filho é galinha.

- Desculpas dona Lúcia. Juro que não tinha intenção nenhuma. Estou muito mal com isso. - falo sem segurar s lágrimas.

- Estou vendo. Se for confirmada, quer dizer, certeza eu tenho, mas precisa fazer um exame. O que você pretende fazer? - pergunta.

- Não sei. Estou totalmente perdida e desesperada. Tentando me agarrar a um fio de esperança de que não seja verdade. - choro.

Ficamos em silêncio por um momento. Choro até me acalmar e ela me espera. Respiro fundo e a olho.

- Tive uma infância tão difícil. Fui criada sem meu pai. Minha mãe numa luta todos os dias para que não me faltasse nada. Tenho muito medo disso se repetir. - falo trêmula.

- Isso não vai se repetir. Tenha certeza. Desculpa mas eu preciso saber se você se relacionou com alguém além do Théo? - ela me olha.

- Não. Antes do Théo tive um namorado psicopata. Mas tinha 8 meses solteira sem ninguém. - explico.

- Agora não adianta ficar se culpando. Amanhã você tira sua duvida, porque eu não tenho nemhuma. - diz.

- Ainda tenho esperança. - falo.

- Não tenha. Descanse agora. Boa noite. - diz saindo.

- Dona Lúcia. - ela pára - Não conte a ele por favor. Não agora. - peço.

- Não contarei. Até porque isso cabe a você e com o exame em mãos. - sai.

Depois de um banho quente desabo na cama sem vontade de fazer mais nada. Volto a chorar. Não consigo me controlar. Não posso estar grávida. Théo não vai aceitar. Ele disse claramente que não queria ter filhos.

Deito e tento dormir. Quando consigo relaxar na medida do possível o rosto do Leonardo me vem a mente.

- Meu Deus. O Leonardo vai acabar comigo. Aí sim que terá certeza que sou interesseira. O que vou fazer da minha vida? - choro convulsivamente.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora