Boa tarde, Zeus ✓

By sofianeglia

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" - "Entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos." - O que isso têm a ver... More

intro + sinopse
0. prólogo
1. cite seu livro favorito
2. lute por uma reação
3. cite o que escreves
4. lute para entender
5. cite o amor
6. lute por atenção
7. cite a faculdade
8. lute para que esqueçam
9. cite sua importância
10. lute para ser importante
11. cite a amizade
13. cite o que se passa
14. lute por uma tarde inteira - pt. 1
14. lute por uma tarde inteira - pt. 2
14. lute por uma tarde inteira - pt.3
15. cite que não quer mais brigas - pt. 1
15. cite que não quer mais brigas - pt.2
16. lute para não brigar
17. cite o que dói mais
18. lute para que não doa
19. cite os sentimentos
20. por ela vale a pena lutar
nota final
OLÍMPIOS REESCRITO!

12. lute para ser só isso

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By sofianeglia


12. lute para ser só isso

      Eles sabiam de tudo, não tinha porque eu ficar surpreso ou com aquele medo todo que corria pelo meu corpo. Tinha sido diferente.

      Eles sabiam, e eu também. Não me surpreendi quando vi um dos capangas de Alli na cafeteria. Mas aí eu percebi que ele estava lá, e que de algum jeito, percebia todos na sua volta sem levantar a cabeça. Queria bater a sua testa na mesa naquele instante. 

     Quando eu me aproximei, ele nem precisou levantar a sua cabeça também, mas fez por respeito. Falou sobre tudo o que tinha escutado ali, sobre meus amigos, conversou sobre meus irmãos... falou sobre Iara, quando em nenhuma outra vez tinham feito aquilo. 

      Tinha irritado Alli de uma forma que fez ele ir até lá me avisar, e não mandar só os capangas dele: mais uma revolta e eu ia sofrer as consequências. E não só eu. 

      Iara era a atenção de Alli, e ela não fazia a mínima ideia de que ele podia saber o tamanho do seu calçado. 

      Alli não vinham fazer ameaças sem ter provas. Ele já tinha estudado a rotina de todos, e se algo acontecesse a culpa seria minha. Eu estava levando aquilo tudo como uma brincadeira, e eu sabia. Durante anos nada acontecia comigo, porque ele estava ocupado demais em educar os outros que ele não tinha nada contra. 

     Ele sabia que me tinha preso. Ficava tudo bem. Mas ele deve ter percebido que eu não estava mais concordando em ficar aceitando, então ele veio com ameaças e a condição: que ela fosse ver uma das lutas. 

    Mas ela não iria ver só as lutas. Ela ia ver eu lutando, machucando alguém, ia ver as drogas e os executivos com mulheres nuas sentadas nos seus colos. E ela ia entender, de alguma maneira, que minha mãe tinha sido uma vez a mulher nua no colo de Alli porque precisava das drogas que vinham junto. 

     Pulando e sacudindo o meu corpo, relaxei meus braços. Eu estava treinando, como sempre, mas me sentia mais pesado. A cada soco que eu dava meus braços ameaçavam cair. 

    Gabriela tinha parado de gritar palavras de encorajamento, vendo que algo sério estava por acontecer e eu não estava no clima. Para mim a ideia de armas apontadas para a cabeça dos meus irmãos, Iara, Aimée, nunca tinha parecido tão real quanto aquele momento. Eu não queria acreditar, mas como não? 

     Me atirando no tatame, abri meus braços e fechei os olhos por um momento. A dívida estava prestes a acabar, e logo eu ia conseguir sair dos esquemas de Alli. Queria acreditar que ele tinha uma palavra, que até aquele dia não tinha quebrado. 

      Os outros falavam como se fossem somente histórias. Os treinadores e lutadores eram rotativos. Não duravam mais que dois anos. Mas eu estava lá desde quando era menor graças a minha mãe. Eu sabia que quem desobedecesse uma ordem completa não aparecia para o treinamento no outro dia, e sim no chão da saída do galpão, com tiros pelo corpo. 

     Seus capangas eram fixos, e estes perdiam dedos ou até mesmo uma mão inteira em caso de desvios de dinheiro que não pertencia a eles. Até aquele dia poucos eram trocados, porque serviam para além das lutas, e sim para as empresas que Alli era dono. 

     Respirando fundo, senti Gabriela sentando do meu lado com a prancheta dela. 

