Capítulo 3: Um por todos e todos por um

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- Ande logo! Eu não tenho a noite inteira.

- Truman, eu estou tentando. Mas está difícil visualizar os dois no escuro e no meio de uma floresta. 

- Não me interessa! Descubra!

Truman estava muito irritado. Precisava que a mulher confirmasse se as cobaias estavam em Arcádia. Não podia haver erros. Angelina cortaria sua cabeça se o plano desse errado. 

- Talvez eu não consiga. Me desculpe.

A mulher olhava para Truman cinicamente. Não queria confirmar a localização dos dois rapazes. Mesmo sabendo que poderia ser torturada. Estava de bruços em uma mesa de madeira. Seu cabelo loiro vinha até a cintura. Usava uma calça preta, blusa bege e sapatos marrom. Era uma mulher com cerca de 30 anos que já havia sofrido muito em sua vida.

Era prisioneira do Império Vermelho há muito tempo por ter o dom da telepatia. Mas sua prisão atendia aos interesses da Apple Enterprises. Empresa a qual Angelina era sócia majoritária. A mulher a pressionara durante meses para que encontrasse as tais duas cobaias. Nunca pensaria que elas estariam em um país tão atrasado. O império Fluminense ainda aceitava o regime de escravidão.

"Mas se eu for parar para pensar. Eu sou escrava do Império Vermelho. Meu país não é tão desenvolvido quanto se pensa."

 - Eu deveria cortar a sua garganta, Emma.

O homem esbravejava. Normalmente ele era calmo. Mas nos últimos dias estava muito nervoso e impaciente. Emma não se intimidou.

- Seria insensato da sua parte. Não poderia lhe informar nada.  

Ela interrompeu a sua fala por alguns segundos. Mas antes que o velho pudesse fazer alguma coisa ela se pronunciou:

- Consigo vê-los. Estão com os outros recrutas. Acredito que uns 100.

- Ótimo. 

Ele saiu da sala apressado. Sem olhar para trás. Emma suspirou por um tempo.  A sala era em formato cúbico e as paredes eram cinzas. Foi projetada para que ela pudesse se concentrar em suas visões. 

Finalmente estava em paz. Começou a pensar em tudo que já havia enfrentado até ali. Seu marido tinha sido assassinado e sua filha ainda bebê ficou desaparecida. 

Seu passado era imutável. Mas queria mudar o futuro daqueles garotos. Queria que eles não sofressem tudo que ela sofreu. Para isso teria que enviá-los uma mensagem. Alertá-los do que estava por vir. Começou a projetar a sua mente na floresta onde estavam. Conseguia sentir o desespero de alguém. Um medo de... morrer.

 "O que deve estar acontecendo lá?"


                               ***


- Tem alguma coisa me puxando muito forte aqui.

- Samir, para de brincadeira. Essa parte do rio nem é funda.

Mas Samir não parecia estar brincando. Ele parecia tentar se desvencilhar de alguma coisa. O que seria? Seria uma brincadeira sem graça do amigo? Pedro e Samir sempre faziam brincadeiras um com o outro. Mas o semblante de desespero do amigo parecia ser convincente.

Todos olhavam para ele rindo. Estavam atravessando o rio calmamente. Muitos já até estavam na outra margem. Até que Pedro viu Samir submergir. Correu até ele e em uma questão de segundos também sentiu algo enroscando em suas pernas. Algo estava imobilizando os dois, os puxando com uma força descomunal. 

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