LAÇOS MORTAIS | Bonkai |

By Dark_Siren4

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Logo após o desastroso casamento de Josette e Rick, Bonnie pensa ter se livrado de seu pior pesadelo: Kai Par... More

Antes de começarmos...
1. Que os Jogos Comecem
2. Armadilha
3. Nosso Pequeno Quiz
4. Lacey, minha amiga zumbi
5. Fogo Líquido
6. Minha Droga
7. Minha Bela Adormecida
8. Dentro do Labirinto
9. A Árvore Morta
10: Rosalie
11. Um Passeio com A Morte
12. Bato um Papo com a Minha Consciência Gostosa
13. Zelador, Garoto de Recados e Assassino
14. Estou de Mudança
15. O Rouxinol
16. A Bailarina, o Sociopata e a Tigresa
17. Cúmplice da Morte
18. Silêncio
19. Lição
20. Fogo e Pólvora
21. Meu Novo Ursinho de Pelúcia
22. Jantar Nada Romântico
23. Encontro com o Exterminador do Futuro
24. A Chamada
25. Controle
26. Tentação
27. A Visita
28. Acordo Desfeito
29. Brincando com Facas
30. Ataque de Fúria
31. Le Courtaud Rouge
32. A Caçada
33. Pedaços de Uma Outra Vida
34: Uma Brecha do Passado
35. Onde os Lobos Habitam
36. Desejo e Segredos
37. A Alcatéia de Paris
38. Dentro de Mim
39. Conversas Ocultas
41. Pratos Limpos
42. O Jantar Sangrento
43. Entre Deus e o Diabo
44. Bandeira Branca
45. Vamos Passear
46. Palavras Secretas
47. O Duelo
48. Despedida
49. Regresso
50. Genesis
51. Pesadelos e Decisões
52. Reencontro
53. Sobre Um Homem Cruel
54. Minha Existência
55. O Lírio
56. Perseguida
57. Sob Sete Palmos
58. Suspeita
59. Feridas
60. Ameaça
61. Descoberta
62. Trégua
63. Pertencer
64. Vozes
65. Fantasmas
66. Renascida
67. Encruzilhada
68. Água e Vinho
69. Convidados
70. Disputa
71. Café da Manhã
72. Jardim Noturno
73. Mortos
74. Intervenção
75. Fuga
76. Esperança
77. Profundezas
78. Limbo
79. Decisão
80. A Porta
81. O Monstro em Mim
82. Expostos
83. Limites
84. Lobo Mau

