Capítulo 12: Uma ideia arriscada

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- Que merda de lugar é esse?

Melissa tinha acabado de chutar uma pequena janela retangular de vidro em vão. Era blindada. Hermes, ao mesmo tempo, observava o ambiente a sua volta calmamente. Sabia que sair chutando aquele bloco de metal não adiantaria em nada. 

Eles estavam dentro de um compartimento num formato cilíndrico. Do lado de fora, se avistava uma grandiosa máquina composta por vários botões e uma tela que indicava várias informações, como a temperatura local que era 25° V. Considerada amena para quem morava em Arcádia.

- Tenho certeza que não foi James quem construiu este lugar. Essa tecnologia não está disponível no mercado. É algo muito além do nosso conhecimento.

- Ora, ora! Que deplorável, hein? Dois ratos.

James havia chegado no ambiente junto com Ricardo. Parou em frente a janela e encarou Melissa dentro do cilindro.

Quando Melissa  percebeu quem estava acompanhando James, ela ficou surpresa. Ricardo era considerado um homem honesto. Sempre trabalhou com eficiência. Tinha uma família: Esposa e dois filhos. Era o perfil de pessoa que jamais se cogitaria ser cúmplice de tudo aquilo. O que faria um homem de 35 anos, com uma família estruturada, se sujeitar  àquilo?

Ele usava o uniforme do exército vermelho. Seus olhos castanhos não ousavam encarar Melissa ou Hermes. Ele coçava a cabeça nervoso. Seus cabelos pretos estavam desgrenhados. Parecia que ele não estava cuidando muito da aparência nos últimos dias.

James, pelo contrário, estava impecável em um terno preto e uma gravata vermelha. Seus cabelos loiros estavam penteados para o lado direito. Dava para perceber que o tutor estava confiante com aquele topete. 

Ele olhou com desdém para Melissa.  A mulher encarava Ricardo esperando por alguma justificativa, mas foi James quem quebrou o silêncio.

- Que foi? Está surpresa? Não é preciso muito para se trair um país de merda como esse. 

Ele falava do outro lado do vidro provocando Melissa. Ela bateu com força no vidro blindado em resposta. Não fez qualquer arranhão. O vidro continuou intacto. Para piorar, estava desarmada. Não havia forma de sair dali.

James se divertia. Ria da cara de Melissa sem parar.

Enquanto isso, seu pai o olhava com uma enorme cara de decepção. James percebeu a expressão do pai e resolveu lhe dirigir a palavra:

- Está surpreso, papai? Você achou mesmo que eu iria morrer defendendo esse país?- Eu agora tenho imunidade penal. A "Apple Enterprises" me concedeu. Ninguém poderá me subjugar.

- O que eu fiz para você? O que eu fiz de errado para você causar a morte de tantas pessoas? Eles são seus amigos, seus parentes. Arcádia não é só um país. Ela é o lar dos oprimidos. É o refúgio para aqueles que querem reconstruir suas vidas. Quando a construímos, estávamos em uma guerra. Foi a esperança de paz e justiça que moldou a construção desta cidade.

James levantou os olhos para cima impaciente. Resolveu responder sarcasticamente:

- Que bonito! História linda! Você vai poder contar ela para os outros recrutas quando morrer.

O tutor deu passos vagarosos até a grandiosa máquina. Começou a mexer no monitor e a programar um sistema de segurança. Era muito peculiar. Se alguém tentasse desarmá-lo, teria que responder a três questões em menos de 60 segundos. A última era sempre de lógica matemática. Matéria que James sempre gostou, mas nunca fora tão bom.

Enquanto ele programava o sistema de defesa, Melissa tentava conversar com Ricardo. Queria convencê-lo a mudar de opinião. Que ele os ajudasse.

- Ricardo, por quê? Quando isso tudo começou?

A Terra PrometidaWhere stories live. Discover now