Boa tarde, Zeus ✓

By sofianeglia

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" - "Entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos." - O que isso têm a ver... More

intro + sinopse
0. prólogo
1. cite seu livro favorito
2. lute por uma reação
3. cite o que escreves
4. lute para entender
5. cite o amor
6. lute por atenção
7. cite a faculdade
8. lute para que esqueçam
9. cite sua importância
10. lute para ser importante
11. cite a amizade
12. lute para ser só isso
13. cite o que se passa
14. lute por uma tarde inteira - pt. 1
14. lute por uma tarde inteira - pt. 2
14. lute por uma tarde inteira - pt.3
15. cite que não quer mais brigas - pt. 1
16. lute para não brigar
17. cite o que dói mais
18. lute para que não doa
19. cite os sentimentos
20. por ela vale a pena lutar
nota final
OLÍMPIOS REESCRITO!

15. cite que não quer mais brigas - pt.2

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By sofianeglia

OBSERVAÇÃO:

ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS EXPLÍCITAS, FAVOR PULAR AS PARTES EM NEGRITO CASO NÃO QUEIRA LER.


no capítulo anterior:

— A pergunta é se tu me quer agora? — Ele disse, fugindo da minha boca e indo com a sua até meus seios. Sabia que ele gostava do meu corpo, e ter ele me beijando e mordendo por entre o tecido da minha camisa só confirmava a atração que consumia nós dois. 


15. cite que não quer mais brigas pt.2

        Eu não respondi ele, só agi. Pegando seu rosto com cuidado, beijei seu lábio cortado com delicadeza que eu não mostrava com as minhas mãos. Agarrando cada lado da sua bermuda, tomei cuidado ao puxar o tecido para baixo, o máximo que eu conseguia e até o seu membro estar solto.

     Podia parecer que estava acostumada, mas não era a ocasião. Não porque nunca tinha ficado por cima, mas por ser ele. Não estava acostumada com a intensidade nos olhos de alguém, ou com o tesão que sentia e que ele começava a sentir no momento em que meus lábios de baixo se abriram para lubrificar o seu membro. Sem penetrar, Zeus estava me sentindo, e com cada movimento meu ele gemia. 

     — Isso é tortura... — Ele disse, soltando a minha boca e indo para o meu pescoço. Eu continuei montando nele, sentindo ele ficar cada vez maior e mais duro por mim. Era incrível estar ali, escutando a sua respiração acelerada, observando o jeito que seus músculos se contraíam ao fechar sua mão nas minhas coxas. Ele não podia me tocar como queria, mas eu sentia prazer mesmo assim. 

      Ele não precisava me amar ou me adorar do mesmo jeito que eu o adorava, porque aquele momento me saciaria. Ele estaria marcado na minha memória, querendo ou não. Iria guardar o seu cheiro e o sangue de todo aquele dia como o perfume mais puro dele. Era violento, não tinha o que negar nisso, mas era puro. 

       O calor começou a aumentar entre nossos corpos e eu tive que me por para frente, agarrando as costas do sofá como apoio, encarando o gelo nos seus olhos que contrastavam com o fogo da sua boca contra minha pele.

      Os meus movimentos não paravam e eu sentia ele lutando para não gozar. — Porra. — Ele disse, antes de ranger os dentes e morder meu pescoço, chegando perto do meu ouvido. — Goza pra mim. 

     — Argh! — Disse. Minha cabeça indo para trás, minha boca se abrindo, um último movimento dos quadris e o barulho dos gemidos guturais de Zeus. Ele tinha gozado logo depois de mim, quente e poderoso. 

      Ele me segurou, ignorando a dor nos braços, e prendeu o meu quadril para que ficasse em cima do seu membro. Devagar fez e ir para frente para trás, lambuzando mais nossos corpos que estavam suados. 

      Passando a mão no seu corpo e em toda aquela escrita em formas de cicatrizes, desenhei a minha paixão com o ápice do tesão dele. — Para alguém que não quer sujar o casaco... Tu com certeza não tens vergonha de se sujar no se.xo.

      Sorrindo, segurei com carinho seu rosto, mas não durou muito para ele sair dalí, enterrando o sorriso dele no meio dos meus seios. 

      — Acho que eu preciso de um banho... — Falou, ainda com um sorriso. Eu continuava ali, pelada para ele, e sem vontade de me mexer, só para desta vez sentir ele entrando em mim. 

      — Uhum... — Respondi, me levantando, mas logo me ajoelhando entre os seus joelhos, o que fez o seus olhos brilharem de novo com gosto pelo meu controle.   


      Limpando a boca e a segunda dose do tesão de Zeus, apoiei minhas mãos em cada lado do seu corpo.  — Acho que vamos pro banho agora. 

      — Vai junto? — Ele perguntou, sem se mexer. Ainda com o seu gosto na minha boca, fiz que sim. Sem me vestir, estiquei as mãos e peguei as suas, puxando ele para fora do sofá. A sua bermuda e cueca caíra por completo no chão e, ambos pelados, seguimos pelo meu apartamento até a escada. 

     — Acha que consegue subir? 

     — Contigo na frente pode ser que tenha um incentivo maior... — Respondeu, um leve sorriso no rosto, retirando todo ar do meu pulmão.

     Mexendo a cabeça, comecei a ajudar ele escada acima. No andar de cima tínhamos três portas e então uma mini sala com livros e a porta da minha suíte. Zeus olhava tudo aquilo com atenção, mas o brilho dos seus olhos agora era diferente, como se odiasse e amassa ao mesmo tempo todo aquele espaço. 

     Seguindo pelas portas e pela sala, abri a porta do meu quarto no momento em que ele quis dar um tempo para respirar. Beijando os seus lábios, segui pela minha suíte e liguei o chuveiro para a água ir esquentando. 

     Voltando, olhei para Zeus que estava encostado de novo no batente da porta, em toda a sua beldade original. Com um sinal, ele começou a ir até mim e então nós entramos no banheiro. As luzes contra o branco das minhas paredes refletiam na sua pele e eu percebia mais ainda os roxos distribuídos por todo o seu corpo. 

     Não importasse o quanto a gente aproveitasse, ele ainda estava doendo e eu só queria continuar do seu lado, fornecendo o máximo de cuidado que eu conseguia enquanto mantinha meu querer no mínimo. Depois do que tínhamos feito sabia a dificuldade que isso seria. 

     Ignorando toda a minha volta, foquei no seu corpo e no que precisava fazer. Pegando as suas mãos, retirei o resto das faixas de boxe que ele ainda tinha e não havia retirado enquanto estávamos aproveitando um do outro no andar de baixo. 

     O barulho da água contra o chão logo parou assim que ele entrou no box, eu logo atrás. Fechando a porta de vidro voltei para ele assim que o primeiro sinal de dor saiu da sua garganta. 

     — Muito quente? — Perguntei, sentindo a água que caía no seu cabelo comprido enquanto massageava sua cabeça. Ele mal cabia ali dentro, e eu não conseguia parar de pensar o quão apertado seria ele dentro de mim, minha imaginação sem limites.

     — Um pouco. — Disse, vindo para frente e encostando sua testa na minha. As gotas caíam na nossa volta e pelo nosso corpo, no chão uma trilha de vermelho se fazia quanto mais água batia no corpo de Zeus. 

     O abraçando e alcançando a regulagem do chuveiro, aumentei a água fria. Trocando os nossos lugares com cuidado, fui para baixo da água, pegando um dos meus sabonetes líquidos, espremendo o conteúdo em uma das minhas mãos. 

     — Isso vai doer... — Avisei, mas ele não fez menção de fugir. 

     Começando pelo seu peito, esfreguei o sabão na sua pele, limpando onde ainda tinha um pouco de sangue seco. Não sabia se era dele ou do seu oponente. Quando comecei a baixar a minha mão em movimentos circulares, Zeus esticou a sua para agarrar a parede. O seu abdômen tinha grandes hematomas vermelhos, e pequenos cortes onde caberiam perfeitamente o punho do último adversário dele. 

     — Não vou ficar assim por muito tempo. — Ele disse, apoiando as mãos na minha cintura enquanto eu continuava examinando os seus machucados e limpando o seu corpo. Mais trilhas de vermelho andavam por entre nossos pés. 

     — De vermelho para roxo para amarelo e então a pele normal. — Falei rápido. Era assim que hematomas funcionavam, o que fazia eu me preocupar mais ainda com o seu olho que estava inchado e já estava completamente roxo. Era normal para um machucado facial, mas o desespero que eu começara a sentir não cessava. 

     — Sim, e vai ficar tudo bem. — Com aquela resposta, revirei os olhos, o que causou um riso dele. — Como que tu consegue guardar todas essas expressões, ein? 

     — Muita prática e muito desdém por quem não as aprecia. — Respondi, pegando mais sabão, começando a limpar um dos seus braços. Quando eu cheguei nas suas mãos, senti a pele que ainda tinha nas juntas e, como uma massagem, comecei a retirar o sangue acumulado ali. 

      O vermelho começou a cair em grande quantidade, juntos como coágulos. O inchaço das suas mãos era incrível, mas eu só conseguia pensar na sua força durante as suas lutas e como ele era tudo e qualquer coisa, ao mesmo tempo que era um sobrevivente de toda aquela tortura psicológica.

     — Desdém? — Perguntou.

     — É. Desprezo, indiferença. 

     — Como o teu namoradinho me tratava então? — Falou, querendo rir, mas suas palavras eram duras demais para serem cobertas por um sorriso falso. 

     Levantando meu rosto e olhando para o seu, com o cabelo molhado para um lado e a barba curta, deixei um medo meu ser vocalizado. — Tu te interessastes por mim por causa disso? Por causa do desafio que ele mostrava? 

     No instante que estas palavras saíram da minha boca, Zeus segurou minhas mãos que tocavam e limpavam sua pele. Não precisava falar, e eu não sabia se estava pronta para escutar. Deixando de lado, acenando com a cabeça, voltei a lavar o seu corpo e aproveitei para lavar o meu cabelo e corpo entre o tempo em que ele enxaguava o seu. 

     Fechando o chuveiro, Zeus apertou os fios molhados do seu cabelo ao mesmo tempo que eu apertava os meus cachos. Indo na frente, abri a porta do box e senti suas mãos abraçarem meu corpo por trás. Devagar, ele simplesmente me segurou e apoiou o seu queixo no meu ombro. 

     Estranho definia bem o que estava acontecendo e o modo como meu corpo reagiu, pedindo que meus olhos enchessem de lágrimas e eu agarrasse suas mãos na minha volta. Ignorando ele por alguns segundos peguei duas toalhas, jogando uma em cima dele e a outra na minha volta, mas sem nunca sair do meio dos seus braços. 

    Queria questionar o porque do carinho, mas não conseguia. Era frágil demais aquele momento, então somente regozijei, naquele vapor do banheiro e com pingos dos nossos corpos, o sentimento dele. 

     — Podemos descansar? — Falei, quebrando o silêncio que permanecia no cômodo. 

    Ele acenou com a cabeça, e sem eu nós nos soltássemos, voltamos para o meu quarto, desligando as luzes do banheiro e ficando no escuro, com apenas as luzes da sala do segundo andar entrando pela porta.

     Colocando as toalhas nos travesseiros, deitamos na minha cama, a única coisa no meu apartamento que combinava com o tamanho de Zeus e todos os seus músculos. 

     — Tu estás melhor? — Perguntei, tirando uma mecha que tinha caído no seu rosto o momento em que ele se ajustou para ficar virado para mim, testa com testa, pés entrelaçados e braços me guardando perto dele. 

     Ele simplesmente acenou como resposta. 

     — Zeus... — Comecei a falar, mas não achei em mim as forças necessárias para o assunto que tinha despertado dentro da gente. 

     O que fosse no outro dia, teria guardado ele dentro das minhas memórias e a minha criatividade não deixaria ele escapar tão cedo da minha mente. 



      Eu acordei com o telefone tocando, tão baixo, que quase não levantei. Os nossos celulares tinham ficado no andar de baixo, porém alguma hora meu cérebro havia registrado a necessidade de acordar. 

     Estava tranquila, e meu corpo pesava contra o colchão, mais ainda devido o braço de Zeus que me segurava firmemente contra seu peito. Descolando nossos corpos, retirei seu braço com cuidado para que ele não acordasse. Ignorando minhas roupas, fui até o andar de baixo o mais rápido que consegui. 

      O barulho dos carros era natural no lado de fora, e o meu chão refletia o dourado do tempo ensolarado. 

      Pegando meu celular, vi ligações perdidas de Aimée e Apolo, e então mensagens dela que tinham sido enviadas no início da tarde. Estávamos cansados, pensei, ao estralar o pescoço e me espreguiçar. 


     Aimée: Oioi. Eu sei que Zeus está aí, só quero saber se ele não está tão machucado. 

