Tudo Pela Reportagem

By mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... More

Prólogo.
Primeira parte.
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Segunda Parte.
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!!!!!100 MIL F*CKING VIEWS!!!!! ❤️
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31 (Pra quem não está conseguindo ler!!)
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42. [Final]
Epílogo.
Agradecimentos.
Capítulo Bônus (1)
Booktrailer <3
Se você gostou de TPR, vai gostar de Morde e Assopra também!
Capítulo Bônus da Gabi! Yey!

35.

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By mariiafada










***

Homero piscou. Ele me encarava cheio de perplexidade, incapaz de aceitar.

— Você vai fazer o quê? — perguntou, chocado, depois que revelei meu plano de ir atrás de Slender e fingir propor uma troca.

— É, eu vou — disse calma e decididamente. — Vou esperar até ele ficar sozinho nesse lugar onde vai se encontrar com sua a ex namorada, e aparecerei. Ele vai estar sozinho.

— Como você pode saber? E se ele estiver com um dos seus homens? Não há uma certeza que Marco vai estar sozinho!

Respirei fundo. Estávamos perdendo tempo discutindo! Balancei a cabeça mais uma vez. Calma, Elizabeth. Brigar não vai melhorar as coisas. Uma coisa era certa: eu não poderia sair dali até acalmar Homero.

Olhei para a tela principal da sala, onde um mapa indicava que Sammie já estava se locomovendo.

— Homero, eu simplesmente sei. Por favor, por favor, confie em mim. Porque você aprovando ou não, eu vou. E isso é indiscutível.

— Elizabeth, você percebe que isso pode ser uma armadilha? Ele está te atraindo para lá novamente, vai acontecer de novo, é a mesma coisa!

Encarei Homero com seriedade.

— É claro que eu pensei na possibilidade, ele sabe que estou indo, é isso que ele deseja. Depois das flores que recebi, ficou claro para mim que Slender quer prolongar isso. É como se ele soubesse que, de qualquer maneira, vai ser pego. Marco Slender quer brincar comigo — comecei a andar de um lado para o outro.

Será que Slender tinha conhecimento sobre os federais ou achava que eu estava agindo sozinha? Se fosse a segunda opção, ele não fazia ideia que eu estava monitorando as mensagens.

Porém, eu aprendi minha lição. Nenhuma pessoa deve jamais subestimar Slender.

— Você tem razão, preciso ir prevenida.

— Eu vou com você — decretou Homero.

Assenti calmamente.

— Sim, vocês todos vão. No entanto, entrarei sozinha. Eu vou falar com ele sozinha, entendeu?

Homero deu uma risada sem humor.

— Ah, você só pode estar brincando. Isso é loucura, Elizabeth! Slender é perigoso! — ele gritou.

— Você está mesmo falando para mim sobre o perigo de Slender? Para mim? Obrigada, mas acho que eu sei do que ele capaz, de tudo que o seu padrinho é capaz. Eu não sou idiota, não vou entrar desprotegida, pelo amor de Deus! Eu vou armada, e Rivers estará lá também, eu espero — respirei fundo tentando desesperadamente fazer com que ele entendesse. — Isso é pessoal, Homero — parei de andar e fixei meus olhos nele. — Isso é entre mim e Slender. Eu preciso entrar sozinha. Eu vou falar com ele sozinha. Precisa ser assim, ou não dará certo. Fui eu quem enganei Slender, fui em quem gravei aquele vídeo, fui eu quem roubei arquivos da sala dele, fui eu quem escapei do México e o coloquei nessa posição complicada. Isso é pessoal, entende?

Homero engoliu em seco, fechou os olhos e lentamente concordou.

— Você tem razão — reconheceu, seus ombros caindo. — Desculpe gritar com você, é que depois do México...

— Eu sei, eu entendo, o instinto de proteção falou mais alto. Só que também não pretendo deixar que nada aconteça comigo de novo, tudo bem? — virei-me para Fiona. — Contate Rivers, por favor, Fi. Diga que é urgente. Preciso dele e mais alguns homens. Avise que sabemos onde Slender está — aproximei-me de Homero, colocando os meus braços ao redor da sua cintura. — Eu vou ficar bem. Prometo. Nada nesse mundo vai me afastar de você de novo.

Ele deu um sorriso inseguro e concordou.

— Estarei por perto o tempo todo — Homero me lembrou.

— Samantha está indo para o norte de Manhattan! — Tora indicou no mapa.

— E Rivers disse que está à caminho. — Fiona avisou, rápida e eficiente como sempre.

— Ótimo. — afastei-me de Homero e estendi a mão para ele, tentando passar confiança no olhar. Vai dar tudo certo dessa vez, Homero. Confie em mim. — Vamos?

*

S

amantha nos levou até a Catedral de São João, O Divino, em North Manhattan. A catedral era uma estrutura gótica que se erguia implacavelmente contra o céu.

A riqueza da sua sacada me deixou boquiaberta, todos os ricos detalhes e o enorme vitral – um dos maiores existentes no mundo – eram simplesmente magníficos.

Desviei os olhos da igreja e observei o movimento da rua Amsterdã pela janela do carro.

Rivers trouxera todos nós em uma grande e moderna vã preta, onde os meninos puderam continuar monitorando os movimentos da filha de Slender via satélite.

— Vocês oito saem primeiro, investiguem o perímetro. Não deixem nada passar. — Rivers ordenou aos seus homens. — Se posicionem em locais estratégicos, preparados para agir a qualquer movimento e não saiam até eu dizer.

Os oito agentes deixaram a vã e passearam pela rua, todos inicialmente à paisana. Eu torci as mãos, ansiosa para deixar o carro de uma vez.

Homero estava sentado ao meu lado, estranhamente silencioso e tenso. Pelo menos a sua respiração era a mais calma possível. Seu olhar taciturno estava perdido em nenhum ponto especial da rua. Nossas mãos estavam juntas, entrelaçadas no meu colo.

— Samantha não está exatamente na catedral — observou Isaac com estranhamento, sentando em frente a um computador. — Está em um lugar ao lado...

— A Fonte da Paz! — Homero solucionou, subitamente voltando a si. Piscou, arrumando as idéias. — É claro, como pude ter esquecido? Ela está na Fonte da Paz à direita da catedral, depois daquelas árvores, não tem erro, Lizzie.

Ele me mostrou por onde ir, apontando o caminho pela janela. Assenti com a cabeça, imaginando como Homero sabia daquilo.

Será que em algum momento Samantha o levou até ali no passado? Pensar nos dois juntos fazia a minha náusea aumentar. Era estranho pensar que ele terminou o namoro, sendo que parecia tão abalado sempre que falava dela.

— Certo, Elizabeth, você já pode ir agora — avisou Rivers, ouvindo o Ponto em seu ouvido, comunicando-se com seus homens. — A rua está limpa. Você estará sendo observada pelos agentes durante todo o tempo.

— Muito bem — tirei o cinto e me levantei. — Agora, eu só preciso de uma arma.

Rivers riu, incrédulo.

— Uma arma?

— Sim, não acha mesmo que eu vou ficar na presença de Slender sem ter uma garantia, não é?

— Há oito dos meus melhores homens lá fora, extremamente treinados e te dando cobertura, isso não é garantia o bastante?

— Rivers, me dê a arma — estendi a mão na direção dele, a expressão decidida que assumi excluindo qualquer chance de desistência da minha parte.

— Você ao menos sabe usar uma? — ele quis saber já desistindo da discussão.

— Por favor — foi a minha vez de rir. — O meu pai coleciona armas. Sei como usar uma.

Resolvi não contar da brincadeira entre os meus tios e eu, que consistia em montar e desmontar uma carabina mais rápido possível.

Se eu ganhasse, eles me entregavam um pacote enorme de balas. As pessoas não costumavam achar a história tão divertida quanto eu – já que na história eu tinha onze anos.

Crescer em uma família como a minha tinha as suas vantagens, como o fato de mesmo comendo todas aquelas balas nunca tive cárie na vida, e isso era um fato do qual eu me orgulhava muito.

O agente especial suspirou e tirou um dos seus revólveres do coldre, entregando-o a mim de cabeça para baixo.

— Obrigada — senti a arma nas minhas mãos, acostumando-me com seu peso e depois enfiei-a no bolso interno do meu casaco, fechando-o logo em seguida. Olhei para Homero e dei um sorriso confiante. — Estou indo.

Smith se levantou e parou na minha frente. Ergui a cabeça para olhá-lo nos olhos, já que estava usando botas sem alto, o que me deixava muito mais baixa que ele.

Homero segurou o meu queixo e me deu um breve beijo, encostando a testa na minha depois. Precisei ficar na ponta dos pés, mas não me importei.

Senti o meu coração bater pesado, não queria deixá-lo preocupado, não queria ter que me por em perigo. Afinal, sempre havia uma chance de risco quando se tratava de Slender.

No entanto, eu não conhecia outra saída a não ser aquela. Por mais que fosse perigoso, precisava ser feito. E eu não ia fugir da luta, não ia fugir do jogo.

— Seja cuidadosa e volte logo. — pediu Homero baixinho. — Por favor.

— Eu voltarei.

Com essa promessa, abri a porta da vã e pulei para fora.

*

Atravessei a rua como quem não quer nada, depois subi a escadaria da Catedral, ficando novamente impressionada com a arquitetura do prédio gótico.

De perto, era possível ver que ela estava um pouco castigada pelo tempo, só que os detalhes feitos no mármore do arco principal continuavam perfeitos e impecáveis. Devia ser ainda mais impressionante do lado de dentro.

Caminhei na direção da lateral direita da igreja, como Homero indicara. Depois de chegar a um caminho de terra, segui em direção à área arborizada logo ali perto, até avistar a Fonte da Paz e o círculo de tijolos vermelhos onde ela se encontrava.

Não havia quase ninguém ali, mas caminhando na direção oposta à minha reconheci Slender, usando um grande casacão preto, de braços dados com uma garota alta e esbelta, seus cabelos loiros um pouco abaixo dos ombros.

Dei alguns passos para trás, escondendo-me dos dois entre as folhagens. Minha boca ficou seca e o meu coração disparou. Escorada no tronco de uma árvore, observei pai e filha pararem em frente à fonte, enquanto tentava controlar o nervosismo.

Samantha estava falando alguma coisa, seu rosto virado para o de Slender. Ela sorria. Usava um casaco preso na cintura cor de creme e botas marrom de salto alto pelas quais Scarlett ficaria alucinada.

Seu braço estava acomodado na cintura do pai. Os dois permaneceram juntos por um longo tempo, observando aquela estranha escultura que compunha a fonte.

Aventurei-me a chegar mais perto, tentando ouvir a conversa dos dois. Em dado momento, o empresário disse algo que fez a filha gargalhar alto. Sua risada cortou o ar frio da manhã de uma maneira quase atordoante.

Se fosse qualquer outra pessoa, em qualquer outra situação, eu teria considerado uma cena bonita. Pai e filha enturmados, abraçados, conversando e rindo como melhores amigos.

No entanto, como esse pai era Slender, minha mente foi incapaz de associá-lo a qualquer situação agradável ou acolhedora.

— Sua mãe adorava esse lugar. — comentou Slender.

— Eu me lembro... Mas ela gostava de vir no verão, quando a vegetação é verde e preenche tudo. No outono, as árvores costumam perder todas as suas folhas e o lugar não fica tão bonito, fica triste e solitário. —Sammie parou por um instante e deu uma olhada ao redor. — Me espanta que nesse começo de outono as folhas ainda estejam aqui.

— Acho que elas estão um pouco atrasadas esse mês. O tempo em Nova York também está demorando a esfriar. É, esse ano as coisas estão diferentes por aqui...

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

— Quando isso vai acabar, papai? Quando vai parar de se esconder?

Slender não respondeu. Ao invés disso, ele se afastou levemente da filha e puxou algo dourado do seu bolso.

Estreitei os olhos para conseguir enxergar melhor do que se tratava o objeto que brilhava à luz fosca do dia.

— Um relicário! — Samantha abriu um sorriso enorme, pulando no pescoço de Slender logo em seguida. — Esse era o presente? É lindo, lindo! Eu adorei, pai. É como... Como o qual mamãe tinha? — os olhos da garota de encheram de lágrimas.

— Sim, é, meu amor. Vamos, vire-se, deixe-me colocar em você.

Ela obedeceu e seu virou, animada, suspendendo o cabelo para facilitar o trabalho do pai.

Pela primeira vez seu rosto ficou inteiramente acessível para mim. Era um rosto em forma de coração jovem e bonito, com maçãs altas e magras.

Seus olhos eram castanhos e reluzentes, os lábios grossos e pequenos. Um nariz delicado e levemente arrebitado completava a composição. Samantha Jones era incrivelmente bonita, mas eu não poderia esperar menos de uma modelo internacional.

— Pronto — Slender virou a filha para si novamente e deu um sorriso enferrujado. — É importante que cuide desse relicário, Sam. Ele não é da sua mãe, é claro, mas é do mesmo fabricante. É delicado, então tome cuidado.

— Tudo bem. — Samantha achou estranha a seriedade do pai para com simples colar, mas concordou com um dar de ombros: — Não vou tirá-lo, prometo.

Slender afagou o rosto da filha e deu um beijo em sua testa.

— Você precisa ir, agora. Boa sorte no desfile, sei que vai se sair muito bem, como sempre. Não conte a ninguém onde esteve hoje e de maneira alguma entre em contato com Homero Smith novamente, entendeu?

Sam assentiu solenemente, ruborizando um pouco quando o nome de Homero foi citado, mas ela nem pensou em titubear sobre as instruções de Slender.

Samantha deu dois beijos estalados em cada bochecha dele, arrancando um sorriso único do pai.

— Tchau, papai. Por favor, continue mantendo contato.

— Você sabe que eu sempre mantenho.

Sam concordou e caminhou para longe de Slender, sua expressão mudando assim que se virou. Era uma expressão de profunda tristeza. Ela franziu o cenho, pensativa, enquanto segurava o delicado relicário em forma oval entre seus dedos.

A modelo continuou caminhando, indo na direção oposta da igreja, seguindo pelo jardim e logo desaparecendo de vista.

Slender não foi embora. Continuou parado no mesmo lugar, fitando com um olhar profundamente crítico a escultura na fonte.

Ele estava me esperando.

Reuni toda a coragem que tinha e saí de trás da árvore, caminhando a passos primeiramente instáveis, mas depois decididos, na direção dele.

Coragem, Elizabeth, tenha coragem.

Mesmo ficando visível para Slender, o homem não se virou ou se quer tirou os olhos da escultura.

Eu entrei no círculo vermelho de tijolos, as mãos dentro do casaco por causa do frio da manhã. Parei no lugar onde Sammie estava a poucos minutos, mal acreditando que estava realmente ali, ao lado do homem o qual me sequestrou alguns dias atrás.

Permaneci em silêncio, tentando não congelar no frio. Slender finalmente olhou para mim de soslaio e abriu um mínimo sorriso, me fazendo internamente estremecer.

Quem é o gato e quem é rato dessa vez?

