Tudo Pela Reportagem

By mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... More

Prólogo.
Primeira parte.
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Segunda Parte.
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!!!!!100 MIL F*CKING VIEWS!!!!! ❤️
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31 (Pra quem não está conseguindo ler!!)
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42. [Final]
Epílogo.
Agradecimentos.
Capítulo Bônus (1)
Booktrailer <3
Se você gostou de TPR, vai gostar de Morde e Assopra também!
Capítulo Bônus da Gabi! Yey!

32.

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By mariiafada

Era impossível uma pessoa ficar tão anormalmente calma numa situação como aquela. Homero estava recostado na parede, mexendo no celular. Ligou a lanterna do seu smartphone e o deixou de cabeça para baixo, iluminando precariamente o ambiente. Depois, cruzou as mãos e ficou parado, estático, respirando calmamente. E eu? Provavelmente estava agindo de maneira completamente oposta. 

- Isso não pode estar acontecendo. Qual é? É sério? - andei de um lado para o outro do cubículo de metal, ainda praguejando com a presença divina a qual eu jurava que tinha me prendido ali só por diversão. - Quero dizer, eu não ganho nem uma pausa? Ah, fala sério!

- Como está Deus? Como ele se sente hoje? Primeiro testamento ou segundo testamento? Uh, se for o humor do primeiro testamento estamos ferrados, Liz! Grande enchente, Noé...

Ignorei Homero.

- Eu acabei de voltar do deserto! - argumentei para o ser superior.

Homero engasgou numa risada.

- E Deus disse à Moisés... - ele entoou numa voz de narrador bíblico apocalíptico.

- Sério, até você? Essa piadinha não tem mais graça. - retruquei lançando-lhe um olhar enviesado.

- Desculpe, Liz. Por que não tenta parar de andar de um lado para o outro?

- Certo, vou fazer isso. Deve ajudar. - mas eu não me sentei. Encostei-me na parede oposta a de Homero e cruzei os braços. Ambos ficamos em silêncio.

Pouco tempo depois comecei a bater o pé no chão de mármore. Toc, toc, toc. Toc, toc, toc. Cinco minutos mais tarde o barulho ficou irritante demais aos ouvidos, então eu parei. Respirei fundo, tentando clarear a mente. Fiquei completamente parada, encarando o vazio à semi escuridão. Imaginei cenas horríveis, como ficar presa por horas, ou o elevador despencar de vez poço à baixo... Nós morreríamos, certo? CERTO?!

A pressão de desespero no meu peito só crescia. Eu olhava para paredes e tinha a impressão de que elas estavam diminuindo. Podia sentir o meu ar se esvaindo. Eu ia morrer ali. Aquele confinamento estava acabando com a minha sanidade. Encolhi-me em desespero. Quanto tempo faz que estamos aqui? Uma hora?

- Liz. – Homero murmurou. - Faz só vinte minutos que estamos aqui. - será que eu tinha feito a pergunta em voz alta ou ele lera os meus pensamentos?

- Eu sou claustrofóbica! – anunciei falando mais alto do que era necessário. - Não vou suportar. E se o elevador cair? E se der algo de errado e ficarmos horas aqui? Já faz... – chequei o relógio. – Vinte e dois minutos! O oxigênio vai acabar e vamos morrer asfixiados! – inconscientemente levei a mão ao pescoço. - Deve ser uma morte horrível, como se afogar ou morrer estrangulado. Sabe qual é sensação? Não conseguir respirar? É desesperador. – fiquei na ponta dos pés, como se pudesse escapar dali escalando as paredes.

A minha claustrofobia tinha um motivo, um incidente. Eu não gostava de pensar no ocorrido, mas as lembranças daquele dia fatídico voltaram com tudo, me fazendo estremecer.

A explosão no Hospital, o tremor, as paredes da enfermaria ruindo, um bloco de concreto caindo exatamente no lugar onde eu estava, mamãe gritando o meu nome. Poeira para todos os lados. Eu estava encolhida debaixo de uma maca. Os escombros da coluna da parede me soterraram, caindo em cima da maca, por todo ao meu redor. Por poucos centímetros, eu não fui atingida. Fiquei seis horas presa entre os escombros, mal respirando. Foi o pior dia da minha vida. Aquele também foi o último dia o qual vi a minha mãe.

– Homero, eu vou ter uma crise aqui dentro. Preciso sair daqui! - esmurrei as paredes do elevador.

Homero deu um pulo e veio correndo até a mim. Colocou as mãos nos meus ombros, mantendo uma distância segura.

- Ei, ei, ei. Tudo bem, Lizzie, respire. Vamos ficar bem. Sairemos daqui. Só respire, isso. Respire.

Inspirei e expirei diversas vezes, Homero acompanhando e fazendo o mesmo sem tirar os olhos dos meus. Senti meu coração aquietar-se gradativamente.

- Obrigada. - murmurei quando me vi um pouquinho mais calma.

Ele deu um suspiro ruidoso e se afastou, tirando o moletom e ficando só de camiseta.

- Ei, hum... O que está fazendo? Só por... por curiosidade. - aquele era um espaço pequeno demais para se dividir com uma pessoa como Homero. Ele tomava espaço, principalmente os seus ombros... Os ombros dele, pensei com um suspiro interno. Eram excelentes ombros. Fechei os olhos. Droga. Homero e elevadores. Péssima combinação.

-  Relaxa, Lizzie. Só estou com calor. Porque sempre que eu faço a menção de tirar a camisa você pensa coisas erradas? - questionou ele.

- Vou considerar que essa é uma pergunta retórica. - respondi. Dei os ombros, tentando pensar positivamente. - Sabe, talvez não seja tão ruim. Se nós morrermos aqui...

- Será que nós poderíamos não falar de morte? Não vamos dar a sua "presença divina" ideias, não é mesmo?

- Não, estou falando sério. Se morrermos aqui, não terei de lidar com o meu pai! Estaríamos só facilitando o trabalho dele.

- Por que o seu pai te mataria? Ele parece ser do tipo super protetor e amável. – naquele momento tive a certeza que Homero queria desviar minha atenção do fato de estarmos presos em um elevador puxando um assunto que fugisse completamente dos tópicos "morte" e "elevadores".

- É exatamente por isso! Ele é super protetor. E, bem: eu casei! Com... você.

- Obrigada pela parte que me toca. - Homero rebateu ofendido. - A revista Celebridades de NY me considera um bom partido, só para você saber.

- Desculpe, eu me expressei mal. Quis dizer que papai nunca consideraria alguém bom o suficiente para mim. - dei os ombros, como que dizendo: Pais....

Homero ficou alguns minutos em silêncio e depois sorriu levemente, levantando o olhar na minha direção.

- Bem, nisso eu tenho que concordar com ele. Não tive uma resposta para aquilo. Apenas balancei a cabeça e mudei de assunto.

- Enfim, a notícia do nosso casamento está por todos do lado: jornais, revistas, internet... No momento, papai está ajudando a me manter em Nova York. O meu salário não é grande coisa, então em troca da sua ajuda eu prometi que não me envolveria em nenhum problema. Nada. – revirei os olhos e encostei a minha testa na parede fria. – Claramente não mantive a promessa.

Homero assentiu.

- Entendi. Eu realmente, profundamente, sinto muito por tudo isso. - ele murmurou baixinho.

- Certo. - foi tudo o que eu respondi.

- Liz.

- Oi.

- Eu estou com medo.

- Do elevador?! Também é claustrofóbico?

Homero riu.

- Não, sua boba. Eu estou com medo de... - ele engasgou. - De perder você. De ter estragado tudo.

- Como eu estava dizendo, nosso casamento é notícia nacional... - eu ri nervosamente. - Sabia que você tem até um fã clu...

Engoli em seco e esqueci do que estava falando quando senti sua proximidade aumentar. As mãos de Homero encontraram as minhas. Eu não estava certa se poderia lidar com sua proximidade ainda. Ele entrelaçou nossos dedos e aproximou o rosto do meu.

- De qualquer maneira, eu já assinei os papéis do divórcio. - anunciei antes que Homero pudesse se aproximar mais e tomar qualquer atitude. Não sei porque revelei aquilo tão de repente, mas funcionou.

- Assinou? - havia perplexidade na voz dele. Eu podia pressentir mais uma briga chegando.

- Bem, é claro que eu assinei. - ergui a sobrancelha. - Não era isso que você queria?

- Eu pensei que era isso que você queria. - Homem se afastou, tirando as mãos das minhas.

- Mas eu pensei que você queria também!

- Eu queria por que você queria!

- Se você não queria, porque mandou os papéis de divórcio?!

- Por que era isso que você queria.

- Espera. Isso aqui está começando a ficar repetitivo e confuso. - levantei as mãos em sinal de trégua. Respirei fundo.

- Eu e você queremos o divórcio?  Certo? - questionei-o.

Homero ficou em silêncio.

- Certo, Homero? HOMERO!

- O quê? Desculpe, mas você pode ter assinado, só que eu não assinei ainda! - ele admitiu.

- O QUÊ? - esbravejei, sentindo o sangue fugir do meu rosto. - Não assinou? Então, legalmente, ainda sou sua... Sua esposa? - a palavra me deu calafrios.

Homero encolheu os ombros, aparentando culpa.

- Legalmente, sim.

Rangi os dentes de frustração.

- Ah! Que maravilha, Homero!

- Eu não queria... Eu não tinha certeza. É claro que eu iria assinar, já que você queria muito....