     Aimée: sim, ele me contou. 

     Aimée: não, eu não quero saber os detalhes brilhantes.

     Aimée: sim, eu já tinha cuidado da cafeteria. nós somos as piores donas daquele lugar, não sei como não falimos ainda. 


     Rindo, digitei uma rápida resposta sobre o estado de Zeus e dizendo que não tínhamos falido porque cuidávamos sim da cafeteria, e tínhamos funcionários fiéis que nos ajudavam com isso. Largando o celular na mesa de centro, olhei para o estado da minha sala, as pequenas manchas de sangue que ficaram no meu sofá devido os machucados de Zeus e algumas outras marcas de líquidos prazeirosos demais.

      Eu sabia o quanto ele ficaria revoltado ao ver aquilo, mas eu não me importava nem um pouco. Sim, eu limparia tudo aquilo e minha casa estaria em seus devidos acordes dentro de algumas horas, mas aquelas marcar não eram terríveis aos meus olhos. 

     O sangue era lembrança do seu cheiro e do seu corpo, guardados pra sempre na minha mente e por alguns instantes no meu sofá. Prova concreta de que não fora invenção minha. Sua intensidade era verdadeira, os toques e o meu controle tinham marcado um dia que ia além do cheiro de drogas e o barulho de ossos quebrando. 

     Suspirando, voltei até o quarto e peguei um vestido e um casaco jeans, amarrando meu cabelo em um coque volumoso na minha cabeça. Dando uma última olhada no corpo de Zeus, voltei para a visão do sofá e das nossas roupas no chão. 

      Comecei com as roupas, colocando elas para lavar, e então comecei a limpar o sofá. O tecido impermeável era macio e fácil, a compra mais inteligente que eu tinha feito, na época porque sabia o quão desastrado Rodrigo podia ser com bebidas. 

     Ajustando as almofadas, retirei a capa das que receberam alguma mancha e deixei elas do lado da máquina de lavar, escondida dentro de um dos armários da cozinha. Estava prestes a começar a fazer um café para levar na cama quando escutei passos de pé descalço descerem as escadas. 

     Não olhei para que não fosse tentada pelo seu corpo, somente escutei ele indo até a mochila e abrindo o zíper. Após alguns gemidos de dor, não tão drásticos como do outro dia, Zeus limpou a garganta atrás de mim, chamando minha atenção. 

     — Boa tarde? — Disse, questionando a sua fala. 

     Virando para ele, me sentia uma viciada. O seu cabelo comprido estava preso e ele estava vestindo somente uma bermuda. 

     — Boa tarde, Zeus — Disse, acenando e andando na sua direção, impossibilitada de ignorar a vontade de sentir seus músculos com minhas mãos e examinar os seus machucados. — Gostaria de alguma comida em particular? 

     — Eu to precisando conversar. — Falou, segurando minha mão, mas não me afastando. Não fisicamente, pelo menos, já que minha cabeça estava entrando em desespero e se afastando dele, para que não destruísse tudo o que tinha de memórias boas. Eu tinha o controle. 

     Limpando a garganta, tomei coragem de começar a falar, e no automático minhas expressões começaram a diminuir. — Pois não? 

      Ele sorriu, mas não por muito tempo. — Como tu sabe, na outra mala ali tem dinheiro. Eu só quero esclarecer algumas coisas. 

     Retirando minha mão dele, mesmo que ele não demonstrasse querer minha distância, fiz a volta no meu balcão e sentei em um dos bancos altos que possuía. Encarando ele, fiz que ele podia continuar. 

      — Eu não luto porque eu gosto, Iara. É para sair daqui, pra dar uma vida melhor para os meus irmãos. Retribuir minha vizinha que me ajuda com eles desde quando eu consigo me lembrar, antes de eu virar... Zeus. 

      Limpando a garganta, ele respirou fundo ele começou a andar até mim, indo de encontro a minha cara de confusão e minha respiração ofegante e repleta de nervosismo. Ele esticou uma das suas mãos, pegando uma minha e fazendo eu girar no banco. No meio das minhas pernas, Zeus acomodou seus dedos nas minhas coxas. Eu comecei a formigar em lugares que precisavam do seu toque, e eu tinha cada vez mais confirmação de ele seria um vício para mim, algo que não tinha sentido por nenhum outro e estava questionando se era algo saudável. 

       — Eu entendo. — Respondi, não querendo que ele continuasse mas dizendo a verdade. Eu entendia, não porque eu já tinha feito a mesma coisa, mas a ideia de que ele logo deixaria tudo e todos para trás era recorrente. A ideia já tinha se instalado na minha cabeça, o que diferenciava era se eu saberia aceitar aquilo. 

      — Não, não entende. 

      — Eu acabei de falar que sim, então eu entendo, Zeus. — Ao falar, minha voz ficara mais grossa, não conseguindo esconder a minha irritação de ser contestada. 

       Zeus retirou os braços das minhas coxas e os cruzou na frente do seu corpo, me encarando. Tinha um leve sorriso de lado no rosto, alguns fios de cabelo rebeldes caindo na frente dos seus olhos. Me examinando, respirava tranquilo mas estava tudo menos isso. 

     — Renan. — Disse, o seu peito levantando mais rápido que o normal e de um jeito completamente diferente de quando ele estava lutando. 

     — Quem seria? 

     Questionando isso, minhas sobrancelhas se juntaram e sim, eu estava irritada. Entendia sua motivação, mas não entendia o que ele queria me contando tudo aquilo. Já seria tortura o bastante não poder criar memórias novas com ele, quiça saber que não tinha motivos suficiente para ficar ali. O que fosse, eu já tinha conseguido o bastante para o livro e focaria nisso uma vez que ele saísse da minha vida. Era assim que precisava pensar. 

      — Eu. — Disse, limpando a garganta. — Eu sempre fui Renan antes de ser Zeus. Preciso que tu entenda isso antes de eu começar a contar meu planos. Pelo menos isso.

      Demorei um tempo para entender aquelas palavras e como, pouco a pouco, a fachada dele estava se indo, abrindo espaço para o que eu desejava desde o início e não sabia. Queria a verdade, o sentimento. Ele por completo. Era essa a minha busca, me questionei, mas então parei, admitindo que talvez estivesse lendo demais as entrelinhas dos meus sentimentos. 

     Não sabendo o que ele esperava de mim, estendi minha mão. — É um prazer, Renan. 

      Ainda estava irritada, precisando de algumas respostas, mas não me sentiria péssima em esperar um tanto mais.

     Minha mão ficou parada no ar, e antes que eu pudesse ver, ele estava puxando a minha palma e colocando ela envolta do seu pescoço. Me agarrando, ele veio e grudou seus lábios nos meus. Ele podia se chamar Renan, mas seria Zeus para mim, e teria o mesmo gosto viciante e marcante como aquele. Deus dos Deuses, tomando formas diferentes em suas lutas e através de outro nome, me enganando a não ver o quanto era carinhoso, me enganando a esquecer porque eu estava irritada em primeiro lugar. Mas este último era um pouco mais difícil de esquecer. 

      Retirando o meu corpo do seu, vi ainda a sua cabeça seguir onde eu estava, olhos fechados, e com o peito apertado tomei dois passos de distância. 

     — Converse. — Mandei mas do que pedi. Ele me encarou e não falou nada, mantendo um sorriso no rosto. — Então me responda, como gostaria de ser chamado? Zeus, Renan... 

      — Zeus. — Falou, suas sobrancelhas juntando. Tomando meu lugar, ele sentou no banco e esfregou o rosto. — Tu não precisa me chamar de Renan pra saber quem eu sou contigo. 

      — E quem tu é comigo? 

      Eu sabia a resposta, mas ele não tinha a coragem de me dizer, então só balançou a cabeça e continuou a conversa que deu início a tudo aquilo. 

      — Eu sou alguém que acabou esquecendo de algumas prioridades, e isso não pode acontecer. 

      Respirando fundo, ignorei meu coração e segurei a mão que queria segurar minha barriga como um jeito de me proteger e impedir aquele mal estar que estava se fazendo dentro de mim por causa da ansiedade. 

      Pegando o outro banco, me posicionei na sua frente, encarando o seu rosto e me sentindo encabulada por baixo daquela atenção que tinha. 

     — Vou ir embora depois das últimas lutas. O valor final tá chegando e eu não posso mais errar, não posso aumentar o que minha mãe deixou de dívidas. Tu entende isso, né? Entende que seria um erro... eu me envolver mais contigo, porque eu vou embora. Seria um erro e tu estaria te colocando em perigo mais ainda.