     — Nós temos ainda três outros exercícios e mais alguns golpes no saco de areia. Mas acho melhor mudar o esquema e fazer eles todos amanhã. 

     — Eu estou bem. — Disse. Me levantando, não olhei para o seu rosto e fui direto para os pesos empilhados que tinha que puxar pelo chão da academia. 

      Eles estavam sobre um pano e amarrados por uma corda. Se Gabriela tivesse percebido que podia ser brincalhona, ela estaria rindo comigo, iria até mesmo subir neles para me atrasar, mas ela só veio até o meu lado e olhou eu estralando o meu pescoço. 

     — Volte amanhã. — Falou mais séria. 

     — Não. 

     — Vá ver seus amigos, Zeus, e volte amanhã. 

      Largando os dois lados da corda que já estava nas minhas mãos, por cima dos meus ombros, virei para ela, limpando o suor do meu rosto. — O que tu quer dizer com isso? 

     — Desde que tu veio aqui semana passada, teu celular não para de acender todos os dias com novas chamadas e mensagens. Vá falar com eles e volte amanhã. E eu estou falando como tua treinadora, é uma ordem. — Ela se levantou e entregou o plano de treino daquela semana. Com suas mãos desatou o nó dos pesos e foi levanto um por um de volta pro lugar deles. 

      Eu fiquei parado no mesmo lugar. 

      Não parecia ter sido uma semana inteira desde a última vez que eu tinha pisado os pés na livraria.

      Balançando a cabeça, me sentei onde Gabriela estava antes, respirando fundo e olhando para onde tinha deixado o celular com minha toalha perto, e onde ele acendia de novo mostrando uma notificação. 

     Desistindo de qualquer coisa que eu fosse dizer para Gabriela, me levantei e peguei minhas coisas, indo par ao vestiário resolver o que ia fazer depois dali. 


       Minha primeira intuição foi querer ver ela. Tinha mandado uma mensagem para Aimée, perguntando onde a garota estava. Ela me xingou por não ter respondido ela antes, e me disse que Iara tinha ficado em casa naquele dia. 

      Então lá estava eu, parado na porta de metal que dava para o seu prédio. Curioso porque a mulher não tinha ido trabalhar, mais irritado porque as palavras sobre sermos amigos tinham ficado marcadas em mim. De um jeito ruim e bom. 

     Não só pra que eu não me deixasse levar pela vontade que eu tinha de beijar os seus lábios e sentir o quão quente e escorregadia ela podia ser entre as pernas, mas porque amigos escutam. Era isso que ela tinha dito. Até aquele dia Aimée tinha sido mais minha amiga que os outros dois que estavam na minha vida, e Iara não parecia uma má ideia. 

     Apertando o botão do seu apartamento, esperei escutar ela falando do outro lado. 

     — Pois não? 

     — É o Zeus. — Falei. Meu outro nome parecendo tão errado naquele momento.

    — Pode subir. — Disse depois de alguns segundos de silêncio.

    A porta tocou o sinal de aberta e eu fui para a outra, que já estava aberta também. Subi os degraus com calma, uma novidade para aquele dia, e tentei não pensar que era porque eu ia vê-la em alguns segundos. 

     No corredor, a sua porta já estava aberta e ela estava com uma calça leve que ia até a sua cintura, e uma espécie de camisa que só cobria os seus seios. Estava encostada no batente da porta e me esperando, braços cruzados e pernas imitando. Tinha sorriso nos olhos, e eu tinha me esquecido como ela tinha sardinhas no rosto. 

      — Boa tarde, Zeus. Tudo bem? — Ela perguntou assim que eu entrei no seu apartamento. 

      — Oi. Tudo sim, só pensei em passar aqui. 

      Ao responder, tentei o máximo ignorar a sua bunda quando ela passou por mim e foi até a mesa onde seu computador estava aberto. 

      Sua casa estava arrumada, como todas as outras vezes, mas tinha algo de diferente. Uma almofada e um cobertor do sofá a menos. Algumas panelas diferentes e novas que estavam penduradas no metal em cima do balcão da cozinha. 

     Largando a minha mochila na entrada, peguei um dos bancos do balcão e levei ele até onde ela estava sentada. Seus olhos foram diretos para as juntas das minhas mãos, tentando encontrar algum sangue e encontrando eles limpos. Parecia que tinha voltado a respirar assim que viu. 