— Essa escultura foi construída por Greg Wyatt em 1985, sabia? — contou Marco Slender, como se fossemos só bons amigos, como se eu fosse a sua filha que acabara de ir embora e estivéssemos apenas fazendo um tour amigável. — Ela parece estranha ao primeiro olhar, não parece? Mas o que Greg quis passar foi a celebração do triunfo do bem sobre o mal e as duas partes em conflito. Luz versus trevas, violência versus harmonia, e a vida versus a morte... Vê o arcanjo? É Miguel, que vence Satanás com a espada de St. Michael.

A voz do homem saiu meio rouca e baixa mas extremamente firme. Era tão fria e neutra quanto o tempo frio de Nova York.

Tudo aquilo que Slender dizia estava resumido em uma placa logo abaixo da escultura. Era uma obra de arte estranha, por que além do Arcanjo, havia girafas, a lua e o sol, na base um caranguejo... E mais outros detalhes que formavam aquela artística cena.

— Mas tudo isso está descrito aqui, como você pode ter percebido, Elizabeth. — Slender provavelmente seguiu meu olhar incrédulo e fascinado até a placa. — Sabe o que essa placa não nos conta? Que Greg provavelmente foi um imbecil, se ele achava que a vida poderia ser resumida entre o bem e o mal, assim tão preto no branco.

Sufoquei o meu choque com as últimas palavras de Slender, mantendo o folhar fixo na escultura.

— O que você quer dizer com isso? — finalmente me aventurei a falar algo.

— Não existe "bem" ou "mal", querida. Existem os dois juntos. Sempre juntos, numa mesma pessoa, numa única coisa. Essa ideia é uma ilusão, uma mentira.

Fechei olhos, controlando a minha raiva.

— E você está me contando isso por quê...?

— Você é como o Greg, acertei? – Slender abandonou a escultura e deslizou os olhos para mim, seu corpo acompanhando a cabeça. — Você acredita nessa ideia, não é mesmo? Eu sou o cara mal para você? — riu e depois ergueu as sobrancelhas, esperando que eu me manifestasse. — E você é o "bem", que vai acabar comigo, por que os filmes nos dizem que no final o bem sempre vence?

Torci as mãos dentro do bolso, firmando os pés no chão com força.

— Na verdade, você errou. Não me conhece tão bem quanto acha, sabia? Não sou tão taxativa quanto você pensa e até concordo com você. O "bem" e o "mal" existem juntos. As pessoas podem ser boas, ás vezes — dei os ombros, tirando o cabelo da rosto com um sopro. — Ou elas podem ser más, cometer crimes horríveis, fazer coisas inescrupulosas. Porém, não acredito na maldade em si, Slender, acredito na ganância, na soberba e orgulho. Acredito nos sentimentos humanos, desejos humanos. Nós somos a composição do "mal" e do "bem", mas alguns de nós sabem lutar contra os piores desejos, os melhores de nós, é claro. — levantei os olhos e sustentei o olhar acinzentado de Marco Slender, minha voz decaindo propositalmente. — Já os fracos... Ah, eles se deixam consumir pelas suas vontades mais primitivas. Não é o "bem" que vence o homem fraco, incapaz de lutar contra seus próprios demônios, ele destrói a si mesmo.

Slender não se moveu ou argumentou. Seu olhar tornou-se mais duro depois que terminei de falar, provavelmente o deixei irritado.

Franzi os lábios numa linha rígida, impaciente e louca para ir embora. Ficar perto daquele homem mostrou-se uma experiência mais desagradável do que da última vez.

O Slender violento eu conhecia, estava preparada para lidar com ele. No entanto, o Slencer contido, calmo e calculista é o que me dava medo. Eu tinha plena certeza que se tocasse a pele dele, sentiria a sua carne rígida feito pedra.

Era impossível acreditar que a poucos minutos atrás Slender estava sendo atencioso e carinhoso com a sua filha. Naquele momento ele parecia simplesmente um psicopata tentando analisar até o fundo da minha alma, descobrir os meus piores segredos, meus desejos mais humanos.

Cansada do silêncio sepulcral, falei:

— Eu tenho uma proposta para você.

— É claro que tem — o sorriso mínimo no canto da boca voltou ao rosto do empresário. — Estou ouvindo.

— Eu quero o vídeo que você tem de mim, a cópia única e original. Em troca, lhe entregarei o seu vídeo... E te deixarei em paz. Sem reportagem, sem investigação, sem nada. Acabou.

— Não vejo nenhum motivo para acreditar em você — Slender deu os ombros.

Eu estava esperando por aquilo. Conclui que Slender não sabia sobre os federais, poderia ter suas suspeitas, mas não sabia, de fato.

Ele estava receoso, dessa vez tinha consciência de que não estava na frente. A pergunta dele era real: Quem é o gato e quem é o rato dessa vez? Ele também não sabia. Não estava no controle do jogo, não estava mais a um passo à frente.

— Eu só quero acabar logo com isso — sussurrei. — Depois do... Do México, não dá mais. Eu não quero mais fazer isso, não quero mais envolver. Já chega. Simplesmente... — mordi o lábio para impedir as lágrimas falsas de rolarem pelo meu rosto. — Simplesmente não vale a pena. Estou cansada, Slender.

O sorriso do empresário aumentou. Ele se moveu, caminhando ao meu redor, seus olhos cinzentos se estreitando.

— O que você está tramando, Elizabeth? Com quem está trabalhando?

