Tudo Pela Reportagem

By mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... More

Prólogo.
Primeira parte.
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Segunda Parte.
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!!!!!100 MIL F*CKING VIEWS!!!!! ❤️
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31 (Pra quem não está conseguindo ler!!)
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42. [Final]
Epílogo.
Agradecimentos.
Capítulo Bônus (1)
Booktrailer <3
Se você gostou de TPR, vai gostar de Morde e Assopra também!
Capítulo Bônus da Gabi! Yey!

33.

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By mariiafada


Abri os olhos, sentindo-me uma estranha ao meu próprio corpo. Estava extremamente enjoada. Constatei que me encontrava deitada em algo extremamente macio. Decretei ali o final definitivo da temporada de desmaios. Eram inconvenientes e seguidos de um despertar grogue em um lugar estranho.

Finalmente parei de encarar o teto branco e vasculhei ao redor com os olhos, sentindo-me ainda mais zonza e enjoada. O quarto onde eu me encontrava era escuro e silencioso. Meu cabelo estava por todos os lados, cachos em cima do rosto. Afastei-os dos olhos com um bocejo. O cheiro de produto de limpeza me fez desconfiar que me encontrava em um hospital, mais uma vez. Tateando o meu corpo rapidamente concluí que estava usando as mesmas roupas de mais cedo.

A porta do quarto se abriu com um clique barulhento e um homem alto de porte atlético adentrou o cômodo, ligando as luzes claras e fortes. Os meus olhos demoraram um pouco para focalizar o estranho. Pisquei debilmente diversas vezes, acostumando-me a claridade repentina.

— Dr. Burke! — exclamei com um sorriso débil assim que finalmente o reconheci.

O médico, que antes de me ouvir chamá-lo assim estava sorrindo e caminhando na minha direção, perdeu um pouco da sua animação inicial.

— Olá, Elizabeth — ele me cumprimentou com um suspiro paciente. — Já te disse que o meu nome não é Burke.

— E eu já te disse para assistir à Grey's Anatomy. Vai concordar comigo quando assistir que você parece o Dr. Preston Burke... Oh! Qual é a sua especialização? Ah, me diga que é Cardiologia! Por favor!

Ele revirou os olhos de uma maneira muito juvenil enquanto lia a minha prancheta e ignorou a pergunta.

— Bem, onde eu estou agora? — perguntei calmamente enquanto recostava-me no travesseiro. O movimento aparentemente foi brusco demais. — Minha cabeça dói e há um gosto amargo na minha boca... Só me diga que estou no mesmo estado o qual desmaiei, por favor.

—  Você está no Hospital Monte Sinai, em Nova York, mais precisamente na quinta avenida. Está em casa. —  informou o Dr. Burke. Monte Sinai, ótimo, pensei, mas uma referência bíblica. — Mike me pediu pra vir vê-la, tive que pegar o primeiro jatinho para cá. Você desmaiou logo depois de bater a cabeça, não é?... Deixou muita gente preocupada. No entanto, pelo Raio X que pedi, sua cabeça está ótima, nenhuma sequela.

— Ah, sim. É claro. Provavelmente desmaiei por causa da claustrofobia. Fiquei presa em um elevador por quase uma hora — encolhi-me. — Foi horrível.

O médico me encarou meio descrente. Sua sobrancelha espessa e escura se ergueu, emoldurando no rosto bonito do homem um olhar de dúvida.

— Tem certeza que foi só isso?

Eu pisquei, ainda meio lenta.

— Sim, é claro que tenho. —  o gosto amargo e ruim na minha boca estava aumentando.

— Você não acabou de se queixar que estava, hum... enjoada? — Assim que ele tocou no assunto senti o estômago revirar, borbulhar. Burke se aproximou e começou a me examinar. Ele ligou sua pequena lanterna e pediu para que eu seguisse a luz.

— É, estou. —  assegurei depois que ele terminou.

— Lizzie, como seu médico eu tomei a liberdade de perdi alguns exames, inclusive...

— Sai da frente! — pulei da cama e afastei o médico, correndo até uma porta que esperei ser um banheiro.
Abri a porta e segui direitamente para a privada. O bolo que se formava em minha garganta foi ejetado para fora do meu corpo, comprimindo dolorosamente o meu estômago. Antes de terminar, vomitei mais duas vezes. Minha testa estava úmida de suor quando afastei-me do vaso.

— Brrrrr. — gemi com as mãos enroladas ao redor da barriga, sentindo-me fraca.

Dr. Burke me ajudou a levantar e entregou-me papel higiênico para que eu limpasse a boca. Com o seu apoio, voltei para a cama e me acomodei ali, sentindo-me pior do que antes. Sobre o olhar insistente do meu médico, admiti:

— Tudo bem, claustrofobia não faz isso com as pessoas. Talvez eu tenha comido algo que não me fez bem... — dei os ombros.

— Lizzie.

— O quê?

Burke trocou o peso de perna e me encarou. Cautelosamente, perguntou:

— Já pensou na possibilidade de você estar... Hum, grávida?

Pisquei para o médico por dez segundos, séria. Depois cai na gargalhada. Passei muito tempo rindo dessa possibilidade, aparentemente constrangendo-o. Que piada! Eu? Grávida? Dr. Burke estava louco.

— Aí, como você é engraçado! — limpei as lágrimas do canto dos olhos. — Mas, acredite, eu não estou grávida.

Minha afirmação não pareceu convencê-lo.

— Tem certeza? Qual foi a sua última relação sexual?

Arquejei, irritada e ofendida.

— Isso não te interessa!

— Elizabeth, por favor. Sou seu médico. Essa é uma pergunta estritamente profissional.

Bufei e virei o rosto.

— Você e o seu... é, parceiro, vocês usaram camisinha? — ele replicou.

Eu me recusei a responder. No entanto, a postura do médico deixava claro que ele ficaria ali, em pé, edificando-se ao lado da minha cama até eu resolver falar. Acabei cedendo e parando para pensar no assunto. A última vez que acontecera fora com Homero, em Las Vegas. Fora a nossa "Lua de Mel". Nós usamos camisinha, não usamos? Hum... As imagens daquela noite que eu tinha em minha cabeça em nenhum momento mostravam um papelzinho laminado aparecendo em qualquer lugar.

Meu rosto empalideceu.

— Merda. — praguejei baixinho.

— Acho que isso quer dizer que vocês não usaram camisinha. — concluiu o Dr. Burke com um sorriso presunçoso.

Eu soltei uma risada amarga, tateando o meu próprio rosto quente.

— Não, doutor. Isso não é possível!— balancei a cabeça freneticamente. Comecei a fazer as contas em minha mente. Suspirei de alívio. — Rá! Faz pouco mais de dez dias. Para eu estar apresentando esses sintomas de gravidez deveriam ter no mínimo...

Parei de falar, novamente em choque. Era pior do que eu imaginava. Só havia uma pessoa com a qual estive recentemente sem ser Homero... E as contas batiam. Ah, NÃO!

— Pela sua cara, acho que fez uma descoberta desagradável.

—  Estou grávida do... Nãaaao. Tem que ser brincadeira. Doutor! — agarrei o médico pelo jaleco. — Quando saem esses exames? Preciso deles!

Dr. Burke riu e se afastou, libertando-se do meu aperto. Estava deleitando-se com meu desespero. Pessoinha cruel, xinguei-o mentalmente.

— Bem, vão demorar um pouco, Lizzie. Vai ter que ser paciente. Só por curiosidade, quem é o papai do seu bebê? — quis saber ele de maneira zombatória.

NÃO EXISTE BEBÊ!, eu quis gritar. No entanto, antes que pudesse responder, a porta do quarto se abriu. Em um timing perfeito para a pergunta do médico, Brad irrompeu no quarto feito um furacão.

— LIZZIE! — ele gritou dramaticamente assim que me viu.

O meu queixo caiu. Conclui algum tempo depois que eu deveria ser um  tipo de entretenimento privado para as entidades cósmicas. Aposto que estavam todos reunidos, comendo pipoca, assistindo o desenrolar da minha vida e comentando: Rá! Vamos ver como ela escapa dessa agora! 100 unidades cósmicas que ela começa a chorar!

Era um pesadelo. Só podia ser. A qualquer momento eu acordaria...

— Oh, isso vai ser divertido. — comentou o Dr. Burke, se afastando da cama e dando espaço para Brad. Na verdade, "dramático" seria eufemismo para descrever o meu ex namorado. Ele se jogou na cadeira ao meu lado e agarrou a minha mão.

— Lizzie! Eu fiquei tão preocupado! Como você está? O que houve? O que você tem? ENFERMEIRA! PELO AMOR DE DEUS, ALGUÉM VENHA VÊ-LA!

— Claro, chamem a enfermeira quando o médico está bem aqui. Bem. Aqui. — retrucou o Dr. Burke, soando mais do que nunca como o Preston Burke.

— Brad — eu suspirei afastando as minhas mãos das suas. -
— Você não deveria...

— EU ACHO QUE ELA ESTÁ COM FEBRE! — ele berrou enquanto enfiava as mãos na minha testa.

— Não, ela não está. — murmurou impacientemente o médico. Ele voltou a se aproximar da cama, colocando a mão sobre a minha testa também. — Hum, um pouco de febre, sim, mas nada preocupante. Lizzie está bem. — Burke me encarou, intrigado. Pensou em comentar algo mas desistiu e se afastou.

— Como você soube que eu estava aqui? — exigi dirigindo-me ao Brad.

— Scarlett deixou escapar.

Vou matá-la, conclui mentalmente.

— Ela estava aqui com outras duas garotas muito gatas que eu não conhecia. Só que elas foram buscar café. Scarlett achou que você pudesse querer um quando acordasse.

Tudo bem, talvez eu só a machuque um pouco, cedi.

VOCÊ! — uma voz rosnou da porta.

Meu coração trovejou no peito. Era Homero. Porém, ele não estava falando comigo. Estava direcionando o seu olhar de pura raiva para Brad. Seu dedo estava apontado na direção do meu ex namorado. Olhei de um para o outro, desesperada. O que estava acontecendo ali?!

— E fica ainda melhor. — comentou Burke com satisfação. — Sua vida é sempre assim, agitada, Lizzie?

— Nem queira saber. — murmurei sem tirar os olhos de Homero. Esse, marchou até Brad.

— Seu serzinho miserável! Por que me trancou naquele armário de vassouras? —Homero questionou. — Tive que gritar para uma enfermeira me tirar de lá!

—Hã... Para ver a Lizzie primeiro, é claro. — respondeu Brad na lata. — Eu tenho mais direitos que você. Sou o namorado...

EX! —Homero e eu gritamos em uníssono. Isso fez com que sorrissemos um para outro brevemente.

— Que seja! Ainda tenho direito de vê-la primeiro. Nós temos uma história. Você é só um casinho sem importância. — Brad provocou. Os punhos de Homero estavam cerrados. — Lizzie ainda me ama!

— Brad, cala a boca. — eu pedi cansada.

Os olhos de Homero brilharam na minha direção.

— Ele está te incomodando, Liz? Vou tirá-lo daqui!

Homero avançou contra Brad.

— Liz, não deixe ele me machucar! — Brad se jogou atrás de mim, fugindo de Homero. O empresário o puxou pela camisa, arrastando-o para longe da minha proteção.

— Ei, ei, ei! — gritei quando os dois se atracaram. — Parem com isso! Agora! Burke, faça alguma coisa!

O médico abriu um sorriso diabólico para mim.

— Diga o meu nome verdadeiro e eu chamarei os seguranças para tirá-los daqui.

Abri a boca para dizer o seu nome, mas nada me veio à mente. Eu me esquecera! Irritada, pulei da cama.

— Eu mesma resolvo isso aqui.

Enfie-me no meio dos dois homens e os empurrei, cada um para um lado.

