Capítulo 31: Arcadianos não são confiáveis

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A mente de todos os três se enchia de perguntas sobre aquele homem. Quem era ele afinal? Se fosse realmente um escravo fugitivo e um pai de família, ele teria denunciado Peter na frente de todos. Qualquer pessoa comum clamaria por justiça. Por que ele tinha tentado matar Peter? Seria porque o rapaz tentou fugir da aldeia?

Zumbi confiava demais em João. Assim que todos chegaram à outra margem do rio, Zumbi o recebeu de braços abertos.

- João! Que grande susto você deu em nós.

- Não era preciso essa preocupação toda, senhor.

- Ah! Mas todo cuidado é pouco. Estamos sendo caçados por diversos capachos dos coronéis da região. Temos que proteger uns aos outros.

– Verdade. – Nesse momento João sussurrou no ouvido de Zumbi discretamente – Eu preciso conversar com você em particular.

Zumbi apenas assentiu e em seguida o convidou para entrar na sua cabana.

– Por falar nisso, venha para minha cabana. Preciso que me ajude a elaborar um plano de ataque.

– Claro! Será uma honra!

João foi em direção a sua esposa, deu-lhe um beijo e a olhou nos olhos lhe dizendo: Te vejo mais tarde. – Depois deu um abraço no filho e foi para a cabana junto de Zumbi.

Assim que os dois foram para a cabana, Emma começou a indagar os amigos:

- Será que ele vai contar o que aconteceu?

- Acho que sim. Ele estava sussurrando algo no ouvido de Zumbi. Ele deve contar o que o Peter fez.

Peter ficou indignado:

– O que eu fiz? Foi o cara quem tentou me matar primeiro! Eu apenas me defendi.

– Mas em quem você acha que o Zumbi vai acreditar? Em um garoto branco ou num de seus melhores amigos?

– Eu não acho que ele vá contar algo ao Zumbi. Ele me desafiou lá na floresta. Ele vai querer me dar o troco.

– Espero que você esteja certo, Peter. Assim é melhor. Nós temos que descobrir quem ele realmente é e por que tentou matar você.

- Sim. Isso que vem me intrigando. Será que ele é algum espião do Império Vermelho ou de Angelina?

- Sinceramente eu não sei. – Emma respondeu.

Foi nesse momento que a esposa de João os interrompeu:

- Raymond, Peter e Emma, eu sou grata a vocês por terem nos ajudado a encontrar João. Eu tinha minhas desconfianças sobre vocês. Mas agora vejo que vocês são confiáveis. Me desculpe em duvidar de suas intenções.

Raymond respondeu:

- Não há de quê! Nós que agradecemos a hospitalidade.

- Sabe, os últimos dois meses têm sido bem difíceis. Não tem muito tempo que fomos alvo de espionagem aqui na aldeia. Nós recebemos de coração aberto dois escravos fugitivos do Norte da província. Até João descobrir que eles estavam a serviço de um poderoso coronel da região e em breve passariam todas as informações que conseguissem para o coronel e é claro que o coronel as passaria para o governo. Seria o fim de tudo.

Aquela história despertou uma ideia na cabeça de Emma.

- E o que aconteceu com os dois espiões? – Ela perguntou.

- Eles foram julgados publicamente e crucificados. Eles tentaram se salvar negando até a morte que não eram espiões. Mas João jamais se precipitaria em um caso desses. Eles tiveram o que mereciam.

A Terra PrometidaWhere stories live. Discover now