— Já disse, eu trabalho sozinha, não estou tramando nada — repliquei sem paciência.

— E como você soube que eu estava aqui? — rebateu Slender.

Eu ri e respondi na mesma hora, sem hesitar:

— Não é preciso ser um gênio para saber onde uma modelo internacional estará hospedada, esperar que deixe o hotel e segui-la — menti. Estalei a língua, como que me dando conta de algo. — Ah, você achou que eu não sabia sobre a Sam! — ergui a sobrancelha para Slender, desestabilizando-o quando trouxe a filha para o assunto. — Você não a esconde tão bem quanto pensa, Marco.

Ele trincou o maxilar, parando de andar subitamente. Balançou a cabeça e depois continuou rodeando-me sem dizer nada por um tempo.

— Então está sozinha, não é mesmo? Não está recebendo ajuda de ninguém?

— Nã...

Antes que eu respondesse, Slender me agarrou por trás, passando o um dos seus braços pela minha barriga e outro pelo meu pescoço. Eu não me movi, não protestei, porque sabia bem o que ele estava fazendo. Como eu disse, o Slender violento eu sabia lidar.

Marco Slender prendeu meu corpo junto ao seu, seu olhar percorrendo todo o perímetro de uma maneira quase desesperada, enquanto seu braço prendia o meu pescoço.

A equipe não deu sinal de vida, nenhum agente sai do esconderijo para ameaçar o empresário. Ele estava desarmado, continuem escondidos, rezei.

Respirei fundo enquanto Slender procurava por alguma coisa.

— Eu disse que estava sozinha! —falei mais alto do que o necessário, para que os homens de Rivers entendessem o recado.

A pressão do braço de Slender ao redor do meu pescoço aumentou. Eu tossi, temendo ficar em ar. Tentei mais uma vez, a voz esganiçada:

— Não há ninguém!

Aquela ação arriscada de Slender só me fez confirmar a teoria. Ele estava com medo dessa vez, não sabia se estava na frente, não sabia se iria ganhar. Marco Slender colocou a boca perto do meu ouvido.

— Eu não acredito em você, Elizabeth. Não acredito nem pouco.

— Eu também não confio em você, Slender. Mas estou aqui, vim ao seu encontro. Vamos acabar de uma vez com isso, vamos fazer essa maldita troca e por um ponto final na história!

Indeciso, Slender continuou me prendendo contra si. O aperto estava fazendo meu pescoço doer.

— Ou você está com medo? — esforcei-me para perguntar. — Pensei que estivesse ansioso para continuar o nosso jogo. Não quer continuar, finalizar o jogo com um grand finale? Ficar livre de mim?

O aperto do empresário aumentou ainda mais, me deixando oficialmente sem ar.

Ele riu, sua boca colada na minha têmpora. Precisei me controlar para não pegar a arma ou acertá-lo na barriga. A sua proximidade era nauseante, a falta de ar desesperadora.

— Não me provoca, garota.

Slender afrouxou o aperto, permitindo que eu falasse.

— Faça isso por Samantha, se não por você. Acabe com isso, eu estou cansada, e você provavelmente está cansado de fugir também, Slender. Não há joguinhos dessa vez, é só um trato. Diga a hora e o lugar onde você quiser e eu estarei lá, com a única cópia do cartão de memória. E espero que você faça o mesmo.

Slender finalmente me soltou, afastando-se de mim. Não perdi a compostura, não deixei que ele soubesse o quanto aterrorizada por dentro eu fiquei com os braços dele ao redor do meu pescoço. Tossi, os pulmões ardendo.

— Se você estiver me enganando, Elizabeth...

— Estou sendo sincera — repeti duramente. — Vou até mesmo deixar a cidade por um tempo... Estou cansada disso aqui. Quero a minha vida normal de volta.

Slender se aproximou novamente de mim, seus olhos em chamas. Eu tentei me afastar, mas o homem segurou o meu braço, mantendo-me perto.

Se você estiver mentindo, vai se arrepender. Você ainda não me viu zangado, querida. Eu posso ser bem pior do que isso aqui. Eu posso destruí-la. Lembra-se de Jill Trentton, o homem no qual você pôs fogo? Ele sobreviveu. Parece um demônio desfigurado mas ele sobreviveu, e está afiando a faca dele para você. Está planejando vingança. Sugiro que não tente me enganar aqui, Elizabeth, esse jogo não é para você. Como você mesma disse, alguns de nós controlam seus demônios. Eu não os controlo, eu os deixo livres, ultrapasso limites que você não está disposta a ultrapassar.

As palavras dele foram um como um soco no meu estômago. Encarei o chão.

— E por isso estou saindo do jogo, Slender. Ele não é para mim.

Slender ficou em silêncio por um longo tempo, afastando-se, seus olhos analisando bem o meu rosto.

Depois, inclinou-se na minha direção novamente, suas mãos envolveram o meu pescoço. Encolhi-me internamente. Seus dedos frios tocaram a minha pele e me deram calafrios. Prendi a respiração.

— Terraço da World Slender, às duas horas da tarde, na próxima terça-feira. — sibilou.

Consegui? pensei, Eu realmente consegui convencê-lo?

— Apareça sozinha. Sozinha. Entendeu? Levarei o cartão de memória. — Slender se afastou. — Cuide-se, Elizabeth. E bem vinda ao jogo, mesmo que por pouco tempo.

Ele passou por mim e seguiu na direção norte, para os fundos da igreja. Ele concordara. Marco Slender iria ao meu encontro.

Pisquei, ainda sem acreditar. Respirei fundo, recuperando o fôlego e tremendo de frio. Minha visão estava borrada. Fiquei parada em frente à fonte por alguns minutos.

Ouvi alguém chamando meu nome, mas não consegui responder. Eu precisava de alguns segundos para me recuperar, pensar no que acabou de acontecer. Uma mão desconhecida tocou o meu ombro, mas não reagi a ela.

Slender estava inseguro e com medo, era verdade. Estava agindo como um animal encurralado, ele fazia jogada perigosas de quem sabe que vai ser pego uma hora ou outra. Ele não confia mais em si mesmo, se põe em risco e aceita minha oferta por que não tem outra saída. Sorri e me inclinei para baixo, apoiando as mãos no joelho.

— Srta. Scott, está tudo bem? — devia ser um dos homens de Rivers.

Slender era o rato daquela vez, conclui.

*

A porta da vã se abriu. Um vulto pulou do carro e me deu um abraço apertado quase que me tirando do chão.

O vulto tinha o cheiro de Homero, seus braços, seu cabelo. Mas eu estava entorpecida demais para ter certeza.

— Oi. — sussurrei enquanto ele me abraçava. — Eu disse que voltaria, não disse?

As mãos de Homero estavam segurando a minha cabeça como se o homem estivesse com medo que eu desintegrasse ali mesmo nos seus braços.

— Ei, eu estou bem — garanti.

Homero se afastou e segurou os meus ombros.

— Por que ele te segurou? Por que ele te prendeu daquele jeito?

— Slender estava desconfiando que estou trabalhando para o FBI. Ele achou que me ameaçando daquele jeito os agentes apareceriam — olhei na direção de Rivers, que estava pendurado da porta, observando. — Ainda bem que eles não apareceram e esperaram.

Rivers sorriu.

— Bom trabalho, pessoal. — ele parabenizou aos homens através do Ponto em seu ouvido. Eles continuavam monitorando o local, para ter certeza que Slender não voltaria.

— Você está bem? — Homero quis saber, uma expressão preocupada tomando conta do seu rosto cansado. A preocupação estava acabando com ele.

Ri e segurei o rosto dele, tentando aliviar sua expressão. Suprimi a angústia que senti ao constatar que o pescoço formigava onde Slender tinha me tocado.

— Eu estou bem, já disse. Não precisa ficar assim.

Ele assentiu e respirou fundo, fechando os olhos no meio do processo.

— Eu sei, é que da última vez...

— Não vai acontecer de novo — interrompi-o. — Essa equipe está aqui só para garantir que aquilo não aconteça de novo. Então não se estresse tanto, tudo bem? Pela primeira vez nós estamos um passo à frente de Slender e dessa vez eu tenho certeza. Slender não atuando, ele está com medo.

— Slender com medo? — Rivers retorquiu. — Você tem mesmo certeza?

— É possível — Homero concordou. — Depois do que aconteceu em Las Vegas e no México, Marco deve ter perdido a credibilidade. Provavelmente não existe mais acordo com russos ou com qualquer outra pessoa. Sua empresa está parada, suas ações caindo...

— Slender está falindo? — perguntei chocada.

— Eu não chegaria a tanto — Homero encolheu os ombros. — Mas vai dar um belo trabalho colocar tudo em ordem. Ele ainda continua sendo um homem de poder...

— Só que ainda não recuperou o controle. — complementei.

— E quando ele recuperar... — Rivers pulou da vã e se juntou a nós na calçada. — Aí sim teremos um problema. Elizabeth, a arma.

Rivers estendeu a mão na minha direção. Fiz uma careta e olhei para Homero.

— Quanto tempo mais ou menos até Slender "recuperar o controle"?

Smtih franziu o cenho enquanto pensava.

— Eu não sei, mas ele parece estar desesperado. Se Sammie continuar em Nova York, Slender vai querer voltar ao controle o mais rápido possível, para manter a segurança da filha. Talvez três dias, se ele se esforçar bastante, consiga de volta sua influência pelo menos na cidade.

— Certo. E quando dizemos "recuperar o controle" queremos dizer... — deixei a sentença em aberto para que ele completasse.

— Trazer pessoas para o seu lado, homens tão perigosos quanto ele. Qual é a palavra que usam nos filmes? Ah, sim: capangas! Slender vai reunir capangas para fazer seu trabalho sujo.

Virei-me para Rivers.

— E, se você ainda não entendeu onde eu quero chegar com isso, o trabalho sujo significa eu. Marco Slender pode mudar de ideia a qualquer momento sobre o nosso acordo e decidir que me matar é mais rápido e prático. Sou uma pedra no sapato dele, a maneira mais fácil de lidar com isso seria me eliminando. Então, eu acho que não só posso como devo ficar com a arma.

Rivers me encarou seriamente, seu cabelo loiro brilhando na luz fraca do sol.

