Théo
- Que palhaçada é essa? - falo irritado.
O envelope parece queimar em minhas mãos. A raiva me consome por inteiro. Respirar se torna difícil.
Diante do que vejo não há nenhuma explicação plausível para isso. É nítido. Não tem como negar porque sabemos que diante de fatos não existem argumentos.
Era só o que me faltava. Juro que a essa altura não esperava por isso. Pego o bilhete e leio.
" Lindos não é? Parece que foram feitos um para o outro. Acabo de tirar essa foto. E quem melhor do que você para recebê-la? "
Me prendi esse tempo todo, sem querer assumir nada por conta do meu ego e da minha necessidade de liberdade, dou um passo a mais para ancontecer isso.
A coisa que eu mais odeio nesse mundo é ser feito de idiota. Prezo muito a palavra. Não aceito mentiras. A Luna não tinha esse direito. Não depois desse fim de senana. E esses dias todos pegando estrada achando que estava tudo bem. Como fui idiota.
Olho para a foto e sinto meus dedos queimarem. É! Parece que o jogo virou. Mas não vou ser daqueles que vai bater de frente em busca de explicações e receber meia dúzia de mentiras como defesa.
O melhor a fazer diante de uma situação dessas é seguir adiante. Esquecer essa fase da minha vida. Virar a página desse capítulo no qual fui o cara mais idiota da face da terra. Fim!
Em pensar que saí cedo hoje para ir a Saquarema. Grande perda de tempo. Me dirijo ao bar e encho o copo de conhaque. Não vou me estressar. Tenho a mulher que quiser aos meus pés.
Perco a noção do tempo e não sei que horas são e nem o quanto bebi. Percebo alguém parado ao meu lado.
- Cara. Que fossa é essa? O que houve? - pergunta Renan.
- Ela me enganou Renan. Eu todo idiota, dormindo de conchinha todos esses dias para ela me fazer de bobo.
- Que história é essa? - ele se espanta.
Alcanço a foto no sofá e entrego a ele. Segura a foto e me olha incrédulo. Balança a cabeça negativamente.
- Quando foi isso?
- Segundo o bilhete, hoje. - falo desgostoso.
- Não acredito nisso. Em Saquarema?
- Só pode. Ou ela veio para cá e não me avisou. Visto a foto, nem o faria.- digo.
- O que você vai fazer?
- Nada Renan. Não vou perder meu tempo. Até porque não temos nada. Juro que tentei, mas ela acabou com tudo agora. - falo irritado.
Ele levanta, pega a garrafa fecha e coloca no lugar. Pára bem na minha frente e me estende a mão. Levanto do chão com sua ajuda.
- Chuveiro. Se Não for com suas pernas, irá com as minhas. Você decide. - fala firme.
Passo por ele cambaleando e vou em direção ao meu quarto. Depois do banho deito só de boxer. Não vejo mais o Renan. Mas sei que ele esta por perto.
Chego cedo na delegacia com uma dor de cabeça de lascar. Vou direto para minha sala. Quando faço isso alguém sempre se encarrega de levar meu café.
Passo a manhã no automático. Meio dia almoço com o Ben na minha sala mesmo. Por hora não comento nada com ele. Estou sem vontade nenhuma de abordar o assunto.
Passo a tarde envolvido em leituras de alguns casos para dar seguimento. Meu celular toca. Meu irmão.
- Leo! - atendo.
- Oi. Porque sumiu?
- Muito trabalho. Cabeça cheia. - explico.
- Vou para Saquarema mais tarde. O Edu também vai. Fiz reserva em um barzinho lá. Topa?
- Não sei Léo. Tem muita coisa para fazer aqui ainda. Te ligo quando resolver - falo.
Conversamos mais um tempo sobre outras coisas e desligo. Não sei se quero ir. Porém todos vão. Vai ser legal. Não posso deixar que esse lance com a Luna atrapalhe alguma coisa. Vou sim. Até porque ela e o Léo não se batem. Então acho difícil ela encontrar com eles.
Por volta das 22h saio para Saquarema. Confiro meu celular que a não ser para atender ligações não olhei mais nada. Tem uma ligação dela. Excluo.
Léo manda a localização de onde eles estão e Renan segue. Entro e encontro a turma. A Luna, como eu previ, não está. Melhor assim. Falo com todos. Tem uma loura me secando. Antonella.
Conversamos e descubro que é prima da Bella. Essa, por sinal quer me matar só com o olhar.
