Capítulo 30: Corpo desaparecido

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- Raymond, que truque é esse que você está falando? Espero que funcione mesmo, porque se encontrarmos o corpo do homem, iremos enfrentar problemas.

Problemas era uma palavra sutil para definir o que eles poderiam enfrentar. O que na verdade Peter se controlou para dizer é que provavelmente eles poderiam ser mortos. Ficaria claro que eram culpados de algo.

- Então reze para que não encontremos o corpo dele. Porque eu tenho um jeito de fazer a peixeira passar despercebido. Eu só espero que funcione.

- O que você vai fazer?

- Eu vou fazer com que todos acreditem que não estão vendo a peixeira. Vou enganar seus cérebros.

- Como? Isso é impossível! Eu sei que você conseguiu controlar os soldados do Império Vermelho para destruírem a própria esquadra, mas isso é totalmente diferente.

Enquanto Peter falava, Emma acenou para Raymond discretamente em um código que somente eles entenderiam. Na mesma hora Raymond retribuiu o gesto.

- Sério? Você está duvidando de mim? Eu achei que você fosse meu amigo.

- E eu sou... Para a sua informa...

Nesse momento Peter bateu de cara numa árvore.

- Ai! De onde surgiu isso aqui?

A mulher e o filho olharam para trás curiosos para saber o que estava acontecendo. A mãe logo perguntou:

- Algum problema aí?

Nesse momento Peter percebeu que a árvore na qual tinha batido era nada menos do que a árvore que estava a peixeira. Ele ficou espantado quando viu, mas logo se recompôs.

- Nada! Eu só tropecei aqui sem querer.

- Estranho! Você parecia espantado. Está tudo bem mesmo?

- Claro!

A mulher resolveu ignorar toda aquela situação estranha. Já tinha olhado em volta e não achou nada que explicasse o susto que ele havia tomado. Seguiu em frente.

Nesse momento Peter sussurrou para o amigo:

- O que foi aquilo? Eu vi a peixeira por um tempo e depois ela sumiu!

- Ela não sumiu. Eu apenas fiz você acreditar que ela não estava mais aqui. Enganei seu cérebro assim como fiz com todos os outros.

- Inacreditável!

- Gostou do meu truque?

- Como isso é possível?

- Eu já disse. Eu enganei seu cérebro, seus sentidos, sua visão. Se lembra daquela aula sobre o mundo sensível e o inteligível.

- Não. De qual matéria?

- Filosofia.

- Nunca prestei atenção nessa aula inútil.

Raymond levantou os olhos para o amigo.

- Enfim, o mundo sensível é composto pelos nossos sentidos. Eles podem nos enganar. Assim como os seus acabaram de enganá-lo. O inteligível é a nossa razão. O conhecimento formado pela razão. Ele é confiável.

- Legal. O que isso tem a ver com o poder de você fazer eu enxergar coisas que não são reais?

- Tem tudo a ver. Primeiramente ...

- Ah tá. Entendi.

Raymond fez uma cara feia para Peter. Muitas vezes o amigo interrompia sua fala. Ele sempre se irritava com a falta de educação de Peter.

- Você sempre vai ser mal educado assim?

Peter deu de ombros.

- O que eu quero saber é o que a gente vai fazer com essa peixeira.

- Não vamos fazer nada. Eles já estão mais a frente. Nem desconfiam da existência dessa peixeira. Quando voltarmos um de nós vai na frente e joga essa peixeira no Rio.

Nesse momento foi possível escutar a esposa de João gritando de felicidade:

- Aí está você! Achei que tivesse acontecido alguma coisa.

Os dois amigos se entreolharam. Não podia ser. A pessoa com quem Maria estava falando não podia ser João. Era impossível que ele estivesse bem. Peter o esfaqueou. Ele era para estar morto.

- Eu estou bem, meu amor. Não havia motivo algum para vocês virem atrás de mim.

- Nós ficamos preocupados. Você não é de sair assim... sem avisar ninguém.

- Eu sei. Me desculpe por deixar você preocupada.- Ele abraçou a esposa e assim que viu Peter e os outros resolveu comentar sobre a presença deles ali.- Vejo que até nossos novos amigos vieram ajudar na minha procura.

- Sim! Eles vieram.

- Muito obrigado por se preocuparem comigo. Embora não fosse necessário, eu fico agradecido pela preocupação de vocês.

- Nada. Você é um grande amigo para nós. - respondeu Peter

O homem se dirigiu a Peter e o deu um aperto de mão, seguido de um abraço. Enquanto se abraçavam, João cochichou no ouvido de Peter:

- Vai precisar de mais do que uma peixeira para me derrubar.

Peter ficou sem palavras.

O homem cumprimentou os outros em seguida.

Todos começaram a voltar para o rio. Iriam atravessar a margem novamente.

Enquanto isso, os três caminhavam preocupados e incrédulos com tudo que estava acontecendo.

***

O que João planeja fazer? Quem é ele na verdade?Descubra no próximo capítulo.    

A Terra PrometidaWhere stories live. Discover now