Soldier Heart. | H.S || A RES...

By autorax

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"Eu devia matá-la mas, ela matou esse lado de mim" More

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01 - Run.
02 - Styles.
03- Bath.
04- Room.
05- High.
06- Runaway.
07- Niall.
08- Deathly.
09- Pain.
10- Tease.
11- Lake.
12- Thunderstorm.
13 - Gone.
14- Changes.
15 - Lótus.
16. LoveSick
17. Morphine.
18.YOU.
19. Love you Goodbye.
21. Truth.
22. Undercover.
23. Ready to fck.
SOLDIER HEART SOB REVISÃO

20. Mr. William.

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By autorax

Desculpem a demora mas eu tive um bloqueio!

Três dias se tinham passado desde que deixara para trás Harry e com ele, qualquer oportunidade que existisse de reconstruir a minha vida. Ainda que, a possível seria totalmente baseada em mentiras e identidades falsas.

Não podia negar que me sentia triste, era óbvio que estava. Para além de sem esperanças, estava também sem forças, tinha regressado à vida de rua, de sem-abrigo, de mendiga. O ar lavado que tinha conseguido reconstruir enquanto a minha vida se estava a tornar razoavelmente estável tinha desaparecido e o meu rosto tornara-se novamente cinzento, com feridas de quedas e de dormir em qualquer canto. A tatuagem doía-me significando que, muito provavelmente estaria infectada, eu preferia nem olhar, a ilusão era tranquilizante.

Apesar de todos os contratempos pessoais, até então nada de mal me tinha acontecido, ninguém tinha tentado aproximar-se de mim, na verdade, não se viam realmente pessoas nas ruas, estava tudo deserto e as razões oscilavam entre a morte e a fuga. Os poucos restos de humano que se viam estavam quase apagados de tão vazios, cinzentos e amedrontados que estavam.

Eu estava a cair, novamente. Porém, daquela vez, eu não queria ceder, negava-me a perder, a perder-me.

Soube que não tinha muito mais por onde ir quando atingi o mar, estava na praia.

Respirei fundo enquanto, lentamente, parava de andar. Dei-me ao pequeno luxo que era poder sentir a areia nos meus pés e o cheiro do mar a infiltrar-se pelas minhas narinas e abraçar-me, metaforicamente.

Sentei-me quase à beira-mar e, durante os primeiros dez minutos de ali estar uma sensação um pouco desconfortável apoderou-se de mim, deixando-me, desse modo, com um sentimento agoniante a apertar todas as minhas entranhas, fazendo a minha cabeça rodar. O silêncio de barulho humano era ensurdecedor e, por muito que a ideia de não ter de estar com ninguém pudesse parecer tentadora, só o fora nos primeiros tempos.

Eu sentia falta de algo, ou de alguém. Naquele momento tão cheio e tão vazio eu sentia que tudo era demasiado só para mim, sentia a repentina necessidade de algum conforto, de ombro onde pudesse descansar e fechar os olhos.

Naquele momento tão, agoniante eu apercebi-me de que.. mesmo que gostasse de ficar sozinha, eu não gostava de estar sozinha.

E era mesmo assim que eu estava, sozinha.. completamente sozinha, eu tinha sido capaz de destruir tudo o que poderia ser a minha salvação, tinha negado todas as possíveis fugas clandestinas, recusado todos os convites de grupos rebeldes, fugido de Harry... duas vezes. Virado as costas a Niall e provavelmente assustado o seu amor.

Eu tinha, de algum modo, destruído a minha vida. Sem que fosse preciso a guerra o fazer.

Já algumas lágrimas desesperadas tinham escorrido pelo meu rosto quando me levantei, complemente cheia de mim e confiante de que, de algum modo iria arranjar uma solução e que, iria também dar uma volta à minha vida e conseguir dar-lhe alguma estabilidade, talvez ainda no pais em alguma aldeia muito longe da cidade, talvez fora do mesmo.

Alguma coisa se haveria de arranjar.

Os meus pés afundavam-se na areia pouco molhada à medida que, lentamente, caminhava de regresso.. e abandonava a praia de Portmarnock, uma praia que, assim que espreitassem os primeiros raios de sol enchia, todos os irlandeses de Dublin para ali iam e, em tempos também eu havia ido. Porém, agora nem uma mosca era possível ser vista, e, ainda que o tempo não estivesse no seu melhor, era uma visão no mínimo agoniante.

Os meus pés tocaram o chão alcatroado e eu soube que era hora de me fazer à estrada, onde quer que esta me levasse. Não podia negar que estava desmotivada, a minha vontade era de simplesmente desistir de qualquer ideia, regressar à praia e, sem pensar mais no assunto deixar que fosse o mar a levar-me para onde quisesse.

Eu estava cansada, muito cansada.

Mas não seria o cansaço que me venceria, não quando estava mais de meio caminho andado para o que seria o possível e feliz final.

Caminhei durante uns bons quarenta minutos e estava novamente a chegar aos centros de Dublin e, por muito que tal facto me tivesse causado um certo desgosto e frustração soube aceitar que, se ali tinha ido parar, tinha sido obra do destino e, a minha salvação por ali andava.