Bella foi ao banheiro com a Sophia. Me sentei mais próximo da prima e começamos a conversar entre nós dois. Não sei exatamente o porque mas no meio de uma conversa nada a ver ela me beijou. Fiquei surpreso e correspondi. Mas a Bella interrompeu o momento com uma crise de ciúmes em prol da Luna.
Não a beijei mais para evitar confusão. As meninas querem me comer vivo. Não demora mais que 40 minutos e a Luna chega tirando satisfação. A raiva sobe, mas me controlo. Respiro fundo inúmeras vezes.
Disse coisas a ela na frente das pessoas que talvez me arrependa. Não por agora. Estou ainda muito irritado com ela.
O mais incrível de tudo é como ela se faz de desentendida. Se ofende por eu estar tão perto de Antonella. Faz um mine barraco se fazendo de vitima.
Sai acompanhada da Bella e vai embora. Quando o Léo volta para a mesa depois de ter ido atrás da Bella, me questiona com o olhar.
- Depois a gente conversa. É uma longa história. - falo.
- Terei tempo para ouvir. - fala.
Eduardo muda o foco da conversa para não ficarmos desconfortáveis. Uma hora depois a Antonella quer ir embora. Pede que eu a leve.
- Bem. Já vou indo. Até mais. - me despeço.
- Théo, me ligue mais tarde. Onde você vai ficar? - fala.
- Aluguei uma casa aqui esqueceu? James sabe onde fica. - falo olhando para o James que ri.
Saímos para o estacionamento. Abro a porta e ela entra. Ela vai me indicando o caminho.
- Aquela era sua namorada? - pergunta.
- Não. Nós tínhamos um lance. - respondo.
- Ah sim. Pensei que namorava a irmãzinha aparecida da Bella. - fala.
Olho para ela de lado. Me incomodo com a forma que ela fala.
- Ja estamos proximos a sua rua. Preste atenção para eu não passar direto. - peço.
- Não me importaria se passasse direto. Seria muito prazeroso. - diz.
- Tenho certeza que sim. - digo.
Ela sorrir e coloca a mão em minha perna. Quando ver que não ofereço resistência a mão sobe e esfrega meu pau. E meu amigo traidor levanta na mesma hora.
- Nossa. Animadinho. - ela diz maliciosas.
- Sempe!
- Passa direto. Vou te ensinar o que é uma mulher de verdade. Não aquela pobrinha da irmã da Bella. - diz.
E sabe quando o pau mucha na hora? Assim aconteceu. Não só pelo fato dela ter ofendido a Luna, mas por perceber que tipo de pessoa é ela.
- Onde é a casa? - pergunto seco.
- Aquele muro branco bem alto na frente. - diz.
Sigo mais 1 min e paro em frente a casa. Ela me olha e sorri.
- Entra. Estão todos dormindo. - diz.
- Não! Preciso ir. Tenho que dormir. - falo.
- Ah! Pára com isso. Dormir quando tem uma mulher como eu na sua frente pedindo para ficar? - ela diz manhosa.
- Justamente por isso! Boa noite. - falo.
- Imbecil. - diz e sai do carro espumando.
Sei bem o tipo dela. Quer atenção a qualquer custo e para isso ama humilhar e ofender as pessoas. Não curto mulher assim.
Chego na casa e vou a cozinha beber água. É impossível entrar nesse cômodo e não lembrar da primeira vez que transei com a Luna. Olho para a parede e me bate uma raiva sem fim. Volto para a sala.
- Renan. Dê as coordenadas lá fora e pode dormir. Tem outro quarto aí. Para mim o dia de hoje ja deu. Amanhã quero sair cedo.
Ele sai e eu vou para o quarto. Me pego pensando na Luna. Porque ela se ofendeu ao me ver com a Antonella se ela esta se encontrando com a merda daquele médico? Ela é uma sonsa. Difícil de acreditar. Eu deveria saber desde aquele beijo.
Desperto as 7h e as 8h já estamos na estrada para o Rio. Pego o celular e vejo uma mensagem dela dando uma de vítima. Ignoro e não respondo.
Passo o resto do dia na merda. Zangado comigo e com o mundo. Começo a beber novamente.
- Vamos parar com isso mocinho? - Louise diz entrando.
- Olha só. A irmanzinha que prefere o Léo aqui na minha casa. - falo irônico.
- Cala a boca idiota. Você não sabe nem o que fala.
- Sei por experiência. - digo e a abraço.
- Porque está bebendo assim amor? - ela pergunta segurando meu rosto.
- Nada. Estou a fim. Não posso?
- Pára de doce. O Renan me contou. - diz .
- Eu ainda demito esse idiota. - falo.