— Vocês dois estão sendo ridículos. Estou passando um momento estressante e ambos estão piorando tudo! Quero que saiam desse quarto e me deixem sozinha!

— Mas Liz... — Brad choramingou.

— Brad, você tem que ir embora. Você é meu ex, não temos mais nada. — exceto talvez um filho, pensei. — E se ainda há alguma dúvida que nós não vamos voltar, estou afirmando aqui: NÓS NÃO VAMOS VOLTAR. Você precisa seguir em frente, por que... — a lembrança de eu que talvez pudesse estar esperando um filho de Brad me fez  parar. Droga, eu não podia fazer aquilo. Ele precisava saber.

— Está vendo! Ela hesitou! Lizzie ainda me ama, eu sabia! — Brad chegou perto de Homero e mexeu o corpo numa espécie de dança da vitória ridícula. — Toma essa, engravatado...

Homero estava a um passo de socá-lo. Respirei fundo.

— Não, não é isso. — balancei a cabeça. — Brad, eu sempre vou nutrir um carinho por você, mas não te amo.

— E por que hesitou? — ele quis saber.

Olhei para cada um dos homens no quarto. Parei em Burke, ou qualquer que fosse o seu nome verdadeiro. O olhar do médico dizia: Ah, simplesmente conte. Está me matando. Conte de uma vez!

— Quer saber, Brad? Fique aqui, pelo menos por mais alguns instantes. Eu tenho uma coisa importante para contar. Daqui há...  — ergui as sobrancelhas para o doutor.

— Mais ou menos vinte minutos. A enfermeira trará os exames.

Homero se aproximou de mim.

— Exames? Liz, qual é o problema?

Dei um sorriso raso para ele. Queria desesperadamente um momento a sós com Homero, mas primeiro tinha que resolver essa questão da gravidez. Não conseguiria focar em mais nada sem ter a certeza que eu não estava grávida.

— É complicado. — sussurrei de volta. Pensei em perguntar: Ei, por acaso nós usamos camisinha na nossa "Lua de Mel"? Mas isso obviamente o deixaria preocupado. Além do mais, se eu estivesse grávida, não seria Homero o "papai do ano". Lancei um olhar de lamentação para o meu ex namorado. Deus, eu não podia ter um filho daquele cara. Não podia ter um filho! Ponto final.

— Por mim tudo bem. — Brad se acomodou na cadeira feliz da vida. - Eu vou esperar o quanto tempo for necessário — disse cada palavra lentamente e olhado para Homero. — Nada vai me tirar daqui, a não ser que a Elizabeth diga que eu tenha que ir. Na-da. Ficarei. Bem. Aqui.

— Eu juro, eu vou matá-lo... — Homero começou, mas foi abafado por vozes femininas.

— Lizzie, você acordou!

Um alívio imenso me atingiu ao vislumbrar três rostos os quais não pertenciam a nenhum dos meus atuais ou passados namorados. Eram só rostos amigáveis, bonitos e jovens. Minhas meninas. Gabriella, Scarlett e Eleonora me envolveram em um breve abraço em grupo. Respirei o cheiro delas, que estavam todos usando o mesmo perfume. Era o meu perfume. Isso não me incomodou, na verdade me fez rir.

— Ei, não ganho abraço?! É, deixa para lá, estou trazendo o "armamento pesado" aqui. — Ray entrou logo depois das meninas segurando uma caixa de papelão onde estavam os cafés. — Uau, quanta gente temos aqui... Amor, você não me parece bem, seu cabelo está uma bagunça. E está pálida! — Ray jogou os cafés para Homero, vindo na minha direção com os braços entendidos, pronto para cuidar de mim. — O que há de errado com você?

— Elizabeth tem um pronunciamento a fazer. — intrometeu-se Brad. — Hoje ela vai escolher com quem fica. Comigo ou com esse cara chato aqui.

— O quê? — Ray guinchou.

— Não inventa, Brad. — implorei. — Não há quem escolher... Só esperem. Daqui há alguns minutos tudo se resolverá.

— Liz, posso falar com você um minuto? — Scarlett pediu já me arrastando para o banheiro.

— Espera! — protestei. Agarrei um dos cafés no aparador que Homero segurava e me deixei ser levada por Scarlett.

— Vocês também, entrem aqui! — Scarlett ordenou dirigindo-se a Ray, Lele e Gabi.

Depois de estarmos todos espremidos ali dentro, Scarlett fechou a porta atrás de si e fez uma careta.

— Nossa, que cheiro é esse? Alguém andou vomitando?

Encolhi os ombros cheia de culpa. A minha amiga me encarou com os seus grandes olhos verdes, sem dizer uma palavra. Em cinco segundos ela entendeu tudo.

— AI MEU DEUS! — Scarll estrilou. — VOCÊ ESTÁ...

— Shhhhh! — eu tapei sua boca. — Não, não eu estou. Provavelmente é só um engano...

—Liz! — Gabriella arquejou. — Como isso aconteceu?

— É simples, Gabi. Um homem e uma mulher.... — Lele começou a explicar.

—Obrigada pela aula de iniciação ao sexo, Lele, mas não foi isso que eu quis dizer. — Gabi esclareceu.

— Quem é o pai? — Ray quis saber. — Brad ou Homero?

— Que seja do Homero, por favor. — pediu Gabriella.

— Ah, eu não sei, Brad parece ter ótimos genes... — ponderou Lele.

— Gente, vocês não estão deixando a coitada falar! — Ray protestou.

— Elizabeth Angelica Scott, quem é o pai?! — sibilou Scarlett. Ela arregalou os olhos, dando-se conta de algo. Estatelou-se na porta do banheiro. — Oh! E o seu pai? Isso sim vai fazê-lo ter um ataque do coração...

O cheiro de vômito estava me deixando enjoada novamente. Pensar em meu pai e Scarlett juntos só piorou a situação. Eu me curvei sobre a privada e "coloquei tudo para fora", provavelmente o que não tinha também.

— Oh, Lizzie... - Gabriella suspirou e segurou o meu cabelo enquanto eu continuava expelindo tudo que tinha comido no dia para fora. Era terrível. — Não acredito, vamos ser titias.

