Soldier Heart. | H.S || A RES...

By autorax

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"Eu devia matá-la mas, ela matou esse lado de mim" More

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01 - Run.
02 - Styles.
03- Bath.
04- Room.
05- High.
06- Runaway.
07- Niall.
08- Deathly.
09- Pain.
10- Tease.
12- Thunderstorm.
13 - Gone.
14- Changes.
15 - Lótus.
16. LoveSick
17. Morphine.
18.YOU.
19. Love you Goodbye.
20. Mr. William.
21. Truth.
22. Undercover.
23. Ready to fck.
SOLDIER HEART SOB REVISÃO

11- Lake.

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By autorax

NÃO se esqueçam de comentar o que estão a achar, é muito importante para mim!!
Obrigada por todo o amor que me têm dado! Muito amor para todos/as vocês❤️❤️💛💛💛💛❤️❤️❤️ (12 gostos para o próximo capítulo?)

Harry tinha-me beijado. Só e simplesmente tinha.

Usando toda a pouca lata que corria no seu sangue, fê-lo. Obviamente que não pode ser considerado mais de um beijo falhado pois os meus reflexos foram mais rápidos do que quaisquer que fossem as suas intenções.

Com a maior cara de nojo afastei-me de si. Não pensando duas vezes um estalo foi espetado no seu rosto, mesmo em cima da ferida que ainda se encontrava em processo de cicatrização. Talvez devesse ter sido menos impulsiva naquele ato, mas esse pensamento só atingiu os meus pensamentos quando vi o rapaz contorcer-se de dores, com a mão sobre o rosto.

- Para que é que foi isso? - Harry perguntou ao recompor-se, entretanto encostado ao balcão da cozinha.

- Para que é que foi isto? A sério que és assim tão certo de ti mesmo? Ninguém te deu o direito de te aproximares de mim, muito menos de me tocares ou sequer beijares. - Expliquei, num misto de raiva e aborrecimento.

Styles deu de ombros, como se o que eu estivesse a dizer não tivesse a mínima importância ou valor. Foi atitude que despertou em mim o mais negro dos ódios.

- Vais mesmo continuar a ser um sacana egoísta, cheio de si mesmo que acha que tem razão em alguma coisa? - Perguntei retoricamente assistindo-o afastar-se de onde eu estava e seguir caminho para a sala. Pousei o prato que lavava com alguma força, acabando mesmo por partir uma parte do mesmo.

Segui Styles até à sala onde o mesmo se sentou descontraidamente no sofá, pegando num pequeno livro de Niall e folheando-o. Suspirei lançando as mãos à minha cabeça.

- Eu fiz-te uma pergunta, estou à espera de uma resposta. - Insisti e ele revirou os olhos fechando o livro e olhando para mim.

- O que queres? - Disse e eu olhei para ele estupefacta com a sua cara de pau, como assim ele se atrevia a falar daquela maneira? Como se não tivesse ouvido nada do que eu acabara de dizer.

- Harry. - respirei fundo - Porque raio fizeste aquilo?

- Porque pude? - respondeu em tom de pergunta.

- Não, não podias. Ninguém, e por ninguém digo eu, te deu autorização para tal. - Afirmei sentando-me ao seu lado no sofá. Era agora que eu ia receber algumas respostas.

- Não preciso da tua autorização para fazer o que quero. - Disse afastando-se um pouco para me dar mais espaço no sofá.

- Precisas sim, se o que fizeres me incluir lá pelo meio ou, neste caso, em toda a sua ação. Harry, ouve, eu sei que algures nessa tua cabeça oca alguma coisa te diz que eu sou como todas as outras pessoas que tu viste em campo de batalha, e na verdade, eu sou mesmo. Com a diferença de que essas tu não conheceste, só mataste. Não podes assumir que eu me tornei ou sou alguém que simplesmente não tem voz.. uma opinião e vontade própria. Obviamente que em tempos de crise todos ficamos fragilizados mas eu não sou só um corpo, Styles. Eu sou uma pessoa, eu sofri quando me trataram como uma boneca, eu sofri com a fome, com o frio, com o medo. Eu estava em sofrimento, no mais profundo sofrimento no dia em que, de algum modo que eu ainda estou para entender, tu não me mataste. Mas essa dor e sofrimento não fizeram com que eu perdesse a minha essência, que eu perdesse toda a pessoa que eu um dia fui. Por isso não podes apenas chegar e assumir que eu me vou ajoelhar aos teus pedidos, eu sou um ser humano, eu tenho vida, eu não sou um corpo morto para os desejos de quem se quiser aproveitar.

