Cap. 20: Amigos

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Cap adiantado!!! Surpresa!!!



Não sei bem como ou quando a cerimônia terminou. Só sei que Datha nos encarou, satisfeita, enquanto o corpo inerte de Babi era carregado do palco, e sorriu. Nos dispensou com um gesto de mão.

- Vão, mio bambini (N/A: toda e qualquer tradução estará no fim dos capítulos). Descansem. Esta noite já rendeu o necessário. - ela disse.

Então, todos se levantaram e sairam, apagando as velas e deixando o auditório em escuridão total. Apenas eu e Ônix ficamos ali, em silêncio, respirando fundo e nos recuperando do show. Alguns minutos depois, também sem nada dizer, nos levantamos, caminhando lentamente pelas passarelas do poço. Meus dedos, que tremiam tanto de ansiedade quanto de fome, continuavam fortemente enlaçados à mão de Ônix.

Quando paramos em frente ao corredor dos quartos femininos, Ônix virou o rosto para mim, dando um triste porém reconfortante sorriso

- Você está bem agora? - perguntou, passando de leve o polegar pela minha bochecha.

Apesar de estremecer com o toque, assenti, conseguindo formular algumas palavras:

- Sim. Agora sim. - com bastante força de vontade, soltei sua mão - amanhã nos vemos. Boa noite.

Na última palavra, o encarei nos olhos, sorrindo pouco, porém de modo sincero. Ele suspirou, passou o polegar novamente pela minha bochecha (desta vez de um jeito mais demorado), e retribuiu o olhar.

- Boa noite, Alessa. - disse, se virando.

Estas foram as últimas palavras que trocamos naquela noite. Observei-o se afastar, sumir no escuro. Quando o perdi de vista, respirei fundo, me virei para a porta, e girei a maçaneta.

Então, arquejei, vendo o prato de comida que me aguardava em cima da penteadeira.

×××

Pela manhã, novamente acordei cedo demais. Sentia todos os meus ossos doloridos, e o leve sol entrando pela janela contribuiu para meus olhos arderem.

Bianca ainda não havia chegado, mas o comprimido do remédio estava ali, pois ela os deixava toda a noite. Respirei fundo e apertei os dedos, tendo vontade de jogar aquele veneno fora, mas não podia. Porque se Datha descobrisse que eu não estava tomando os remédios, digamos que a punição seria bem pior do que um dia sem comer. Rapidamente, agarrei o remédio e o engoli, tomando bastante água. Mesmo assim, me desorientei por alguns minutos, e o gosto azedo de sempre me subiu pela garganta.

Assim que recuperada, levantei da cama. Não conseguia mais dormir, por isso me vesti e arrumei o cabelo. No fim, me olhei no espelho do banheiro, e a linda boneca novamente estava ali. Um vestido branco na altura dos joelhos, com uma saia de armação média e renda de enfeite. Uma trança no cabelo loiro, um perfume caro qualquer. Ao fim, estava perfeita. Mas aquela não era eu, e nunca seria, porque eu a odiava mais que tudo. Apesar de parecer bobo, para mim, ter perdido a cor dos cabelos significava ter perdido mais um pedaço de personalidade, o que eu evitava a todo custo. De repente, Bianca abriu a porta.

- Bom dia, Alessa. - falou, de maneira estranha.

Ela estava mais sorridente, percebi de imediato. Ao se mover pelo quarto, seus passos eram quase dançados.

- O que houve? - perguntei, arqueando uma sobrancelha.

- Ah, nada. - respondeu, girando - eu trouxe o seu café da manhã.

Sorri, não convencida de sua resposta.

- Não ouse me esconder coisas, senhorita Bianca. Quem é o garoto? - perguntei.

- O quê?! - ela exclamou, ficando vermelha - é tão óbvio assim?

Começei a rir.

- Pode acreditar, - fechei os olhos, ainda dando risada - é muito fácil saber quando há algum "ele".