— Um bebezinho para a gangue. Nosso mascote. — completou Eleonora emocionada e batendo palmas.

— Não vai ter um... — a ânsia me impediu de completar a frase.

— Tudo bem, o que está rolando aí dentro? Liz! Qual o problema com você? — Brad quis saber batendo na porta.

— Deixa-a em paz.—  ouvi Homero murmurar ao seu lado.

— Dá licença, bonitão? Eu estou demostrando a minha preocupação. Você se acha, não é? Anda por aí com esses ternos, nesse porte de semideus, se achando... Fique você sabendo que a disputa ainda não acabou! E eu não tenho medo de você.

— Pelo amor de Deus! Eu nem estou usando terno!

— Briga de homem! Interessante. — Ray animou-se. — Droga, queria estar lá fora.

— Não importa, cara. Esse suéter não me engana. Aposto que ele custou mais que o meu guarda roupa inteiro. — Brad argumentou cheio de desdém.

— Provavelmente custou mesmo. Um sem-teto se veste melhor que você! - Homero devolveu com uma taxa de desdém em dobro. Entrementes, eu continuava vomitando.

- Riquinho idiota! Vou pintar um quadro baseado em você um dia! Se chamará O USURPADOR CORPORATIVISTA. Você vai estar sugando o sangue de um unicórnio, como o Lord Voldemort em Harry Potter, só que de terno.

— Cala boca. Você... Só cala a boca. — rebateu Homero. — Não está ajudando em nada. Então, cala essa boca.

— Vem calar!

— Se você insiste!

— Não, não, não! — os gritos vieram do Dr. Burke.

— Já chega. — eu decidi levantando-me do vaso ainda meio fraca. — Vou acabar com essa briga agora mesmo.

— Lizzie... — Scarlett tentou advertir.

— ESTOU GRÁVIDA! — esbravejei abrindo a porta do banheiro com tudo. Homero e Brad, que estavam novamente se atracando, pararam imediatamente.

— O quê? — Homero largou o meu ex namorado, seu rosto completamente pálido. Tentou dar uma passo para frente, mas não conseguiu. — Liz, isso é verdade? Tem certeza?

Respirei fundo.

— Na verdade, eu não tenho certeza. Mas há uma grande possibilidade que seja verdade, sim. — estremeci.

— Então... — Homero queria fazer a pergunta, mas não conseguiu. Estava chocado com a notícia. — Eu...?

Engoli em seco e mordi os lábios.

— Homero, eu não sei. Se for verdade, faria mais sentindo se... – deixei a frase inacabada. Eu olhei na direção do meu ex namorado.

— Oh. — Homero se afastou como se tivesse acabado de levar um murro no estômago. Meu coração apertou-se ao ver o seu semblante devastado. Seus ombros caíram.

— Eu vou ser pai, então? — Brad se pronunciou, passando na frente do outro. Seu rosto estava pálido como papel. Depois de alguns segundos ele abriu um sorriso bobo e urrou de felicidade. — EU VOU SER PAPAI! Uhul!

Gabi falou algo em espanhol e balançou a cabeça, recebendo uma resposta de Eleonora na mesma língua. Pelo olhar de pena delas, estavam lamentando a minha sorte – ou a falta dela. Brad podia até ser bonito, mas não tinha um pingo de seriedade...

*

Nesses longos e torturantes minutos nos quais esperávamos pelo teste, todos constataram o avanço com o qual Brad recebia a notícia. Primeiro, ele parecera animado. Não parava de falar orgulhosamente que seria "papai". Depois, sentou-se na cadeira, o rosto mais pálido do que estava antes. Seus olhos ficaram vidrados, ele começou a suar em doses preocupantes. Olhava para a porta como se a qualquer momento fosse pular da cadeira e sair correndo.

— Vou ser um pai? Um pai? — a responsabilidade a qual aquela palavra carregava pareceu atingi-lo pela primeira vez. Olhou para mim desesperado. — Serei um pai? Ah, não. Sou muito novo para isso. Como vou sustentar o Brad Júnior? Não, não... Elizabeth, o que será do nosso filho?

— Primeiro, ele não vai se chamar Brad Júnior. Eu nunca deixaria meu afilhado ter esse nome. — Ray falou.

— O nome dele pode ser Míguel. — Elenora propôs. - Elena, se for uma garota.

— Gente... — eu tentei. Parem, não vai ter um bebê. Não alimentem esse sonho.

— Antônio! — Gabriela se manifestou. — É um belo nome...

— Vamos todos lembrar que é um bebê hipotético. — ressaltei sentando-me na beirada da cama e colocando a mão sobre a barriga. Meu estômago ainda doía.

— Pense só, Lizzie. — Ray veio até a mim e colocou os braços ao redor do meu ombro. — Um garotinho, loiro e educado, com seus lindos olhos. Podíamos levar ele para passear no Central Perk, ao Zoológico...

— É, seria legal. — concordei levianamente, imaginando o meu futuro filho. Um garotinho que caberia exatamente na minha cintura sempre que eu o colocasse no colo. Bochechas rosadas, cabelo caindo nos olhos, brinquedos espalhados por todos os lados. Contar histórias para ele dormir... — Ele teria aquele cheirinho de bebê?

— Mas é claro! - Gabriela concordou, aproximando-se também. — Antônio teria o melhor cheiro do mundo.

— Seu apelido seria Tom. — complementei, deixando-me levar por aquele sonho maluco. Dessa vez, quando acariciei a barriga, não foi pensando no enjoou. Tom.

— Ele faria milhares de perguntas por dia. - Ray complementou. —  Ensinaríamos ele a respeitar todas as formas de amor. Eu seria o seu tio preferido, é claro.

— Vocês estão pirando. — Scarlett se intrometeu, aparentemente estourando nossa bolha. — Eu serei a tia preferida! E o nome dele será Benjamim. Lembra, Lizzie? Benjamim e Daisy. Nossos filhos vão se casar, provavelmente.