Styles olhou para mim, senti a minha alma ser sugada pelos seus olhos verdes apagados. A maneira perdida e confusa como ele olhava para mim fazia-me sentir como se todos os meus pensamentos e vida estivessem a ser absorvidos para o seu cérebro, apenas com um olhar. Harry olhou para as mãos que estavam pousadas no seu colo e depois para o chão, subiu o olhar pela parede de Niall e parou no teto.

- Estavas a brilhar. - Soltou e olhou de novo para mim, não de uma forma tão penetrante como a de antes mas ainda assim intensa. Esbocei um ar confuso, pedindo-lhe silenciosamente para continuar com aquela sentença.

- Quando eu cheguei ao beco, realmente o meu primeiro instinto foi pegar na arma. Mas pensei que fosse um desperdício de barulho e bala se estivesses já morta. Por isso aproximei-me, mas tu ainda estavas a respirar, ainda que muito devagar estavas a respirar. Eu não sei se foi de choro, se era suor se era apenas agua de alguma conduta avariada mas a tua cara estava a brilhar. - Disse dando de ombros no final.

Para mim, a razão que ele afirmava ter sido a que o fez não me matar soava um pouco bizarra. Um pouco sem sentido até, mas tinha entendido que com Harry nada fazia sentido, então o truque talvez fosse, simplesmente, viver com isso.

- Rose eu nunca soube lidar bem com situações que me levassem para fora da minha zona de conforto. E tu sais da minha zona de conforto, de uma maneira fantasmagórica. Eu não consigo entender porque é que não desististe, e porque é que continuas assim? Tão.. fiel a ti mesma? - Harry murmurou, com um ar pensativo sobre o seu colo.

- Sabes... quando toda esta confusão começou eu vivia numa casa bastante humilde, irmã do meio de 5 irmãos 4 mais velhos e 1 mais novo , filha de uma mãe solteira.. pai violento que saiu de casa quando eu tinha 5 anos, alguns problemas económicos. Tudo isso me ajudou a crescer muito sozinha e independente, e ao longo dos anos fui aprendendo que nenhuma crise é superior à nossa personalidade. Quando a guerra começou e cada membro da minha família fugiu para destinos diferentes a minha mãe pediu-me que nunca me deixasse levar pela submissão. -  Suspirei baixando também o olhar para as minhas pernas que se encontravam cruzadas em cima do sofá.

- Sentiste medo de mim? - Perguntou olhando para mim e eu apenas assenti com a cabeça. - Quando?

- Talvez quando me ameaçaste depois... do que aconteceu. - Revelar-lhe aquilo poderia ter sido perigoso, não só estava  a dar-lhe um ponto mais fraco de mim como puxava, daquele modo, uma conversa e situação que eu preferia enterrar no passado e nunca a deixar sair de lá.

- Aquilo? - Styles perguntou confuso e eu olhei-o, com um ar um pouco ressentido e arrependido-  Oh... aquilo.

- Sim.. esses dias foram um pouco assustadores porque eu não sabia quando irias chegar e bater-me até à morte ou algo do género - Confessei e Styles pareceu ficar um bom bocado a absorver aquela informação até esboçar algum tipo de emoção.

- Chega de falar sobre isto. - Disse levantando-se repentinamente do sofá. Assenti, relembrando-me do pacto que fiz comigo mesma de não questionar as oscilações de humor do homem. - Estou a ficar frustrado de estar em casa, onde se pode ir? - perguntou começando a andar de um lado para o outro na sala. Levantei-me e aproximei-me dele afagando-lhe as costas para que se acalmasse daquele estado de ansiedade em que se parecia estar a afogar.