- Eu recebi os papéis quando ainda achava que você era aquele homem da cabana, lembra? Aquele que quebrou meu coração em mil pedaços? Eu não queria ficar ligada a um homem como aquele. Então, sim, eu assinei os papéis sem nem titubear. Desculpe. - foi um pedido de desculpas inteiramente irônico.

- Sobre aquele homem da cabana...

- Não quero falar sobre ele. - cortei-o firmemente. Ficamos em silêncio por um breve meio segundo. - Quer saber? Na verdade, eu quero falar sobre ele sim. Deus, como quero falar dele! Estou com muita raiva então me perdoe, mas vou descontar tudo em você mesmo que você não seja aquele homem!

- Tudo bem, mas eu vou ter direito de resposta depois?

- Sim. - concedi, sentindo as emoções pipocarem sobre mim. Raiva, frustração, tristeza, medo. Minhas mãos estavam tremendo. Reuni coragem e comecei:

- Eu nunca disse que não era culpada, sabe? Eu sempre soube no que estava me metendo. Eu sempre soube e sempre deixei claro que iria me virar sozinha caso algum problema surgisse. Eu sempre me virei sozinha. Só que aí você apareceu... E eu ganhei um parceiro. Até aquele dia na cabana, você não era Aquele Homem ainda. Você era outro homem. Um tipo especial. - suguei um pouco do nosso precioso e finito ar para me dar forças no discurso. - Um homem no  qual eu confiava cegamente. E, no cassino, eu pensei que tinha tudo sobre o controle. Como eu podia imaginar que havia uma operação especial? Como eu poderia deixar de seguir os meus instintos quando todos eles diziam que as aquelas garotas precisavam de ajuda? Será que confiar em Joey ou até mesmo em você seria a coisa certa a fazer, quando não era a minha vida estava em jogo, e sim a de centenas de garotas? E se eu dissesse "Tudo bem, ficarei em Nova York como o meu chefe pediu", quais teriam sido as consequências? Quem me garante que tudo teria dado certo? Quem me garante que agora eu teria duas garotas especiais e que passaram por muita, mas muita coisa, morando comigo, tentando seguir em frente e esquecer seus traumas? Tentando arranjar coragem, ligar para os pais e  avisar que elas estão bem, estão vivas? Eu sabia das consequências e sofri com todas delas. Eu sabia dos riscos que corria quando tomava aquelas decisões... Esperei por tudo. Menos... - lágrimas encheram os meus olhos. Controlei-me. - Menos ver o homem que eu amava se virar contra mim. Você era aquele homem, sabe? O homem que deixei dormindo no quarto de hotel por que pensei que estaria protegendo-o. - os olhos de Homero estavam úmidos. Ele se encolheu quando o ouviu o "era". Seu corpo estava inteiramente tenso e rígido como mármore. Homero me fitava de maneira quase torturante. Continuei: - Rivers tinha razão quando disse que sou uma bomba que destrói tudo ao redor. E eu não queria que você saísse ferido no momento em que eu explodisse. No entanto, quando o vi descendo daquele carro...

- Liz. - ele gemeu. - Por favor.

- Deixe-me continuar. - implorei. - Homero, o homem que eu amava se perdeu no momento em que ganhei aquele olhar indiferente. Eu juro que tentei achar algum sinal em você, mas não havia nada ali que me desse essa esperança. Eu quis, mas a cada palavra, você se tornava Aquele Homem. O homem que me devastou. E Aquele Homem continua aqui. - apontei para a minha cabeça. - Ele não sai. Ele não vai embora. Ele me atormenta, mesmo que eu repita para mim mesma que foi só uma maneira que você encontrou de salvar a minha vida. E eu não pense que não estou grata por ter feito isso, eu estou. Você salvou a minha vida quebrando o meu coração – ri amargamente da ironia da situação. Aproximei-me e segurei seu rosto entre minhas mãos. Homero estava tão devastado quanto eu, isso era visível. - Mas isso não exclui o fato que você quebrou o meu coração. Ou melhor, Aquele Homem quebrou. E eu ainda não consegui me livrar dele, entende? Por favor, diga que entenda. - encostei minha testa na sua, incapaz de segurar as lágrimas por mais tempo. - Você precisou mentir e ser uma pessoa que não era. Mas a dor que sentir foi real, entende? E Aquele Homem...