— Eu amei! Ben e Daisy! Já posso imaginá-los...

— Espera, espera. — balancei a cabeça. — Se a Scarll tiver um filho do meu pai, então a Daisy vai ser minha irmã... E tia do Ben! 

— Quer saber, deixa para lá. Nossos filhos podem ser apenas bons amigos. — propôs Scarlett.

— Concordo.

— Só para constar, Brad Júnior pode namorar quem ele quiser. Até mesmo a tia! — Brad afirmou protegendo o filho imaginário e seu caso de amor com a tia imaginária.

— Ficou maluco? — eu estrilei.

— Não se pode vencer o amor verdadeiro, Lizzie! Mesmo que a Daisy se apaixone por algum engravatado idiota, Brad Júnior tem que se impor e lutar por ela. Daisy não sabe o erro que está cometendo...

— Lá vamos nós de novo. — murmurei já enfadada de Brad. Meus olhos procuraram por Homero, para ver sua reação às palavras de Brad, no entanto não o encontrei. Surpresa, percebi que ele havia saído. Homero fora embora.

— Daisy e Ben não vão namorar. ACEITE! — Ray esbravejou. — Ben vai ser um garoto decente e entenderá que acabou.

Dr. Burke não conseguiu se conter. Ele riu até chorar no canto do quarto diante de toda aquela situação. Lancei para um olhar fulminante para ele enquanto bebia o meu café, mesmo sabendo que havia uma grande possibilidade de eu colocar tudo para fora novamente.

O fato de Homero ter ido embora me deixou preocupada. Eu nem ao menos sabia o que tínhamos concluído depois da nossa conversa no elevador. E agora, com o possível bebê, as coisas se complicariam mais ainda.

— Doutor, aqui estão os exames que pediu... — a enfermeira entrou no quarto e parou quando viu aquela pequena multidão reunida. — Wow. Quantas pessoas. Vocês tem permissão para ficar aqui?

— Me dá isso! — eu me lancei na direção da enfermeira e tomei das suas mãos os envelopes. Eram três, no total.

— Deixa que eu leio.

Dr. Burke puxou os papéis da minha mão, me dando um olhar intimidador. Com uma destreza impressionante, rasgou-os.

— Leia logo! — implorei.

— Estou fazendo isso... — ele se concentrou nos exames e depois ergueu o olhar para mim, sério. - É, Lizzie. Parece que sua taxa de glóbulos brancos está alterada... Como eu suspeitei.

— LEIA O TESTE DE GRAVIDEZ! — ordenei exasperada, sem perceber que naquele momento a taxa alta de glóbulos brancos só podia significar uma coisa...

-— Tudo bem, vamos lá. Estou com ele em mãos. — o médico balançou o papel. Leu atentamente e sorriu para mim: — Parabéns, Lizzie...

O meu coração desceu até os joelhos. Os meus amigos comemoraram, teria um sobrinho para cuidar!

— Não é hoje que você será mamãe... - Dr. Burke dobrou o exame. — Você não está grávida, Elizabeth.

Um lamento em grupo vieram dos outros. Eu apenas pisquei, sem reação imediata.

— Ah. — assenti sem saber se me sentia feliz ou triste. Ri sem realmente achar graça e entrelacei as minhas mãos. — Certo. Não estou grávida. Isso é... É um alívio.

Dei adeus a imagem que estava em minha mente de um adorável garotinho de bochechas rosadas e risada gostosa. Minha nossa, eu estava mesmo chateada, percebi com surpresa. Estava me apegando à ideia de ter um filho. Um filho! Com vinte e um anos de idade... Qual era o meu problema?

— Então não terei um filho da Lizzie? Que injusto! — Brad ficou tão revoltado com a notícia que deixou o quarto, passando pela enfermeira e esbarrando de leve nela.

— Homens... — a mulher praguejou baixinho.

— Mas, sinto-lhe dizer, Lizzie... Você não está grávida e continua vomitando. Pelos resultados do exame e os sintomas que está apresentando, eu diria que está com uma intoxicação alimentar. Comeu alguma coisa suspeita nessas últimas doze horas?

E isso explicava a alta taxa de glóbulos brancos. Infecção, vírus, bactérias e etc. Aprendera muito com a minha mãe no passado.

— Oh! — eu bati na minha própria testa. Como pude esquecer?!

— O que você comeu, Elizabeth? — o médico perguntou em tom severo.

— Uma quantidade surpreendente de cachorros quentes. — admiti.

— Se o seu pai estivesse aqui... — cantarolou Scarlett.

— Xiu! — silenciei-a. —Eu sei exatamente o que ele diria, obrigada por me lembrar que, mais uma vez, o meu pai tinha razão. — retruquei para a minha melhor amiga.

— Pelo lado bom, intoxicação alimentar raramente causa algum problema grave. Será medicada e poderá ir embora. Continuará tomando os remédios por toda essa semana, vai ficar boa muito em breve. — conclui o meu médico satisfeito. Ele disse aquilo rápido demais, como se já tivesse preparado o discurso.

Estreitei os olhos.

— Você sabia. — não foi uma pergunta.

Burke sorriu.

— A febre me deu uma ideia...

— Seu desgraçado! Por que não disse nada?

— Ah, vocês estavam todos entretidos pensando no casamento de Ben e Daisy... Não quis ser um estraga prazeres.

— Dr. Johan! — berrei. — Não teve graça.

Ele abriu um largo sorriso, seus olhos negros brilhando.

— Mas pelo menos fez você se lembrar do meu nome.

Fiquei em silêncio, sentindo-me enjoada e, acima de tudo, traída e confusa.

— Meu trabalho aqui está feito. Adeus, Elizabeth. Mantenha-se longe das comidas de carrocinha. São péssimas para a saúde.

O meu queixo se abriu. Aquele homem era inacreditável. O médico deu as costas e foi embora.

— Seu médico é um filho da mãe — comentou Scarlett, observando-o andar pelo corredor. — Gostei dele!

Ainda atônita, recostei-me na cama e fiquei encarando o vazio. Por fim, acabei concordando com ela.

- É, por incrível que pareça, também gosto dele.

*


— Você tem muita sorte de eu sempre trazer uma escova de dentes extras na bolsa — disse Ray em tom severo entregando-me uma escova amarela. — Está nova em folha, aproveite.

— Obrigada, você é o melhor! — sorri para ele e, pegando a escova de dentes da sua mão, me diriji até o banheiro. Lá, encontrei uma pasta no armário e comecei o processo de tirar da boca o gosto horrível de vômito. Esfreguei tanto a língua que chegou a doer. 

Ray aproveitou e questionou, escorando-se no batente da porta do banheiro:

— Então, Liz, nos atualize! Homero: Vilão ou mocinho? Posso voltar a amá-lo? — seus olhos brilharam e piscaram em esperança.

— Hum... - respondi com a boca cheia de espuma. — É complicado.

— É, também quero saber! — Scarlett se juntou a Ray. — Se não eu talvez tenha espalhado uma notícia falsa do cara sem ele ser culpado...

— Scarlett! — protestei engasgando com a espuma da pasta. Segurei na pia, tossindo. — O que você espalhou?

Ela grunhiu e se negou a dizer, parecendo de repente estar muito interessada no próprio sapato – em qualquer outra situação eu poderia acreditar que Scarlett estava sim interessada no próprio sapato. No entanto, naquele momento em especial, a minha amiga queria evitar o meu olhar desconfiado.

— Ela espalhou por toda comunidade e blog de fofoca que encontrou que Homero tem sífilis. — contou Gabriella.

— Ei! — Scarlett lançou um olhar envieasado para Gabi.

— Desculpa, Scarll, mas a Lizzie ia descobrir eventualmente — Gabi deu os ombros. — Ah, tem os bônus...

— Os bônus são os melhores! - Eleonora complementou gritando do quarto. — Calúnias sobre o Homero.

— Que tipo de calúnia? — eu quis saber deixando o banheiro e limpando a boca úmida na barra da camisa.

— Eu disse que Homero tinha, um, hã, terceiro mamilo. — Scarlett encolheu os ombros e deu um sorriso amarelo. — Não me olhe assim, Liz! Eu pensei que Homero era um ser desprezível que merecia a morte. Sorte a dele eu não encontrado aquele Mercedes preta quando fui até a casa dele...

Ela parou de falar, percebendo que revelara demais.

— Oh-oh. Não era pra você saber disso.

—  Você foi até a casa dele? Ai, meu deus! O que você fez, sua maluca?

— Nada! — Scarlett certificou-se de manter uma distância segura de mim. — Eu vi que estava tudo fechado e voltei para casa, conformada.... Certo, meninas?

— É... Claro. — Eleonora respondeu.

— Isso. — Gabriella emendou sem muita convicção. .

— Homero não é um traidor. - contei à elas. —  Bem, ele mentiu, mas... É complicado. Estamos tentando nos acertar. Scarlett, espero mesmo que aquela Mercedes esteja intacta, eu não tenho dinheiro para pagar pelo concerto...

— Não precisa se preocupar, Lizzie, não fiz nada! Olha a hora, precisamos ir! Você está com uma cara péssima. Descanse! — Scarlett pediu segurando as minhas mãos e me arrastando até a cama. Estreitei os olhos para ela. — Vamos voltar para te buscar daqui há algumas horas, traremos roupas limpas e comida. Enquanto isso, durma um pouco. Tudo bem?

Assenti obedientemente, aconchegando-me na cama.

— Tudo bem. Descansarei... Estou de olho em você, mocinha.

A minha melhor amiga deu um sorriso angelical e depositou um beijo na minha testa, prometendo se comportar. Logo em seguida, as meninas e Ray deixaram-me sozinha no quarto.

Após alguns minutos no silêncio o sono veio gradativamente, puxando-me pelo cansaço. Dormir, sim... Parecia uma boa ideia. Puxei os lençóis limpos e me cobri até o pescoço. Porém, antes que pudesse entrar em sono profundo, ouvi duas batidinhas tímidas na porta.

Com uma força de vontade tremenda, levantei-me e abri a porta do quarto.

— Liz.

— Homero. —  engasguei arregalando os olhos para o homem parado no corredor. — Pensei que tinha ido embora.

Ele piscou, sem saber o que dizer. Estava segurando um embrulho prateado nas mãos. Seus cabelos estavam bagunçados pelo vento e a testa franzida.

— Eu posso entrar?

— Claro, claro. — deslizei para o lado, dando-lhe espaço para entrar. Pigarreei. — Então... O que é isso? - apontei com o queixo para o presente.

Homero corou.

— É para você.

— Hã... Tudo bem. — peguei o presente de suas mãos, meio desconfiada, sem conseguir imaginar qual seria o motivo de estar ganhando um presente. Coloquei-o sobre a cama, meio receosa de abri-lo. Vamos lá, pensei.

Sem cerimônias, rasguei o papel prateado, tocando um tecido macio. Mal pude acreditar no que vi. Era uma... roupinha. Uma roupinha amarela para um bebê. Vinha com luvas minúsculas e um gorrinho. Na frente havia um desenho de um Leão com a juba feita de tricô. Tudo era pequeno e adorável. O melhor era o cheiro inconfundível de bebê. Ah, meu deus.

Arquejei, pegando a roupinha nas minhas mãos. O meu coração se apertou e partiu.

— Eu não acredito que você fez isso — sussurrei fragilizada. — Homero...

— Eu queria mostrar que vou apoiar você, não importa o que aconteça, mesmo que eu não seja o, você sabe, o pai. E eu não sabia dizer isso com palavras, talvez um gesto fosse melhor. — ele engoliu em seco como se estivesse falando algo que já gravara em sua mente. — Então, esse sou eu mostrando o meu apoio, não importa o que aconteça...

— Homero. — repliquei rindo em meio às lágrimas. — Eu não estou grávida.

Seu rosto ficou branco, sua expressão era uma mistura de confusão e perplexidade.

