Tudo Pela Reportagem

By mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... More

Prólogo.
Primeira parte.
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Segunda Parte.
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!!!!!100 MIL F*CKING VIEWS!!!!! ❤️
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31 (Pra quem não está conseguindo ler!!)
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42. [Final]
Epílogo.
Agradecimentos.
Booktrailer <3
Se você gostou de TPR, vai gostar de Morde e Assopra também!
Capítulo Bônus da Gabi! Yey!

Capítulo Bônus (1)

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By mariiafada

1. É difícil dizer "Eu te amo"

Inclinei a cabeça para o lado enquanto o observava feito uma boba.
Ele estava estirado na cama, um óculos de leitura pendurado na ponta do nariz enquanto lia um livro de uma maneira muito séria e concentrada. Até mesmo enquanto lia de uma maneira muito séria e concentrada ele era lindo de morrer. 

Meu deus, meu namorado era lindo de morrer!

É. O meu namorado... Meu. Namorado. Meu. Meu. Meu. Não que eu não tivesse notado toda a gostosura ao meu lado antes... Simplesmente caiu a ficha. 

Agora é oficial, sou uma boba apaixonada. 

Eu apoiei a cabeça na mão, estava deitada de bruços ao lado de Homero, os pés balançando para cima.

– Lizzie – Homero murmurou, sem tirar os olhos do livro.

Pisquei e sorri. 

– Sim?

 – Você está me encarando... De novo.

Eu estou?

Ele tinha uma pintinha logo acima do lábio superior. Ela era tão adorável...

– Sim, e estou começando a ficar com medo. 

– Alguém já te disse que você é incrivelmente lindo? Tipo, de tirar o fôlego. Lindo de morrer. Só de olhar para você estou excitada. – Homero ergueu a sobrancelha, preocupado. Apontei para ele. – É isso, quando ergue a sobrancelha assim... Pronto, sou toda sua! Não, não me olhe assim! Falo sério, alguém já te disse que você é bonito demais para os olhos humanos?

Homero riu e fechou seu livro, aproximando o corpo do meu.

 – Sim, você já disse. Só hoje umas seis vezes. 

– Nossa, sou uma namorada espetacular ou não sou?

Ele riu mais uma vez e depois suspirou, tocando o meu nariz. Aqueles óculos de leitura o deixavam tão sexy...

– Não, você é uma namorada entediada.

 Ergui a cabeça e arquejei. Hummm, será que brigaríamos? Eu estava ansiosa por uma boa briga!

– E o que você quer dizer com isso?

– Você está de férias e sem nada para fazer, é óbvio que está entediada. Sou uma espécie de objeto de estudo seu, não sou?

Eu o encarei por muito tempo, meio emburrada, meio irritada por Homero estar certo. Era tão óbvio assim ou ele simplesmente me conhecia muito bem?

 – Isso é uma mentira! – eu afirmei, mais depois cai na cama, desanimada, sabendo que Homero não compraria a minha encenação. – Odeio ficar de férias, acho que vou entrar em depressão. Faz taaanto tempo que estou sem trabalhar...

– Só faz uma semana, Lizzie. – Exatamente – eu pontuei como se fosse óbvio. Homero me deu seu melhor olhar de repreensão. – Tudo bem, você tem razão. Eu estava me concentrando em você porque estou entediada... Mas te observando descobri muitas coisas interessantes. Além do fato de você ser realmente muito bonito e praticamente ter ganhado na loteria genética.

 – Ah, é? – Homero tirou os óculos e trouxe o cabeça para perto da minha, deslizando o corpo mais para baixo, nossos pés agora se tocando. – Tipo o quê? Quais coisas interessantes descobriu?

Animada por ter algo para fazer e conversar, eu me ajeitei e equilibrei-me nos cotovelos.

– Pela manhã você toma duas xícaras de café e não come nada. Sempre cantarola uma música do Elvis quando está escovando os dentes e quando dorme seu nariz faz um barulho engraçado e bonitinho... Uh! Tive uma ideia! Eu poderia escrever uma reportagem sobre você! – olhei para o Homero ainda mais animada, arregalando os olhos, como que dizendo: Isso não é demais?!

Porém, o meu namorado não compartilhou da minha animação.

– Hum.... – Homero fez uma careta.

– Não diga "Hum", diga "Yey!". Vai ser divertido e eu finalmente vou ter algo para fazer.

Ele suspirou e encarou o teto do seu quarto, pensando sobre o assunto.

– Tudo bem, mas sobre o que mais vai escrever na sua reportagem?

– O título vai ser "Homero: Galã Irresistível ou Vilão?

Ele riu.

– Vilão?

Dei os ombros.

– Sou uma repórter investigativa – apontei o dedo para ele. – Vou descobrir todos os seus podres, Smith.

Homero me puxou pela cintura e me prendeu debaixo do próprio corpo.

– Pode vir com tudo, Scott – ele respondeu no mesmo tom desafiador que eu, depois me beijou.

Quando Homero se afastou eu toquei seu rosto e puxei suas bochechas.

– Cara, seu rosto é tão simétrico...

Ele riu e se jogou no colchão ao meu lado, farto da minha idolatria.

– Você realmente me acha tão bonito assim?

– Não seja modesto, não combina com você – empurrei-o de leve e me aconcheguei mais perto, deixando as minhas mãos descansarem em seu peito. Depois de algum tempo, falei: – Na minha reportagem sobre você vou dedicar um parágrafo inteiro só sobre essa pintinha aqui – meu dedo indicador tocou o lugar do sinal de Homero logo acima do lábio superior. – E essa aqui também – desci o dedo até outro sinal no pescoço. – E essa aqui – parei no seu ombro.

Sentei-me na cama.

– Tira a blusa.

– O quê? – ele riu.

– Vamos, tira a blusa! É para a minha reportagem, esse é um pedido estritamente profissional.

Homero ergueu a sobrancelha em descrença, mas, por fim, tirou a blusa.

Uau...

Ele se sentou na cama.

– Você está mais amorosa que o normal, isso está estranho.

Eu o ignorei e me coloquei no seu colo, minhas pernas entrelaçando sua cintura. Segui cada sinal que ele tinha desde os ombros até o peito. Um perto dos olhos, outro na orelha...

– E aí, já tem material o suficiente para sua reportagem?

– Acho que a minha reportagem vai virar um livro – sussurrei, realmente maravilhada com o meu namorado. Homero sorriu, passou os braços ao meu redor e me beijou levemente, seus lábios roçando nos meus de maneira carinhosa. Quando se ele afastou eu complementei, meio tonta: – O livro acabou de virar uma trilogia.

Ele riu de novo e me beijou mais uma vez, agora me apertando mais forte e aprofundando o beijo. Meu corpo reagiu ao seu imediatamente, ficando eletrizado com sua proximidade, minhas células vibraram.

– E agora temos uma saga completa! – arfei ao me afastar dele, completamente sem fôlego.

Homero ergueu a sobrancelha, sentindo-se desafiado.

– Vamos ver o que eu consigo com isso aqui – suas mãos foram até a barra da minha blusa, pronto para tirá-la de mim. Eu ri e concordei, levantando os braços para facilitar o seu trabalho – Acho isso nos daria uma série com muitos livros...

Depois da blusa muitas peças de roupa se foram. E algum tempo depois eu dei o veredito final, meio ofegante e definitivamente feliz:

– É, agora temos uma série de livros mundialmente famosa e com os direitos comprados para uma série de TV pela HBO!

– Me dê mais alguns minutos e faço essa série de TV ganhar um Grammy – Homero prometeu e beijou o meu pescoço, enterrando o nariz ali.

– Não me provoque!

Ele e eu rimos da nossa brincadeira. Deitada com a cabeça apoiada em seu peito, eu senti algo imensamente profundo me atingir. Estar ali com Homero era tão confortável que eu não desejaria estar em nenhum outro lugar. Senti-me tão feliz e realizada... Senti-me em paz.

– Homero – eu comecei, balbuciando.

– Sim, Cupcake?

– É, eu... eu... – eu te amo. Era isso que eu queria dizer. Eu o amava fazia tempo, mas até aquele momento nunca dissera as três palavras explicitamente. Sempre que tentava, falhava terrivelmente, perdia a capacidade da fala e desistia.

Ele ficou tenso e entendeu o que eu queria. Apertou-me mais forte.

– Lizzie...

O celular de Homero tocou e vi a minha deixa perfeita para escapar.

– Minha nossa, é o seu celular! Deve ser a sua mãe... Diga a ela que o jantar de amanhã está confirmado! – eu rapidamente peguei a blusa dele, que estava largada pelo chão, e me vesti. Corri para o banheiro e me tranquei lá, sem lhe dar tempo para protestar.

Homero suspirou e atendeu a chamada, conversando baixinho com a Sra. Smith.