— Primeiro, sua casa está inteiramente protegida. Segundo, você é uma civil, não pode andar armada por aí com a arma de um agente. Você não tem autorização para andar armada, não tem instrução oficial que mostre que você sabe usar uma...

— Eu tenho a licença de consultora do FBI! — argumentei.

— Consultora do FBI? — Homero repetiu, sem entender.

— É, Mike e eu conversamos sobre isso. — expliquei. Esqueci de mencionar essa parte para Homero ontem na nossa conversa pelo celular.

— Olha, Elizabeth, a licença não te dá o direito de usar uma arma. Eu só permiti porque era um caso isolado. Você não pode ficar com a arma, tudo bem? Especialmente essa, que é minha.

Suspirei e devolvi a pistola semi automática para Rivers. Era tão linda...

— Obrigada. — Rivers agradeceu sinceramente. — Agora, vamos. Preciso levar vocês de volta ao jornal.

*


Conversar com Homero sobre qualquer coisa sempre foi algo fácil para mim.

Eu não tinha bloqueio nenhum ao falar com ele. No entanto, na noite do nosso encontro foi diferente. Estávamos no pequeno e adorável restaurante da China Town, o qual Homero me trouxera para jantar depois de invadirmos o escritório de Slender.

Eu estava mentalmente cansada de pensar em Slender e quebrar a cabeça para entender a mente distorcida daquele homem, mas mesmo assim ele era a única coisa com a qual eu conseguia me ocupar. Ele a filha dele.

Eu não conseguia parar de repassar a conversa de Homero e Samantha na minha cabeça, sem contar o rubor que acometeu o rosto da garota quando o pai falara dele para Samantha.

— Tudo bem, já chega — Homero falou tirando-me do transe paranoico.

Pisquei e levantei o olhar, encarando-o do outro lado da mesa. O teto do restaurante era cercado de luzes coloridas, que davam uma mágica única ao ambiente.

Naquele momento, luzes vermelhas e amarelas refletiam no rosto de Homero. Uma música ambiente chinesa preenchia o ambiente.

— O que foi? — perguntei.

— Você está olhando esse cardápio há quase meia hora sem falar nada e frequentemente me lança olhares esquisitos. Conheço você, Lizzie. Se tem algo que está te incomodando, alguma pergunta que queira fazer...

— Como pôde namorar a filha de Slender? — fui direta, sem nem deixá-lo terminar a pergunta.

Coloquei cardápio de lado, já que todos sabiam que eu ia simplesmente pedir uma tonelada de rolinhos de primavera.

Homero parou por um momento, surpreso.

— Liz...

— Desculpe, não quero soar como uma maluca ciumenta... Na verdade, eu não me importo. Só quero saber como e o porquê. Ela sabe de tudo que Slender faz e aceita. Aceita numa boa! Quer dizer, ela concorda, discorda, acha aceitável? Eu não sei, mas tecnicamente Samantha é uma cúmplice! E eu sei que você não concorda. Então, na minha cabeça, não consigo processar a informação de vocês dois juntos. É só que... Como?

Homero se empertigou na cadeira enquanto eu recuperava o fôlego por falar tanto. Ele se levantou no seu lugar e veio até o meu.

Eu deslizei mais ao fundo no banco vermelho e estofado e lhe dei espaço para se sentar ao meu lado. Ele se acomodou, depois colocou as mãos em cima da mesa.

— Sam e eu crescemos juntos — Homero começou. — Crescemos juntos e éramos melhores amigos. Jason sempre foi um pé no saco, mas a Sam era legal, era a minha melhor amiga. Tínhamos a mesma idade, fazíamos tudo juntos. No entanto, quando se torna um adolescente e todos aqueles hormônios enchem seu corpo...

— Entendi. Depois de um tempo vocês viraram mais que amigos — complementei.

Homero assentiu.

— Foi exatamente quando Slender resolveu tirá-la da cidade, levá-la para a Europa, Inglaterra, eu acho. Nós perdemos contanto, meu pai adoeceu de câncer... — a voz dele tremeu. Eu deslizei meu corpo para perto do de Homero e segurei suas mãos, apertando-as bem forte. Homero sorriu em agradecimento. — Foi a pior época da minha vida. Perdi a namorada, depois de alguns anos perdi o meu pai, tive que largar a faculdade pela qual eu estava apaixonado... Só que a Sam voltou há alguns anos atrás. Ela voltou a morar na cidade e nós eventualmente acabamos voltando também. Parecia perfeito, pareceu certo por um tempo, até que ela mudou. Não, na verdade ela não mudou. Ela continuou a mesma, era eu quem não conhecia o outro lado da sua personalidade. Sam podia ser bem má quando estava irritada, podia ser hostil, soberba. Sabe a Amèlié?

— Uh, ela era tão ruim assim?

Homero riu.

— Bem, às vezes, não todo o tempo. Mas, sim, a cada dia isso me incomodava mais. Até que um dia ela foi abordada pelas garotas do meu fã clube...

— Ah, o fã clube... — comentei.

— Sam tratou as garotinhas muito mal. Ela estava tendo um péssimo dia e descontou em crianças. Foi a gota d'água. Nós brigamos, Sam me convenceu a esquecer isso, disse que estava arrependida. Só que eu não conseguia entender como uma pessoa podia ser tão brilhante e doce mas segundos depois se comportar de uma maneira completamente diferente...