O passo que tomava já não era tão rápido e confiante como no inicio daquela viagem, pelo contrario, as minhas costas já estavam totalmente curvadas e os meus pés ardiam com as feridas que as botas pesadas já causavam nos meus pés, ao mesmo tempo que os fritavam cada vez que o sol nela batia, causando-me uma dor tão grande que parecia poder desligar os meus sentidos.

Ao longe pude ver alguém, era um homem, com grandes barbas escuras e todo ele uma figura grande e forte, parecia ter uns dois metros ( Talvez exagero meu ), usava uma longa gabardina verde que aparentava já demonstrar sinais da idade, umas botas rasas que pareciam não acabar de tão grandes que eram. Quando mais, inconscientemente, me aproximava, mais detalhes conseguia retirar daquele senhor como, por exemplo, a bariga redonda e saliente que tinha e as rugas que lhe distorciam o rosto. Quando se apercebeu da minha, lastimável, presença, desviou o seu olhar para mim e, como já estava relativamente próxima vi que tinha olhos azuis porém, era um azul escuro quase preto, sem qualquer brilho ou emoção, eram olhos tristes, assim como todo o seu rosto, triste e apagado.

- Menina! - chamou e, ainda que a medo, respondi com um sorriso enquanto me aproximava do homem que devido às suas grandes proporções me causavam algum receio.

Parei à sua frente e baixei o meu rosto para os seus pés, analisando as suas botas desgastadas como forma de evitar o seu rosto.

- Menina, que anda aqui a fazer? Sabe o quão perigosas são as ruas de Dublin? - perguntou. O sotaque Irlandês era bastante eminente e carregado não enganava o que era. Assenti que sim ainda com a cabeça baixa.

