Capítulo 23: Incertezas

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- Você está bem? O que aconteceu lá cara?

Por mais que Raymond quisesse mentir, ele sabia que seria hipocrisia dizer ao amigo que estava tudo bem. Ele acabava de ter seus parentes e amigos ameaçados por uma robô. O que ele podia fazer? Ficar de braços cruzados e esperar as ordens daquela megera? As mortes de Zack e João teriam sido em vão?

Se curvar às vontades de Angelina não deveria ser uma opção. As mortes de seus amigos não poderiam ser esquecidas.

Já que o fato de ele não estar bem era óbvio, ele pulou para a segunda pergunta.

- Aquela robô me ameaçou! Ela disse que se eu não cooperasse com os planos daquela besta eu perderia todas as pessoas que eu amo.

- Mas nós não podemos nos curvar às vontades dela, cara. Ela matou nossos amigos e tem que pagar pelo que fez o quanto antes.

- Eu sei mais do que ninguém, Peter. Ela segurou a cabeça do Zack como se fosse um prêmio.  Falava do que ela fez como se fosse algo natural. Ela não merece misericórdia de ninguém.

Emma interrompeu a conversa dos dois.

- Olha, vocês estão certos. Angelina não merece misericórdia, mas se vocês forem enfrentá-la frente a frente, irão perder. A melhor forma de derrotá-la é fazendo com que ela pense que está no comando e baixe a guarda. Negar as ordens dela agora, não vai adiantar muito e o único resultado disso vai ser a morte de seus familiares e amigos. Ela deixou alguma instrução para você?

- Não. Apenas disse que eu devia cooperar.

- Estranho. Eu achava que Angelina fosse ser mais objetiva. Geralmente ele é bem incisiva na hora de deixar claro o que ela quer.

- Mas e você, Peter? O que ela falou com você?

Peter engoliu em seco. Ficou sem resposta por alguns segundos, sendo alvo dos olhares dos dois amigos. Embora não tivesse tanto afeto por Emma, depois de tudo o que já haviam passado ele poderia considerá-la mais do que uma parceira. Mas ainda sim, tinha suas desconfianças dela.

- Ela só apareceu e disse que...disse que daria um recado a você e que eu deveria convencê-lo a aceitar as ordens de Angelina.

Peter falou a verdade, mas estava omitindo um ponto que nunca teria coragem de expressar para os dois. Principalmente para o amigo.

- Só isso?

- Sim.

- Ela não falou mais nada?

Antes que Peter pudesse responder, eles foram interrompidos por três homens que haviam surgido da floresta.

- Ei, vocês aí! Fiquem parados com a cabeça para cima.

Raymond ficou de pé e os três colocaram as mãos na cabeça. Eram militares armados com rifles. Eles pareciam já ter caminhado bastante, pois suas botas estavam sujas e eles transpareciam estarem um pouco cansados. Os três homens estavam um do lado do outro. O que estava no meio é quem estava dando as ordens.

- Finalmente encontramos alguém. Nos diga onde estão os outros e talvez poupemos vocês.

- Outros?- Raymond perguntou

- Não se faça de bobo garoto. Nós sabemos que foram vocês que lideraram a fuga dos escravos do Coronel Epitácio. Não neguem e nem nos façam perder tempo.

- Mas nós não lideramos nada. Nós somos de...

Peter deu uma cotovelada no amigo. Revelar naquele momento que eles eram Arcadianos só complicaria as coisas. Arcádia e o Império Fluminense estavam em guerra. Eles poderiam ser mortos e os militares teriam uma justificativa plausível pela execução. Sem contar o fato de que ninguém saberia o paradeiro dos três.

A Terra PrometidaWhere stories live. Discover now