Escuto a gargalhada dele. Gente confiante demais e cheia de ousadia.
- Théo. Me escuta. Não faz a mesma coisa que o Léo. O erro de julgamento quase separou ele da Bella por algo que não aconteceu. - fala.
- Pega a foto em cima da mesa e dá uma olhada. - digo.
- Olhei antes de falar com você. E quer saber? Não vejo nada demais ali. Fale com ela. Peça uma explicação. - fala.
- Não vou correr atrás dela. Chega Louise. Essa foto dispensa explicação. - falo irritado.
- Outro idiota cabeça dura. Por isso que se estrepa. Vai perder uma pessoa que gosta por causa de uma foto estúpida que nem sequer sabe a fonte. - fala zangada.
- Não enche. Tem tanta mulher por aí, não vou ficar me preocupando com a Luna. - falo firme.
- Vou fazer questão de esfregar em sua cara mais tarde o famoso bordão: Eu te avisei.
- Faz o que você quiser. Só pára de defender o errado. - falo.
- Procura ela. Mostra a foto e pede uma explicação antes que você a veja nos braços de outro de verdade.
Ela vai embora chateada. Nem um beijo me dá. Mas não vou pirar com as coisas de Louise.
Algum tempo depois que a Louise saiu, chega dona Lúcia. Pensando seriamente em mudar essa fechadura.
- Meu filho. O que houve? - pergunta me beijando.
- Nem perca seu tempo mãe. Sei que já chegou aqui sabendo. - falo.
- Por alto. Só te digo uma coisa. Volte para Saquarema e converse com a Luna. Vocês não podem simplesmente se ignorarem dessa forma.
- Mãe. Por favor, esquece isso. Estou sem cabeça para pensar. Só quero deitar e dormir. Amanhã a gente conversa. - suplico.
- Tudo bem meu amor. Mas Amanhã eu te ligo. Se alimenta antes?
- Prometo mãe. - a beijo e ela sai.
Tomo um banho para vê se melhora a cabeça e ligo para um restaurante e peço comida.
Se eu já não suporto o dia de domingo, o de hoje está uma merda total. Levanto me arrastando depois das 13h. A cabeça parecendo que vai explodir.
Ao passar pela mesa pego a foto. Devo ser bem masoquista mesmo. Porque ainda não rasguei essa porcaria e joguei fora?
Meu celular toca. Olho o número e não conheço. Mas Sei que é um telefone fixo. Atendo.
- Pronto! - nada.
Ninguém responde. Escuto apenas um barulho ao redor como se fossem carros passando.
- Quem é? - insisto.
Nada. Apenas a respiração descompassada. E barulhos ao fundo. Tento sondar mais alguma coisa e nada.
- Última chance. Se não falar quem é vou desligar. - falo.
A pessoa permanece muda. Desligo e chamo Renan. Dou o numero e peço para descobrir de onde é. Só pode ser algum psicopata ou alguma brincadeira de mal gosto.
- Théo. O número e de um orelhão daqui do Rio. Do Leblon. - diz.
- Quem será? Pode ter sido engano.
- Na dúvida, vamos ficar espertos. Na próxima ligação, segura a pessoa enquanto vou checar. - diz preocupado.
A campainha toca. O Renan está próximo e vai abrir.
- Boa noite gatinhos. - diz Mabel entrando.
- Me retirando em 3, 2, 1... fui! - Renan sai.
Ela se aproxima de mim e coloca as mãos em meus ombros.
- O que faz aqui Mabel? - pergunto seco.
- Senti saudades. Não posso?
- Pode. Claro. Senta ai. - falo.
- A última coisa que quero nesse apartamento é sentar a não ser que seja em cima de você. - diz sentando em mim.
- Pára com isso Mabel. - peço.
- Ah! Quer dizer não não quer me comer. Relembrar os velhos tempos. - diz se esfregando em mim.
- Levanta daí mulher. - peço.
- Olha só. Você diz uma coisa e o demolidor delicia diz outra. Você ja está duro para mim amor. - diz satisfeita.
Ela tenta me beijar e não deixo. Essa diaba está me tentando. Mais um pouco e não vou resistir.
- Mabel. Já é tarde. Volta para sua casa. - tento.
- Só depois que eu amolecer esse brinquedinho duro aqui em baixo. - diz.
A zorra desse pau não tem limites. Está todo afoito para entrar nela. Cadê a cabeça de cima que não entra em ação?
O celular toca. Isniste e resolvo atender. Sem olhar quem é levo ao ouvido.
- Alô! - a voz do outro lado me faz levantar e quase derrubo Mabel.