Apoiei-me na pia do banheiro de Homero e me xinguei por fugir daquela maneira, amarelar em um momento tão importante!

Eu estava suando frio, e não era suor pós-sexo. Era suor de medo e ansiedade. Mas medo de quê? Homero também me amava, já era recíproco.
Encarei meu próprio reflexo e respirei fundo, lavando meu rosto quente com água gelada.

Deus, por que era tão difícil dizer "Eu te amo" ?

***

Encarei meu apartamento vazio pela última vez. Suspirei pesadamente, as chaves rodando nos meus dedos.

– Tchau, apartamento – disse para o cômodo escuro e por um momento eu podia jurar que a sala estava mobiliada de novo e todos os meus amigos estavam ali reunidos. Encostei o ombro no batente da porta. – Você vai deixar lembranças muito boas...

– Lizzie?

Eu me virei e dei de cara com a vizinha do outro lado do corredor, Helga. Muito magra e alta, Helga usava calças de tecido coloridas e uma blusa com o símbolo da paz. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque no alto da cabeça.

– Ah, oi – eu sorri para ela. – Estava me despedindo do apartamento.

– É, ouvi que você vai se mudar... É uma pena.

– É, sim – concordei. – Você viu o síndico por aí? Tenho que entregar essas chaves para ele ou se não vou me atrasar para um compromisso importante.

– Se você quiser, eu posso entregar – ela ofereceu enquanto abria a porta do próprio apartamento.

– Seria ótimo! – sorri para Helga, mas depois deixei os ombros caírem. – Gostaria que você não tivesse oferecido ajuda, assim eu teria uma desculpa para me atrasar...

Helga franziu o cenho, sem entender.

– Vou oficialmente conhecer a mãe do meu namorado hoje, estou um pouco nervosa... Quer dizer, eu estou pirando.

Helga riu e concordou.

– Espera aqui, tenho algo que talvez te ajude a relaxar.

– Sério? – perguntei esperançosa enquanto Helga se esquivava para dentro do seu apartamento, deixando um cheiro de incenso doce escapar para o corredor. Minutos depois ela voltou com um prato de brownies.

– Nada melhor do que comida para acalmar os nervos... Se é que me entende.

Eu ri, mas para ser sincera não entendi muito bem o duplo sentido na frase.

– Parecem estar deliciosos.

– Pegue alguns, vamos, você vai se sentir melhor.

Dei os ombros e comi alguns pedaços do brownie de Helga. Estavam simplesmente deliciosos.

– Meu deus, é maravilhoso! – murmurei de boca cheia. – Obrigada, Helga!

Entreguei as chaves para ela e sai do prédio ainda devorando alguns pedaços. Despedi-me do Sr. Desmond e entrei no táxi, indicando o endereço do restaurante.

Por causa do trânsito, demorou algum tempo para chegarmos ao restaurante. Eu realmente comecei a me sentir mais leve e pude até respirar melhor. Aqueles brownies eram mágicos! Precisava daquela receita para tentar fazer em casa depois.

O táxi parou no restaurante onde a mãe de Homero e meu namorado já me esperavam e o mundo girou um pouquinho, senti-me zonza.

– Senhorita, você está bem? – o taxista perguntou, quando ele ergueu o troco e eu não consegui agarrar o dinheiro porque estava vendo tudo triplicado.

Abri e fechei os olhos até voltar a enxergar normalmente.

– Estou ótima! – assegurei-o. Nada estragaria aquela noite.

Finalmente consegui pegar o dinheiro e saltar do táxi. Senti que estava flutuando pela calçada e uma onda de coragem se abateu sobre mim. Posso fazer isso, disse a mim mesma. A primeira vez que vi a Sra. Smith foi vergonhosa, mas naquela noite eu a impressionaria!

Entrei no restaurante e demorei um pouco para me orientar. Não consegui lembrar em qual parte do estabelecimento ficava a nossa mesa, precisei da ajuda do concierge para me levar até a mesa certa.

Os olhos de Trish brilharam quando ela me viu. A mãe de Homero se levantou e me deu um abraço apertado.

– Esperei tanto por este momento! – ela disse enquanto me esmagava. Eu sorri e abracei-a de volta. – Fico feliz que esteja bem depois de tudo que passou, minha querida... Fico muito feliz. E como posso agradecer? Nos salvou de ter que lidar com um homem como aquele!