×××

Estava entrando na escola. Apesar de toda a elegância do edifício, eu continuava me sentindo horrível por estudar ali. Por sequer ter de pisar ali. Porque era mais uma lembrança dos estudos e colegas que eu havia deixado para trás.

Segurei com mais força o livro que trazia comigo, deixando os nós dos dedos brancos (o que não fazia diferença nenhuma, graças à cor da minha pele). Desde o primeiro dia, notei que a cada dose de remédio, algo mudava em mim. Algo clareava em mim, limpando e acabando com qualquer personalidade própria que pudesse haver. Pensando nestes tópicos, foi que não vi o garoto na minha frente, e esbarrei nele.

- Opa! - ele exclamou, assim que cambaleou para trás.

- Oh, me desculpe! - falei, envergonhada.

Ao observá-lo, me surpreendi com sua aparência. Tinha cabelos loiros cor de mel, pele bronzeada, e olhos âmbar, que reluziam conforme me encarava e sorria, abrindo duas covinhas nas bochechas. Nossa, eu esbarrei nele e ele quase caiu. É mais frágil que eu. E, sem dúvida, parecia mais frágil que eu. Devia ter até a mesma altura, 1,60, e estatura corporal.

- Tudo bem - falou, simpático - você é Alessa, né? Da aula de Culinária?

Me surpreendi com seu reconhecimento. Não me lembrava de tê-lo visto antes.

- Sim - falei, retribuindo o sorriso com um pouco menos de magia - e quem é você?

Ao invés de ficar encabulado, como a maioria dos estudantes que falaram comigo ali, por eu não reconhecê-lo, riu levemente, fazendo uma reverência.

- Eu sou Leonardo. Mas prefiro que os amigos (e namorados) - riu mais animadamente - me chamem de Leo.

Por alguns segundos, fiquei chocada. Não pelo fato da palavra "namorados" estar ali, mas sim pelo fato da palavra "amigo" ter sido pronunciada. Eu? Uma amiga? Fiquei mais feliz do que achei ser possível.

- Claro. É um prazer conhecê-lo, Leo. - falei.

- E é bom poder falar com você. Parece ser bem divertida. - respondeu, sorrindo.

Cerrei os olhos, confusa.

- Por quê?

Ele piscou.

- Ora, é porque...

- Oi, Alessa! - foi interrompido por uma voz aguda, que surgiu de maneira inesperada ao meu lado.

Encarei-a.

- Oi, Thereza. - respondi, hesitante. Seu sorriso sempre me parecia exagerado demais.

- Eu ia perguntar se... - calou-se.

Seus olhos, arregalados, perderam-se atrás de mim, e juro (mesmo) que a vi babar.

Então, senti uma mão cálida em meu ombro, que apesar de ser masculina e forte, não podia ser mais delicada. Ônix aproximou os lábios de meu ouvido, e senti o sorriso neles.

- Feliz aniversário, musa. - sussurrou, fazendo-me arrepiar completamente.

Meu aniversário!!! Como pude esquecer!!! Dia 13 de outubro finalmente chegara, e eu nem sequer havia pensado nisso.

Me virei para ele, igualmente próxima, e sorri, larga e sinceramente.

- Obrigada, artista. - sussurrei, ouvindo sua risada baixa.

Ele se afastou logo depois, sem virar para trás. Neste momento, olhei para o lado, percebendo que Thereza havia sumido.

- Viu só? - disse Leo, sorrindo abertamente - é por isso que te achei divertida. Por causa da maneira como fala com seu amigo.

Só neste instante, foi que percebi que ainda estava sorrindo.



Mio bambini = minhas crianças.



Oi gente!!!!! (Uhuuuullll!!!!)

1k de leitura? Já? Meu Deus!!!!!! Eu amo vocês ♡-♥.

E, feliz natal!!! Muita saúde, paz e alegria pra todo mundo.

Bjsss, espero que tenham gostado!!!

Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora