Bônus: Do Outro Lado

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▶ Por: Bianca ◀

Alessa acabara de sair para a escola. Naquele horário, a Sociedade estava completamente deserta, tanto que eu conseguia ouvir meus próprios passos ecoando pelo poço.

Estava preocupada, de verdade. Não era natural que uma pessoa, em tão pouco tempo, perdesse tantos tons na pele e no cabelo. Era óbvio que o remédio estava sendo agressivo, e eu, infelizmente, teria que redobrar sua dose durante a noite. Isso, por causa do acontecimento iminente que se realizaria por ali: o encontro da Nova Geração de Frequentadores, quando os antigos membros trariam seus filhos ou sobrinhos para renovar o ciclo infindável de tortura. E, não importa quanto as outras empregadas invejassem as bambolas, devido ao luxo que lhes era imposto, eu sabia que na realidade elas estavam no mesmo nível de sofrimento que nós todos, sem nunca parar de trabalhar.

- Sem descanso. - murmurei.

- O que foi, senhorita? - pulei de susto, com uma voz logo ao meu lado.

Virei-me para ver quem era, quem havia me escutado sussurrando coisas indevidas. Porém, quando o fiz, meu coração deu um salto, ao visualizar o garoto mais fofo do mundo.

Seus cabelos, lisos e castanhos, caíam sobre um par de olhos ainda mais escuros. Seu queixo, angulado, contrastava com as sobrancelhas franzidas. Ele era muito mais alto do que eu (e eu era alta), fazendo com que minha cabeça batesse em seu ombro.

Corei, percebendo sua expressão de confusão, e baixei os olhos. Não importava o quanto eu quisesse me convencer de que não, era óbvio quem ele era: não um bambolotto, pois sua pele era dourada, nem algum outro funcionário, pois suas roupas eram muito caras; mas sim, um dos futuros Frequentadores, que aderiria à Sociedade naquela noite.

- Desculpe, senhor. Eu não disse nada. - respondi, desviando de seu caminho com a cabeça baixa.

Você errou, coração. Não é para esse tipo de gente que deve bater. Não para esses monstros. Respirei fundo, já adquirindo raiva daquele ser. No fim, ele não seria nada além de outro aproveitador, de outro nojento asqueroso.

Às vezes, eu chegava a pensar se meu maldito pai sabia o que estava fazendo quando me pôs ali. Provavelmente não, porque ninguém sabia de verdade o que era aquele lugar.



Oi gente!!! Só um pequeno bônus, entre um cap e outro. Espero que estejam gostando.

Bjsss!!!

Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora