-Raymond, Raymond! Aqui!
Raymond estava em frente a um enorme campus universitário. Era vermelho, possuía uma arquitetura antiga, mas estava bem preservado. Ao seu redor haviam várias árvores e um gramado bem cortado. Ele se sentia pequeno em frente àquele enorme campus vermelho. Pensou que ali seria um ótimo lugar para se estudar, os Universitários deveriam se sentir em paz.
O rapaz olhou para trás e finalmente descobriu quem estava lhe chamando. Era Emma. A vidente que tinha tentado matá-lo.
-Onde eu estou?
-É difícil explicar. A palavra onde não é a melhor pergunta, mas sim em que estado você está. Nós estamos tendo uma conexão. Você pode ter acesso às minhas memórias se eu permitir. O mesmo funciona para mim.
-Como assim? Onde estão os meus amigos? Eles morreram?
- Não, ainda não. Mas se nós não trabalharmos juntos, todos eles vão morrer.
- Você tentou me matar. Por que eu confiaria em você?
- Eu sou tão vítima disso tudo quanto você. Aquilo que eu fiz foi um ato de desespero. Eu achei que se você morresse eu poderia parar os planos de Truman. Mas eu estava errada.
Raymond ficou encarando Emma. Ela estava usando uma calça preta e uma blusa bege. Depois de tudo que tinha acontecido, ele sabia que não podia confiar em ninguém. Como ele saberia que aquilo não era um truque?
- Então, eu estou dentro da sua mente? É isso?
- Sim. Você está desacordado. Seus amigos estão ao seu lado agora. Truman está esperando você acordar para executar o plano dele.
- Plano? O que ele quer fazer?
- Eu não tenho muito tempo para lhe explicar rapaz. O que você precisa saber é que você não pode deixar o ódio dominar você. Não mate Truman, é isso que eles querem.
- Eles quem?
- A "Apple Enterprises". Eles...
***
- Acorda dorminhoco! Já estou cansado de esperar! O show tem que começar.
O homem tinha jogado um balde d'água na cara de Raymond. Ele acordou atordoado. Ainda insatisfeito, deu-lhe alguns tapas até que Raymond demonstrasse que estava realmente acordado.
Ele estava amarrado a uma cadeira de madeira. Ao seu lado esquerdo estavam Spike e João e ao direito Peter e Zack. Todos estavam amordaçados, menos Raymond. Eles se encontravam em uma sala em formato de um cubo, com paredes cinzas. Havia uma mesa no meio. Truman tinha uma pistola em mãos. Enquanto ele apresentava uma expressão séria, o homem sorria maliciosamente para Raymond.
- Desculpe pela falta de educação. Eu não me apresentei. Me chamo Apagador, prazer.
- O que você quer com a gente?
- Eu só quero que você me responda uma coisa. Você prefere ordem crescente ou decrescente?
- O quê?
Raymond não entendia nada. Olhou para o Apagador com uma cara de espanto. O homem usava um jaleco branco, uma calça branca e sapatos pretos sociais. Truman por seu lado usava um uniforme militar padrão do exército vermelho. Como era general, a cor do seu uniforme era preto com vermelho.
Como Raymond não respondeu, o Apagador resolveu falar por ele mesmo.
- Eu acho que crescente fica melhor, né? Vai cada vez ficando mais interessante.
- Do que você está falando?
- Truman, aquele dali! Quem tem amigos negros? Francamente. Você precisa reestudar as suas amizades Raymond.
O homem tinha apontado para João. Todos estavam atônitos temendo o que Truman iria fazer. Ele apontou a pistola para o garoto, certificou que estava mirando exatamente na cabeça do garoto e...
-Não! Por favor, não faça isso. Me diga o que você quer.
- O que eu quero você não pode me dar. Não agora.
Truman atirou. A morte foi instantânea. A cabeça de João agora sangrava e seu corpo sem vida permanecia imóvel por ainda estar amarrado na cadeira. Nenhuma expressão de compaixão por parte dos dois homens. Os amigos de Raymond estavam nervosos. Tentavam dizer algo, mas as amordaças não deixavam.
- Eu vou matar vocês seus vermes.
