LAÇOS MORTAIS | Bonkai |

By Dark_Siren4

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Logo após o desastroso casamento de Josette e Rick, Bonnie pensa ter se livrado de seu pior pesadelo: Kai Par... More

Antes de começarmos...
1. Que os Jogos Comecem
2. Armadilha
3. Nosso Pequeno Quiz
4. Lacey, minha amiga zumbi
5. Fogo Líquido
6. Minha Droga
7. Minha Bela Adormecida
8. Dentro do Labirinto
9. A Árvore Morta
10: Rosalie
11. Um Passeio com A Morte
12. Bato um Papo com a Minha Consciência Gostosa
13. Zelador, Garoto de Recados e Assassino
14. Estou de Mudança
15. O Rouxinol
16. A Bailarina, o Sociopata e a Tigresa
17. Cúmplice da Morte
18. Silêncio
19. Lição
20. Fogo e Pólvora
21. Meu Novo Ursinho de Pelúcia
22. Jantar Nada Romântico
23. Encontro com o Exterminador do Futuro
24. A Chamada
25. Controle
26. Tentação
27. A Visita
28. Acordo Desfeito
29. Brincando com Facas
30. Ataque de Fúria
31. Le Courtaud Rouge
32. A Caçada
33. Pedaços de Uma Outra Vida
34: Uma Brecha do Passado
35. Onde os Lobos Habitam
37. A Alcatéia de Paris
38. Dentro de Mim
39. Conversas Ocultas
40. Quase Amigos
41. Pratos Limpos
42. O Jantar Sangrento
43. Entre Deus e o Diabo
44. Bandeira Branca
45. Vamos Passear
46. Palavras Secretas
47. O Duelo
48. Despedida
49. Regresso
50. Genesis
51. Pesadelos e Decisões
52. Reencontro
53. Sobre Um Homem Cruel
54. Minha Existência
55. O Lírio
56. Perseguida
57. Sob Sete Palmos
58. Suspeita
59. Feridas
60. Ameaça
61. Descoberta
62. Trégua
63. Pertencer
64. Vozes
65. Fantasmas
66. Renascida
67. Encruzilhada
68. Água e Vinho
69. Convidados
70. Disputa
71. Café da Manhã
72. Jardim Noturno
73. Mortos
74. Intervenção
75. Fuga
76. Esperança
77. Profundezas
78. Limbo
79. Decisão
80. A Porta
81. O Monstro em Mim
82. Expostos
83. Limites
84. Lobo Mau

36. Desejo e Segredos

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By Dark_Siren4

Para @LariMatsu por não desistir nem um dia sequer de ter mais um capítulo de LM 😉😂

Engoli o pedaço de bolo que estava mastigando de uma só vez. Aquilo provavelmente teria me feito sufocar, mas nem isso eu registrei. Vi apenas o crescente número de pessoas paradas do outro lado da rua. De trinta, passaram rapidamente para cinquenta, e mais pessoas vinham de outros pontos.
Avistei mais deles, parados mais longe na mesma rua, me observando.
Por seus olhares, eles estavam loucos para estraçalhar cada músculo de meu corpo, mas algo os impedia.
Farejei o ar.
Cheiro de cachorro molhado e terra. E o odor estava tão concentrado que saturava o ar.
Então, me dei conta.
Apollon não havia feito aquilo... Sem chances! Não!
Ele nos trouxe para uma colônia de lobisomens! Um vampiro no meio de todos aqueles animais. Tinha como ficar melhor?
Esperei, com o queixo erguido que algum daqueles monstros fedorentos tentasse se aproximar. Mas, nenhum deles demonstrou esse tipo de loucura. Antes que pudessem sequer pensar em me tocar, todos cairiam mortos naquela calçada.
Continuei os encarando, até que sons brutais chegaram até mim. Rosnados.
Como que ensaiado, os olhos de todos eles emitiu um brilho amarelo intenso em uma ameaça explícita.
Senti as presas rasgando por minha gengiva e a ardência sob os olhos. Um grunhido escapou de minha garganta em um claro convite para a briga. Eu não queria deixar dúvidas quanto ao que eu era e o que faria se um deles tentasse cruzar o asfalto.
Apesar da agressividade latente, todos eles se acalmaram, fazendo os olhos amarelos desaparecerem subitamente, substituindo-os por castanhos, verdes e azuis.
Sem dizer nada, me virei e entrei na casa batendo a porta atrás de mim.
A falta de sangue fez com que fosse mais difícil retornar à meu estado racional, mas depois de alguns minutos e consegui pensar com toda a clareza do mundo.
Caminhei até uma das janelas e vi que alguns dos lobisomens estavam se dissipando, enquanto outros chamavam e ficavam parados observando a casa. Como se estivessem... curiosos e um tanto intimidados.
Fechei as persianas e respirei fundo.
- Señor Kai- chamou Sol da cozinha- Tiene un grupo del personas do otro lado de la calle...
- Eu sei- murmurei, ainda olhando para a turba através das cortinas transparentes de estátuas paradas de outro lado da rua.
Voltei meus olhos para ela, sério.
- Você não pode sair dessa casa e muito menos, Bonnie. Entendeu?
Ela assentiu fervorosamente com os olhos levemente arregalados.
- Yo puedo...?- assinalou para o prato ainda colado em minha mão. De repente, eu havia perdido o apetite.
- Claro- entreguei o prato com pedaço de bolo inacabado.
Sol voltou para seus afazeres na cozinha com um silêncio incômodo. Ela estava tão preocupada quanto eu.
Me joguei em uma enorme poltrona de couro negro e fiquei observando o jardim dos fundos da casa, através das grandes portas de vidro.
Deixei a mão cair sobre os cabelos, tentando de alguma forma resolver toda aquela situação. E nem precisava dizer o quanto eu estava furioso com Apollon.
Para ele não adiantaria usar uma prisão de segurança máxima. Não. Ele preferia um condomínio FECHADO e cercado por enormes muros. E claro, dentro daquele aparente lugar agradável, havia um bando inteiro de lobisomens. Apesar de não saber nada sobre essas coisas, já que o único contato que tive com um deles foi quando Tyler me mordeu, aquele era o maior bando que eu já vi.
Quem precisava de barras de aço e penicos de metal, quando tinha uma quantidade incrível de carcereiros com garras e dentes?
Levantei os olhos para a enorme sala, sentindo uma enxaqueca daquelas chegando, quando percebi os móveis flutuando à minha volta.
Que ótimo. A raiva estava descontrolando minha magia. Sorte eu não ter explodido as paredes sem querer, ou teríamos grandes problemas.
Estendi a mão, com a palma voltada para baixo e assisti enquanto ela abaixa junto com os móveis que estavam no ar. Houve um baque surdo quando todos pousaram no chão.
Resolvi me levantar e começar a agir. Respirei e inspirei profundamente, fechei os olhos.
- Sancti praesidio tegat muros contra infideles, et ab omnibus malis per umbram noctis frigore explorator est, quod est operimentum in frigore calefaciat.
Repeti o feitiço mais oito vezes só para comprovar a eficácia. Desse modo, qualquer lobo que tentasse atravessar a porta, ou simplesmente ousasse invadir a casa sem nossa permissão, viraria espetinho de carne de lobo bem passado. Mas isso, não me deixou totalmente confortável com a situação. Eu odiava a idéia de ficar preso naquela casa como uma vítima até Apollon ter a boa vontade de conversar com seus súditos.
Isso era enervante.
Nem me dei conta de que havia caminhado para o andar de cima, até estar percorrendo o corredor que levava até meu quarto. O predador dentro de mim estava assumindo.
Toda aquela situação estressante somado à fome, estava me fazendo perder o controle. Eu precisava me alimentar. De Bonnie.
Claro, que tinha Soledad, mas eu nunca a mordi. Meu instinto sempre me levava de volta para aquela garota, como se a fera dentro de mim necessitasse de seu sangue, da necessidade de marcá - la. E o mais engraçado, era que antes disso tudo de cadeia interdimensional e o lance da Gemini, eu nunca fui realmente interessado em ninguém, nunca tive nenhum sentimento de possessividade por nada que não fossem objetos. Mas, lá estava eu, a fera em minha cabeça martelando a mesma palavra incansavelmente em meio à enxaqueca pela fome: Minha. Bonnie é minha. Minha.
O maldito perfume delicioso de seu corpo estava por todo o quarto. Senti-lo foi como um soco no meio das pernas.
Soltei um gemido rouco, segurando no batente da porta em busca de algum apoio. E lá estava ela.
Deitada nos lençóis de seda com as costas voltadas para o teto, o rosto afundado nos travesseiros com o cabelos negros desgrenhados em volta de si. A camisa cinza havia subido ligeiramente, revelando a calcinha de renda branca agarrada ao relevo do bumbum e os quadris.
Meu rosto todo ardia e as presas estavam rasgando a carne de minha boca ao se alongarem contra o lábio inferior. Deus...
Ouvi algo estalar alto. Olhei em direção à minha mão sobre o batente da porta. Ele estava se rachando pela pressão de meus dedos, deixando impressões digitais de sangue.
Não estava doendo nem um pouco, mas meu estômago estava contando outra história.