— Foi só engano. — expliquei. —  Não há nenhum... bebê.

Homero deve ter percebido que eu não estava tão feliz com a notícia. Deixei a roupinha cair na cama.

— Ah, Lizzie. — ele me puxou para si e me deixou molhar seu moletom vermelho com as minhas lágrimas. Abracei-o, colocando os braços ao redor da sua cintura. Não acreditei que estava mesmo chorando por causa da falsa gravidez, mas a verdade é que por um momento a ideia de ter um filho pareceu emocionante. Disse a mim mesma que ia superar, simplesmente não era o momento certo. — Sinto muito.

Empurrei-o de leve para longe, rindo tragicamente.

— Você sente muito por eu não estar grávida de outro cara? —  gargalhei mais ainda, mordendo o lábio. — Você não é normal, Homero Smith.

Ele sorriu também, acomodando a sua mão na minha cintura. Inclinou-se para perto, prendendo-me entre ele e a cama. Sua proximidade me agradou, e recebi isso com felicidade. A química de antes estava voltando. As faíscas que sentia quando ele estava próximo ainda surgiam. Ficamos em silêncio, naquele clima gostoso, nos encarando. Depois de muito tempo, Homero falou:

— Um jantar.

— O quê? — questionei sem entender.

Homero suspirou.

— Passamos por muito nessas últimas semanas, e sei que você quer fazer as coisas devagar. E nós nunca tivemos um encontro. Um encontro de verdade. Vamos sair para jantar, fazer um programa decente, nos conhecer melhor, contar histórias de quando éramos crianças... Essas coisas. —  ele respirou, recuperando o seu fôlego. —  Um jantar — concluiu.

— Certo — assenti lentamente, franzindo os lábios em um sorriso. — Um jantar.

— Isso.

— Fazer tudo devagar.

— Fazer tuuudo devagar. — Homero ecoou.

— Ir com calma. —  adicionei, meus olhos deslizando dos de Homero até a boca dele.

— Isso aí. — ele sussurrou.

Ficamos em silêncio mais uma vez. Respirei fundo, tentando pensar com clareza, mas a proximidade de Homero meio que atrapalhava o processo. Eu poderia pedir para que ele se afastasse... Mas eu não o fiz. Na verdade, eu fiz o contrário. Puxei o pescoço de Homero, beijando-o. O meu ato pegou-o completamente de surpresa, mas não o impediu de corresponder quase que imediatamente. Ele riu e grunhiu, entre beijos:

— Pensei que íamos com calma.

— Essa sou eu indo com calma. — rebati.

Homero não protestou. Seus braços me apertaram contra o seu corpo, com um movimento rápido eu pulei e sentei na cama. Suas mãos foram para o meu pescoço, ele beijou cada centímetro de pele do meu rosto que encontrou.

— Senti falta disso. — admitiu.

Eu sei, também senti, quis dizer, mas não tive tempo.

— Ei, ei, ei! — uma voz feminina protestou. — Senhor, isso aqui é um hospital. Largue a paciente agora mesmo!

Homero e eu pulamos de susto, mas nãos nos separamos. A intrusa era uma enfermeira baixinha e atarracada, de nariz chato e olhar mortal que estava parada na porta do quarto com as mãos na cintura curvilínea. Ela batia o pé no chão furiosamente.

— Vamos, se afaste da paciente! - retorquiu . — Dr. Mallik disse que Srta. Scott deveria descansar até receber  alta, daqui há algumas horas. E isso aí não é descansar, senhor! —  a mulher checou o relógio em um movimento de braço furioso e metódico. — O horário de visita também já acabou.

— Droga. — Homero praguejou baixinho, sem deixar a enfermeira destruir seu bom humor. Ele ainda não havia se afastado de mim. — Eu vou ter que ir agora.

— Estarei em casa mais tarde. — susurrei no seu ouvido.

— Eu te ligo. —  Homero prometeu. Lançou um olhar rápido para a enfermeira, roubou um beijo meu e  depois de afastou. A mulher estalou a língua, sentindo-se desafiada. — É melhor eu ir. Tchau.

— Tchau! — eu respondi, sentindo que a qualquer momento meu rosto se partiria em dois com o sorriso.

Homero passou pela enfermeira, que o seguiu com os olhos miúdos e estreitos.

— Vamos, ande, Sr. Beijoqueiro... Isso mesmo, andando. E VOCÊ! — a baixinha apontou o dedo para mim. Fiquei em estado de alerta, esperando pela minha sentença. — Não saia desse quarto. Descanse. Poderá ir embora daqui há algumas horas.

- Sim... Cer-certo. Você que manda, senhora.

Satisfeita, a mulher assentiu e fechou a porta, deixando-me sozinha. Com um suspiro, voltei para cama e me acomodei lá... Mas não consegui pregar os olhos. Além de ainda sentir a pressão dos lábios de Homero nos meus, estava com a estranha sensação de que não me encontrava sozinha no quarto. Não era uma presença... mas olhos. Sentia-me observada, e isso estava me dando nos nervos.

Forcei-me a fechar os olhos. Está sendo paranoica, Lizzie. É o cansaço falando. Descanse um pouco, vamos. Fiquei ali, deitada, mais ou menos uns dez minutos. Não consegui pegar no sono. Abri os olhos, encarando o teto, e por algum motivo vasculhei o quarto. Ele era grande, as paredes pintadas de azul claro e branco. Duas cadeiras e uma poltrona cinza-chumbo, o banheiro... Só. Observei com atenção os cantos das paredes, onde as colunas se juntavam... AHÁ!

Mal pude acreditar quando encontrei, bem ali, no sulco da parede superior à porta, uma câmera apontada para a minha cama. Uma câmera! Estivera ali o tempo todo? Não era nada discreta, talvez um pouco menor do que o convencional, mas continuava perfeitamente visível.

Levantei da cama e andei até o aparelinho, intrigada. Não era do serviço de segurança do hospital, se não os fios estariam escondidos ou fixados à parede. Os fios daquela câmera estavam à mostra e seguiam para fora do quarto, passando pela fresta da porta.

