Olá querid@s,
nem vou me desculpar, pois sei que estou em falha com vocês.
Depois de muita demora, estou de volta, além de ter tido um bloqueio, estava muito atarefada com a faculdade. Não estranhem, mas estudo em uma universidade federal, que fez greve, por esse motivo, estudei em dezembro e janeiro. E, agora, estou finalmente de férias.
Então, segue o capítulo, espero que gostem.
Desculpem-me por quaisquer erros.
Mil beijos,
Jéssica Miranda.
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Nos capítulos anteriores...
Melissa e João se reencontram depois de dez anos, e em meio a atração irrefreável que sentem um pelo outro, eles tentam acertar as suas diferenças. Mel se vez entre a cruz e a espada com o João cada vez mais perto de descobrir a verdade sobre o Heitor, filho deles. Em meio a muitas confusões, no capítulo anterior, eles finalmente cederam aos seus instintos, e deram alguns amaços. Tirando forças do seu amago, Melissa manda o João embora. Ele, por sua vez, respeita a decisão dela, mas se sente culpado por deixá-la chorando.
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Melissa
Exagerada toda a vida: minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louca do tipo desvairada; briguenta de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos.
Clarice Lispector
É fácil ver o meu desespero aqui com o rosto inchado e jogada no chão. Foi nessa situação que a Tina me encontrou.
Não por solidariedade, mas o seu estado está tão ruim quanto o meu. Parece que as ironias da vida são as mesmas para nós. Por que diabos a gente precisava amar homens tão complicados, imbecis?
A resposta para isso deve ser a nossa burrice. Pois, nada justifica viver nessa sofrência.
- Meus Deus, amiga. Como dói. Lamento.
- Eu literalmente sei como se senti. Ela se compadece.
- A gente devia voltar para o Rio.
- E fugir de novo? Nem pensar. Chega dessa palhaçada, nós vamos resolver o nosso passado de uma vez por todas. Eu te apoio e você me apoia e juntas vamos conseguir. Ela me anima, e por alguns segundos acho que tudo vai ficar bem.
- Odeio o fato de você ter razão. Eu só quero fugir mais uma vez.
- Olha para mim, Mel. Obedeço. - Eu sei que vai doer, já está doendo, em mim e em você. Mas, a gente precisa fazer o certo pelos nossos filhos. Eles merecem isso, e a gente merece paz.
- Você está certa, Tina. Chega de mentiras, omissões. Eu só quero a felicidade do meu filho. Você viu como eles se dão bem?
- Eles têm tanto em comum.
- Pois é, isso me assusta. Tenho medo de eles não me perdoarem.
- Eles vão, não se preocupe.
- Tomara! Porque eu não vou suportar se o Heitor não me perdoar.
- Shhh... Ela me abraça forte, e me consola. - Vai dar tudo certo. Além disso, você ainda terá um tempo para se organizar, já eu, não.
- Como assim?
- O Arthur quer um exame de DNA.
- E?
- Eu não sei. Tenho medo de descobrir que ele está errado e que o Miguel seja filho do... Você sabe quem.
- Tina, acho muito difícil isso acontecer. O Miguel é muito parecido com o Arthur. Além disso, ainda tem essa mancha de nascença.
- É, você tem razão. Amanhã eu vou falar com ele que podemos fazer o exame. Agora tenho que enfrentar a fera do seu irmão.
- Eu nem sei o que te dizer. Nunca o vi daquele jeito.
- Nem eu. Ele me assustou.
- Agora ele já deve estar mais calmo. Tento tranquilizá-la.
- Eu temo que a raiva dele volte quando souber o que aconteceu.
- O que você fez amiga?
- Eu beijei o Arthur. Ela faz uma pausa enquanto eu absorvo essa informação. Então, completa com o fatality: - Algumas vezes.
Respiro fundo, sem saber o dizer, por fim, esbravejo:
- Merda, Tina. Por que me contou? Agora eu não sei o que fazer.
- Nem eu. Conto ou não conto Mel?
- O que você sentiu?
- Foi como voltar para casa.
- Merda, ao quadrado, Tina.
- Não se preocupe, Mel. Eu não vou voltar para o Arthur. Sei que o Hugo é muito melhor para mim. E ele não merece isso.
- Nem sei o que te dizer. Preciso de um tempo para absorver isso. Me dê um tempo. Preciso ficar distante até que a vontade de sentar a mão em você passe. Aonde já se viu? Puta merda, Tina. Mas, é aquela merda bem grande, com aquele cheiro horroroso, a qual você pisa em cima e sente o quentinho no meio de seus dedos.
- Que nojo, Melissa. Sei que é ruim, mas pega leve. Poxa, você sabe como tudo é difícil.
- Amiga, eu sei como é. Eu até te entendo, um pouquinho, mas bem pouquinho. Contudo, estamos falando do meu irmão. Vi as lágrimas em seus olhos, e me compadeci. - Definitivamente, estamos fodidas. Constatei.
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Diante das dificuldades da vida, eu me acovardei mais uma vez. Entretanto, foi naquele fatídico dia em que a minha melhor amiga, e o seu pequeno Miguel foram sequestrados por aquele monstro, que decidi que resolveria tudo com o João e nosso filho.
Naquele momento, houve um estalo em minha mente, e me dei conta do quanto a vida pode nos surpreender. Eu chorei muito nos braços do João nos últimos dias, quando imaginei que o pior pudesse ter acontecido. Ele guardou a sua dor, e foi forte por mim, pela família e por si mesmo. Ele me consolou, desse modo, ficamos finalmente em paz; fomos capazes de conversar sobre as mágoas do passado, ele me cobrou muitas explicações e eu as dei, assim como o contrário aconteceu.
Enquanto aqueles dias se arrastavam, eu via a vida de tantas pessoas mudarem, e sabia que a minha ia a ser a próxima. Eu me preparei para aquilo, por pior que fosse. Esse processo de preparação incluiu todas aquelas conversas com o João. Ele quis saber o porquê de eu não ter dito que era virgem e de ter fugido na madrugada. Eu lhe contei a verdade, eu confessei o que o amei por muitos anos, e que sempre quis que fosse com ele a minha primeira vez, e contei também que fugi porque encontrei a aliança dele no banheiro.
A verdade é que nós tivemos conversas francas, sem brigas; acho que estamos tão esgotados com a situação da Tina que nem tivemos forças para brigar. Confesso que a melhor parte da conversa foi quando ele confessou que me desejou desde a primeira vez que me viu, gente! e aquela parte dos olhos? o que foi aquilo?; e que na noite da nossa primeira vez ele estava solteiro, e que não ia mais se casar, contudo acabou sedendo quando a louca tentou suicídio.
Meu ego foi nas alturas na hora de sua confissão, mas quando me dei conta que eu ainda tinha que confessar o pior, eu o evitei.
Depois de dias em coma a Tina acordou, graças a Deus, e ao Arthur, minha amiga está bem, machucada, mas bem. Nós decidimos não contar a ela das dificuldades da cirurgia, nem das duas paradas cardíacas que ela sofreu, e o fato ser um milagre ela está viva. Afinal, ela ainda tinha muito com o que lidar.
Meu irmão estava insuportável, acho que já previa o fim do relacionamento deles, assim como eu e a torcida do flamengo. Apesar de sempre torcer por eles, eu conheço a Valentina e sei que ela não pode seguir em frente, porque o seu relacionamento com o Arthur nunca acabou. Talvez, ela demore um tempo para admitir o obvio, todavia isso vai acontecer. Sei que ela vai tentar de novo, pois, a minha amiga, simplesmente não consegui evitar o amor que sente por ele.
Por falar nele, depois do que fez por ela e pelo filho, ele subiu no meu conceito, e horrível ter que aceitar, mas ele realmente a ama. E, a Tina que me perdoe, mas senti uma invejinha dela, pois eu queria que o seu irmão tivesse por mim um terço do amor que o Arthur tem por ela.
Hoje, dois dias depois da alta da minha amiga, decidi contar a verdade de uma vez por todas. Afinal, estou na mansão dos Kolwaski desde o sequestro, e não consigo mais conviver com todos eles escondendo esse segredo. Além disso, o Heitor não desgruda do João, ele já dormiu na casa dele na noite passada, e eu não pude dizer não.
Depois do almoço, a Valentina foi tirar uma soneca com o Miguel, e a Dona Cassandra foi cuidar do esposo. Restou apenas eu, o João e o Heitor, que logo foi jogar vídeo game no quarto do João, que agora já era do filho, diga-se de passagem. Como estávamos a sós, resolvi acabar com a minha tortura.
- João, eu gostaria de conversar com você. Digo com uma voz tão baixa que quase não me reconheci.
- Pode falar, Mel.
- Podemos ir para um lugar mais reservado?
- Melissa, quais são as suas intenções? Quer me molestar? Podemos ir para um motel se preferir. Ele ironiza, ou não, com um sorriso debochado. Esse é o João sempre achando um meio de me irritar.
- Na boa João, cresce. O assunto é sério, seu bacaba juvenil. Reviro os olhos e penso: Eu só posso ter sambando em frente a cruz.
- Nossa, já vi que está com as ferraduras novas. Abro e fecho a boca, dessa vez não vou retrucar a sua infantilidade.
- Quer saber deixa isso para lá. Digo sem a bendita paciência.
- Tá bem, Mel. Vamos para o escritório.
- Deixa para lá. Outra hora a gente conversa. Tento, em vão, escapar.
- Nem pensar. Ele responde com a mãos em minhas costas me empurrando escada acima. Assim que entrou, ele trancou a porta enquanto eu me acomodava no pequeno sofá.
Pelo visto não teria outra saída, assim sendo, respirei fundo, em busca de forças e discernimento para contar a verdade, mas no fim optei pelo meu modo: curta e grossa.