Eu ri, meio desconcertada e me sentei ao lado de Homero. Ele colocou a mão na minha perna e me deu um beijo rápido.

– Oi... – sussurrei.

– Oi – ele sussurrou de volta.

Trish suspirou.

– Vocês são lindos juntos! – a expressão dela era a mesma que uma criancinha faz quando vê filhotinhos pela vitrine do petshop. – Ah, eu estou tão feliz!

– Hasthag Homeleth – Homero brincou e deu uma piscadela, empurrando minha perna por baixo da mesa.

Eu engasguei numa risada. Scarlett tinha feito aquele nome viralizar pela internet depois da minha "fama" e do meu vídeo saltando da Wolrd Slender. Teorias foram criadas, histórias contando tudo nos mínimos detalhes foram feitas e de repente Homero e eu éramos um casal famoso.

Por falta do que fazer, Scarlett se tornou a minha "assessora", já que meu pai tinha voltado para Washington e ela preferia cursar moda em Nova York. Os dois tentariam um relacionamento a distância.

– Então, Lizzie, como você está lidando com tudo isso? – Trish quis saber.

Encolhi os ombros.

– Semana passada quase agredi um paparazzi na porta de casa porque pensei que ele fosse me assaltar – contei. – É, não estou acostumada...

A mãe de Homero riu.

–Ás vezes eles passam dos limites, é verdade. Mas eu assisti as suas entrevistas e você se saiu muito bem.

– É! Até agora, as entrevistas foram ótimas... Espero que continue assim.
– A produtora de um programa me ligou – Homero contou, aproveitando a deixa. – Querem uma entrevista com nós dois.

– Nós dois?! – ecoei em choque.

– Sim... Eu disse que iria pensar.

Franzi o cenho.

– Uau... – empinei o nariz, brincando. – Preciso falar com a minha assessora antes.

Homero riu e chamou o garçom. Trish foi a primeira a fazer seu pedido. Enquanto ela falava, eu coloquei as mãos sobre a mesa, sentindo-as formigar.

Que estranho, pensei, enquanto as esfregava, mas a sensação não passou.

– E você, senhorita? – o garçom girou o corpo na minha direção com um sorriso.

Ergui a cabeça para ele e tomei um susto. O rosto do rapaz estava verde, assim como de súbito as luzes do restaurante também mudaram de cor.

O que está acontecendo?!

Instantaneamente, agarrei a perna de Homero e enfiei as minhas unhas ali. Ele sufocou um grito de dor e arfou.

– Liz! – grunhiu. – Está tudo bem?

O garçom percebeu a minha expressão de pavor.

–Há algo de errado, senhorita? – ele perguntou, inclinando-se para perto, e foi a minha vez de sufocar um grito, porque a pele da bochecha dele derreteu e pingou no chão. Sorte a minha Trish estar falando no celular e não ter percebido a minha reação.

–Homero! – eu disse baixinho, aproximando-me dele. – Ai, meu deus...

–Liz, qual o problema? – ele murmurou para mim, mas sorriu para o garçom. – Ela vai querer só uma água, por enquanto. E eu também.

O homem concordou, fazendo mais da sua pele pingar no chão – ai.meu.santo.Deus! –, e se retirou.

– Coitadinho... A pele dele... – eu gemi, sentindo todo o meu corpo estremecer. – Homero...

– Você está me deixando preocupado, Liz. O que você tem?

Respirei fundo e fechei os olhos.

– Eu não sei!

– Como não sabe? O que está sentindo?

Acabei de ver um homem de pele verde que derretia feito cera... E nunca estive tão zonza.

– Difícil explicar.

Trish fechou o celular. Eu me forcei a voltar o normal e abri os olhos. Ah, graças a deus, estava tudo bem. Ninguém estava derretendo! Abri um sorriso e me concentrei na Sra. Smith.

– Esqueci de avisar, Maryse está vindo jantar conosco – informou ela.

Homero ficou surpreso.

– Maryse está na cidade?

A irmã de Homero que era só um ano mais velha que ele, lembrei-me. Aparentemente, Maryse era uma daquelas pessoas que nunca parava em um só lugar. Ninguém nunca a controlava, estava sempre viajando, vivendo aventuras e sendo livre. Ela e Trish tinham um relacionamento conturbado.

– Você sabe como é a sua irmã – explicou Trish, gesticulando – Vai e volta quando lhe bem entende. Ela estará aqui em alguns minutos... Mas, me conta, Elizabeth, você tem irmãos?

Para ser sincera, eu estava meio que viajando, pensando em coisas aleatórias. Manter a minha concentração no rosto da Sra. Smith foi extremamente doloroso e difícil.

– Não, sou filha única – consegui dizer depois de um certo esforço. – Mas tenho uma família bem grande.

A mãe de Homero desatou numa conversa solo sobre famílias. Tentei ao máximo ignorar as coisas absurdas que aconteciam ao meu redor e focar no que a mulher a minha frente dizia.

Balancei a cabeça, concordando com tudo que ela dizia, e quando Trish riu, eu ri também. Ri tanto que chorei.
Estava tudo ocorrendo bem, porque me preocupar? A alucinação deveria ser efeito do nervosismo.

– Viu? Lizzie acha graça das minhas piadas! – Sra. Smith disse ao filho.

Ele concordou, meio desconfiado, e olhou para mim.

– Está sr sentindo bem?

– Perfeita, gato. Estou perfeita – toquei no rosto dele e dei um tapinha gentil.

Gato? – ele repetiu perplexo.

– É... – olhei pro ombro de Homero, onde na minha cabeça tinha um gato acomodado. Ri baixinho comigo mesma. – Gato!

Voltei a minha atenção para a Sra. Smith, ouvindo-a com diversão. Quando os aperitivos chegaram, eu peguei o meu garfo e o estudei.

–Homero, o que nós fazemos com isso aqui?

– Você está brincando?

Olhei para ele irritada.

– É claro que não... Opa! – movimentei o garfo no ar e quase o deixei cair.

– Liz, o que há de errado com você?

Inflei o peito.

– Não tem nada de errado comigo!

– Você não sabe usar um garfo, é claro que tem algo de errado com você!

– Eu só me esqueci! – respondi na defensiva. – É claro que sei usar o glarfo.

Garfo.

– Foi isso que eu disse.

Para mostrar o meu ponto, peguei o garfo e espetei um pedaço de queijo, fazendo isso com muita pompa e estilo, ou pelo menos foi o que eu achei.

– Está vendo? – eu disse de boca cheia, mastigando com vontade – Eu sei usar o glarfo.

– É gar... Ah, esquece.

– Está tudo bem entre vocês? – perguntou Trish.

– Melhor impossível! – eu respondi, talvez mais animada do que o necessário. Estava sentindo o estômago borbulhar e o mundo mudar de cor, mas àquela altura eu achei tudo normal. Joguei-me na cadeira e passei um braço pela cadeira de Homero. – Estamos ótimos, o Homero e eu. Sabe, Trish, eu amo... – travei. Homero ergueu a sobrancelha, esperando que eu continuasse. Desesperada, tossi e retomei a frase. – Eu amo estar com o Homero. Ele me faz feliz demais. Ele me faz incrivelmente feliz. Vou escrever um livro sobre ele!

Trish riu, surpresa.

– Ah, é mesmo?

– Ela está brincando – Homero adicionou. Olhou para mim, incerto. – Não está?

Antes que eu pudesse responder, a Sra. Smith exclamou:

– Maryse!

Ela se levantou, o rosto pálido e as mãos trêmulas.

– Mãe! – uma voz respondeu. Um vulto se aproximou da mesa e envolveu a Sra. Smith. Agarrei o braço de Homero.

– Sua mãe está sendo atacada por um dementador!
– Como é que é?

Balancei-o, meu medo crescendo. O vulto tinha se transformado em um dementador, como os de Harry Potter, e nesse momento ele sugava a alma de Trish.

– Caramba! Eu preciso ajudá-la!

Levantei-me da mesa, pronta para tirar o monstro de cima da minha futura sogra e parei. Em um piscar de olhos, o monstro de transformou numa garota linda, de cabelos pretos repicados e olhos azuis como da mãe. Ela tinha um piercing no nariz.

– Maryse, essa é a Lizzie. A namorada do seu irmão.

Os olhos olhos azuis dela focaram nos meus e se arregalaram.

– Puta merda! – ela disse e soltou uma risada alta, como se achasse aquilo incrível. – Essa garota aqui está chapada!

Maryse! – protestou Trish. – Que linguajar é esse?

Assustada, eu cambaleei para trás e me apoiei na cadeira.

– Eu preciso ir no banheiro.

Dei as costas para a mesa e corri para longe, tentando ao máximo não tropeçar nos meus próprios pés.

– Você a ofendeu! – ouvi Trish dizer para a filha.

Deixei aquela parte do restaurante e procurei pelo banheiro, mas não o encontrei. Senti o suor de acumular na minha testa e ofeguei. O que está acontecendo comigo?

A preocupação não durou por muito tempo. Logo, eu me vi fascinada pelas luzes do restaurante, que brilhavam feito estrelas. Estava tudo bem, tudo ficaria bem. Eu só precisava achar a mesa da família de Homero...

Depois cinco minutos perambulando sem destino, decidi que era melhor ligar para Homero. Eu estava rindo sem motivo de novo, e me estatelei na parede, sentindo a gravidade agir sobre mim de uma maneira estranha.

– Cupcake? –ele atendeu no primeiro toque.

– Na verdade foi um brownie – eu respondi sem ter ideia do que estava falando. Estava cada vez mais zonza, o senso de direção péssimo. Era impressão minha ou as luzes do restaurante estavam verdes de novo?

– O quê?

– Homero, tem algo de errado comigo.

– É, Liz, é o que eu estou dizendo a noite inteira... Onde você está?

Eu comecei a rir e passeei pelo corredor onde me encontrava.

– Estou aqui... Opa! – tropecei e esbarrei em um garçom, mas por sorte ele estava de mãos vazias. Corri até uma parede e me estatelei ali de novo. – Homero, tem algo de muuuito errado comigo.

Eu estava rindo de novo. As luzes agora estavam rosas! Será que eu sem querer entrei em uma boate?

– Agora eu estou realmente preocupado. Onde você está, Liz?

– Aqui, na boate! Quer dizer, no restaurante... Estou aqui! Só venha me buscar.

Desliguei o celular e guardei-o no bolso. Continuei fixada a parede e analisei o lugar. Era definitivamente uma boate. A luz de rosa mudou para laranja. Mas cadê a música?

Cutuquei um garçom que estava perto, acho que ele estava tentando me dizer que ali era "um local restrito somente a funcionários".

– Ei, DJ, cadê a música?

– Desculpe?

– A música! Mú-si-ca.

Abri os braços, tentando fazê-lo entender.

– Música, DJ!

– Venha comigo, senhorita.

O homem, contra a minha vontade, me levou por portas duplas brancas para outro local, cheio de mesas e pessoas. Eu sinceramente preferia a boate.

Eu estava protestando com o garçom, implorando para voltar para a boate, quando uma voz me fez parar.

– Lizzie.

Girei nos calcanhares e sorri.

– O amor da minha vida! – coloquei as duas mãos sobre o rosto preocupado de Homero e o beijei. – Como sabia que eu estava aqui?

– Você me ligou... O que há de errado com você, afinal?

Franzi a testa.

– Estou ótima, nunca estive melhor! Onde está a sua mãe? Estou pronta para impressioná-la de novo!

Procurei pela Sra. Smith, mas Homero segurou os meus ombros, voltando minha atenção para ele.

– Lizzie, olhe para mim.

Pisquei e tentei encará-lo, mostrando seriedade. Eu não sabia, mas meus olhos estavam completamente vermelhos.

– Você fumou maconha?

Eu cai na gargalhada, me dobrando de rir, mas subitamente fiquei séria.

– Homero... – balbuciei. Tapei a boca e arquejei, depois me joguei nos braços dele e lhe contei em segredo: – Preciso de contar uma coisa, é muito importante.

– Diz logo, Liz.

– Eu acabei de ver... Um duende!

Cai na risada de novo e Homero precisou me segurar para que eu não tropeçasse.

– Ai, que bom que aceitei aqueles brownies!

Brownies? – Homero franziu o cenho, ainda me segurando pela cintura. – Você comeu brownies?

– Sim, a minha vizinha me ofereceu. Ela disse que me ajudaria a relaxar, já que eu estava toda nervosa para conhecer a sua mãe.... A sua mãe! Vamos voltar para ela!

Desvencilhei-me do meu namorado e cambaleei pelo restaurante, mas logo Homero me segurou pelo braço.

– Tudo bem, vem cá – pacientemente, Homero me arrastou até o bar e me colocou sentada em um banco – Lizzie, tinha alguma coisa nesses brownies?

– Chocolate?

– Não, outra coisa...

– Talvez castanhas – ponderei. – Definitivamente uma colher de essência de baunilha! Ah, os brownies estavam maravilhooosos!

Ri e balancei os pés no ar, sentindo-me estranhamente feliz e leve.

– Ai, caramba... – Homero suspirou e passou as mãos pelo cabelo.