— Isso pede uma investigação!

Desamassei a minha roupa e abri a porta do quarto, seguindo os fios pretos que partiam de lá. Por sorte, a enfermeira não se encontrava por perto, o corredor estava pouco movimentado. Seis quartos depois do meu e o fio seguiu para dentro de um cômodo. Toquei o queixo com o indicador, pensando. Parecia ser outra acomodação para pacientes, assim como na qual eu estava.

— Vamos ver quem estar me vigiando. — agarrei a maçaneta e a abri.

Havia duas pessoas no quarto, isso foi a primeira coisa que constatei. Era uma réplica do meu cômodo, mas sem a cama de hospital, que fora substitutída por duas mesas, onde um garoto muito magro se encontrava debruçado de um lado, e do outro, de costas para mim, uma garota robusta de cabelos rosa-chock e grandes headphones no ouvido.

― Isaac, não estou vendo a Elizabeth... ― a menina estava comentando quando eu abri a porta, aproximando-se da tela do seu computador, onde as imagens da câmera do meu quarto eram expostas Para onde ela foi?

— É... Para onde será que eu fui?

— Merda! — o garoto saltou da cadeira assim que me viu, deixando seu copo de refrigerante cair no chão. O líquido do copo se espalhou pelo chão, melando o tênis da sua companheira.

— Inferno, Isaac! — ela protestou  suspendendo os pés. — Presta atenção...

— FIONA! — Isaac balbuciou cutucando a menina. Ela se virou, furiosa, mas perdeu a cor quando me vislumbrou ali, parada, com cara de poucos amigos e as mãos na cintura.

- Posso saber porque dois adolescentes tem uma câmera instalada no meu quarto? - exigi. Silêncio. - HEIN?

Os dois ficaram mudos. A menina, Fiona, tirou os headphones e se levantou, parando ao lado do amigo. Perto dele, era uma tampinha. Isaac era alto, magro e aparentemente desengonçado.

— Vocês vão falar ou não?

— Nós... — Fiona tentou. — Não sei se devemos falar.

— Como é que é? — meu tom de voz imediatamente aumentou algumas oitavas. Isso fez os pirralhos ficarem com medo.

—  É... — olhos de Fiona se fixaram em um ponto atrás de mim. — Graças à Deus! O Agente Rivers chegou! Ele pode te explicar tudo.

Olhei sobre o ombro para o dito cujo – o inescrupuloso e intragável Agente Rivers –, que estava rindo acidamente.

— É claro que você tinha que estar metido nisso também.

Rivers abriu um sorriso venenoso e passou por mim, esbarrando no meu ombo.

— Oi, Elizabeth. É um desprezer vê-la também! Vejo que conheceu a minha  a minha equipe.

— Na verdade... — começou Isaac, mas eu o interrompi.

— Sua equipe?

— É, eles estão aqui para se certificar que você não vai mais ser raptada ou sair por aí perambulando pelo deserto. — Rivers parou na minha frente ao mesmo tempo que uma outra garota entrou no quarto, trazendo uma travessa de cachorros-quentes.

— Voltei, gente! Trouxe comida... Ei, Elizabeth! Oi, é um prazer finalmente conhecê-la. Grande fã. — o cheiro do cachorro quente impregnou no meu nariz e fez o meu estômago começar a revolucionar mais uma vez.

— Rivers, acho que ela não está bem. — a garota avisou.

— Ela está bem... — Rivers começou a dizer, mas eu eu me inclinei sobre os pés dele e vomitei um resquício de qualquer coisa que ainda sobrara no meu corpo já castigado. Destruí os sapatos do "agente especial".

Zonza, levantei o olhar para o dono dos sapatos que estragara e dei um sorriso sem graça. Oh-oh. Ele não parecia feliz.

— MEUS SAPATOS ITALIANOS, SUA...

— Atualizações! — gritou Issac. — Mike disse que agora somos a equipe da Lizzie. Foi mal, Rivers. Lizzie é quem nos dá ordens agora.

Eu não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. A raiva se acumulou dentro do homem parado à minha frente. Ele me lançou um olhar de ódio mortal. Eu lhe devolvi um sorriso amarelo, mas sabia que isso não melhoraria a situação.

Acho que o Agente Especial Rivers vai me matar. 

***

HEY GUYS! ❤

Tenho alguns recadinhos, então vamos lá.

1. Como foram de Enem??? Me contem! Espero que tenha sido tudo bom e que vocês tenham arrasado. ( Obrigada a todos que me desejaram tanta sorte e torceram por mim, ficaram do meu lado... Foi tudo ótimo comigo, consegui fazer tudo certinho. Redação okay, provinhas okay. Vamos esperar o resultado!! Espero que gostem desse capítulo Pós-Enem, se divirtam bastante com ele).

2. Gente, vou fazer uma pergunta à vocês e quero sinceridade total. O que vocês estão achando da minha escrita? Estou um pouco incomodada, meio que insatisfeita com ela... Mas quem já me conhece sabe que sou paranóica e já parei de escrever um livro por causa disso... MAS CALMA, NÃO VOU PARAR DE ESCREVER TPR! E não quero elogios, pode criticar mesmo se algo estiver que te incomodando na minha escrita, me conta, sem dó, fala mesmo... Eu aguento. Quero melhorar pra vocês. Kkkkkk

3. Se esse capítulo conter erros demais, vão perdoando a tia tô babando de sono, mas quis postar hoje logo. Amanhã consertarei os possíveis erros.

4. Última coisa!!! Uma amiga minha super especial se juntou ao Wattpad agorinha, e ela escreve super bem, a história dela é um AMOR e ela precisa de leitores fofinhos como vocês para dar um apoio... Garanto que não vão se arrepender!!!! O perfil dela é jolavigne e a história fofa se chama Ano Novo. Vão lá dar uma força pra ela, se puderem. 💙💙💙

Por hoje é só, nessa semana ainda tem mais TPR. Bjxs, bjxs, tchau.

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