O Preço da Adoração (AMOSTRA)

RBPlushie által

21.8K 2.4K 608

*ATENÇÃO: 50% DISPONÍVEL. HISTÓRIA COMPLETA NA AMAZON, GRATUITA PARA ASSINANTES DO KINDLE UNLIMITED* Esforçad... Több

Introdução
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
FIM DA AMOSTRA GRÁTIS

Capítulo 03

908 174 21
RBPlushie által

Eu pisei na areia branca e olhei para o alto. O sol ardia no topo do céu, intenso e imperdoável.

Exausto pelo calorão e por carregar aquele trambolho azul, eu me escorei num coqueiro e observei o mar.

Com alguma sorte a loja daquele tal de Jones não seria longe. Queria voltar logo pra casa e ver a cara da mãe quando eu aparecesse com feijão, e maçãs, e ovos. Aquela prancha parecia tão cara, que talvez eu pudesse comprar uns bifes. Eu não comia carne há meses.

As ondas rebentavam com força naquela tarde, cobrindo o mar de safira com sua espuma branca. O calor assustou os turistas, e nem os surfistas se arriscavam àquela hora da tarde. As ondas iam e vinham indomadas, me lembrando a sensação gelada nos pés, e o magnífico surfar do Grande Alisson.

Droga. Pensar naquele cara acalorou meu corpo ainda mais. Meus sentimentos começavam a me assustar de verdade, porque não fazia sentido. Alisson era um cara, e bem mais velho que eu. Devia ter uns vinte anos, no mínimo. Eu gostava de mulheres, embora nunca tenha beijado uma, ou... sequer me interessado em fazer isso.

Quando minha preocupação atingia níveis alarmantes, vi dois turistas se aproximando. Um casal como aqueles dos filmes, o homem com óculos de sol enormes e relógio dourado, e a mulher com longos cabelos volumosos, e maquiagem elegante no rosto de cirurgia plástica. A grife MaiMai estampava as roupas de banho, e até o guarda-sol no ombro do homem era de marca internacional.

Eu me encolhi, percebendo que me afastei dos coqueiros como se atraído pelo mar. Exposto nos meus chinelos gastos e bermuda de trapo, eu murchei atrás da prancha azul, querendo desaparecer.

Assim que me avistou, a mulher apertou a alça da bolsa e o homem a conduziu para longe de mim, me contornando como se eu tivesse uma doença.

"Que horror. Um garoto desses com uma prancha tão bonita, de quem acha que ele roubou?" Ela deu um sussurro fingido ao marido, justamente para que eu ouvisse.

"Ele deve ser dos morros. esconda os anéis."

"Uma favela, numa cidade tão bonita. Esses meliantes estragam tudo, mesmo." Disse ela, e os dois seguiram pela areia branca, relaxando apenas quando já estavam bem longe.

Eu os segui com os olhos, e suspirei aliviado. Não parecia que voltariam para me bater.

Novamente sozinho, eu olhei para o mar bem diante de mim, tomado pela frustração e pela mágoa. Por que algumas pessoas valiam menos que outras? Será que eu nunca mereceria ser feliz?

A imagem do Grande Alisson retornou à minha mente como se ele estivesse bem ali, conquistando as ondas como se não fossem nada. Eu toquei meu antebraço, que ainda arrepiava quando eu lembrava seu toque. Todos em Orla das Sereias conheciam seu talento. O Grande Alisson não temia o frio da água, ou a altura das ondas, ou um adolescente loiro e magro, com jeito de mendigo. Ele não se deixava intimidar, e por esse motivo todos o respeitavam.

Nem que demorassem mil anos, eu queria provar daquele mesmo respeito.

Pensando bem, por que não ali mesmo, naquele instante?

Eu ergui a prancha sobre a cabeça, chutei meus chinelos longe e avancei na direção do mar. As ondas bateram nos meus tornozelos, nas minhas pernas, na minha cintura. Logo me vi cercado pelo brilho esverdeado do mar, e pelos peixinhos que nadavam entre os corais, sob os meus pés. Eu continuei avançando até a água atingir meu pescoço, trancando a respiração para cada onda que acertava meu rosto. Nem as maiores turbulências me fizeram recuar.

Quando enfim alcancei a área de formação das ondas, eu subi de joelhos na prancha e estremeci, tentando me manter em cima. A prancha oscilou para frente e para trás, e quando enfim se estabilizou uma onda me acertou em cheio, me arremessando contra a água.

