Observo a recuperação de Lucca sentada no sofá, o garoto de coração enorme desenha o por do sol com os olhos na varanda, chega a ser engraçado. Ele cantarola a música "i can't help falling in love with you", mal sabe L. que eu o contemplo agora.
"Eu estou começando a ficar envergonhado" "Não deveria" digo sorrindo, ele caminha em minha direção, repousa a cabeça no meu colo e respira fundo. "Já passou tempo demais, preciso seguir em frente" "Não deixe que que um determinado número de dias determinem o que você deve fazer ou não, e sim se sua alma quer ou não" ele beija o canto da minha boca, "obrigada por me escolher" ele sussurra no pé do meu ouvido. O encaro por um tempo "Não seja tolo Lucca, por favor. Quem escolhe não sou eu, caso contrário eu seguiria sozinha" "Não gosta de me amar?" "Gosto, muito. Mas não podemos deixar de lado que há riscos demais" "E você não prefere assumir riscos?" "Prefiro, nenhum balão chega até o céu se não antes tenha soltado da mão de uma criança" ele sorri, com todos os dentes a mostra, com todo o coração escancarado. Sorrio de volta. "Nunca mais saia de perto de mim" meu coração diz baixinho entre os beijos.
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Estou no escritório há horas.
Apago e escrevo as primeiras letras há horas.
"Não consigo fazer isso" digo irritada enquanto encaro o computador. "Isso o quê?" Philip pergunta intrigado se levantando para observar o que eu tanto me irrito. "Nada" respondo tentando tampar a tela, "Serena Roríz Wallen" ele diz enquanto se desvencilha das minhas mãos. "Eu... ando escrevendo" digo em tom de confissão, "Isso é bom, muito bom. Escrevendo o quê especialmente?" "Uma carta, um livro, uma poesia. Essas coisas.." "Uau, requer muita paciência para se escrever um livro, você possui?" ele se senta novamente enquanto me encara, curioso. "Não sei, acho que só saberei quando tentar" "Compartilho da mesma ideia" ele diz sorrindo.
Minhas mãos tremem de ansiedade por alguns segundos, pratico a ideia de não pensar e decido estender a conversa. "Eu escrevi algo sobre você" "Existe algo que se possa dizer sobre mim? Algo além de que eu ganho todos os casos que me envolvo, claro" ele diz com o tom de superioridade que eu aprendi a achar graça, "Talvez eu tenha começado com algo que deveria ser uma carta, e acabou virando um livro" falo rápido rezando para que ele não tenha entendido, "Então você está escrevendo um LIVRO? POR MINHA CAUSA?" sua animação é infantil e extremamente contagiante "Acho que sim" respondo ainda envergonhada, "Isso é ótimo. Sobre o que tenho que vale tanto a pena se falar?" "Talvez não seja você em específico, mas como eu evolui. Como seu amor foi importante no meu crescimento" "Quem ouve você falar mal sabe que eu levei um pé na bunda" ele diz rindo, mas melancólico. "Como se eu pudesse escolher" digo debochando do amor.
"Acho que há muito a se ensinar sobre amar. Valido sua ideia do livro, tentar entender e explicar o que é a evolução de alguém que luta contra algo maior externamente e internamente, é sempre um enorme desafio" "Tente namorar Philip Mann, isso é um desafio.." falo brincando tentando parecer que digo escondido "Muito engraçado, S. Você fala como se ter te namorado fosse uma experiência tranquila..." "Deveria ser simples" desabafo. Deveria ser simples gostar de alguém. "Nunca é"ele diz sincero.
Eu descobri que o primeiro amor deveria ser seu melhor amigo.
Ou eu descobri que seu primeiro melhor amigo deveria ser seu primeiro amor.
Ele não me deixa quieta, não me deixa estagnar, gosto disso.
"Obrigada por ter vivido o bastante comigo" digo ainda encarando a tela do computador, "Serena, vamos estudar nossos casos. Isso está ficando carinhoso demais e eu não estou com saco" ele diz enquanto levanta meu braço.
"A propósito. Obrigada também" ele diz baixo para ninguém ouvir.
"Você nunca vai mudar" digo rindo enquanto ando em direção a mesa de Matt para discutir sobre um cliente novo. Passamos por Black que sorri para Martín, novamente tudo se encaixa. Pisco para minha advogada.
Digo, chefe.