- Não há grande coisa que se possa fazer por estas zonas... Niall deve estar na ribeira a lavar a tua roupa  e tirando isso só tens o lago... e a horta talvez , mas não acho que haja algo para fazer a esta hora.

- O lago parece-me uma boa ideia - Harry sorriu fazendo uma pequena cova formar-se na sua bochecha, foi a primeira vez que me apercebi daquela deformação do seu rosto. E talvez a primeira vez que o tinha visto soltar-se daquela carranca que parecia ser apenas o seu estado natural. Harry caminhou então até à porta da casa de Niall e abriu a mesma. Olhou para mim com a maior cara de paisagem como se esperasse alguma atitude óbvia vinda da minha parte. Respondi com ar igualmente confuso.

- Tenho cara de mapa para saber onde caralhos fica o lago? - perguntou com o maior tom sarcástico possível.

- Não.. eu acho - respondi um tanto receosa.

- Então anda. - Apontou para o exterior, como se fosse algo óbvio.

- Eu estou com o pijama.. e a camisola ainda está molhada  - disse cruzando os braços, num ato não aborrecido mas envergonhado.

- Então veste outra coisa. Porque é que tens de fazer de algo tão simples um problema.

- Não quero mexer nas coisas de Niall sem a sua autorização.

- Não pensaste nisso quando mexeste nas minhas - Apontou aproximando-se de mim enquanto tirava a t-shirt que usava e me atirava com ela para a cara. - Usa essa, deve servir para o efeito. - ordenou e virou-se de costas para que eu me pudesse trocar ali mesmo.

- Vejo que te tornaste respeitador do meu espaço pessoal durante estes dias - afirmei assim que acabei de vestir a camisola que, assim como todas as camisolas de Niall me ficava um pouco acima dos joelhos.

Harry não respondeu, não esperava realmente que o fizesse. Saímos porta fora, caminhando descalços pelos caminhos de terra e areia que se atravessam até chegar ao destino pleaneado.

Estava um dia quente, não era algo assim tão comum tendo em conta que se tratava da Irlanda onde as temperaturas mais altas rondavam os 20º. O sol estava intenso e conforme andava-mos eu começava a transpirar. Era março e aquele estado infernal deixava todo o meu sistema bastante confuso. Apesar de naquele momento em que caminhava-mos para o lago estar um sol excessivo, eram possíveis ser vistas nuvens pesadas que garantiam uma grande tempestade para aquela noite. Estremeci com esse pensamento. Odiava tempestades, do mais intimo da minha existência tempestade abanavam todas as minhas estruturas e geralmente, quando muito fortes, deixavam-me num estado lastimável de lágrimas. Odiava confessa-lo a quem quer fosse. Harry era uma das pessoas que eu não queria que soubesse daquela minha pequena falha. Era algo tão ridículo e mínimo que todos os que eventualmente acabavam por descobrir gozavam comigo.

Styles por certo faria o mesmo, seria algo bastante previsível vindo do mesmo.

Acabamos por fim por chegar à pequena praia fluvial que se encontrava ao abandono pois para além de Niall e um dia Liam aquele local não tinha nenhum tipo de visitantes.

Harry, que até então tinha caminhado silencioso atrás de mim colocou-se ao meu lado observando a belíssima vista que eram as águas cristalinas que brilhavam ao que os raios de sol as atingiam. A água movia-se ao que a pequeníssima brisa as tocava tornando aquele cenário quase paradisíaco. Os meus pés abandonaram a terra áspera que era coberta por ervas daninhas e tocaram a areia macia fazendo-me, inconscientemente, sorrir atraindo, desse modo, a atenção do rapaz que me acompanhava.

- Porque é que estás a sorrir? - Ele perguntou enquanto caminhávamos pela pouca areia até à beira da água onde me sentei.

- É agradável, o toque na areia nos pés. - Disse ajeitando as camisola sobre as minhas pernas, de modo a evitar exposições desnecessárias. Styles sentou-se ao meu lado, deixando as pontas dos seus pés tocarem na água que, mesmo com o calor que se fazia sentir, provavelmente estaria gelada.

- Quando ia à praia, em criança, tinham de me levar da água até à toalha porque odiava a sensação de areia presa aos meus pés - Confessou soltando uma risada mínima negando com a cabeça, com olhar fixo no horizonte.