40. Quase Amigos

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By Dark_Siren4

Fui carregada por um extenso corredor, largo como o Atlântico com cortinas cor de rosa, com Hana dando suporte de forma muito paciente. Tudo à minha volta estava se retorcendo e distorcendo, como se as paredes e o piso estivessem tentando se tocar de alguma forma muito estranha.
- Chegamos- ouvi-a dizer aos nos aproximarmos das portas pesadas que bloquearam a entrada.
Ela girou a maçaneta com a mão livre e entrou, comigo ainda em seu encalço. Pude ouvir os sons dos passos de Cecile e o médico nos seguindo de perto, como duas sombras.
Ao adentrarmos tive que fechar os olhos por um segundo. A luz que irradiava do teto era extremamente clara, as paredes pintadas de um branco tão imaculado quanto o possível. Girei o olhar baço em volta e vi por entre minha vertigem, muitas camas altas e estreitas, com grades nas laterais. Aparelhos eletrônicos com sons de bipe estavam ao lado de cada uma delas, juntamente com cortinas verde-água que separavam os leitos.
Eu estava em pequeno hospital completo. Quem diria que eu acabaria encontrando o tal lugar mesmo? Claro, que com machucados nada superficiais em minha busca.
Ao mencionar isso, meus joelhos cederam mais um pouco e senti meu estômago se remexer furiosamente.
- Ela está verde- ouvi Cecile comentar.
Sua voz parecia estar a quilômetros de mim.
- Não está ajudando, Ceci- disse Hana, com enfado - Venha, sente-se aqui- murmurou, agora gentil.
No momento em que sentei no colchão de plástico, senti meu centro de gravidade migrar para a esquerda.
- Papai!- Hana chamou, alarmada, porém controlada.
- Não, não, não- o médico resmungou, ouvi seus passos se aproximando e notei que havia fechado os olhos por um segundo. Ou teria sido mais que isso?- Não desmaie agora, você pode ter uma concussão. Ei, ei...
Senti alguns tapinhas em meu rosto me impedindo de fechar os olhos como queria.
Os abri, sonolenta e exausta. Senti algo quente descendo por minha bochecha.
- Está perdendo sangue, precisamos suturar isso- o ouvi dizer, mais para si mesmo do que para mim- Hana, aplique a anestesia local enquanto eu preparo a agulha.
A garota se apressou em fazê-lo. Eu estava tão grogue que mal senti a agulha perfurando minha pele. Mas a falta da dor eu senti, no entanto a tontura e o enjôo persistiram.
- Agora vamos fechar esse corte- ouvi o médico dizer para mim, abri os olhos por um segundo, vendo-o segurar uma agulha quase translúcida de tão fina entre os dedos. A linha negra balançando com a brisa do ar condicionado- Fique quietinha.
Sacudi a cabeça.
- Não...
- O quê?- ele pareceu descrente- Você não pode ficar sangrando aqui. Vai contra o juramento que fiz na faculdade antes de ser expulso.
Um médico sem licença. Que ótimo. Me senti muito mais segura com aquilo.
- Eu preciso voltar logo. Kai... Ele...-tentei dizer.
- Sra. Parker, ele vai ficar aborrecido de qualquer maneira, mas ficará muito mais se eu deixá-la sangrando até perder os sentidos no meu consultório.
- Não... Me chame assim... - falei, com uma irritação débil.
O médico nao disse nada quanto à isso.
- Olha, veja por esse ângulo- ele pigarreou- Se eu não cuidar da senhora, pode ser que seu... '' namorado'' se irrite e não tem nada pior do que um vampiro ressentido com um velho como eu.
Pousei meus olhos nos seus escondidos atrás de lentes garrafais pesadas. Ainda grogue, me forcei a olhar para sua filha, Hana. Eu causaria muitos problemas à eles se não deixasse o médico fazer seu trabalho.
Soltei um suspiro pesado.
-Tudo bem.
Então, ele começou.
Mal senti o contato da agulha em minha pele. Apenas um leve repuxar lento e cuidadoso.
Enquanto isso Dr. Wong tentou me distrair com qualquer tipo de conversa para que eu não embarcarsse para a terra dos sonhos e entrasse em coma.
- Cecile não deveria tê-la feito andar tanto- desaprovou.
Ouvi um som de muxoxo vindo do outro lado da sala.
- Eu ainda estou aqui, velho.
- Ainda bem, não gostaria de falar mal de você pelas costas, Cecile Courtaud- alfinetou.
- Não me chame assim- ela resmungou- É Deboir, não Courtaud.
- Mas esse é seu nome, não é? O que seu pai lhe deu.
Hana, na outra ponta da sala, arrumando alguns utensílios, suspirou.
- Papai, não comece -pediu- Vocês não conseguem passar uma semana inteira sem brigar?
Foquei o rosto de Cecile, seus olhos amarelos brilhando no mais puro ódio.
- Quando você morrer - enfatizou- Eu vou dançar sobre a sua cova, velho.
- Espero que não ao som de 'I will survive'- provocou- Seria clichê até para você, Courtaud.
Ela deu um sorrisinho cínico e derrubou uma bandeja de bisturis antes de sair da sala.
- Depois diz que não é parecida com o pai- murmurou para mim, sem se afetar- Os dois têm o mesmo temperamento explosivo. Mas, é uma boa menina quando quer.
Hana se aproximou com os lábios crispados de reprovação.
- Não deveria provocá-la desse modo. Ela se esforça tanto, papai.
Ele continuou a suturar o corte em minha testa.
- Cecile tem muita raiva dentro de si. O mundo não é gentil com ninguém. Ela precisa aprender a controlar esse ódio e transformá-lo em força.
- Ela já é muito forte- defendeu Hana.
- Não o suficiente- ele retoquiu.
A garota desistiu de dissuadi-lo e foi recolher a bagunça da filha de Apollon.
- Ela está sofrendo- murmurei, com a voz rouca.
- Quem?- ele perguntou, ainda concentrado no trabalho.
- Cecile.
Ele suspirou gravemente.
- Ela se sente rejeitada. Por todos. Então, se afasta de todos.
Esse não me parecia bem o caso. Pelo contrário, ela parecia estar cercada de pessoas que a amavam. Mas isso me fez lembrar do quão distante Apollon foi ao apresentar sua filha para nós pela primeira vez. Ele não parecia sentir o mesmo tipo de amor em relação à ela diante de seus outros filhos.
- O senhor parece gostar muito dela-afitmei, com um fraco sorriso.
- Ela é a única amiga de minha filha. Então, pode-se dizer que tenho um certo apreço pela cria de Apollon.
Depois de alguns segundos, o homem finalizou o trabalho e estava quase se afastando quando segurei sua mão.
- Doutor...- chamei.
- Sim?- ele se voltou, no exato, momento em que sua filha saia da sala carregando algunz utensílios hospitalares.
- Sabe porque estou aqui- falei, intensamente.
Seus olhos escuros pareceram irradiar uma inteligencia inquestionável por trás do óculos enormes.
- Sim- disse simplesmente.
Esperei que ele dissesse algo, que fosse direto ao ponto do assunto sobre o qual eu havia vindo saber, mas o homem nao o fez. Ele continuou me fitando, como se esperasse algo de mim.
- Então...?- ergui as sobrancelhas sugestivamente.
- Sim?
Aquela situação estava me levando à um estado de estresse anormal, e o fato de aquele médico estar adiando uma resposta me fez soar muito mais grosseira do que eu pretendia.
- Eu estou grávida ou não?
Com uma lentidão irritante, ele voltou a se sentar no banco ao lado de minha maca. O vi juntar as mãos sobre o colo, parecendo ponderar sobre algo.
Depois do que me pareceu uma eternidade, ele finalmente abriu a boca.
- Bem, seus níveis de hormônios estão anormais, mas nada que indique algo tão trivial quanto uma gravidez.
Franzi o cenho sem compreender o que ele queria dizer com aquilo.
- Eu estou grávida ou não?- repeti, ansiosa.
Ele me fitou dos pés à cabeça, como se já soubesse toda a resposta para o que estava acontecendo dentro de mim. Ou não. Sua expressão era tão sombria quanto seu humor.
- Certamente, notou que seus sintomas não são os usuais de uma gestante, não?- murmurou, mais para si mesmo do que para mim- Talvez, porque o suposto pai seja um vampiro. Mas não um vampiro comum, não é?- seus olhos se afiaram de forma perspicaz- Porém, nem eu mesmo sei o que ele é. Esse é um caso que faz a própria matemática parecer mas fácil.
Meu Deus... Ele estava divagando mesmo. E ainda assim, tinha minha total atenção.
Seus olhos escuros e enormes pelas lentes se focaram nos meus mais uma vez.
- Sabe, durante todos esses anos convivendo com lobisomens, eu pude estudar um pouco mais de sua biologia. A regeneração celular e seu desenvolvimento é incrível. Mas nunca tive a oportunidade de estudar a biológia de vampiros. Tudo o que sei se dá pelo o que ouço os lobos comentarem- ele se inclinou na minha direção de forma conspiratória- E cá entre nós, acho que a maioria das coisas é folclore. Os lobisomens tem esse forte instinto de autopreservação quando se trata da espécie; o que é diferente é errado e ameaçador. Na verdade, acho que eles perdem chances de entrar em contato com outras espécies de criaturas mais incríveis. Mas, quem sou eu para contestá-los? Afinal, sou apenas um médico.
Podia ser o efeito dos remédios, mas jurei que ele me encarou de um modo muito estranho quando disse "criaturas incríveis".
- E onde me encaixo nisso tudo?-perguntei.
Não acreditei nem por um segundo que aquele papo-furado fosse sem propósito.
O homem manteve-se tão sério e sereno como antes.
- Seus exames revelaram coisas bem interessantes, Srta. Bennett.
Fiquei feliz que ele tivesse usado meu sobrenome e não o de Kai. Mas isso foi apenas um leve fulgor perto do problema que eu estava prestes a enfrentar.
- Que tipo de coisa? - questionei.
- Coisas que humanos não deveriam ter- disse simplesmente.
Franzi as sobrancelhas por um segundo. Um tanto sem palavras para perguntar algo específico.
- Bom, resumidamente- ele murmurou de forma simples- você ainda é você. Só que com algumas curiosas melhorias. E defeitos, por assim dizer.
- Eu... Eu não estou entendendo, doutor- por que minha voz estava ofegante?- O que há de errado comigo?
Seus dedos enrugados se entrelaçaram fortemente uns nos outros.
- Você tem algum caso de anêmia crônica em sua família?- perguntou subitamente.
- O quê? Não... Não que eu saiba.
- Então, devia dar uma olhada nisso. Não é normal. Não nesse nível.
Aquilo estava me deixando extremamente confusa.
- A propósito... Parabéns- ele disse.
E aquela simples palavra me fez em palidecer mais que um morto. Será que eu estava realmente esperando um bebê- ou seja lá o que fosse aquela coisa que cresceria dentro de mim?
- Pelo quê...?- minha boca estava seca.
- Pela regeneração incrível- falou com entusiasmo- Não chega nem perto de um lobisomem, e passa bem longe de um vampiro, mas para uma simples bruxa, você está indo mais do que bem.
- O... O quê...?- pisquei.
- E voce tem alguma alergia grave à raios ultravioletas?
Eu não estava conseguindo acompanhar sua linha de raciocínio. Cada pergunta chegava até mim como tiros nos meus tímpanos, deixando-me incapaz de pensar ou reagir com clareza. Talvez, o fato de aquele velho ser médico se dava pelo fato de conseguir dar notícias ruins de forma que deixasse seus pacientes torpes demais para processá-las com clareza.
- Não...-comecei a dizer, mas parei por um segundo.
Olhei para os meus braços nus diante de mim. A pele estava perfeitamente normal, como deveria ser. Mas, à uma hora atrás ela não estava tão perfeita assim. O calor excruciante ainda reinava em minhas memórias.
- Foi o que pensei- escutei Dr. Wong dizer.
Levantei os olhos para ele.
- O que está acontecendo comigo?- será que ele podia ouvir o desespero em minha voz?
Ele suspirou pesadamente, deixando seus olhos assumirem aquele ar sombrio de novo.
- Você está mudando- murmurou de forma simples.
Monha respiração estava ofegante.
- Mudando para o quê?
- É o que eu gostaria de saber- disse, sua expressão insondável.
Abri a boca prestes à perguntar mais alguma coisa, quando fomos imterropindos por alguem que escancarou a porta.
Era Hana. Mas não com sua habitual calma e paciência.
As bochechas pálidas estavam rubras e os cabelos louros levemente desgraciados.
- Papai! Ela está em trabalho de parto!
Dr. Wong revirou os olhos.
- Eu já disse à Srta. Mathews que ela não está em trabalho de parto é só uma...
Um grito de dor ecoou pela casa toda. Parecia ser uma mulher.
- Ela está em trabalho de parto! - disse o médico pasmo.
Ele correu até sua valise do modo mais rápido que um homem de oitenta anos podia fazer, e se apressou para fora da sala com sua filha em seu encalço.
E eu, pelo visto, havia sido esquecida ali mesmo.
Tentei me levantar, mas tudo começou a girar de repente como um caleidoscópio. Decidi ficar mais um pouco.
Suspirei em parte por alívio, em parte por medo.
Eu não estava grávida, e isso era um grande motivo para se ficar feliz. Ainda mais quando o pai podia ser Kai Parker, um cara não muito fã de crianças.
Sempre quis filhos, mas não desse jeito. Não dele.
Mas minha felicidade era uma maratonista de muito sucesso. Pois se esquivava de mim com muita facilidade. Saber que eu estava diferente, me tornando algo mais foi assustador. Tentei, repassar todos os fatores que indicavam minha súbita mudança.
Quando Apollon surgiu na casa dos pais de Kai e aquele vampiro tentou avançar para cima dele, eu consegui segurá-lo. E naquele momento ele estava usando uma tremenda força. E quando pensei que ele havia matado Sol e o empurrei contra a moldura de um quadro fazendo-o se rachar. E claro, o evento mais recente, quando dei um soco na porta, deixando o formato perfeito de meu punho, sem causar uma dor verdadeira.
E a fome...
A sede pelo sangue de Kai.
Eu estava me tornando uma...?
A porta do consultório sendo aberta me distraiu.
Vi Cecile entrar no lugar com toda sua naturalidade descarada.
- Como ela está? A garota em trabalho de parto?- perguntei, estranhamente curiosa com aqusla situação.
Talvez, eu só estivesse tentando me abstrair de meus próprios problemas.
- Sarah passou muitos dias ameaçando "explodir"- ela fez aspas no ar com os dedos- mas não acontecia nada. Não até agora.
- Espero que tudo corra bem- murmurei com um fraco sorriso.
- É- ela deu de ombros, remexendo em alguns objetos sobre uma mesa metálica perto de um leito- É o que todos esperam.
O modo como ela disse aquilo trazia um certo rancor.
De repente, seus olhos dourados se voltaram para mim.
- O que Apollon quer de você e o vampiro?
Direta.
- Você estava presente. Sabe muito bem o que ele pretende.
Ela bufou, indo se sentar sobre uma maca.
- Ele só nos deixa saber o suficiente. Nada à mais ou menos. Ele não disse mais nada à vocês, algo importante?
- Se ele disse, provavelmente, não foi para mim- falei.
- O vampiro... Entendo.
- Kai.
- O quê?
- O nome dele é Kai.
Porque aquilo me pareceu tão importante, eu nem faço ideia.
- Kai. Que seja. Ele disse algo para você, algo relacionado à aquela pedra?
- Por que você acha que ele me contaria algo? - desafiei.
- Sei lá, talvez porque você durma com ele?
Fechei a cara.
- Eu sei tanto quanto você. E mesmo que soubesse não contaria, porque eu não te conheço. Até onde sei, você é a filha do homem que tentou me matar.
Cecile abriu um sorriso quase simpático. Ela ficava muito diferente fazendo aquilo. Quase humana.
- Entendo. Eu também não confio em você. Mas confio muito menos na minha família, se é que pode se chamar aquilo de família.
Arqueei uma sobrancelha.
- O que você pretende com isso? Por acaso isso é algum plano do seu pai para testar minha lealdade? Pois saiba que eu não sou leal à ninguém que não sejam meus amigos e família.
- Somos bem parecidas nesse quesito- ela assentiu compreensiva- Nesse caso, se você não sabe o que está acontecendo, então não fará mal algum abrir os seus olhos para o que está acontecendo de verdade. Para aquilo que Apollon não quer que vocês saibam.
Franzi o cenho.
- Por que faria isso?
- Por que todas as pessoas ajudam umas às outras?-questionou- Para receber algo em troca.
Ela se levantou e caminhou até a porta.
- E o que você quer?- perguntei.
- Saberá à seu tempo- murmurou e saiu, fechando a porta atrás de si.
Fechei os olhos com força e encostei a caneca no travesseiro mais uma vez. No que eu havia me metido?

♦♦♦♦♦

Uma hora depois, fui pega tentando escapar pela porta da frente da mansão. O que levou alguns dos seguranças à me cercaram como uma fugitiva. Porém, uma mulher intercedeu por mim. Ela mandou que chamassem Cecile para que em desse uma carona até em casa. Coisa que a garota fez de muito mau humor.
Durante todo o trajeto, ele não disse nada. Estava na cara que ela não queria tocar no assunto e muito menos mudar os seus planos para mim. Apesar de curiosa, meu orgulho perto daquela garota duplicava à níveis estratosféricos. Alguma coisa nela me irritava profundamente.
- Pronto- disse ao estacionar em frente à minha casa- Sai. Eu tenho coisas para fazer.
Revirei os olhos, abrindo a porta do carro e saindo.
- O que você quiser dizer com sobre me mostrar a vendade?- perguntei de súbito, me voltando para ela.
- Saberá à seu tempo- disse e arrancou com a picape preta, cantando os pneus.
Olhei ao meu redor. As ruas ainda estavam vazias e o sol estava se pondo ao longe. Quanto tempo eu havia ficado naquela mansão?
Olhei para a entrada de minha própria casa. As luzes estavam acesas. Sinal de que Sol com certeza estava em casa. E havia uma pequena possibilidade de Kai estar em casa e uma muito grande de ele estar muito, muito irritado comigo.
Respirei fundo e caminhei até a porta. Ao adentrar à residência, estranhei o silêncio demasiado. Geralmente, o som de panelas e a cantoria em espanhol de Sol sempre estavam no ar, não importa em que casa morassemos. Mas naquela noite estava tudo diferente.
Caminhei até a sala de estar- que também estava vazia- esperando encontrar com alguém (ou não).
Senti uma leve tontura e resolvi me sentar no sofá próximo à mim. Quando o estava fazendo, vi uma estranha movimentação pela visão periférica.
Um grito ficou preso em minha garganta, até que vi quem era.
- Sol! Você quase me matou de susto! - exclamei, arfante.
Soledad estava parada ao pé escada, com seu habitual vestido negro de governanta e os cabelos presos em um coque apertado. Mas sua expressão não era aquela sorridente de sempre. Seus olhos estavam inchados e avermelhados pelo choro.
Isso me fez sentir realmente ridícula por tê-la assustado mais uma vez com mais uma de minhas fugas.
- Sol...
- ¡Cállate! Estoy cansado de su irresponsabilidad! Podría haber muerto por ahí con estos monstruos... monstruos llenos de pelos. Y¿cuál sería? Eh? No creo que el estado sería si algo te ha pasado?¿No crees que el Señor Kai? Moriría sin ti. Yo moriría sin ti...
Eu não entendi muita coisa, mas o pouco tempo de convivência me entender quando Sol estava furiosa e magoada. Ela havia citado até o nome de Kai, coisa que ela nunca fazia quando brigava comigo.
E como sempre, antes que eu pudesse abrir a boca para dizer algo, ela subiu as escadas aos prantos, como se eu tivesse sido o monstro que a machucara cruelmente. Tudo isso ocorreu no mesmo instante em que Kai descia as escadas.
Sol esbarrou nele e nem se desculpou como de costume.
- Você tem que parar de fazê-la chorar desse jeito- ele disse, descendo os degraus com passos pesados- Esqueceu que eu tenho uma ótima audição? Vou escutar esse choro a noite toda.
- Falarei com ela depois- eu disse, me voltando para frente de novo, e tentando ao máximo esconder o corte em minha testa com alguns fios de meu cabelo.
Ouvi o som dos passos lentos e calmos de Kai, logo atrás de mim. Ele caminhava como um predador; me cercando.
- Mas a sua maior preocupação sou eu- ele murmurou de forma suave.
Eu ri, com desdém.
- O que você vai fazer dessa vez?
- O que quer que eu faça?-senti seu hálito em minha orelha, arrepiando cada pêlo de minha nuca.
Me remexi no sofá, tentanfo afastar sua súbita aproximação.
- Posso ir embora?- atirei.
- Você deixaria a Sol?
Aquilo havia sido uma ameaça.
- Sabe que não- resmunguei, ouvindo-o dar a volta no enorme sofá, ainda ameaçador.
- Então, suponho, que aproveitarei mais da sua companhia por algum tempo.
- Exatamente, sessenta anos- falei, azeda.
- E ainda é muito pouco- ouvi-o dizer, enquanto caminhava até.
- É uma eternidade- resmunguei, e fiquei de pé.
Tentei esconder o corte em minha cabeça, mas ele com certeza acabaria vendo se mirasse meu rosto. E isso sem contar o hematoma arroxeado que Manon deixou em meu pescoço ao tentar me asfixiar.
Kai não gostava quando eu ficava de costas para ele, e isso com certeza chamaria sua atenção.
Tentei mudar de assunto antes de arrumar uma desculpa para escapar para o quarto.
- Onde esteve o dia todo?- perguntei.
- Fui pegar algumas coisas no nosso antigo apartamento- falou com a voz rouca, sem nenhuma entonação.
Droga. Ele estava perto. Bem atrás de mim.
- Ah- foi tudo o que consegui dizer.
- E o que você fez hoje?- questionou.
Pigareei.
- Estava cansada de ficar trancada nessa casa. E não é como se eu pudesse fugir daqui. Então, não precisa se preocupar com isso.
Kai riu.
- Você está na defensiva. Mais que o normal, aliás- sua voz tão profunda e grave afora estava muito perto- O que aconteceu?
Ajeitei a gola da camisa, tentando no minino diminuir o nível dos problemas em que me meteria se Kai visse aquela marca. Mas, o tecido não era comprido o suficiente.
Ouvi-o fungar atrás de mim.
- Você esteve com algum lobisomem?
- Nós vivemos cercados deles, Kai- ri nervosamente.
- Não fuja da pergunta. Eu sinto o cheiro em você. Cheiro de homem.
Engoli em seco.
- Não sei do que está falando- murmurei com falsa altivez e apressei o passo para subir para o quarto.
Kai agarrou meu braço antes que o fizesse e me voltou para ele de forma brusca, fazendo com eu desse de cara com seu peito. Foi como bater em um muro.
- Você acha que eu sou idiot...- sua voz morreu, quando ele olhou diretamente para mim.
Vi seus olhos, horrorizados irem desde os pontos em minha testa ao hematoma enorme e roxo em volta de meu pescoço.
- Eu...- baixei os olhos.
- Quem fez isso?-sua voz estava baixa e mortal.
- Isso não importa, eu estou bem.
- Bem?!- exclamou, furioso- Não diga que está bem, Bonnie! Eu vou perguntar só mais uma vez: quem fez isso com você?
- Kai, por favor...
Seus olhos adquiriram aquele brilho negro com veias pulsando ao redor.
- Se não me disser, eu vou matar cada maldito lobo desse condomínio até achar o responsável. Então? Tem algo para me contar, Bonnie?
Suas sobrancelhas projetavam sombras nos olhos negros, fazendo-o adquirir um brilho terrivelmente malévolo.
Eu sabia do que Kai era capaz. Ele mataria qualquer coisa que se mexesse se eu não abrisse a boca. Afinal, o culpado merecia ser punido, não?
- Prometa que não vai fazer nada- avisei.
- Não estamos negociando- disse com voz maia assustadora que sua expressão.
- Kai, isso pode repercutir em coisas ruins para nós. Não seja imprudente. Por favor.
Ele não estava escutando mais nada. - Quem... fez... isso... Bonnie?- murmurou pausadamente, como se estivesse tentando conter sua raiva de algum modo.
Fechei os olhos com força, como que tentanso amenizar a situação.
- Foi... Foi o Manon.
- Manon? O filho mais velho de Apollon?
Assenti, ainda de olhos fechados.
Senti seus dedos acariciarem levemente a extensão de toda minha garganta, com um cuidado exagerado.
- Eu vou arrancar os braços daquele fedelho filho da puta!
Dito isso, me soltou e marchou em direção à porta. Corri para acompanhá-lo em suas passadas largas e apressadas.
- Kai!- exclamei e agarrei seu braço antes que ele abrisse a porta da frente- Não faça isso!
- Você está protegendo ele?!- gritou para mim, furioso, parado embaixo do batente da porta- Ele quase a matou!
- Claro que não! Mas se você matar o herdeiro de Apollon acha que ele não vai retalhar?! Pelo amor de Deus, vivemos dentro da prisão dele, Kai! Não somos mais do marionetes para o seu propósito. Ele vai nos matar no momento em que não precisar mais de nós dois.
Ele estava mais do que decido.
- Vou acabar com ele antes disso.
Eu tinha que pará-lo de alguma forma.
- Eles vão me matar! Depois que terminarem com você, virão atrás de mim!
Isso o fez vacilar. Por um segundo toda sua irá se desfez.
- Eu sou sua, não sou? Você faria algo que poderia me matar? Seria tão imprudente?
- Mas ele machucou você...-balbuciou.
- E você também- enfatizei- A única diferença é que não tem ninguém vindo atrás de você nesse instante.
Seus olhos perderam a cor escura, voltando ao azul cinzento.
- Isso é diferente. Você sabe.
- Sei?- minha voz pingava ácido- Tem mesmo Kai?
Ele não respondeu.
- Escuta- falei- Eu não estou defendendo aquele desgraçado. Saiba que eu mesma já dei um jeito nele. Só não quero nos envolver em mais problemas do que já temos. Eu estou tão cansada disso.
- Eu entendo seu ponto - disse voltando a sustentar aquele sarcasmo odioso- Entendo mesmo. Mas isso não pode ficar assim.
E recomeçou a caminhar, saindo para o jardim escuro.
- Eu fui ver o Dr. Wong essa tarde.
Aquilo foi como uma pancada em sua nuca. Kai travou em uma passada.
- O que... O que ele disse?- sussurrou.
Eu não sabia como ele receberia aquela resposta, mas já havia sido o suficiente para fazê-lo perder o foco de sua raiva.
- Podemos conversar lá dentro?- perguntei.
Mesmo de costas, pude ver suas costelas expandindo e retraindo com a respiração acelerada. Com alguma concentração consegui escutar o som de seu cotação à três metros de mim. Ele estava fora do compasso.
- Bonnie...
Aquilo era uma mistura de súplica e aviso. Ele não sairia dali até concretizar o que pretendia.
Entao, fui até ele.
Parei diante de Kai. Seus olhos procuravam os meus com uma insistência quase desesperada.
- O que ele disse?- repetiu- Você está mesmo grávida?
Havia ansiedade em sua voz. Apenas não consegui dizer se era boa ou ruim.
- Ele disse que...- pigarreei, estranhamente emocionada- Que não...estou grávida.
Vi a forma como seu maxilar enrijeceu, seus olhos tornando-se mais cinzas.
- Você está doente, então?- ele parecia distante.
- O médico disse que isso é apenas estresse- menti- e que, provavelmente, o seu sangue estaria envenenando meu corpo. Mas, já estou bem.
Kai ficou em completo silêncio. Coisa que fazia em momentos raros.
- Você ainda pode...?
- Engravidar?- completei- Sim. Ele disse que sou saudável.
Por que ele estava interessado nisso?
- Kai- chamei, vendo-o ficar tão mudo que estava dando medo- Entra comigo, hum?
Peguei sua mão- que era bem maior que a minha- e o conduzi até a entrada da casa. E ele me seguiu, incapaz de fazer qualquer outra coisa. Nunca tinha visto Malachai Parker dessa maneira.
Por longos minutos ele permaneceu em silêncio sentado no sofá da sala, olhando para o piso sem enxergá-lo realmente.
- Kai?- tomei coragem.
Ele olhou para mim, parecendo confuso, e pude jurar que vi algo em seu olhar. Algo profundo. Algo intenso. Capaz de causar uma terrível comoção em seu cerne.
- Kai?- murmurei mais uma vez- Você está bem?
Não houve tempo para nenhuma outro movimento. Nem sequer um pensamento. Em uma velocidade assustadora, ele me tirou do sofá e quando me dei conta, estava contra uma parede; minhas pernas em volta se sua cintura e suas mãos pousadas em meus quadris.
- Kai?- pousei, uma de minhas mãos em seus rosto, tentando compreender o que estava ocorrendo com ele.
No mesmo instante, ele se inclinou em direção ao meu toque, fechando os olhos com força.
- Você seria capaz de mentir para mim?- sussurrou, com algo mais em sua voz.
- O quê?- fiquei confusa- Não. Você sabe que não. Eu sempre falo a verdade e você sabe disso.
Ele assentiu, ainda ansioso.
Kai me ajeitou em uma pegada forte em seus braços, então, colou seus lábios nos meus naquele beijo que eu conhecia bem. Uma mistura de ódio, culpa e desejo. O último mais forte que todos os outros.
Eu não conseguia negá-lo. Ele era o furacão que me devastava de todas as formas possíveis, e ainda assim, eu conseguia sobreviver para sentir isso mais uma vez. Como uma prova incapaz de ser ultrapassada, mas que eu ainda tentava vencer.
Minhas botas foram as primeiras coisas a caírem sobre o piso. Instintivamente, minhas mãos que estavam em seus cabelos, descobriram o caminho para a barra de sua camisa e eu a arranquei, ouvindo o tecido se rasgar sobre seu peito.
Sua boca escapou da minha, apenas para encontrar meu pescoço. Por um segundo, Kai, pareceu hesitar ao ver as marcas naquela região, então, parecendo se refrear ao máximo, plantou beijos lentos e suaves desde de minha mandíbula até a clavícula.
E eu não estava nada satisfeita com isso. Queria todo o seu fulgor, seu desejo e necessidade.
Finquei as unhas em seus cabelos lisos e macios, ouvindo-o gemer contra minha pele e quase me esmagar contra a parede, tamanha foi a força com a qual me apertou contra seu corpo.
Eu ainda queria mais. O queria descontrolado.
Então, desci minhas unhas por suas costas as subindo de novo em seguida.
Kai soltou um palavrão misturado à um gemido de prazer e, assim, aprofundou seus lábios em meu pescoço com uma necessidade mais desmedida que antes.
Fechei os olhos, sentindo-os revirar em suas órbitas. Ele estava me enlouquecendo.
Não importei se ele deixaria outras marcas em meu pescoço. Comparadas com a anterior, aquilo remetia ao paraíso.
Nao sei de onde ele tirou aquela força, mas o jeans que estava em minhas pernas caiu no chão em pedaços esfarrapados. Me restando apenas a blusa e a calcinha.
- Eu preciso... Preciso... - ele estava eufórico-... Você vai ter sua vez, apenas me deixe...
Olhei profundamente para ele.
- Tudo bem- assenti.
Então, ele voltou a me beijar, seus lábios tomando tudo o que eu pudesse dar ele. Nossas línguas batalhando por espaco naquele beijo desesperado.
Kai soltou meus quadris por alguns segundos, apenas para desabotoar o jeans. Mais rápido do que qualquer vampiro poderia ter feito, ele afastou minha calcinha e me penetrou de uma só vez.
Um gritinho escapou de meus lábios, que Kai tomou logo em seguida. Ele ajeitou minhas pernas em volta dele e se aprofundou mais em mim. Acho que ele nem se deu conta de que estava mordendo meu lábio inferior, enquanto fazia isso.
Seus gemidos ecoavam em volta de mim. Exigente, forte, sexy.
Ele não teve reservas ao iniciar. Seu ritmo foi intenso desde a primeira estocada. Kai nunca fez aquilo de forma tão forte e descontrolada.
Ele estava me preenchendo por inteira e a cada vez que encontrava meu limite, uma dor aguda se formava em meu ventre, no entanto, quando ele se retraía, eu me via desesperada para senti-lo mais uma vez.
Dor e prazer, parecia ser uma coisa só quando se tratava de nós dois.
Quando nossos corpos se chocavam era a melhor sensação de todas, que só era substituída pelo desespero da breve separação. Não parecia certo estar tão longe dele.
Cravei minhas unhas em suas costas, sentindo o sangue correr por sua pele. Isso arrancou mais um forte gemido de seus lábios e como punição, levei mais uma punhalada forte em meu interior. Tentei manter meus gemidos à um nível normal, mas como Kai, eu não consegui me conter.
Senti seu rosto afundar em meu ombro, seus dentes se cravando ali. Não para se alimentar, apenas como uma medida para aguentar tanto prazer. O ritmo em seus quadris acelerou à um ritmo descontrolado, fazendo-me chegar à borda antes que pudesse me conter. Kai gozou logo em seguida. Com uma intensidade que eu nunca havia visto.
Meu corpo inteiro estava tremendo, assim como o dele.
- Ai... - ele resmungou, ao sentir os arranhões em suas costas.
Mesmo com o lábio dolorido por sua mordida, consegui sorrir. Causar dor nele, quase ganhava do sexo.
Kai encostou a testa em meu ombro e se manteve ali, respirando e inspirando, incapaz de se mover. Assim como eu.
- De novo- ele disse depois de algum tempo, com a voz ofegante.
Ele parecia estar à ponto de desmaiar de exaustão, mas não queria parar. Isso era impressionante.
Mas o que poderia esperar de Kai Parker? Ele era insaciável.
Ele subiu as escadas comigo ainda em seus braços, mas antes mesmo de chegar no quarto ele não aguentou e me possuiu contra a parede mais uma vez. Eu já estava completamente suada e exausta, e ainda assim, Kai queria mais.
De certa forma, ele foi gentil ao me levar para a suíte.
Seus lábios foram mais gentis quando ele me beijou de novo. Mais lento, profundo. Sua boca percorreu todo o meu corpo, antes de arrancar o que sobrou de minhas roupas e me deixar completamente despida para ele. Kai não teve a mesma paciência em tirar sua própria roupa; ele ainda usava o jeans puído quando me virou de bruços contra o colchão.
E mais uma vez, ele beijou todo o meu corpo à ponto de me fazer implorar para que ele estivesse dentro de mim de novo. Ele foi mais paciente, talvez porque eu já estivesse exausta, e penetrou em mim com toda a suavidade que pode juntar. Foi tudo tão suave que não houve dor, apenas um prazer lancinante e intenso.
Mas, apesar de tudo o que havia acontecido entre nós naquela noite, eu me senti vazia. Por que aquilo se parecia tanto com uma despedida?