     — Tu sumistes, pensei que tinhas desistido de me levar para ver tua luta. — Ela disse, colocando um dos pés em cima da cadeira. Suas unhas estavam pintadas de alguma cor clara, as barras da calça estavam dobradas e ela tinha um tipo de tornozeleira com um pingente. 

     Ignorando o que ela falou, mudei o assunto. — Quem te deu isso aí? — Perguntei e apontei para a decoração do seu tornozelo. 

     Soltando uma única risada cheia de ar e nem parecer rir daquilo, Iara tirou a corrente dela e se levantou, de pés no chão. Vindo até mim, precisou dar só alguns passos, e eu já senti como o ar estava todo com o perfume dela. 

     — É um lápis. Minha mãe me deu quando ela viu que eu tinha começado a escrever. Foi bem interessante, achei que ela não ia gostar tanto a ponto de me dar um presente.

      — Não? — Perguntei, pegando o pingente da mão dela. Ela ficou me examinando enquanto eu examinava a tornozeleira, com olhos grandes. Estava perto de mim, e tinha cruzados os braços de novo, mas dessa vez acho que era porque não sabia onde colocar eles. 

     — Não... Eu comecei a escrever porque me sentia depressiva, e escrever me ajudava. Escrever sobre o quão depressiva eu me sentia, como meu cérebro era uma massa preta e que nada me fazia sentir algo.... Me ajudava a sentir. 

     Ela parou por um tempo, e mesmo que eu soubesse o quanto ela ia falar e o quanto aquilo ia fazer eu querer conversar também, acenei para ela continuar. 

      Engolindo seco, ela acenou de volta. — Eu sentia que ninguém estava me escutando, aí eu escrevia, e quando a internet começou coloquei tudo num blog. Comecei a criar teorias sobre a minha tristeza e sobre algumas outras coisas, e então alguns contos pensando nas minhas primas pequenas e outras coisas. Jordana, minha editora e agente, me achou e perguntou se eu tinha interesse em publicar. Eu era de menor, então falei pra minha mãe... 

      Ela encarava o pingente, e depois de algum tempo encostou o ombro com o meu, apoiando a cabeça dela em mim e olhando para ele na minha mão. 

     — Ela não sabia o que estava acontecendo comigo, e quando ela deu esse pingente pra mim disse que era uma forma de me avisar que, ela ia tentar de tudo pra me ajudar, no que fosse, mas que a minha melhor amiga sempre ia ser a escrita e as palavras. 

     — Mas o que aconteceu contigo? — Perguntei quando ela parou e não falou mais nada. 

      Se levantando de mim, Iara abriu um sorriso leve ao olhar para mim. Tinha que começar a me acostumar de verdade com ela assim, tão aberta a conversar. Tinha que me lembrar de perguntar sobre o que ela tinha que me contar, também. 

       — Quer comer algo? Eu vou responder, só estou questionando porque eu estou com fome. Esqueci de almoçar hoje. 

     Eu levantei os ombros e fiz como se qualquer coisa fosse me agradar. E realmente ia, estava com fome. E estava impressionado como ela esquecia de almoçar, ela bem diferente de Aquiles, que pedia comida a cada hora. 

     — Comer não é uma má ideia. — Falei rindo e seguindo ela até a cozinha, levando de volta o banco. 

     — Qual tua comida favorita? — Perguntou. O modo como ela disse "comida" dava a entender que ela não ia aceitar caso eu respondesse que amava doces. Ela já tinha anotado isso. 

     — Não sei. Acho que não tenho.

      Me sentando, fiquei olhando para ela indo da geladeira até a minha frente, cortando alguns legumes. Na minha mente, tentei encontrar como eu já tinha chamado ela de robô. 

     Quer dizer, ela continuava sendo um robozinho, mas tinha algo tão incrível no jeito como ela mexia pelo lugar e como ela suspirava antes de dar o primeiro corte em cada coisa que ela colocava na tábua de madeira. 

     — Eu queria te perguntar o que que tu queria conversar? Aquele dia... — Falei. 

     Seu peito inchou de maneira final, e parou. Devagar ela começou a levantar os seus olhos até mim, e largou a faca que cortava o brócolis. 

     Desviou então os olhos. Queria mas ao mesmo tempo não queria olhar para mim. Estava confusa? 

      — Eu acho melhor conversarmos sobre isso mais tarde. Tu te importa? 

      Sacudi a cabeça, confirmando que não me importava e já fui até meu celular avisando que um imprevisto tinha acontecido. Não pegaria as crianças hoje. 

     Me senti irresponsável e com a consciência pesada, mas respirei fundo e olhei para Iara. Será que ela comentaria o que eu também sentia? Que dizer que era somente uma amizade parecia errado. 

      Precisava acreditar que era só isso, mesmo. Mas antes que eu pudesse me prender à onde eu estava sentado e a esta ideia louca de amizade. Eu comecei pensando nas garotas que eu vi durante a semana que passou. 

     Todas diferentes de Iara, diferentes uma das outras. Umas mais gostosas que a outra, e outras com o sorriso mais sincero. E todas eu trocaria por só um toque de Iara com a mesma sexualidade delas. 

    Com isso em mente, fui até onde ela estava, mantendo uma distância. Meus ombros estavam relaxados, e eu examinava ela como examinava um oponente. Tinha a adrenalina, a vontade.

     Quando ela não fez nada, nem sequer virou para mim. Fiquei olhando mais um pouco o seu corpo. Os quadris largos, a bunda empinada e tão convidativa. Esses pensamentos não eram de amizade, e eu queria tanto que parasse com essas coisas, queria realmente controlar o que o meu corpo sentia... Até eu continuar examinando ela. Não tinha ter o controle de tudo.

    Ela estava de pés no chão agora, tinha deixado o chinelo em algum lugar sem que eu visse. Eu dei um passo e logo eu estava atrás do seu corpo. Ela parou de cortar de novo o brócolis e largou a faca com mais rapidez, prendendo de novo a respiração. 

     Não cheguei a tocar nela, não de primeira. Esperei alguns segundos, para ver se ela fazia algo, para ver se me dizia para parar. E quando nada aconteceu, meus dedos começaram na lateral da sua bunda. Eu apertei de leve, querendo que ela estivesse sem nenhum tecido entre a gente. Meus dedos seguiram em frente, até encaixarem no osso do seu quadril. Eu apertei de novo a sua pele, gostando do jeito como ela preenchia minha palma. 

      Dei mais um passo. Agora ela estava encaixada em mim, e eu sabia que podia sentir o que ela causava em mim. 

      Eu estava pior do que o dia da sala de Aimée e ela não tinha se afastado. O que tinha de errado comigo? 

     Abaixando minha cabeça, encaixei meu nariz no seu pescoço, ela indo para o lado e me dando total liberdade. — Eu sempre ganho. Mas por que parece que tu tá me nocauteando? 

      — Eu não sei. Sinto o mesmo... — Falou. A voz cheia de ar fazia com que ficasse mais sexy ainda. 

      — Nós somos só amigos. Certo? — Questionei. Minhas mãos pressionaram ela ainda mais contra o meu corpo. Dessa vez, as suas foram de encontro com as minhas, trazendo elas para cima na sua barriga. Puxando o ar mais forte e empinando a bunda porque tinha ficado nas pontas dos pés, em surpresa, Iara largou um gemido involuntário que não sabia como ia apagar da minha mente. 

     — Nós somos amigos. — Ela concordou. E, a segurando mais forte uma última vez, me concentrei no que era sentir ela contra mim, o seu cheiro, o calor e como meu coração estava acelerado, antes de me afastar. 

       Nós não éramos só aquilo, mas ela também não era só minha. E ela era alguém que ia me ver lutar. Ela me conheceria muito além do que os outros...

       Ela virou para mim, os olhos grandes e a boca aberta como se fosse falar algo. Mas decidiu não dizer nada e eu voltei para o banco, olhando o que tinha virado o meu novo vício. Só precisava lutar para que depois de conseguir o que eu queria, a vontade parasse, e a viagem só de ida para fora de Porto Alegre acontecesse como sempre tinha planejado. 

      Era uma vontade que ia morrer, só isso. 


n o t a  d a  a u t o r a:

COMO ESTAMOS? 

Eu sei que demorei pra atualizar, mas é que eu estava cheia de coisas na semana passada. Perdão.

Não esqueçam de votar, comentar & compartilhar.

p e r g u n t a d o d i a : próximo capítulo vai se chamar "cite o que se passa". O que acham que vai acontecer? 

amo vocês! beijo!

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