Capítulo 6: Sem saída

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 -Cara, e se esse plano maluco dela não funcionar? O que nós vamos fazer?

-Nós enfrentamos eles, João.  Não temos nada a perder.  

-Sem chance! Você viu o que eles fizeram com o porto de Arcádia? Não temos chance contra eles.

João estava preocupado com o que poderia acontecer caso o plano de Melissa desse errado. Apesar de ser um rapaz forte e corajoso, não conseguia esconder sua preocupação. Estava surpreso com a atitude de Raymond. Ele era sempre considerado o medroso do grupo, mas agora demonstrava uma coragem nunca vista antes. Parecia estar disposto a lutar a qualquer custo. Zack entrou na conversa dos dois:

-Raymond, você está agindo por impulso. Temos que agir com cautela. Avançar para cima deles não vai adiantar em nada. Temos que torcer para que o plano da guardiã funcione. Fiquem calmos. Ela já deve estar voltando.

-Eu estou cansado disso! Por que eles nos querem tanto? Arcádia não representa qualquer perigo para o Império Vermelho.

-Nós não, Raymond. Na verdade, eles querem só você e o Peter.  Eles se prestaram a mobilizar tropas para adentrar na Floresta Amazônica por vocês dois.

-E o que você quer que nós façamos, Spike? Que a gente se entregue? Que nós deixemos eles fazerem o que bem entenderem com nós dois?

Spike percebe que devia ter medido melhor suas palavras. Raymond estava se culpando pela morte de todos os seus amigos. E ter falado isso, só estava piorando as coisas.

-Não...Eu não quis dizer isso. É só que eu...

-Você estava falando o que você realmente pensa. Você gostaria que nós nos entregássemos. Era isso que você queria dizer.

Raymond estava profundamente irritado. O rapaz apontava o dedo na cara de Spike. Se Spike revidasse, poderia ocorrer uma briga entre os dois. Mas ele respondeu com calma, não estava a fim de causar uma confusão.

-Não! Que isso cara! Eu jamais diria isso. Vocês são meus amigos. Se tivermos que lutar nós vamos lutar até o fim. Nós não vamos abandoná-los. Nada de desistir, certo?

-Claro! Nós não vamos desistir. Lutamos juntos, morremos juntos. - falou Zack

-É isso mesmo! Um por todos e todos por um. É esse o código. - falou João

Peter hesitava em se pronunciar. Nunca acreditou no código de guerra Arcadiano, assim como Raymond. Mas antes que chegasse a sua vez de apoiar a causa, Raymond interrompeu os amigos.

-Um código criado por um traidor. Ele deve ter dito isso só pra facilitar o trabalho dele. Morreríamos pelo código.

-Raymond! Não é porque o tutor James nos traiu que o código perdeu a validade. Ele foi criado pelo General Hermes e seus companheiros de guerra antes mesmo da fundação de Arcádia. Não lembra? Você mesmo nos disse isso.

-Sim! É verdade. O código foi criado na guerra contra as forças armadas colombianas. A união das tropas fluminenses foi responsável pela vitória. O exército era incorruptível e eles nunca deixavam um soldado morrer em vão. Até hoje se acreditava que Arcádia tinha herdado essa honestidade. Que a nossa sociedade não era corrupta. Hoje está bem claro que isso não passa de um mito. Será que vocês não enten...dem?

Raymond começou a sentir uma tontura, caiu de joelhos com as mãos no chão. Será que seria mais um ataque epiléptico do amigo? O rapaz possuía uma doença grave chamada epilepsia. O seu cérebro possuía uma pequena deficiência que provocava tontura, desmaios e espasmos ocasionalmente. O grande problema é que não podia se prever. Existia pouca informação disponível sobre essa doença em Arcádia. Porém, isso não abalava Raymond. Ele conseguia ter uma vida normal apesar de tudo.

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