Capítulo 18: Justificativas

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Angelina encarava os dois garotos com um sorriso sarcástico. Conseguia ver a expressão de raiva em todos ali presentes. Mas a de Raymond era a mais marcante. Parecia de puro ódio. Todos estavam com roupas de cobaia: uma camisa de manga e uma calça reta branca. 

Um silêncio pairava naquele corredor. Ninguém se pronunciava. Pela mente de Angelina passava a lembrança da discussão há alguns minutos com Eva, na sala de controle.

***

- O mundo nunca vai entender o que eu fiz. Talvez eu nunca seja compreendida. Mas sei o que é necessário para a construção de um mundo melhor. A história  do novo mundo não pode ser construída por homens preconceituosos. Você me compreende, Eva?

Eva poderia ser uma ótima conselheira se comparada com vários assessores que a rainha  já teve. Na maioria das vezes eles apenas pensavam se a decisão tomada iria beneficiá-los. Como no caso em que foi editada uma lei de combate à escravidão. Chamada de Bill Aberdeen.

Uma lei que foi promulgada com a desculpa de propagar os ideais de liberdade, mas na verdade atendia aos interesses de expansão do mercado consumidor das indústrias inglesas.

Até mesmo Truman, o qual sempre pareceu ser o mais confiável de todos, a traiu em busca de poder e dominação. Bolou um plano com Cristopher e posteriormente com James para tomar a Apple Enterprises das mãos da Megera. 

O plano de Angelina sempre foi que James sumisse de Arcádia logo após a invasão do Império Vermelho. Ele teria a liberdade para ser quem quisesse. Se o psicopata continuasse em Arcádia, poderia matar uma das peças chaves de seu plano para a reconstrução da história.

E o que acontecia naquele momento era o que a rainha mais temia. James ainda estaria naquela cidade. Ela não se importava na quantidade de pessoas que poderiam morrer para atingir seu objetivo final. Ela só não queria que suas peças-chaves morressem.

- Sim, minha rainha! E devido a isso, não é recomendável justificar suas ações ou tentar dialogar com uma de suas cobaias. Eles nunca entenderão o bem maior que está por vir. Pelos meus cálculos, há um risco de 50% de essa conversa poder mudar o curso da história. Tem certeza que quer continuar seguindo com essa ideia?

- Eu preciso vê-los. Eles também tem um papel importantíssimo nessa reconstrução. Principalmente, Raymond.

- Nada do que a rainha disser, mudará a visão das cobaias. Elas têm uma mente muito limitada. Não é recomendável. A rainha deveria seguir o exemplo que fez com a garota. Ela evoluiu bastante nos últimos dias. Superou seus conhecimentos e habilidades. Foi capaz de resolver problemas de nível médio a difícil de raciocínio lógico matemático. Tomou o protagonismo das ações perante às armadilhas de James. Se continuar assim, ela poderá desempenhar a liderança do movimento em breve.

- Selina ainda precisa aprender muito para poder enfrentar James um dia. Não tem chance alguma agora.

A robô Eva mudava de expressão como uma humana. No telão da sala de controle apenas era mostrado sua projeção de um rosto feminino de uma mulher de 30 anos. Diferentemente dos telões da fábrica de Arcádia em que a imagem de Eva era preta e branca, ali na província dos Cocais, os telões mostravam uma projeção em cores vivas. Eva possuía um cabelo loiro liso e na altura do ombro e usava uma blusa azul.

- Sim, a rainha tem razão. Mas isso não justifica uma intervenção no aprendizado das cobaias.

- Você precisa fazer alguma coisa. Faça com que James fuja de Arcádia. Em última instância, mate-o.

Angelina interrompeu a robô. Não ligava se conversar com Raymond e Peter mudaria em alguma coisa o futuro. Tinha a convicção de que no final tudo aconteceria como planejado.

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