      Sentia na sua voz trêmula o mesmo desespero que colocava nos meus personagens, era o mesmo desespero de Augustin quando a Érica o encontrou nas masmorras. Ao pensar nisso, tive a triste realização que eu tinha me esquecido de certas prioridades. Meus personagens, minha criação, tudo aquilo que eu sempre sonhei e tinha fora colocado de lado só para eu passar aqueles momentos com ele. Mas a pergunta era se, do mesmo jeito que eu, ele não se arrependia. 

     — Tenho noção. Mas... e os gêmeos? E Apolo, Aquiles, Aimée? — Questionando aquilo, tinha uma vontade inusitada de citar meu nome, mas preferi não dizer. Quando ele fosse não queria colocar mais uma pessoa para a lista das que ele deixaria para trás, por mais que eu sabia que o meu estaria no final desta. Não criar expectativas era um ótimo jeito de não sofrer, mesmo que estivesse escondendo as expectativas já criadas em um baú no fundo do meu cérebro. 

     — Eu vou voltar para pegar os gêmeos se não arranjar um jeito de levar eles comigo. — Respondeu. — Eles são a coisa que mais importa pra mim neste momento, depois de me livrar do meu padrasto e Alli. 

     — Padrasto? 

     — Não vale conversar sobre ele... — Disse, passando as mãos no seu rosto de novo e dobrando os braços. 

      Virando o rosto, olhei para ele em confusão. — Como alguém que luta, e que esconde tanta coisa, consegue desistir tão fácil quando se resume à uma pessoa só? 

     Assim que falei me arrependi do uso daquelas palavras, pois Zeus ficou fulo e eu tinha certeza de que estava tratando com o Zeus que eu conheci no início, que bloqueia seus sentimentos e não tem nenhum remorso ao me xingar. 

     — Quem é tu pra falar que eu desisti? 

     Com a voz grossa, ele não enrugou o rosto ou fez cara feia, somente me olhou com olhos azuis e me afogou com a ferocidade de sua raiva.

     — Eu sou alguém que observa. — Comecei, ajeitando minha postura e juntando minhas mãos no meu colo. — E talvez não entenda mesmo. Não compreendo, porque tu é lutador e tu tens que enfrentar as coisas, mas na primeira oportunidade de tu se envolver e sim, lutar contra o teu padrasto, tu não faz nada. Não consegue nem falar dele.

     — Eu não quero me meter nesse tipo de luta, Iara.

     — E mesmo assim tu tem que te resolver com ele e Alli. E em ambos os casos tu tem que lutar. 

      Me levantando, desisti de manter a calma de tudo o que estava sentindo e deixei todos os sentimentos correrem pelos meus olhos. Em pé e me apoiando com um braço no banco alto, limpei as lágrimas de raiva misturadas com tristeza. 

      — Eu não quero que tu brigue mais, que tu coloque em risco sim a minha vida e a vida de todos os outros. Mas, principalmente, a tua vida. — Negando com a cabeça, continuei desistindo de guardar as coisas para mim. Talvez conversar assim faria com que eu esquecesse de ser um robô como tantos falavam. — Mas o que adianta eu não querer, não é mesmo? 

     Revoltada com o fato de não entender e com ele não vendo as possíveis saídas daquela situação, me voltei para a minha escada no mesmo instante que ele saiu do banco e foi pegar a sua mochila. Senti que ele estava segurando as palavras, como se tivéssemos trocado de lugar e talvez fosse para o melhor. 

     Antes de sair, Zeus resmungou em dor e a primeira coisa que eu quis foi ir cuidar dele, mas não o fiz. Ele conseguiria melhor sem a minha ajuda, e era melhor eu colocar tudo em ordem antes de ir conversar com ele. Se ele não via as saídas, então eu ia arranjar uma para nós dois.

     Ele para que saísse dessa vida, e para mim algo que fizesse eu aquietar outras palavras que ameaçavam sair da minha boca.


n o t a  d a  a u t o r a: 

oioi. então gente, espero que gostem do capítulo! 

Eu não sei quando vai ser o próximo porque estamos chegando no final do semestre e eu preciso estudar e focar na faculdade. Eu vou atualizando vocês pelo feed. 

p e r g u n t a  d o  d i a: o próximo capítulo é "lute para não brigar". o que vocês acham que zeus vai fazer? lutar contra alguém ou se controlar para não fazer algo bem pior? 

amo vocês! não esqueçam de compartilhar, votar e comentar!

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