– Qual o problema, amor? Há algo de errado? – inclinei a cabeça para o lado e fiz bico. – Já disse que você está um pedaço de mal caminho hoje?

Homero riu.

– Obrigada. E sim, há algo de errado. Minha namorada está completamente chapada!

– Oh, ela está?! Caramba, que chato isso... Mas cadê ela? – eu procurei pela possível namorada de Homero, só para segundos depois me lembrar. – Espera... Sua namorada sou eu!

– É – ele respondeu e depois se dirigiu ao barman. – Pode me ver uma água com muito gelo e limão?

– Então... Eu estou chapada? – apontei o indicador para mim.

– Sim.

– Com "chapada" você quis dizer "doidona" mesmo?

– Você está sofrendo os efeitos da maconha – Homero foi direto. – E a minha mãe vai ficar preocupada porque sumimos...

– Homero – eu o chamei parcialmente séria. – Eu não faço a mínima ideia do que você está falando.

Ri de mim mesma tão alto que comecei a chamar a atenção das outras pessoas no bar, gargalhei até chorar.

– Eu me sinto tão leve... – rodei no banquinho e abri os braços. – Tãaao leve!

– Homero? – uma voz feminina surgiu atrás do meu namorado, assustando-me. Cai do banco de pernas para cima e vi literalmente estrelas dançando sobre a minha cabeça.

Maryse começou a rir, vindo ao meu socorro junto com seu irmão enquanto eu tentava me livrar das estrelas como se fossem moscas. Eles me colocaram de pé e prendi o ar quando um rosto bonito da pessoa parada à minha frente entrou em foco.

Cutuquei Homero e sussurrei:

– Amor, acho que essa daqui é sua irmã... – contei à ele, acreditando que estava realmente sendo discreta, mas é claro que Maryse estava ouvindo enquanto eu "sussurrava".

– Obrigada pela informação, Lizzie – Homero murmurou de volta.

– Não há de quê, querido! – satisfeita em ter ajudado, eu dei um grande sorriso me sentei no banco do bar novamente.

– Cara, eu amo a sua namorada! – Maryse disse, cruzando os braços com um olhar divertido. – Ei, Lizzie, tem um pouco da Maria Joana com você aí?

– Quê? – eu perguntei, ocupada demais brincando com o canudo da minha água com limão para entender.

– Lizzie acidentalmente comeu brownies batizados – explicou o Homero para a irmã, enquanto me segurava para que eu não caísse do banco. – Não fumou a maconha em si.

– Oooh – a irmã dele assentiu – Faz sentindo. Ela sabe que o efeito ao ser ingerido é bem mais forte, não é?

– Eu não sabia que o brownie ia de me deixar super doidona – admiti.– Só queria ficar mais calma, estava nervosa para conhecer a Sra. Smith.

– A mamãe vai ter um troço quando vê-la assim. – disse Maryse.

– Ela não vai vê-la assim. Mary, me ajuda. – Homero pediu. – Enrole a mamãe enquanto eu a levo para casa, diga que Lizzie ficou doente, inventa qualquer coisa.

– Hum... Tudo bem, eu faço isso, mas quero ter um dia inteiro com sua Mercerdes.

– O quê? –Homero quase gritou, mas se conteve. – Você é uma barbeira!

– E agora são dois dias agora, só pelo insulto – informou Maryse.

Homero xingou baixinho.

– Tá, tudo bem. Feito. – eles trocaram um aperto de mão e Maryse abriu um grande sorriso.

– É sempre um prazer fazer negócio com você, irmãzinho. Lizzie, adorei conhecê-la.

– Eu também! – disse emocionada, acenando para a irmã de Homero.

– Vamos, Lizzie. Vou te levar para casa.

Homero disse, puxando-me pelo braço.

– Você vai cuidar de mim? – eu perguntei, trôpega.

– Sempre, Lizzie, sempre.

***

– Gabiiiiii! – eu cumprimentei a minha amiga quando Homero me carregou no colo até a sala. – Minha amiga! Hummm, o que está cozinhando? Está com um cheiro ótimo!

– O que há de errado com ela? – Gabriela perguntou ao Homero, assustada, parando de mexer a panela no fogão da cozinha do nosso novo apartamento.

– Brownies batizados com maconha – Homero explicou sucintamente.

– O meu namorado não é lindo, Gabi? – eu toquei o rosto de Homero sorrindo debilmente.

Gabriela riu.

– Ela vai ficar bem?