- Então o que anda por aqui a fazer?- insistiu sem nunca invadir o meu espaço ou mostrando sinais que estava aborrecido por não o olhar nos olhos. Completamente contrário ao que estava habituada. Ainda que a medo elevei o meu rosto ficando de olhos nos olhos com o senhor que aparentava ter os seus 60 anos. Perguntava me como teria conseguido sobreviver já que, fora visto e sabido que a população mais envelhecida tinha sido a maior e mais fácil refém.
- Eu.. fugi. - confessei ainda que, com a voz um pouco trêmula. Não sabia até que ponto poderia confiar naquele homem que era tão maior e superior a mim.
- Reparo que trazes botas do exército inglês, porém tudo me indica que és irlandesa e não de muito longe.
- É uma longa história senhor...
- William. E conheço o sítio ideal para longas histórias minha filha.
Olhei-o com receito, ainda que aparentasse ser boa gente nos dias que corriam não havia ninguém em quem eu confiasse totalmente, muito menos do sexo masculino e com mais força que eu. Essa espécie tinha por hábito tomar-me como uma inferior indiferente à dor.
- Não existe motivo para te preocupares, sei que te devem ter feito muito mal.. eu não o farei, só existe uma mulher na minha vida e, infelizmente foi levada por homens que traziam nos pés o mesmo que hoje trazes. - disse num tom um tanto melancólico.
- Acho que seria realmente agradável conversar um pouco afinal, não tenho mesmo horas para chegar e sítio para ir. - confessei e William sorriu.
Começamos então a caminhar lado a lado, não dizíamos nada e, por muito estranho que parecesse pairava sobre nós um silêncio bastante confortável que ambos respeitávamos, achei que talvez William não quisesse falar na rua talvez com a elevada possibilidade de ser ouvido. Era facto que a segurança das ruas tinha diminuindo e eu sabia, bastante bem, que os soldados ingleses começavam a abandonar o território irlandês ao que viam, cada vez mais, a guerra ganha para o seu lado. Mas era preciso ter cuidado, nunca de sabia quando poderia estar algum à espreita com a arma na mão.
Vi que William abrandava o passo ao que nos aproximávamos de algumas lojas de rua e parávamos a frente da única que parecia estar intacta. Deixou me confusa e amedrontada, as poucas coisas que não estavam partidas em Dublin eram as que pertenciam ou tinham sido utilizadas pelos Ingleses. Esse facto deixou-me um pouco reticente, poderia William ser algum aliado do exército Inglês? Acharia ele que eu poderia ter respostas ou talvez, as botas que trazia calçadas haviam-me denunciado, da minha infiltração em território inimigo.
Recuei um passo, tentando preparar me para, em caso de ameaça, conseguir fugir.
- Porque e que esse loja não está partida?- arrisquei me a perguntar.
- Durante messes abriguei Ingleses dentro dela e, em troca e como agradecimento estes garantiram-me que a loja nunca iria ser atacada, e até ao dia de hoje nunca ninguém se aproximou para lhe fazer mal. Esta loja e tudo o que eu tenho e tudo o que eu alguma vez tive, era o meu trabalho e também a minha casa, onde toda a minha vida aconteceu. Se quiseres, posso contar-te como foi. - disse sorridente enquanto girava a chave na fechadura e abria a porta.
A seguir a William entrei, deixando-me ser envolvida pelo cheiro a colônia masculina e madeira.
Olhando em meu redor pude-me apereceber de que em tempos aquele local tinha sido um café, talvez até bastante frequentado pois a mobília, em cores de azul e branco, parecia bastante cara e bem estimada. Várias mesas redondas e cadeiras estravam espalhadas aleatoriamente pelo local, quase que parecia que aquele local estava em normal funcionamento, não existiam quaisquer tipos de indícios de Guerra.
-Apercebi-me de que ainda não sei o teu nome. - disse enquanto parecia preparar um chá atras do pequeno balcão com a montra agora vazia.
- Rosalyn. - respondi sorridente enquanto deixava as pontas dos meus dedos deslizar pelas madeiras decorativas do local. Caminhei até um retrato que estava no local, era uma senhora nos seus trinta anos, era ruiva e tinha bastantes sardas que emolduravam uns olhos azuis tão brilhantes que, só na fotografia pareciam ofuscar.
Senti a presença de William atras de mim.
- É linda não é? - perguntou e eu assenti em resposta.
- Anne Marie, a minha mulher.
- Ela era linda, William.
- Por fora e por dentro. Era a mulher mais maravilhosa que existia no mundo. - afirmou e quando me virei para ele de modo a agarrar a chávena de chá que trazia nas mãos, vi que os seus olhos estavam aguados indicando que, brevemente choraria.
- Obrigada. - Disse ao que tomei a chávena nas minhas mãos.
- Sentamos?- perguntei tentando retirar William daquele transe de tristeza em que se parecia afundar. O homem assentiu e sentou-se numa das cadeiras. Sentei-me há sua frente.
- Então, os teus pais? - perguntou, apanhando-me de surpresa.
- Morreram, quase no início da Guerra. - respondi friamente, o assunto dos meus pais era um que eu escolherá ignorar. Talvez de modo a não me magoar. - E é um assunto que prefiro não ignorar e talvez enganar-me ao pensar que estão de férias ou que foram trabalhar fora, assim, existe uma pequena esperança que os vá ver outra vez. Assim não dói tanto. - confessei.
- Compreendo. - disse enquanto esfregava a sua mão na minha, transmitindo-me um pouco de conforto.
- William.. se os ingleses fizeram o que fizeram à sua mulher.. como é que é capaz de os ter aqui e de lhes prestar hospitalidade?
- Minha filha, o caminho para a felicidade começa no perdão. ao transformar o ódio que senti por eles em compaixão ajudou-me a não desistir.
Sorri-lhe. Ele estava certo, bastante certo até. Eu tentava manter aquele pensamento na cabeça porém, depois de tanta porcaria tornara-se um tento complicado.
- Rosalyn, conta-me então... o que te trouxe até aqui e o que te manteve viva até esta fase.
- Na verdade, a minha possível salvação começou no dia em que eu tinha decidido desistir de lutar...
Comecei.
Foram minutos ou talvez horas que ali fiquei, algumas chávenas de chá e lágrimas até que a minha história e de Harry fosse totalmente exposta, William parecia assimilar com muita atenção todas as palavras que eu dizia, como que se ao não ouvir uma parte perderia a emoção toda. Vi o seu sorriso quando referi Niall e o seu ódio quando lhe contei sobre os primeiros dias de Harry. O seu sorriso quase orgulhoso e ao mesmo tempo chateado quando ouviu do dia em que salvei Styles da morte eminente e o seu sorrisinho triste quando lhe disse que partira, mesmo já retendo sentimentos pelo meu suposto inimigo.
Por fim mostrei-lhe a tatuagem e contei-lhe do significado que Harry lhe tinha adquirido. William achou aquilo bastante querido.

- E nunca mais o voltarei a ver William.. e talvez seja melhor assim, o que os olhos não veem, o coração não sente correto?
E o que eu sentia por ele não era correto. Era baseado no meu desespero e na sua frustração, estávamos a enganar-nos um ao outro.
Foi melhor assim não foi, William?
- perguntei já sentindo o meu coração apertar.

- Eu acredito no destino.. acho que se tivessem de ficar juntos, assim seria. - disse ao que se levantava da mesa e com ele levava as chávenas que em tempos tiveram chá.
William olhou o relógio na parede.

- Edward deve estar a chegar.
- Quem é Edward ? - perguntei sentido o meu coração apertar com o medo.
- Um soldado que anda fazer patrulha à cidade. - Disse indiferente enquanto lavava a louça.
- Devo sair? - perguntei levantando-me preparando-me para partir.
- Não sejas tola! Nesta casa não existem violências, racismos, homofóbias, xenofobismos e quaisquer outras divergências e ódios, os soldados sabem-no e agora também tu o sabes, por isso respeita. Só assim se mantém a paz. - disse e conforme terminou ouviu-se um bater na porta.
- Por falar no Diabo. - riu - Abres a porta? - perguntou e, engolindo em seco e sentindo o nervosismo tomar conta do meu corpo assenti.
Caminhei devagar até a porta e, depois de um longo suspiro abri.
O meu coração parou por segundos.
- BOA TARDE SENHOR WILLI-- Rose?
O meu mundo caiu e lágrimas formaram-se no canto dos meus olhos.
- Harry.

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