Você já viu o pai dela?, tive vontade de perguntar.

— Uma noite eu a levei para jantar, decidindo a terminar tudo. O garçom do restaurante complicou a minha vida quando trouxe duas taças de champanhe e em uma delas um anel. A Sam viu o anel e... Ah, foi horrível. Ela ficou estonteante de felicidade.

— Oh. — eu apertei o braço de Homero, sentindo muito por ele e, de certa forma, pela Samantha também.

— Ela não ficou nada feliz quando eu meio que "retirei o pedido", dizendo que era um engano. Para falar a verdade, ela jogou o champanhe na minha cara e deixou o restaurante. Alguns meses depois se mudou de Nova York também. E é isso. Nunca mais vi ou falei com a Samantha... Até hoje.

— Então é isso — eu concordei. — Bem, acho que isso responde a minha pergunta. Quando você descobriu o outro lado dela, você terminou. Não ficou com ela sabendo que era uma versão real da Amèlié.

— Não, não fiquei. — Homero olhou para mim e deu um sorriso. — Satisfeita?

— Quase — admiti. — Só uma mais uma pergunta.

— Tudo o que quiser, desde que pare de me olhar como se eu fosse um criminoso o qual você pretende expor.

Eu ri e concordei, mas depois fiquei séria. Era uma pergunta séria, e Homero percebeu pela expressão em meu rosto. Engoli em seco.

— Você se arrepende? Você ainda sente algo pela Sam?

Homero suspirou e virou o corpo na minha direção. Ele tocou minha bochecha.

— Não — respondeu. — Não me arrependo, não sinto mais nada pela Sam. Ela ainda continua sendo a garota com a qual cresci, e me preocupo com ela, mas é só. Eu nunca gostei dela como gosto de você, por exemplo.

O sorriso no meu rosto foi quase involuntário.

— Você não tem um lado cruel. Bem... É pouco cabeça dura, mas acho que posso viver com isso.

Soquei o braço de leve. Homero continuou:

— Você é linda, seus olhos são lindos, seu sorriso é lindo, seu coração, sua preocupação com as outras pessoas, suas ideias, seus planos, suas caretas... É tudo lindo em você. E estou apaixonado por tudo isso. E não tenho a intenção de parar tão cedo. Nunca, na verdade.

Eu estava vermelha, explodindo de felicidade. Dei um sorrisinho envergonhado e segurei o rosto dele entre as minhas mãos, tascando um beijo em Homero.

Ele passou o braço ao meu redor e me apertou contra si. Homero ficava irresistível de terno, mas agora que não trabalhava mais e vivia usando moletons era bem mais confortável abraçá-lo.

— É esse olhar que eu estava esperando! — Homero provocou. Ele pigarreou e imitou a minha voz. — O olhar de "Ah, Homero, também estou perdidamente apaixonada por você, vamos fugir juntos, vamos...

— Tudo bem, não precisa se achar tanto! — eu o interrompi. Sustentei os cotovelos na mesa e mordi os lábios, voltando a me inclinar para perto dele. Falei em seu ouvido. — Mas sim, a sua interpretação do meu olhar está correta.

— Eu sabia!

Homero gargalhou e me puxou para si, beijando o meu pescoço.

— Ahhhhh! — eu grunhi baixinho, empurrando-o. — O pescoço não...

— Estão prontos para pedir? — o garçom surgiu de repente ao lado da nossa mesa.

Dei um salto para longe de Homero, constrangida. O homem ao meu lado estava rindo. Cutuquei-o na barriga e tossi.

— Sim, nós estamos prontos — eu respondi, trocando um último olhar cúmplice com ele.

***




Ooooi de novo, gente!

Enganei vocês, disse que nesse capítulo ia ter ação e mas nem teve tanto assim, perdoem a tia, ela calculou mal os capítulos. Por falar nisso, estamos quase no fim do nosso livrinho querido, galera 💔.

Mas não vamos pensar nisso! Tem muita coisa para acontecer ainda. Teve momento bem fofo de #Homeleth nesse capítulo, aproveitem viu?

Pq vcs sabem que na vida da Lizzie a felicidade é passageira e a desgraça é permanente, né? Kkkkkkkkk Só avisando à vocês, preparem o coração, a tia ainda não acabou te tocar o terror :)

Por falar em terror, queria dar um "OI, MIGA!!!!" pra a BeatrizjBrandao que está lendo TPR e estou morrendo de vergonha. Então, OI MIGA! A Bia chegou no capítulo 29 e lotou meu celular de mensagem, me xingando de tudo que é nome possível e de tudo que não é. Quase perdi uma amiga kkk

Eu estou um pouco desesperada pq de repente as pessoas que me conhecem estão lendo isso aqui e não sei lidar com isso. Não sei mesmo, estou pirando um pouco. Oi também, irmã (LorenaAndrade783).

Enfim, gente, espero que tenham gostado desse capítulo, no próximo vai ter um pouco mais de ação sim. Lizzie vai voltar a passar vergonha em público, yey!

Um beijo enorme para vocês, até o próximo capítulo

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