Porcelana - A Sociedade Secre...

By NicoleMezadri0

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☆Sociedade Porcelana - Livro 1☆ "Pareciam bonecos em uma estante. Seus rostos, tão lindos, não tinham emoção... More

Prólogo: Bonecos
Cap. 1: Discussões
Cap. 2: Mãe
Cap. 3: Lugares Distantes
Cap. 4: A Sociedade Secreta
Cap. 5: Promessas
Cap. 6: Remédios
Cap. 7: A Arte Da Mentira
Cap. 8: A Primeira Noite
Cap. 9: Cores
Cap. 10: Muitas Faces
Cap. 11: Aluna Nova
Cap. 12: Perguntas Inoportunas
Bônus: Do Outro Lado
Cap. 13: Desculpas
Cap. 14: A Cerimônia (Parte I: Preparativos)
Cap. 15: A Cerimônia (Parte II: Os Novos Membros)
Cap. 16: Primeiros-Socorros
Cap. 17: Corações
Bônus: Apenas Linda
Cap. 18: Imprevistos
Cap. 19: Lágrimas
Cap. 20: Amigos
Cap. 21: Marcas De Ferro
Cap. 22: Dor (Parte I: Psicológica)
Cap. 23: Dor (Parte II: Física)
Cap. 24: Consolações Secretas
Cap. 25: Suspeitas
Cap. 26: Angústia
Cap. 27: Horror (Parte I: Tensão)
Cap. 28: Horror (Parte II: Medo)
Cap. 29: Lembranças Felizes
Perguntas e Respostas
Cap. 30: Feliz Halloween (Parte I: Insistência)
Cap. 31: Feliz Halloween (Parte II: Inconsequência)
Cap. 32: Resultados
Bônus: Alguns Sustos
Cap. 33: Interrogação
Cap. 34: Sentimentos Ruins
Cap. 35: Questões Mal Resolvidas
Cap. 36: Sinceridade Cruel
Cap. 37: Desolamento
Bônus: Alguns Tapas
Cap. 39: Confusões Repentinas
Cap. 40: Ripley
Cap. 41: Assuntos À Tratar
Sobre a Autora
Cap. 42: Mãos
Cap. 43: Sob As Árvores
Cap. 44: Sorrisos Pintados
Bônus: Indiscrição
Cap. 45: Perfeita Loucura
Cap. 46: Versos De Um Segredo
Cap. 47: Os Problemas Da Pressa
Cap. 48: Palavras Gélidas
Cap. 49: Tormenta
Cap. 50: Esferas
Cap. 51: Assuntos Complicados
Bônus: Propostas
Cap. 52: "Recepções Calorosas"
Cap. 53: Chá De Conflitos
Cap. 54: Verdades Ocultas
Cap. 55: Retorno
Cap. 56: Notícias Desesperadoras
Cap. 57: Fundadores
Cap. 58: Conversas Intensas
Cap. 59: Importância
Cap. 60: O Início Do Terror
Cap. 61: Até Logo
Cap. 62: Atos Imperdoáveis
Cap. 63: Tudo
Cap. 64: A Compra (Parte I: Prisão)
Cap. 65: A Compra (Parte II: Condenação)
Cap. 66: A Triste Despedida Dos Bonecos
Epílogo: Realidades Inesperadas
Agradecimentos e Exclarecimentos
Adicionem às Suas Bibliotecas
Possibilidades para Porcelana

Cap. 38: Chuva De Emoções

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By NicoleMezadri0

Quando não consegui mais chorar, o vazio se instalou dentro de mim, mas ajudei Meena a se levantar. Ela também não demonstrava mais emoções, tendo como resquícios de choro apenas a vermelhidão em baixo dos olhos.

Nos encaramos, no meio da sala sombria, provavelmente pensando a mesma coisa.

Meena Taylor Castell, aquela que era tão inexpressiva, chorava como qualquer um.

Alessa Fragnello, aquela que tanto se esforçava para resistir, ser forte, estava em pedaços.

A Sociedade havia arrasado nós duas, e não havia maneiras de fugir.

Então, com cada uma ajudando a outra a manter-se de pé, caminhamos pelos corredores desertos, saindo do edifício, para esperar pelo carro que tanto demorava em nos buscar.

Assim que chegamos à recepção da Academia, não demorou para, em meio a chuva, surgir um automóvel preto e silencioso, como a própria morte.

Embarcamos ali, sem mais sentimentos à transbordar. Não pude deixar de desejar ser a chuva do lado de fora, que podia escorrer e evaporar para bem longe. Ser a água livre e viva, que tinha a liberdade de transformar-se a cada recomeço.

✴✴✴✴

☆Por: Ônix☆

Havíamos saído da Sociedade mais cedo naquele dia. Tudo bem que, com o que eu havia feito, provavelmente Alessa tentaria se distanciar. Mas não vê-la sair junto com os outros daqueles carros, fez com que uma pontada de preocupação se instalasse em meu peito.

Logo que descemos, Datha já chamou a mim e Rubi para conversar. As "conversas sinceras" que tanto tínhamos ultimamente, nada mais eram do que maneiras de garantir que ninguém escapasse durante as visitas familiares. No fim, ficou decidido que a cada dia, três pessoas visitariam suas casas. Ainda não sabia o que estava por trás daquela "gentileza", mas tinha certeza absoluta de que algo bom não era.

×××

Eu estava perambulando pelo poço, a cabeça cheia de pensamentos sobre a viagem, quando, finalmente, avistei Alessa e Meena entrando na Sociedade. Foram precisos apenas alguns segundos, para que percebesse que elas não estavam bem.

Minha musa, com a metade da frente da roupa molhada, tremia e rangia os dentes, mesmo com os punhos cerrados em determinação. Ela não queria que ninguém percebesse seu estado. Já Meena, tinha o olhar fixo em algum ponto distante, como se sua alma não estivesse ali presente. Franzindo as sobrancelhas, corri até elas, que estavam sozinhas no hall de entrada.

- Ei! - exclamei, assim que cheguei perto o bastante.

As duas levantaram os olhos, em sincronia.

Alessa, ao invés de ficar corada como sempre fazia, apenas manteve uma expressão vazia, tentando ignorar a própria dor. Já Meena, soltou-se do braço da outra, andando para longe.

- Preciso ir... - falou, baixo o suficiente para que a última parte da frase se tornasse inaudível.

Observei enquanto a garota se afastava, os trovões ecoando do lado de fora como em uma cena de filme de terror. O mal pressentimento que sentia se tornara uma bola de neve gigantesca, prestes a me esmagar.

- Ei, musa, o que foi? - perguntei, andando para ainda mais perto de Alessa.

Ela se manteve calada, endurecida, me encarando no rosto. Então, sem resistir, finalmente peguei sua mão, levando um susto em seguida: estava gelada.

- Dio, você está congelando! - puxei-a para perto, pondo o braço sobre seu ombro - vá para o seu quarto, Bianca com certeza pode ajudar!

Tentei levá-la na direção que apontava, mas ela ficou parada exatamente no mesmo lugar.

- Não quero. - respondeu.

Sua voz chegou a falhar, de tanto que rangia os dentes.

- Por que não?! - perguntei, incrédulo - oras, Alessa! Vá logo!

Comecei a ficar irritado, mas era de preocupação.

- Não quero. - apertou as mãos com mais força - Não posso voltar para lá agora.

Encarei-a. Tinha algo muito, muito errado, para ela não ter coragem de voltar para o próprio quarto. Percebi o quão inclinada em direção da porta estava, no centro de uma corrente de vento.

- Então vamos a outro lugar. - sussurrei, as sobrancelhas franzidas por causa de sua atitude - venha.

Com as pernas frágeis, Alessa deu um passo hesitante. Seus joelhos bambearam levemente, demonstrando o quão fraca estava.

De repente, tomei uma decisão, e a pus em prática: me abaixei rapidamente e a peguei no colo.

Seu único manifesto foi um sobressalto de susto, mas de resto, continuou muda. Ela apenas aguardou, enquanto a carregava para o estúdio.

- Você não deveria ter ido de vestido em um dia assim. Sabe quão fácil é ficar doente em nossa... situação. - murmurei, tentando me distrair enquanto carregava seu corpo (leve demais, ultimamente) e descia pelas passarelas. Ela não retrucou, como sempre fazia.

Andei apressadamente até a porta enoldurada, abri-a e coloquei Alessa em cima da mesa de madeira, antes de acender as luzes. Depois, voltei para apertar o interruptor e fechar a entrada.

- Você precisa se secar. - murmurei, me abaixando para pegar uma toalha (eu a usava para limpar o rosto, quando me sujava tinta).

O pano estava manchado de diversas cores, mas havia sido lavado recentemente, liberando um cheiro de amaciante. Zilá (a velha senhora que cuidava de mim) sempre se esforçava, apesar de reclamar de tudo. Andei até Alessa, entregando a toalha para suas mãos trêmulas.