Esperneando, eu subi de novo e abracei a prancha, tossindo água. Surfar era realmente difícil, mas o desafio me fez sentir uma empolgação que há tempos eu não sentia. Determinado, eu subi na prancha mais uma vez, e de novo, e de novo, até que finalmente me ergui nos joelhos, e uma onda menor me empurrou alguns metros adiante.

Deslizando pela água cristalina, eu comecei a rir. Era uma onda minúscula, e eu devia parecer patético surfando de quatro, mas eu enfim entendia o Grande Alisson, e o sorriso em seu rosto. Se aquela ondinha me fazia rir como um bobo, imagina empinar na crista das ondas? Será que eu impressionaria o Grande Alisson?

Tanto pensei no Grande Alisson, que não vi uma onda diagonal se aproximar, muito maior que as outras. Só me virei a ela no último segundo, e nem tive tempo de trancar o ar. A força da água me golpeou violentamente, me chocando contra os corais do fundo.

Eu gritei bolhas sob a água, e quando me levantei o mar tingiu-se de vermelho em torno da minha perna.

Mancando, eu arrastei a prancha até a margem e sentei na areia para analisar o estrago.

Na minha perna havia apenas um longo arranhão, o que me fez suspirar num alívio muito breve. Assim que ergui a visão para a prancha azul, meus olhos de encheram de terror.

Uma das quilhas desalinhou-se das outras duas. Eu me joguei na prancha no desespero de consertá-la, mas a pequena peça soltou-se na minha mão, rompida ao meio.

Droga, droga, droga! Eu tentei encaixar a peça de volta, mas não havia jeito, os pinos de encaixe se quebraram totalmente. Como eu devolveria a prancha? Como eu conseguiria o dinheiro?

Eu imaginei a cara da mãe me assistindo chegar de mãos vazias, e desabei a chorar sobre a prancha. Eu era um idiota. De que adiantava brigar com o pai, quando eu também sonhava coisas estúpidas?

Agora não havia prancha, não havia dinheiro, não havia mais nada.

"Nossa, o que aconteceu aí?" Perguntou uma voz próxima.

Eu ergui meu rosto e avistei o Grande Alisson, agachado bem ao meu lado. Ele percorreu o olhar pelo meu corpo molhado e pelas minhas panturrilhas cobertas de areia.

Ardendo de vergonha eu sequei as lágrimas com o braço e me sentei na areia, com mil pensamentos percorrendo a cabeça. Por que ele estava ali? Quanto ele viu? Se o Grande Alisson assistiu aquela queda vergonhosa, eu nunca mais pisaria naquela praia.

Alisson sentou-se na própria prancha amarela, expondo seus músculos dourados e firmes sob o sol vespertino. A diferença entre seu corpo e o meu era tão gritante, que me parecia um insulto ter sua atenção uma segunda vez. Apesar de tudo ele mantinha seus olhos tão fixos em mim, que precisei abraçar os joelhos para esconder minha reação descontrolada.

E então ele segurou meu tornozelo, e eu literalmente quase gozei na bermuda.

"Esta parte da praia não é própria para surfar. Não viu os cartazes?" Perguntou ele, apontando para uma placa que eu realmente nem notei. "Você teve sorte em escapar com um arranhão. Corais são muito afiados."

Tentando manter a respiração controlada, eu o deixei esticar minha perna e analisar o arranhão de perto. O Grande Alisson deslizou a mão pela minha perna magra, livrando o machucado da areia e me fazendo morder o lábio pra não gemer.

"Tá tudo bem." Arfei, desesperado em ser solto antes que eu melasse a roupa.

Grande Alisson enfim me soltou, e me presenteou com seu sorriso lindo, ainda mais branco que a espuma do mar. Ele era tudo o que eu nunca seria, e ainda assim eu tinha a audácia de grudar meus olhos em seu torso, memorizando cada saliência de cada gominho, certo de que ele logo me enxotaria dali e então tudo ficaria na lembrança.

Mas o Grande Alisson não me expulsou, e nem tentou me ofender. Ele apenas abriu o zíper do bolso e vasculhou o fundo até encontrar uns bloquinhos estranhos e uma bisnaga prateada. Ele estalou a língua nos dentes, meio decepcionado.