- Isso aí! É assim que eu gosto. O drama é que traz mídia para o show!
Raymond sentia uma raiva descomunal. Ele escutava internamente uma voz lhe dizendo para
mata-lós.
"Mate eles! Vingue seus amigos. Vingue-os antes que seja tarde demais."
-Truman, agora é a vez daquele ali. Ele tem um pouco de negritude. É lamentável. Esse país realmente é deplorável. Quando eu governar essa merda, eu vou tomar providências. Todos os negros e mestiços serão exterminados.
Mais uma vez Truman apontou, mirou e...
- Espere! Acho que tem algo que pode fazer isso tudo ficar mais interessante.
O Apagador retirou a amordaça da boca de Spike. O rapaz cuspiu imediatamente na cara dele.
- Se quer me matar, deixa de ser um frangote e faz o serviço por conta própria.
Ele limpou o rosto, olhou com calma para Spike e respondeu:
- Ora, ora! Temos alguém corajoso aqui hein. Sabe por que eu não deixei ele te matar? Eu tenho que te lembrar de uma pessoa muito especial. Alguém que você esqueceu já faz um tempo. Luana? Esse nome te lembra de alguma coisa?
Ele colocou as mãos rapidamente na cabeça de Spike. Os olhos do garoto ficaram brancos. Ele tentou se debater, mas nada adiantou. Depois que o homem o soltou, ele começou a sentir uma tontura. Imagens começaram a passar pela sua cabeça.
Ele estava levando pães fresquinhos para casa quando uma garota acidentalmente bateu de frente com ele. Lembrou de ter visitado a sua casa várias vezes. Lembrou do primeiro beijo dos dois. Ele olhou para o Apagador assustado.
- O que você fez comigo?
- Eu apenas te devolvi suas memórias roubadas. James me fez prometer que eu manteria você vivo. Apenas a garota deveria morrer. Se lembra do último dia que vocês estavam juntos?
Spike começou a lembrar de uma discussão. Ele não queria acreditar que seu professor tivesse tentado se aproveitar de Luana. Ele pegou no braço dela, sentiu algo no pescoço e depois não lembrava de mais nada.
- Você a matou!
- Não, eu não. Foi James quem fez o trabalho sujo. Ele teve ajuda de um policial para falsificar o obituário. É incrível como as pessoas se vendem fácil, não?
Todos ficaram abismados com tamanha revelação. Eles nunca podiam imaginar que Spike namoraria uma garota como aquela. Achavam que ele apenas teria a salvado duas vezes das garras de Breno. Nada mais.
Raymond e Peter desconfiavam que ela era uma prostituta. Ouviram certa vez que muitos pais pagavam pelos serviços dela para que seus filhos tivessem sua primeira vez. Muitos pais faziam isso na intenção de que seus filhos virassem "homens de verdade".
- Agora, mate ele de uma vez. Já me diverti bastante. O espetáculo tem que continuar.
"Não dessa vez. Eu não vou deixar. Nenhum amigo meu vai morrer mais. Eu vou vingar a morte de todos."
O ódio começou a tomar conta de Raymond. Seus olhos mudaram da cor castanho para amarelo. Truman apontou a arma para Spike, mirou e...
Nada aconteceu. Ele continuou estático, paralisado, não conseguia atirar.
- Que interessante! Agora sei o porquê de terem nos mandado tão longe para capturar você. Mas eu também tenho meus truques meu amigo, deixa eu te...
Truman virou rapidamente a pistola na direção do Apagador e atirou no seu coração. Ele caiu primeiramente de joelhos, olhou para Raymond.
- Seu filho da mãe!
O Apagador finalmente caiu. Raymond olhou para Truman com os olhos ainda amarelos. Ele ficou um tempo fitando o homem. Pensando no que faria. Depois que decidiu, disse:
- Solte-nos!
Ele foi libertando um por um, cortando as cordas com sua faca, inclusive desamarrou o corpo de João, que logo em seguida caiu no chão. Depois de todos os amigos estarem soltos. Truman apontou a arma na sua cabeça, se preparou para atirar e ficou com uma expressão de desespero olhando para a cara de Raymond. Mesmo controlando o corpo, as expressões faciais ainda eram de autoria de Truman.