– Vai, sim... Depois que o efeito passar. – ele caminhou comigo até o balcão e deixou lá uma sacola com vários potes de comida chinesa. – Isso aqui é para quando ela acordar, vai estar morrendo de fome. Vou levá-la lá para cima, agora – Homero avisou, carregando-me nos braços escada a cima.

Ele era a paciência em pessoa.

– Tchau, Gabiiii – acenei para a minha amiga.

– Tchau, Lizzie. – ela abriu seu sorriso lindo para mim e balançou a cabeça, achando graça da situação.

A cada degrau que o meu namorado subia eu fazia um barulho com a boca. Homero me lançou um olhar enviesado e eu simplesmente ri, como uma garotinha travessa. No último degrau, ele ameaçou subir, mas parou. Eu estava pronta para fazer o barulinho e me contive. Cobri o rosto, escondendo-me de Homero.

Ele finalmente subiu o último degrau e eu fiz o barulho. Homero riu e eu também, balançando as pernas no ar.

– Eu me sinto tão leve! – disse pela centésima vez na noite.

Homero entrou no meu quarto e me colocou na cama. Ele tentou se afastar mas eu o puxei e o prendi entre as minhas pernas, recusando-me a deixá-lo ir aonde quer que fosse.

– Homero, tenho algo importante a te dizer.

– Está vendo um duende de novo?

Ponderei.

– Também... Mas não é isso.

Homero chutou os sapatos e me prendeu em um abraço.

– O que você quer dizer, então?

Segurei o rosto dele de uma maneira muito troncha e tentei ficar séria.

– Eu... te amo.

Ele sorriu e tocou o meu rosto também.

– Você precisou ficar doidona para conseguir dizer isso?

– Ei, estou dizendo de coração!

– Eu sei que está.

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

– Homero?

– É o duende de novo?

– Não! Quer dizer, sim, ele está aqui, mas o Sr. Duende é comportado. É outra coisa...

– Diz, então.

– Eu te amo demais. Ai, eu finalmente consigo dizer! Eu te amo, eu te amo, eu te amo! J'taime. Te quiero. Saranghae. Ich lieb dich. Ti amo!

Homero simplesmente riu.

– Eu também te amo, minha namorada poliglota.

– Tá, mas você me ama mesmo eu estando chapada?

– Mesmo você chapada – ele afirmou.

– Tem certeza? Porque eu estraguei nosso encontro com a sua mãe.

– Foi um acidente, não se preocupe com isso.

Ficamos em silêncio.

– Homero? – eu o chamei novamente.
– Sim?

– Eu provavelmente vou cair no sono agora... Mas posso ser sincera?

– Claro.

– A Lizzie chapada ama você. E a Lizzie sóbria também.

Homero riu e me deixou descansar a cabeça em seu peito, virando o rosto e me encarando por muito tempo com um sorriso sereno no rosto.

Dei risadinhas.

– Você está me olhando feito um bobo apaixonado...

– E eu sou mesmo um bobo apaixonado.

– Jura, por quem?!

– Só durma, sua boba. Você está doidona.

Abracei-o forte e me senti feliz. Antes de adormecer, eu falei:

– Homero?

– Sim?

–Eu te amo – e repeti isso várias vezes, até finalmente adormecer.

***

Oioioi amores!!! Que saudades que eu estava de vocês 💙💙💙💙

Gente, desculpem pela trolada mais cedo. A Tia é muito retardada (mas isso não é novidade) e aí eu sem querer publiqueo C.B antes da hora.

Mas enfim, gostaram do capítulo??? Espero que sim, já que foi a primeira e  trágica experiência com "Maria Joana" da Lizzie Kkkkkk

Obrigada pela minha irmã que me ajudou nas pesquisas sobre o efeito da  maconha (já que eu nunca experimentei, rs). ❤

Esse capítulo era pra ter saído bem mais cedo, mas como eu já deixei mais que claro aqui pra vocês, sou muito desastrada. Eu sem querer queimei meu dedos com óleo quente e fiquei um tempinho sem conseguir escrever nada ( palmas para mim).

Mas valeu a pena, quemei os dedos mas consegui fazer bolinhas de queijo kkkkkkkkkk

O próximo capítulo vai ser da Gabi!!!! E vai ser no mesmo dia do incidente com a Maria Joana, ok? Tô ansiosa pra mostrar um pouco mais da Gabi pra vocês!!!

Por hoje é isso! Um beijo no coração😘

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