"Justo hoje fui esquecer o antisséptico." Ele torceu o lábio, esvaziando o pouco que havia nos bolsos. "Desculpa, novinho. Só tenho parafina e resina de poliéster."

Como assim, novinho? Ah, eu era um estúpido mesmo. Nem me apresentei.

"Michel." Falei, arriscando subir a visão para seu profundo olhar negro. "Meu nome é Michel Goldapfel."

Eu engoli amargo, temendo que Alisson fosse rir daquela informação inútil. Me parecia tão certo que ele debocharia de mim, que até estranhei quando ele me estendeu a mão.

Maravilhado e surpreso com aquele sonho lúcido, eu apertei a mão do meu ídolo, memorizando a forma como seus dedos pressionavam a palma da minha mão.

"O meu nome é Alisson Dolinski. A galera me chama de Grande Alisson, mas você pode chamar de Alis. Prefiro mais casualidade com meus colegas surfistas."

Eu recolhi a mão, estremecendo de vergonha.

"Foi ridículo, não foi? Mas não se preocupa, meus dias de surfe terminaram hoje." Constatei, olhando amuado para a quilha em minhas mãos.

"Só por causa disso? Que bobagem."

Alisson pegou a pequena barbatana de madeira e abriu o tubo prateado de antes. Com precisão cirúrgica ele preencheu a parte rachada com um um líquido espesso, que parecia uma borracha transparente. Ele colou a peça de volta no lugar, e após poucos retoques a prancha já parecia como nova.

Sem acreditar nos meus olhos eu me aproximei, e confirmei não haver sinal do acidente. Quando tentei cutucar com o dedo Alisson segurou meu pulso, e outra onda de calor percorreu meu corpo.

"Espere meia hora. A resina demora um pouco para secar." Ele disse, ainda me segurando.

Com muito esforço eu contive meus gemidos. Queria que Alisson não soltasse nunca, mas ele logo se levantou e bateu a areia da bermuda. Ele tomou sua prancha amarela sob o braço e deu uma piscadinha pra mim.

"Preciso dar um trato naquelas ondas. Aparece no luau, domingo. Eu prometo que não mordo." Falou ele.

Eu ouvi o que eu ouvi? O Grande Alisson, pedindo a minha companhia?

"Sim, senh... ahm... Alis. Muito obrigado." Um sorriso imenso iluminou meu rosto.

Alisson desceu o olhar pelo meu corpo magro novamente, e sorriu com o canto do lábio.

"Você fica bem melhor agradecendo que se desculpando." Ele se afastou pela faixa de areia e ergueu a mão num aceno casual. "Nos vemos domingo, novinho."


****

Nota da Autora

Obrigada por acompanharem O Preço da Adoração <3 Espero que estejam gostando.

Quero avisar que a história que acontece depois dessa, O Amante do Tritão, ficará completa no Wattpad entre os dias 9 e 15 de maio, então quem estiver acompanhando apenas esta história aqui, recomendo que leia a outra também e não perca o prazo <3  Os capítulos finais já estão sendo postados.

No próximo capítulo: Michel tenta devolver a prancha, e decide aparecer no luau. Ele não poderia imaginar as coisas que veria por lá.

Beijos, e até o próximo capítulo!

R. B. Mutty

****

Gostam do que eu escrevo? Considerem apoiar minha carreira de autora comprando o livro <3

O Amante do Tritão na loja da Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B06XWCVZRD

O Amante do Tritão em versão impressa: https://www.clubedeautores.com.br/book/232294--O_Amante_do_Tritao

Acompanhe também a minha página no facebook: www.facebook.com/rbmutty

Atualizações de O Amante do Tritão: terças e sábados (Final de temporada dia 9 de maio!).

Atualizações de O Preço da Adoração: segundas e sextas.

Lançamento da continuação: Ainda sem data definida.


Olvasás folytatása

You'll Also Like

11.5K 610 15
Pretty Little Liars: The Perfectionists 2 temporada
17.4M 1.2M 91
Jess sempre teve tudo o que quis, mas quando Aaron, o sexy badboy chega a escola, ela percebe que, no final das contas não pode ter tudo o que quer...
9.7M 610K 88
Um homem insuportável de um jeito irresistível que faz um sexo que deixa todas de pernas bamba, Tem todas as mulheres que deseja aos seus pés mas te...