Um farfalhar macio se fez no ar, junto com um suspiro baixo como o de um gatinho. Voltei a cabeça para Bonnie.
Ela havia se virado sobre o colchão, estendendo as longas pernas nos lençóis. A camisa que ela vestia aberta um pouco mais abaixo dos seios, em um decote provocante. Seu pescoço estava revelado em toda aquela nudez, quase como um chamado.
Foi como ser puxado por uma força gravitacional invisível. Não senti o movimento de minhas pernas, eu só registrei que me aproximava dela cada vez mais.
Não pensei que ela poderia acordar, apenas me deitei sobre seu corpo. Minha respiração estava acelerada, meu coração batendo tão rápido que podia sentir o zumbido do sangue nas veias.
Eu queria. Não. Eu precisava dela. Do sangue que seu coração bombeava por todo aquele corpo macio e quente...
Bonnie abriu os olhos.
Ficamos nos encarando sem dizer nada. Não havia o que ser dito naquele momento. Ela não parecia nem um pouco surpresa de eu estar sobre ela e daquela forma. Também não fiz questão de esconder a ereção enorme sob meu jeans. Excitação e fome pareciam ser uma coisa só quando se tratava dela.
E Bonnie também não parecia estar incômodada com isso. Era como se mais nada pudesse afetá - la. Ela estava intransponível, até mesmo para mim.
Tudo o que a garota fez foi girar a cabeça, deixando o pescoço à mostra, em um convite.
Droga... Aquilo me deixou tão excitado...
Vi minha própria mão, alisando seus cabelos negros sobre o travesseiro. Meu rosto pousando no seu para sentir a maciez de sua pele morena.
Bonnie fechou os olhos, ainda imperturbável. No entanto, pude ouvir um leve oscilar de seu coração.
- Eu estou...- arfei, com um rosnado em minha voz-...com tanta fome de você.
Sua pele ficou quente de imediato. Ela estava excitada apesar do antagonismo que nutria por mim.
Eu gostei daquilo.
Meus lábios, pousados em seu maxilar se abriram, deixando as presas tocarem sua pele macia, descendo. Então, para minha surpresa, Bonnie se arqueou oferecendo seu pescoço à mim.
Aquilo acabou com meu autocontrole. Sem saber direito qual veia eu estava mirando, afundei os caninos em sua garganta com força.
Ela gemeu de dor. E por algo mais. Prazer?
Pensar naquilo me fez ficar mais ansioso, sugando seu samgue com força. Ela tinha um sabor completamente diferente de tudo que eu já havia provado. Estava mais apimentado, encorpado e ainda assim, mais doce que nunca.
Minhas mãos, em resposta à toda essa provocação, desciam por seu corpo. Apertei sua cintura contra meu corpo. Meu braço reivindicando tudo aquilo. A outra mão vagando por seu tórax, até se aferrar ao seu seio direito, apertando aquela carne suculenta como se minha vida dependesse disso.
Rosnados subiam por meu peito, por mais que eu tentasse conter. Eram a forma que o predador dentro de mim encontrava de extrapolar todo aquele desejo por ela.
Usei as pernas para impulsionar seu corpo mais para cima, fazendo suas pernas se abrirem para mim. Depositei todo o meu sobre seus quadris, e mesmo através da calça jeans, pude sentir seu centro quente e úmido embaixo de mim.
Mesmo de olhos fechados, os senti revirar em suas cavidades, ao constatar que podia possuí-la naquele momento. Pensei em soltar seu seio, apenas para descer a calça e penetrá - la, porém um pensamento lúcido se acometeu sobre mim: o de que se eu fizesse sexo com ela agora que eu estava me alimentando perderia o controle e poderia matá-la.
Soltei um gemido de raiva, desejando poder soltar sua veia e transar com ela ali mesmo. Mas eu estava com tanta fome.
Isso teria que esperar.
Como que adivinhando o que se passava em minha mente, Bonnie se moveu embaixo de mim. Seu quadril roçando minha ereção em uma onda.
Oh, Jesus...
E ela fez de novo.
Meu corpo quase entrou em combustão espontânea.
Completamente descontrolado, afundei os quadris em seu centro macio sob a calcinha de renda. Os braços dela pousaram em meus ombros, descendo por minhas costas e puxando minha camisa para cima.
Uma corrente fria deslizou por minha pele nua.
Bonnie moveu os quadris de novo, golpeando meu sexo com todo aquele prazer.
Me afastei de seu pescoço, só para perfurar o outro lado.
Ela gritou de novo, fazendo mais fogo se espalhar por meu corpo.
Senti suas pernas entrelaçando meus quadris, enquanto ela investia contra mim. Eu não fiquei atrás, querendo desesperadamente me embrenhar dentro dela, mas naquele momento só podia ter aquilo. Então, me movimentei com ela, fantasiando que ela estava me cavalgando, com os seios se movendo no seu ritmo, os cabelos jogados para trás enquanto sua mão, deslizava por meu peito e eu segurava seus quadris com força, controlando os movimentos dela.
Mais rápido. Mais... rápido...
Gemi, em seu pescoço, gozando completamente com aquela imagem. Me afastei de sua fonte sangue, bufando como um cavalo após a corrida, meu estômago estava tão cheio que estava doendo. Mas era uma dor boa.
Sem forças para erguer a cabeça, de seu colo, apenas toquei a pele de sua bochecha. Geralmente, quando eu me alimentava dela, Bonnie tendia a ficar pálida e fria como um cadáver, porque eu sempre tirava um pouco mais do que deveria.
Mas, não dessa vez.
Ela estava quente. Muito quente. Senti o rubor de suas bochechas no ponta de meus dedos.
Ergui a cabeça de imediato.
- Você está bem?- questionei, temeroso de que ela pudesse estar febril por causa de alguma doença humana.
- Sim- ela respondeu, franzindo as sobrancelhas para minha pergunta.
- Não está sentindo nada diferente? Eu posso chamar um médico se precisar.
O pensamento de outro homem a tocando, mesmo que fosse para examiná - la, fez aquela possessividade ressurgir de novo. Contive um rosnado.
- Sim, eu estou bem, Kai- resmungou.
- Precisa de sangue?- murmurei, ainda... preocupado? Que merda...?
Por um segundo os olhos de Bonnie brilharam, no entanto, ela extinguiu isso no mesmo instante.
- Sim. Estou ótima- disse, um tanto irritada- Agora, eu preciso dormir.
Verifiquei sua temperatura mais uma vez. Quente. Demais.
No entanto, saí de cima dela, e tirei as botas e a camisa, partindo para um banho.
Quando voltei, enrolado em uma toalha, Bonnie estava dormindo de novo. Usei minha camisa, que eu estava usando antes, para limpar os resquícios de sangue em seu pescoço.
Quente. Demais.

◆◆◆◆◆

O dia desapareceu tão rápido que fiquei me perguntando se ali o tempo não passava de uma forma diferente.
Pensar naquilo me fez lembrar do Mundo Prisão, onde o tempo era sempre a mesma merda cronológica. O mesmo dia. O mesmo ar ensolarado e feliz. O mesmo vazio e silêncio. Sempre o mesmo.
Ajeitei a gola da camisa branca, espantado aqueles pensamentos sombrios. Eu precisava estar concentrado aquela noite, ainda mais se tratando de Apollon e seus lobos de estimação.
Ele queria algo de mim, e eu podia tirar vantagem daquilo. Seria apenas uma questão de equilibrar interesses.
A pergunta era: o que ele realmente queria? Estreitar laços com a outra espécie é que não era. Em nossas poucas conversas, o cara nunca deixou claro o que exatamente esperava de mim, apesar de eu estar bem curioso. O fato é que aquele cão me tinha no bolso com aquelas fotos das garotas mortas que espalhei por seu território. Não que eu temesse o que humanos fardados podiam fazer comigo- Deus sabe que a hipnose é bem útil nesse departamento- mas eu não gostava nada mesmo de ter um uma horda de cães no meu rastro, seguindo a trilha de corpos que eu com certeza deixaria por aí.
Então, apenas restava deixar-me levar pela situação até conseguir descobrir um dos elos mais fracos de meu inimigo.
Ajeitei a gravata de seda prata contra a gola da camisa, revirando os olhos para toda aquela pompa ridícula. Jeans e camisetas eram a minha praia, mas se tratando de selar acordos com o inimigo boa aparência era um bom primeiro passo.
O terno risca de giz preto tinha medidas tão exatas que poderiam ter sido feitas no meu próprio corpo por um costureiro da alta moda. Pensar em Apollon mandando um de seus queridos filhos decorar a largura de meus ombros, ou número dos meu sapatos me fez ter uma leve crise de riso.
- Algo engraçado?
Me voltei para a entrada do quarto. Bonnie estava lá.
Ela tinha insistido em se arrumar no outro quarto, pois suas roupas estavam lá e Sol poderia ajudá-la a escolher algo apropriado. E droga... Ela com certeza conseguiu me deixar sem palavras.
Aquele vestido negro caía perfeitamente por suas curvas até repousar no chão, deixando uma leve abertura na coxa esquerda, mas sem revelar demais. O busto estava perfeitamente equilibrado entre o recato e a sensualidade, juntamente com as alças finas do cetim que deixavam seus braços magros e delicados à mostra.
Ela havia se certificado de manter os cabelos escuros presos em um coque com alguns fios sedosos escapando.
Mirei seu pescoço macio e delgado, um tanto desapontado por ela já ter colocado o colar de diamantes ela mesma. Eu gostava de desculpas para tocar em sua pele viciante e perfumada.
Bonnie mexeu no brinco de diamantes nervosamente.
- Como pode ver não estou usando nada vulgar- disse, com a voz um pouco incerta, mas sem perder aquela altivez que eu odiava e adorava ao mesmo tempo.
Percebi que havia ficado estático no meio do quarto ainda ajeitando uma das abotoaduras no punho da camisa.
- Vem cá- murmurei, ofegando como um asmático.
Bonnie veio até mim, cada passo liberando um pouco mais aquela abertura no vestido de noite. Merda, eu estava ficando duro. Pensamentos nada gentis passaram por minha cabeça. Subitamente, a imagem de mim mesmo erguendo sua saia e a colocando contra a parede a pegando por trás me pareceu tão tentadora que me forcei a continuar parado onde estava.
Bonnie parou diante de mim, tão perto que eu podia sentir seu perfume estonteante.
- Vire-se - ouvi o rosnado em minha própria voz.
Sem relutar ela o fez.
Respirei fundo. Claro. Ela adorava me desafiar.
O vestido era totalmente indenunciável, mas quando Bonnie ficou de costas pude ver a longa abertura que descia por sua espinha dorsal até a base dela. O colar de diamantes era mais longo nas costas, caindo por sua pele como uma fina corda de estrelas brilhantes. Apesar da raiva possessiva que aquilo me causou, de certa forma, adorei saber que todo aquele conjunto era meu e que os outros homens só podiam sonhar com Bonnie, mas era comigo que ela ia para a cama todas as noites.
Isso não ajudou em nada naquela ereção que estava se empurrando contra a braguilha de minha calça.
Bonnie se voltou para mim, deixando os olhos verdes como esmeraldas mirando minha expressão com uma seriedade fria e ao mesmo tempo intensa.
Eu só podia ser muito masoquista para gostar de toda aquela frigidez misturada ao ódio que ela nutria por mim. Mas eu havia deixado aquela mulher levar Damon, claro que Bonnie ainda estava uma fera comigo. Não que antes ela fosse um doce, mas agora estava um pouco mais cruel.
E estranhamente, eu gostei daquilo. Ao mesmo tempo que senti uma terrível inquietação. Porém, guardei isso para mim, dando um sorriso despreocupado em sua direção.
- Pode me ajudar, BonBon?
Indiquei o laço mal feito da gravata. Ela sabia que eu era bom naquilo, mas não sabia que eu estava doido para que ela me tocasse. Transar uma vez com ela nunca parecia ser o suficiente, eu sempre estava querendo mais e mais.
E mesmo assim, ela ergueu as mãos bonitas e delicadas e começou a desfazer o nó em volta de meu pescoco. Pensamentos dela, usando uma corda ou algo capaz de me machucar excitaram-me de uma forma cruel.
- Você está linda- falei, insistindo em pregar meus olhos nos seus, mesmo que ela estivesse concentrada naquela tarefa.
- Obrigada. Você também está.
A inflexão em sua voz era cortante.
Inclinei meu rosto em sua direção, ouvindo seu coração acelerar, mas Bonnie manteu-se firme no que estava fazendo.
- Odeio que esteja tão vestida- falei, soando triste - Mal vejo a hora dessa droga de jantar acabar.
Era impressionante como sua expressão continuava tão vazia. Não fosse pelas batidas altas de seu coração eu quase podia dizer que ela era tão insensível quanto eu.
- Eu também- suspirou.
- Mas não pelos mesmos motivos que eu.
- Certamente que não.
Sorri de canto, aproximando- me mais de seu corpo.
- Mas você gosta quando toco seu corpo, não é?- sussurrei, com minha boca perigosamente perto da sua.
As mãos dela tremeram contra a gola de minha camisa, seus lábios apertados firmemente para evitar o ar em excesso que almejava escapar de seus pulmões. Os olhos verdes não subiram um centímetro à mais.
- Gosta quando a beijo, não?- continuei- Quando eu comando cada centímetro de sua pele... Deve ser horrível gostar tanto disso, não é?
Os músculos de seu pescoço se retesavam, como se ela quisesse dizer algo, mas estivesse se refreando.
- Ja não consegue negar o quanto me quer, não é, Bonnie?
Antes que ela pudesse sequer fazer algo para me deter, segurei as laterais de seu rosto e a beijei. Minha língua invadindo cada centímetro dela, mordendo seus lábios carnudos e cheios como se fossem algo que eu pudesse devorar.
Bonnie gemeu, esquecendo do que estava fazendo. Suas pequenas mãos cercaram meu pescoço, puxando-me para ela. Sua respiração fora de controle assim como a minha.
Cerquei sua cintura com o braço e com a outra mão, procurei a fissurra em seu vestido e agarrei sua perna, a enroscando em meu quadril. Meus dedos escorregaram desde seu joelho até aquele traseiro delicioso. Apertei sem reservas, ouvindo o suspiro profundo e trêmulo de Bonnie.
Me apertei mais contra seu corpo, sentindo a ereção pulsante e dolorosa implorando para estar dentro dela. Assim tão perto, notei o quão sua pele estava quente. Muito quente. Mais que o normal.
Afastei minha boca da sua para fitar sua expressão por um segundo.
- Voce está com febre - falei, ainda ofegando pelo beijo.
Bonnie procurou minha boca mais uma vez, mas a afastei do mesmo modo. Será que ela não estava se sentindo bem? Poderia estar escondendo seu mau estar de mim?
A bruxa franziu as sobrancelhas, com raiva de eu ter parado tão cedo.
- Eu estou ótima- saiu mais como um resmungo - Por que fica insistindo nisso?
- Está queimando em febre, como não se sente mau? - eu estava sibilando.
- Por que eu me sinto tão bem quanto no dia anterior. Isso é ridículo Kai. Pare de ficar inventando pretextos para me fazer ficar dependente de você. Eu não estou doente.
Dependente? De onde surgiu aquilo?
- Que droga- rosnei- Você me odeia tanto à ponto de precisar sofrer para se livrar de mim?
Seus olhos verdes ardiam.
- Enfia isso na sua cabeça dura - murmurou com raiva- Eu não estou doente e me sinto muito bem. Então, pare com todo esse drama.
E se soltou de mim, saindo do quarto como se uma manada de elefantes estivesse atrás dela.
Será que ela não percebia que estava doente? Ninguém tinha uma febre tão alta sem ficar de cama, ou ir parar em um hospital com uma convulsão ou algo do gênero.
Fiquei me perguntando onde ela havia pegado uma gripe tão forte. Instantaneamente lembrei- me da noite em que aquela caçadora surgiu e levou Damon. Estava chovendo muito, Bonnie estava desenvolvendo um resfrido tardio? Isso era possível?
Bufei, me voltando para o espelho e terminando de me arrumar. Maldita hora em que deixei aqueles sentimentos entrarem. Agora eu estava mais chato e superprotetor que Soledad. Mais um pouco e eu estaria usando avental e cantando músicas em espanhol.
Se Bonnie não queria ser cuidada, ela que se danasse. Apenas precisava garantir que não morresse por causa de um resfriado ridículo.
Quando desci para a sala de estar, Bonnie me aguardava perto das janelas que davam para o jardim nos fundos da casa. Ela parecia brava e... preocupada com algo.
Eu estava prestes à dizer algo à ela, mas o som de uma buzina de carro chamou minha atenção.
Então, ela olhou para mim de forma curiosa, assim como eu para ela. Mas não dissemos nada.
Sol irrompeu da cozinha segurando uma frigideira de ferro e aparentemente mortal nas pequenas mãos, como se pudesse nos defender dos lobos do lado de fora da casa.
- Tudo bem, Machete da culinária - eu ri- São só os homens de Apollon vindo nos buscar.
A mulher abaixou a panela, mas ainda parecia muito tentada em usá-la contra seja lá quem estivesse nos aguardando.
Estendi a mão para Bonnie. Ela pareceu relutante em ficar perto de mim, mas o fez assumindo aquela expressão fria de sempre.
Sol abriu a porta da frente e um enorme Lexus negro nos aguardava no meio fio. E claro, mais uma multidão e lobos no meio da rua e do outro lado da calçada. Eram mais deles do que haviam à tarde.
Na luz baça dos postes da rua seus olhos brilhavam na escuridão.
- O que está acontecendo?- Bonnie perguntou assustada com aquela multidão de pessoas.
- Temos vizinhos curiosos demais- murmurei com uma ponta de humor negro, contudo estava mais alerta que um fio desencapado.
Se um daqueles cães tentasse atacar Bonnie, eu os destroçaria um por um. E eles pareceram se dar conta de que eu realmente o faria, pois nenhum deles ousou chegar perto.
Bonnie ainda estava surpresa, mas caminhou ao meu lado com firmeza e sem demonstrar medo. Tão corajosa...
Um dos homens estava parado ao lado da porta aberta do carro, nos convidando a entrar. Quando sentei ao lado de Bonnie tomei o cuidado de cercar sua cintura e olhar sugestivamente para os lobos no banco da frente pelo espelho retrovisor para que soubessem que aquela garota era minha.
Durante o curto trajeto entre as casas e ruas exatamente iguais tentei não pensar em uma Bonnie pálida, suada e acamada. Merda.
Ela estava cortando toda minha concentração. Eu não devia estar preocupado com uma simples doença humana. Bonnie se recuperaria logo.
Suspirei profundamente esperando todo tipo de diversão para essa noite. Se tratando de Apollon, nós com certeza ficaríamos muito entretidos.
Nos afastamos bastante do restante das casas, até chegarmos à uma enorme rua sem saída. Ela seguia cada vez mais fundo até se chocar com um enorme portão de ferro alto como o de um presídio de segurança máxima e mais ao longe se abrir em um enorme pátio circular, com uma fonte ridícula.
O carro estacionou perto de uma guarita igual à da entrada da prisão- quer dizer- condomínio de luxo. Havia outro guarda, mas esse não usava uniforme e nem era franzino como o outro. Como todos os capangas do líder da alcatéia ele vestia um terno negro perfeitamente alinhado e seus olhos brilharam baçamente em nossa direção quando o carro adentrou o pátio com mais três carros caríssimos estacionados diante da casa da família Courtaud.
Quando ajudei Bonnie a descer do carro quase revirei os olhos para a enorme estrutura vitoriana branca com tons dourados e quadrada que era a casa de Apollon. Parecia mais um enorme mausoléu de três andares e algumas centenas de metros de comprimento.
Bonnie não parecia nem um pouco deslumbrada com toda aquela ostentação. Ela não era como nenhuma garota que eu já tenha conhecido.
Fomos guiados por uma varanda que lembrava o Lincoln Memorial, faltando apenas uma estátua do 16° presidente dos Estados Unidos, que provavelmente seria substituída pela enorme cara de Apollon, observando todos os lobisomens da área.
As portas duplas de carvalho estavam abertas para nos receber e fomos anunciados por um mordomo. Uma droga de um mordomo que nos anunciou.
Me senti em um episódio de Downton Abbey.
Podia ficar mais cafona?
Claro que podia.
Madeline surgiu em toda sua graça e seu quase 1,80m para nos receber. Os cabelos vermelhos como fogo caíam sobre os ombros, emoldurando o vestido azul de seda colado em suas curvas esguias como as de uma serpente. A pedra azul elétrica em seu pescoço combinava com os olhos cruéis.
Ela parecia muito saudável, não mostrando nenhum sinal do buraco que eu havia feito em seu peito ao arrancar o coração ainda pulsando de sua caixa torácica.
Algo me dizia que ela podia ser muito mais astuta e perigosa que seu marido.
- Bem- vindos, Malachai e Bonnie- sorriu abertamente, sem demonstrar nenhum sinal de medo ao se aproximar- Querida, está maravilhosa- disse a Bonnie pegando sua mão e sorrindo afetadamente- Muito diferente daquela noite extremamente fatídica. Sente-se melhor?
Pude ouvir a provocação pairando no ar como uma bomba atômica.
Bonnie sorriu para ela.
- Estou presa numa espécie de canil, com lobisomens cercando minha casa e tive que me vestir para um jantar do qual não queria participar. Então, não. Não me sinto bem.
E puxou sua mão dos dedos da loba bruscamente.
Contive uma crise de riso.
O sorriso falso de Madeline desapareceu. E aposto que ela estava prestes a soltar alguma pérola, mas Apollon surgiu de uma sala adjacente.
- Estava ansioso pela chegada de vocês- exclamou, como o bom anfitrião que era. Se percebeu a expressão descontente de Madeline, não se incomodou nem um pouco.
O terno azul com linhas xadrez brancas estava perfeitamente assentado sobre seu peito, assim como a camisa de seda rosa e a gravata branca impecável.
Ele se vestia bem. Isso eu tinha que admitir.
- Bonnie...- ele se curvou diante da garota, pegando sua mão. Quase quebrei seu pescoço quando o vi beijar as costas da mão dela.
Minha, o pensamento disparou em meu cérebro como um tiro. Contudo, controlei o ódio queimando em minhas veias.
-... está belíssima. Como sempre.
Ele olhou de esguelha para mim.
- Com todo o respeito, Malachai- murmurou, a malícia permeava em sua voz.
Me limitei a morder a língua para não xingá-lo de nomes que moças não podiam ouvir.
- Obrigada, Apollon- respondeu Bonnie, calmamente.
- Bem, posso roubá-la um instante até a sala de jantar?
O vi estender o braço para ela.
Em um movimento impensado, puxei Bonnie para meu peito o desafiando a tirá-la de perto de mim. Um rosnado rasgou por minha garganta.
Ele riu.
- Ciumento- aprovou, rindo- Isso é bom. Um homem que não cuida de sua fêmea acaba ficando sem ela.
Ele estava me ameaçando?
Dei um passo em sua direção.
- Kai- Bonnie chamou.
Olhei para ela e um pouco de minha raiva se dissipou.
- Está tudo bem- disse plantando um beijo no canto de minha boca- Fica calmo.
Senti um estranho formigamento por todo o corpo. Como uma onda da mais profunda paz ao sentir seu toque carinhoso.
Assenti, um pouco molenga.
Bonnie encaixou seu braço no meu, deixando claro que iria à qualquer lugar comigo. Acho que fiquei inchado como um pavão.
- Tudo bem- Apollon riu e estendeu o braço à sua esposa que aceitou de pronto.
Seguimos para um enorme salão com uma arquitetura neoromana, com grandes pilastras altas de mármore e uma mistura com pinturas renascentistas por todo o espaço.
Eu passei muito tédio no Mundo Prisão, então basicamente aprendi um pouco de tudo.
Mas, retomando... E isso era apenas a sala de jantar.
Notei três pessoas um pouco mais jovens que eu parados do outro lado do salão. Um rapaz alto e de cabelos escuros bem vestido, uma garota igualmente alta, porém seus cabelos eram castanho avermelhados. E uma garota, aparentando ser mais jovem, mas ao contrário da outra não usava um vestido de noite rosa bebê. Estava coberta de negro dos pés à cabeça, tanto nas botas de combate, como na jaqueta de couro, jeans e a camisa puída. E diferente dos outros dois, seus olhos não eram azuis e sim amarelo ouro.
- Gostaria que conhecessem meus filhos- Apollon estendeu a mão indicando- Este é Manon, meu filho mais velho e sucessor.
O cara que aparentava ser apenas dois anos mais novo que eu, assentiu educadamente.
- Esta é minha linda Isabelle- indicou a garota de cabelos vermelhos.
- Oi- sorriu, seus olhos sobre mim em uma avaliação clínica. Ela tinha os olhos da mãe.
- Prazer em conhecê- la- estendi a mão para ela e notei como seu pai ficou tenso.
Superprotetor com a cria... Interessante.
A garota pareceu surpresa de eu tê-lo feito, mas cumprimentou em seguida.
- Sua mão é... fria- estranhou.
Soltei seus dedos.
- O lado ruim de ser um vampiro - comentei, vendo a careta que ela fez para a palavra.
Apollon continuou com as apresentações.
- E esta é Cécile - murmurou secamente.
Ele não enfeitou seu nome e nem usou um tom carinhoso como fez com os outros dois filhos. Como se quisesse estar distante da garota de alguma forma.
- Olá, vampiro- disse ela com sarcasmo, seus olhos amarelos me avaliavam como a irmã, mas sem nenhum tipo de apelação sexual. Era como se estivesse procurando uma forma de me atingir antes que eu pudesse fazer algo para me proteger.
Isso fez um sorriso imenso brotar em meu rosto.
- Olá, lobinha- provoquei.
- Está um pouco perdido aqui, não? Você e sua bruxa deveriam ir embora enquanto podem.
Seu tom sibilava ameaça.
- Cécile, pare de assustar nossos convidados- Apollon interveio e olhou para a mim, com um sorriso de quem se desculpa- Ela é chefe da nossa guarda, o que resultou nesse caráter desconfiado. Isso e o excesso de convivência com lobos do sexo oposto.
Olhei para a garota de cabelos castanhos claros.
- Bebês lobos podem comandar a guarda?- ri- Você tem quantos anos? Quinze?
- Dezoito- disse sem se abalar.
- Tomaria cuidado se fosse você- disse Madeline- Ceci, não é muito eficaz em controlar a raiva.
Ela não parecia estar me ameaçando e sim debochando da garota. Mas, Cécile permaneceu intocável, como se estivesse acostumada a escutar aquilo com frequência.
Eu não teria tido a mesma paciência. Por isso Bonnie estava comigo. De alguma forma, ela conseguia acalmar aquele furacão dentro de mim.
Peguei sua mão, só para constatar o quão quente ela estava. Bonnie não retirou meu toque do seu.