- Tem certeza que você vai fazer isso, Raymond? Você não é um assassino. - falou Zack
O coração de Zack dizia para que Raymond matasse Truman. João era seu melhor amigo. Apesar de ainda estar em choque, não deixou de pensar racionalmente. A habilidade do rapaz em pensar racionalmente, mesmo em situações extremas era surpreendente. Mas a razão ainda falava mais alto.
- Meu pai me disse uma vez que na vida nós vamos precisar agir friamente, sem pensar muito. Eu sempre achei que ele estava errado. Mas agora eu vejo que ele estava certo.
- Truman, atire!
- Não!
Truman jogou a arma para longe e logo depois caiu e desmaiou. Era Emma quem tinha entrado no recinto. Raymond olhou para ela furioso.
- Você não vai me impedir de vingar os meus amigos. Olhe o que ele fez.
Emma olhou para o seu lado direito e viu o corpo de João no chão.
- Eu sei quanta raiva você deve estar sentindo. Mas se você matá-los você vai estar se tornando como eles.
- Eles precisam ser punidos pelo que fizeram. Eles são psicopatas, não merecem perdão.- falou Spike
- Eu já tenho minha opinião. Não vou voltar atrás.
- E eu também. Eu preciso dele vivo.
Os dois ficaram encarando um ao outro. De repente alguém abriu a porta de metal daquela sala. Era um soldado. Ele estava usando um uniforme preto e coturnos cor marrom. Ao ver Truman e o Apagador caídos ele pegou sua metralhadora rapidamente e apontou para todos:
- Fiquem parados, senão eu atiro!
Todos levantaram as mãos. O homem pegou o seu rádio para chamar reforço.
- George, eu preciso de reforços aqui na sala de tortura. A situação...
Um chiado agudo saiu do rádio. O homem ficou tonto por um tempo. Foi o tempo suficiente para Spike partir para cima do homem. Ele primeiro lhe deu um soco forte, a arma caiu e o homem ficou de joelhos. Spike por fim lhe deu um chute na cabeça e ele desmaiou de vez. Ele pegou a arma do soldado e em seguida a pistola de Truman, a qual deu para Peter.
- Vamos logo! Antes que seja tarde.
Spike saiu pela porta de metal. Todos o seguiam. A porta dava para um corredor. No final havia uma outra porta de metal. Era necessário subir uma escada de ferro de mais ou menos seis degraus. A saída estava logo a frente, mas o que os esperavam do outro lado era algo incerto.
- O que nós vamos fazer?
- Emma você tinha um plano para nós sairmos daqui, certo?- falou Raymond
- Falou certo. Eu tinha. Ele consistia em fazer Truman de refém, mas você estragou tudo.
- Que ótimo plano! E agora?
- É hora de almoço. Eles devem estar dormindo. Se nós sairmos sem fazer barulho, ninguém vai perceber.
- Tem certeza, Emma?- falou Peter
- Sim. Não precisamos nos preocupar.
- Certo! Vamos seguir com o meu plano. Se algo der errado eu uso essa linda metralhadora aqui para distraí-los enquanto vocês fogem.
- Espere! Nós vamos deixar o corpo de João aqui?
- Lamento dizer isso rapaz. Mas seu amigo está morto. Não há o que fazer a respeito. Temos que sair daqui, caso contrário seremos os próximos.-Falou Emma
- Ótimo! Vamos sair como? Sabem se tem um bote aqui.
- Bote Zack? Sério? Nós vamos pular. Isso sim.
- Está bom então.
Todos seguiram para a porta. Quando Spike subiu o lance de escadas, ele a abriu. De imediato um alarme começou a tocar pelo navio inteiro.
- Merda! Merda!
- Agora não há como voltar atrás. Temos que correr.- falou Peter
- Vão na frente! Eu vou dar cobertura. É hora de botar essa metralhadora para funcionar.
Não se esqueça de curtir e comentar nos capítulos o que acharam. O capítulo 10 será lançado quinta-feira. Raymond e seus amigos descobrirão que Truman não é o único querendo usar ele e Peter como cobaias. Hora de Debater#2 também vem aí. Aguardem
Capítulo revisado em 10/2.