Cap. 6: Remédios

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Acordei de volta ao quarto.

Assim que sentei, o mundo girou novamente, e meu estômago contraiu-se de forma violenta. Me curvei para a frente, esperando vomitar, mas nada veio. Eu apenas fiquei ali, engasgando, até uma mão bater em minhas costas.

- Cuspa. - disse Bianca, estendendo uma bacia.

Tossi e cuspi, levando um susto ao perceber a cor da saliva. Vermelha. Era sangue.

- Deus! - gritei, agarrando a cabeceira da cama.

- Calma, é normal que isto aconteça após a iniciação. Logo você se sentirá... normal. - ela respondeu, cerrando um pouco seus olhos para mim.

Hesitante, assenti, afrouxando o aperto.

- Por favor, vá se arrumar. Hoje você terá um dia cheio. - e Bianca simplesmente saiu dali, levando consigo a bacia ensanguentada.

Empurrei as cobertas para o lado e saltei de encontro ao tapete. Meus pés descalços agradeciam a maciez do tecido, pois eu sentia todo o meu corpo doer. Lembrava vagamente dos acontecimentos da noite anterior, tendo como única imagem concreta uma taça com água cristalina. Mas não parecia água, mesmo através de uma memória embaçada.

Andei até o banheiro, entrando devagar. Lavei o rosto com água gelada e o sequei na toalha, me olhando no espelho. Foi aí que notei a estranheza.

Minha pele estava muito branca, algumas veias do pescoço chegavam a ser visíveis de longe. Nenhuma espinha ou machucado, como eu pensava ter, era visível. Levei minha mão ao rosto, deslizando os dedos pela pele; ela estava lisa e macia de um jeito incomum. Quando aproximei o rosto um pouco mais, para conferir direito o que estava acontecendo, gelei. Bem ali, entre os demais cabelos castanhos, estava um platinado e brilhante fio... branco.

- Terminou, bambola? - ouvi a voz de Bianca, despertando-me do choque.

Virei para ela, tentando disfarçar o susto, e apenas respondi:

- Sim.

Ela me levou de volta para o quarto. Entregou-me roupas incrivelmente comuns perto daquelas que já havia visto naquele lugar, e apoiou um par de calçados no pé da cama. Vesti a camiseta bege solta (era possível presumir seu alto valor só de tocar o tecido) e pus as calças jeans azul-marinho. Em seguida, puxei os calçados do lado da cama, sorrindo ao ver que eram all-stars, também na cor jeans. Assim que terminei, Bianca posicionou-se atrás de mim e fez um rabo retorcido, passando meu cabelo por dentro dele mesmo. Ficou lindo, tamanha a sua habilidade.

- O que vai acontecer agora? - perguntei - eu ainda não entendo este lugar.

Ouvi-a suspirar, e suas mãos tremeram levemente.

- Estou aqui há anos, e também nem comecei a entender este lugar. - ela andou pelo quarto, curvando-se sobre a escrivaninha para pegar algo - Alessa... acho que por hoje, você somente vai conversar um pouco mais.

Ela se virou, e finalmente pude ver o que segurava: uma taça de vidro com água dentro, e um pequeno comprimido na mão.

- Prefere engolir inteiro ou diluir na água? - perguntou.

Engoli em seco, tendo certeza de que fora aquilo que havia tomado na noite anterior.

- O que é isso?

- É apenas um remédio. E é obrigatório que o tome. - sua voz vacilava.

Tremendo, assenti, sem escolha. Peguei o copo de sua mão e o comprimido cor de rosa, que achei ser o que causava o aspecto estranho na água. Enfiei-o na boca e bebi o conteúdo rapidamente; não queria sentir o gosto horrível que sentira antes.

Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Where stories live. Discover now