Nos dirigimos para a mesa de jantar próxima. Era uma coisa colossal de madeira avermelhada e longa com mais cadeiras do que eu poderia contar. Estava abastecida de um pequeno banquete para nosso diminuto grupo de pessoas.
Apollon sentou-se na cabeceira dela, em uma cadeira que mais parecia um trono com aquele enscosto tão alto que podia alcançar o teto abobadado do salão. Seu filho, Manon, ficou à sua direita e sua esposa à sua esquerda. Isabelle sentou- se ao lado da mãe- coisa que não me surpreendeu nem um pouco. E Cécile, por incrível que pareça, ficou perto de mim e Bonnie. Ela não parecia estar apreciando nossa companhia, mas parecia estar odiando muito mais a do resto de sua família.
O jantar transcorreu calmamente, com uma conversa cheia de falsidades e pouco interesse das duas partes. Tive a impressão de estar sendo estudado por Apollon. Bom, essa impressão sempre esteve presente em todas as situações, mas quando se tratava de se estar cercado por pessoas como ele, ela se amplificava.
E por falar em sensação...
Bonnie, sentada ao meu lado, parecia que ia vomitar sobre a comida à qualquer momento. Manon, também parecia enjoado, mas o restante das mulheres não. Madeline e sua filha falavam sobre a tendência da próxima estação para lobisomens, ou algo do gênero.
Encarei Apollon que sorria como um gato que acabava de comer um passarinho.
- Pode parar de fazer isso, droga?- resmunguei, com raiva.
Ele usou um guardanapo para limpar os lábios.
- Eu estou fazendo? Oh, me desculpe- seu tom era tão fingido que não sei como não me lancei sobre ele- Mas de certa forma, isso é culpa sua. É a defesa natural contra meu inimigo natural.
- Você está atingindo Bonnie com essa coisa- rosnei.
Ela olhou para a garota encurvada ao meu lado com frieza, em seguida sorriu, relaxando os ombros. Quase que imediatamente Bonnie se recuperou e até Manon parecia menos verde.
- O que é isso? Essa força?- Bonnie disse, ainda trêmula pelos enjôos que deixavam seu corpo.
- Apenas eu- disse Apollon como quem se desculpa.
Sem perceber, minha própria mão pousou em sua nuca, sentindo o suor frio que se esvaía. Bonnie se remexeu e eu deixei cair a mão, subitamente ocupado em encarar os outros participantes do jantar inter-espécies.
Pigarreei.
- Apollon tem uma... habilidade de alfa- expliquei à ela- Ele exala uma presença muito forte, algo relacionado com território e essas coisas. O caso é que só os lobos machos e vampiros são afetados por isso.
Bonnie franziu o cenho.
- Por que eu estou conseguindo sentir isso?
Fiquei em silêncio por um segundo, pensando no que responder.
- Não faço a mínima ideia- suspirei.
- Parece que temos uma bruxa extremamente sensitiva aqui- aplaudiu o lobo.
Bonnie continuou confusa.
- Mas...- disse Apollon, assumindo um tom gentil- ...prometo não ser tão obtuso quanto à isso perto de você, querida.
Bonnie olhou de soslaio para mim, como se temesse por minha reação. Por fora eu estava perfeitamente controlado mas por dentro, eu queria arrancar os olhos daquele desgraçado para que ele não pudesse olhar para ela.
- Espero que o faça- disse ela, sem se afetar por aquela cantada francesa, voltando a remexer a comida em seu prato- Então, apesar desse jantar estar maravilhoso e de esse lugar ser muito agradável - deu pra sentir o sarcasmo - O que querem de Kai?
Todos paralisaram ante a pergunta. Nem eu teria sido tão direto.
- Estou cansada de toda essa enrolação- prosseguiu, com os inteligentes olhos verdes sobre o lobisomem - O que querem de Kai? Chega de joguinhos, vamos colocar as cartas sobre a mesa, não?
Pude ver Madeline, encarando Bonnie friamente do outro lado da mesa. Seus dedos acariciando a pedra azul em seu pescoço.
- Tudo bem, meu amor- murmurou, Apollon, com o sotaque francês mais pronunciado ao falar com ela.
Madeline, recostou-se sobre o assento mais uma vez, relaxando levemente. Porém, seus olhos miravam a garota em desafio.
Bonnie não se deixou intimidar.
A cadeira de Apollon se arrastou sobre o piso, enquanto ele ficava de pé.
- Acho que já está mais do que na hora de vocês saberem com o que terão que lidar- disse de um modo tão sério que até parecia outra pessoa.

♥♥♥♥♥

Nota da Autora:

Oieeeeeeeeee!

Primeiramente, foi mal pela demora, pessoal. Eu sei que deve ter muita gente pensando: "Beatriz, bata na sua cara antes que que eu bata!", por essa demora terrível, mas eu andei ocupada, com um bloqueio criativo dos fortes e mais aquela preguiça que me acompanha na vida feito sarna de cachorro kkkkk.
Eu peço desculpas por isso, e vou tentar não demorar tanto com os próximos capítulos ;)
Espero que tenham gostado desse e muito obrigada por lerem ^-^)/

Beijinhos xxx. Até o próximo :*










































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