Porém, minha musa não secou-se com o tecido. Ela, na verdade, cobriu os próprios ombros, para aquecer-se.

- Você vai virar um cubo de gelo, se continuar assim. - falei, pegando as pontas da toalha para secar seus braços - por favor, poderia ir para seu quarto?

Continuou em um silêncio sepulcral.

Alessa descobriu um dos braços, e ergueu a manga do vestido. Então, de repente, começou a desenrolar as ataduras de onde estava sua marca.

- Ei! - exclamei, tentando impedi-la - o que está fazendo?

Ela continuou, até que toda a gase estivesse espalhada por seu colo, e o ombro esquerdo, livre. Encarou fixamente a cicatriz avermelhada e quase totalmente fechada que destacava-se ali.

Apesar de a pele na região ainda estar meio arroxeada, não havia mais sangue. O resultado, enfim, era uma grande e dolorosa marca: um "S" elegante, cheio de curvas apesar da maneira como havia sido feito, e um "P" atravessado por uma barra, que também significava "A".

Pude ver a maneira como os últimos resquícios de cor sumiram de suas bochechas. Ela estava em choque, mesmo sem demonstrar. Notei também a vermelhidão em seus olhos, entendendo que ela havia chorado recentemente, e que não queria fazê-lo novamente.

Então, sem mais nem menos, cobri seu ombro com a toalha novamente, fazendo-a encarar-me nos olhos.

- O que está acontecendo com você? - perguntei, incrédulo - por que não fala nada?!

Ela apenas continuou estática, até tomar iniciativa suficiente para dizer uma simples frase:

- A Sociedade matou minha mãe. - e foi como um tapa na cara.

Como pude ter sido tão idiota? Eu havia sido grosso com alguém que estava desmontando por dentro.

Tudo o que consegui fazer foi abraçá-la. Abraçá-la, para que não se sentisse sozinha.

Aguardei enquanto agarrou minha camiseta, enterrou o rosto ali e gritou, gritou sem resistir a chorar novamente.

- Covardes! Demônios! Monstros! - berrou, a voz trêmula e abafada. Suas lágrimas começaram a molhar minha camiseta, mas não liguei. Apenas a apertei com mais força - Assassinos miseráveis!

Alessa encravou os dedos em minha roupa, soluçando e fazendo todo o seu corpo tremer.

- Normalmente eu diria sinto muito. - sussurrei, sem ter certeza de que estava ouvindo - mas não adianta. Nunca adianta.

Como resposta, gritou novamente:

- Eu cansei de sofrer! Não quero mais chorar! Mas ninguém se importa com a dor que sentimos! Ninguém! - berrou. Precisei torcer para que nenhuma pessoa estivesse no corredor.

Minhas mãos subiram para seus ombros e cabeça, em uma tentativa de conforto.

- Você não está sozinha. - retruquei.

De repente, ela se afastou de mim, o rosto repleto de fúria e mágoa.

- Como pode dizer isso?! - gritou, indignada - Você sabe que nada está bem!!! No fundo, nem sequer se importa!!!

Dei um passo para trás. Foi minha vez de ficar irritado.

- Como ousa dizer isso?! Eu estou te ajudando!!! Acha que não me importo, depois de tudo?!

- Eu não sou nada para você, ou sou?! - passou a descontar seus problemas em mim - Por que me ajudou?! Eu nunca entendi!!!

- Porque eu também sou um ser humano, droga!!! - gritei - e pare de falar besteira, como se fosse odiada por todos!!!

- Cala a boca!!! Não quero mais mentiras!!! ADMITA LOGO QUE ME ODEIA TAMBÉM!!!

No fim, não aguentei e explodi:

- MI PIACI, DANNAZIONE!!!

Então, percebi o que havia dito.

Minha ira sumiu subitamente, dando lugar à bola de neve de emoções, que deslizava colina abaixo. Droga!!! Por que eu disse aquilo?!

Alessa parou de gritar, e seu queixo caiu.

Já era tarde demais para voltar atrás.




MI PIACI, DANNAZIONE!!! = EU GOSTO DE VOCÊ, PORRA!!!

(N/A: "dannazione" possui vários significados, mas é um palavrão)



Oi gente!!! Sentimentos confusos os dos nossos personagens? Com certeza, mas faz parte de sua recuperação.

Espero que estejam gostando.

Bjsss!!!
















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