- A que rio me levaste no primeiro dia? - Perguntei, querendo tirar aquela questão da minha cabeça pois o local onde Harry quase me tinha obrigado a tomar banho não se assemelhava a nenhum daqueles.

- Não sei, acho que pertence a uma barragem que existe para o lado norte.. Quando viemos para esta base alguns não tinham qualquer tipo de treino de resistência e, nos inícios da Guerra o exército irlandês estava muito forte e estavam a atacar-nos pelas partes mais fracas, como os rios.. pela pouca resistência ao frio das águas muitos soldados morreram. Então usavam essa barragem para resistência, tanto para sobreviver a ataques aquáticos como resistência ao frio. Na verdade.. e eu sei que vais perguntar, eu não sei porque te levei lá, só achei que seria correto. Talvez para entenderes, eu achava, que eu não queria ser simpático contigo. Falhei um pouco nesse objetivo.. falho sempre. - Confessou e eu, instintivamente aproximei-me.

- Talvez até tenhas um coração, Harry. - piquei e ele olhou-me com um sorriso ladino.

- Todos temos, Rose. Se não o sangue não correria pela nossa corrente sanguínea e morreríamos. É algo lógico. - Afirmou enquanto procurava algo dentro dos bolsos, descobri ser um maço de tabaco e perguntei-me, mentalmente, onde ele teria arranjado aquilo.

- Tens de ser sempre assim tão petulante? - perguntei e foi-me esticado um cigarro, que, com um aceno de cabeça neguei.

- Tento ser 90% do tempo. - Afirmou com a sua habitual serenidade. - Os outros 10% estou a dormir.

Instalou-se um silencio confortável entre ambos após a sua, sarcástica, afirmação. Ambos estávamos perdidos nos nossos próprios mundos e pensamentos.   Até que, ao final de um bom tempo ele se pronunciou.

- Vou ter de voltar a Londres.

- Como assim? - Virei-me para ele, que fez o mesmo.

- Voltar a casa.. Acredites ou não eu também tenho uma família, que ficou lá, sem saber ao certo o que esta a acontecer por estas zonas. Não sabem além do que vêem na televisão e, brevemente também saberão do ataque à nossa base. Provavelmente vão dar todos como mortos, e eu preciso de estar lá quando a minha mãe e irmãs receberem essa notícia. Não sei se para a minha mãe, saber que Danniel morreu vai ser uma notícia assim tão má. Mas, para as minhas irmãs vai ser devastador.- Harry desabafava aquela informação e eu absorvia tudo o que era dito.

- Desculpa se me estou a intrometer demasiado mas.. a relação que tu tinhas com o teu pai não era muito boa, pois não?

- Realmente, estás a intrometer-te demais. - Disse rispidamente fazendo-me engolir em seco e direcionar o meu olhar para o meu colo - Mas acho que tenho de aceitar que queres sempre saber mais do que o que deves.- Continuou fazendo-me olhar de novo para si - Não eu nunca tive uma boa relação como ele. Sempre foi um homem muito exigente e isso até seria bom, no sentido em que ele me obrigava sempre a dar o meu melhor para concluir objetivos. Até ao dia em que os objetivos deixaram se ser os meus e passaram a ser os seus e ele começou a tratar-me apenas como um soldado e não como um filho, com uma frieza enorme porém, mesmo por ser seu filho ele sentia-se no direito de me bater, algo que não fazia com os outros soldados. Foi complicado e, por isso não sinto nenhuma tristeza ao pensar que ele está morto.- Confessou

A conversa alargou-se por mais algumas horas, sendo que fora, novamente de temas inútil e discutir opiniões sobre diferentes situações da nossa vida.

Então chegou a hora de retornar a casa e quando o fizemos, já era de noite e Niall tinha adormecido em cima do sofá

Então, após uma grande e silenciosa discussão concordamos que Harry poderia dormir comigo. Acordando que ele teria de manter a distância de segurança de mim e não poderia tentar nada.
Ainda que contrariado ele concordou.

Talvez tenha aceite apenas por causa da tempestade que se aproximava que me causava calafrios.
talvez não.

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