♦♦♦♦♦

A luz do sol me acordou de imediato. Remexi meu corpo nu entre os lençóis de seda, sentido uma massa de músculos fortes me envolvendo. Girei a cabeça, apenas para dar de cara com um sonolento Kai.
Franzi as sobrancelhas. Ele parecia quase angelical, sem aquele sorriso de constante maldade.
Me perguntei, como uma pessoa, de uma família tão perfeita podia perder a cabeça de um dia para o outro. Parecia surreal.
Fiquei mais alguns minutos fitando sua figura adormecida, e me dei conta de que era a nossa primeira noite juntos naquele quarto. Tudo com Kai parecia ser uma primeira vez. Quase sempre de momentos ruins. Mas, naquela situação, eu até gostei.
Tentei sufocar a parte que se sentia culpada por gostar daquilo. Eu tinha que encontrar uma maneira de sobreviver à todos aqueles traumas, nem que tivesse que me forçar à gostar de Kai- mesmo que fosse apenas como um amigo. Um amigo muito, muito malvado e egoísta.
Suspirei pesadamente.
Com isso, Kai, ainda adormecido, me puxou mais contra seu corpo.
Deus. Ele era muito forte. Seu abraço estava quase me esmagando. Agora sabia pelo quê os ursos de pelúcia passavam.
Com alguns contorcionismos e um pouco de criatividade, consegui sair de seu abraço de urso.
- Bonnie... - ele murmurou, me procurando pela cama.
Empurrei um travesseiro em sua direção. Kai o abraçou com a rapidez de um louva-deus e apertou contra si, voltando a cair em um sono pesado.
Vendo toda aquela situação como uma expectadora de fora... Até que ele ficava bonitinho fazendo isso.
Lembrei que Kai havia dito que trouxe algumas coisas do antigo apartamento. Não precisei procurar muito para encontrar a Polaroid antiga que ele usava de vez em quando.
Posicionei a câmera, de modo à capturar seu torso nu e o rosto voltado para o travesseiro. E tirei uma foto.
Kai nem se moveu com o som flash.
A foto instantânea veio logo em seguida e me segurei para não rir. Kai me mataria se visse aquilo. Literalmente.
Fugi para o closet, e tratei de esconder a foto entre minhas roupas. Ao olhar para a prateleira de cima, me deparei com algo que não estava lá antes. Uma caixa grande e vermelha.
Será que era algum presente? Por que Kai me presentaria?
Estiquei os braços e peguei a caixa. Sentei no chão do closet, com ela sobre minhas pernas e a abri.
A primeira coisa que notei, foi o vestido branco com flores azuis. Eu conhecia aquele vestido. O usei enquanto estava presa no subterrâneo daquele prédio. Por que, Kai guardaria aquilo?
Haviam mais objetos na caixa; coloquei o vestido de lado.
Aquilo era uma mecha de cabelo?
Peguei o pequeno tufo, um tanto assustada. Era meu cabelo? Para comprovar o coloquei ao lado de uma madeixa do meu. Tinham a mesma cor. Mas aquilo não me assustou. O que me deixou realmente horrorizada foram as fotos.
Eu me lembrava de Kai tirando fotos de mim em momentos inoportunos e vergonhosos. Mas nunca havia parado para pensar no que ele fazia com elas. Agora eu sabia.
Senti lágrimas quentes transbordando por meus olhos. Eram fotos humilhantes e invasivas. Eu estava subjugada, amordaçada, assustada e aterrorizada na maioria delas.
Passei todas elas, vendo cenas diferentes, mas ainda assim, iguais em algum aspecto: eu sempre estava à mercê de Kai.
Joguei-as dentro da caixa, empurrando todo aquele lixo de volta para aquela coisa.
Como ele pôde fazer isso comigo? Como podia guardar aquelas coisas horríveis e nojentas?!
Nua e assustada, eu chorei dentro daquele closet, sabendo o quão perto Kai estava.
Toda a pouca simpatia que senti por ele à poucos segundos havia evaporado como fumaça. Eu o odiava.
Ouvi uma batida leve na porta do quarto. Enxugando as lágrimas, vesti um roupão e fui até lá, tentando não olhar para o homem adormecido sobre a cama.
Abri a porta, mas Sol já havia seguido para fim do corretor. Algo se agarrou ao meu pé. Olhei para baixo.
Havia um pedaço de papel que, com certeza, fora colocado por baixo da porta pela própria Sol.
Será que ela estava tão irritada que só falaria comigo daquela forma?
Peguei o pedaço de papel. Havia algo escrito nele.

"Preciso falar com você. Venha sem o seu vampiro. Ops... KAI".

Em seguida, havia um endereço é depois uma única letra. C de Cecile.
Revirei os olhos. Ela conseguia usar sarcasmo até em uma carta.
Mas o que era tão importante à ponto de fazer a orgulhosa filha de Apollon mandar um recado por Soledad?
Será que era mais uma armadilha de seu pai?
Só tinha um modo de descobrir.

❤ ❤ ❤ ❤ ❤

Nota da Autora:

Olá queridoooooz,

Foi mal. Vacilei. Tá feio pro meu lado. Minha próxima geração estará amaldiçoada. Eu sei. Desculpem pela demora, e sinto muito por qualquer erro no capítulo, não revisei. Mas, espero que tenham gostado 🙏🙌
O que acharam desse Capítulo? Amaram? Odiaram? Comentem!

Beijos de sol xxx ^3^














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