- Liz. - Homero falou subitamente firme. Seu maxilar estava trincado, os olhos brilhando. Dessa vez foi ele quem segurou o meu rosto, as mãos quentes e trêmulas. - Esqueça esse homem. Ele não existe. Esse homem nunca existiu. O que existiu e existe sou eu. E, naquela cabana, eu era um miserável. A cada minuto que te magoava, uma parte de mim morria, definhava. A cada lágrima sua, eu queria castigar a mim mesmo. Foi tão difícil ter de vê-la ali, sem poder mover um dedo para ajudá-la. Deixar que os Trettons agredissem você, deixar Slender te tocar e fingir que estava tudo bem, quando na verdade eu estava gritando internamente, estava passando pelo meu próprio e particular inferno. - Homero pegou a minha mão e colocou sobre o peito dele. - Eu imploro, Liz. Esqueça aquele homem. Ele não existe, não é real. Esse aqui existe, e esse homem quer mais uma chance. Ele merece, nós dois merecemos. - Homero apertou minha mão contra o seu peito. Eu senti seu coração batendo vigorosamente. - Está sentindo o coração do homem? Ele é inteiramente seu. Inexoravelmente seu. E quando digo que sinto muito por tudo que aconteceu, estou dizendo que machucar você foi a coisa mais dolorosa pela qual já passei. Mas, se fosse para te manter viva, eu passaria por aquela tortura de novo. - Homero afastou o corpo do meu. - Mesmo que isso signifique estragar qualquer chance que eu tenho com você.

Fiquei em silêncio por longos minutos, tentando absorver as palavras de Homero. Ele se abrira por completo, era impossível não perceber a sinceridade crua das suas palavras. A veracidade da sua dor, tão pungente quanto a minha.

A conclusão é que nós dois formos afetados em proporções assustadoras e castatróficas. Danificados. Slender fizera isso conosco, apesar de nós dois termos nossa parcela de culpa.

Antes que eu pudesse dar uma réplica ao Homero, o elevador tremeu. O chacoalhar foi tão forte que eu tropecei na minha bolsa e bati a cabeça no chão. A expressão "ver estrelas" nunca fez tanto sentido na minha vida quanto naquele momento. Zonza, gemi e busquei por apoio.

- Ei, aqui. Segure-se em mim. Você está bem? – Homero se ajoelhou ao meu lado e afastou o meu cabelo da testa. – Vai formar um belo galo, mas não está sagrando.

- Estou bem. – garanti, mas isso não pareceu aliviá-lo. Ainda estava meio tensa pela nossa conversa. Fora uma conversa intensa, afinal.

- Não. Pode estar com sangramento interno. E isso é pior. Precisa ir até o hospital. Agora. Ei! – ele berrou. – Alguém nos tire daqui!

- Homero, eu estou bem. – insisti. – Só me ajude a ficar de pé.

À contra gosto, Homero me ajudou a levantar, seu olhar preocupado buscando por algum sinal de que eu não estava bem. Já me cansara daquela caixa de metal idiota. Minha cabeça latejava e meu estômago por algum motivo desconhecido estava começando a revirar. Já chega, disse a mim mesma.

- Sabe de uma coisa? Não vou ficar nem mais um minuto aqui. Percebeu que ninguém veio nos ajudar?

- Esse elevador é velho demais para ter um telefone. É por isso que ninguém está se comunicando conosco. – justificou ele.

- Hum, certo. Mas não vou esperar por eles. Se estivermos perto de um andar, podemos tentar... – eu me estiquei até a saída de emergência no teto do elevador. – Homero, me ajude aqui. Eu não alcanço.

Fiquei na ponta dos pés, tentando ignorar a vertigem e o mundo girando ao meu redor. Estava tentando também não calcular quanto tempo teríamos de oxigênio. Uma rota de fuga. Isso era tudo que eu precisava. - Se estivermos parados perto de um andar, não seria um problema sair daqui.

- Lizzie, é perigoso.

Fiz uma careta e desconsiderei seu argumento com um aceno de mão.

- Perigoso é ficar aqui dentro! – retruquei. – Estou morrendo de calor, se eu abrir aquela pequena saída pelo menos teremos mais ar. Vamos, me ajude.

Homero me encarou e sorriu. Smith se aproximou, seu rosto a centímetros do meu. Tentei balbucia um O que pensa que está fazendo?, só que o outro foi mais rápido. Sem aviso prévio, ele se abaixou e segurou-me pelas pernas, içando-me para cima. Soltei um grasnido de surpresa, xingando Homero internamente.

Alcancei a escotilha e, com um pouco se esforço, consegui abri-la. O ar que atingiu meu rosto foi bem-vindo, apesar dele ter cheiro de ferrugem antiga. Se robôs pudessem ter bafo ao acordar pela manhã, teria sido algo parecido com aquele ar quente e enferrujado.

- Lizzie, espera! O que está fazendo? – Homero protestou quando eu me agarrei às laterais da saída de emergência, colocando metade do corpo para fora do elevador.

- Relaxa, só quero dar uma olhada. – acalmei-o. Tossi por causa da poeira e estreitei os olhos para enxergar na escuridão. O próximo andar estava logo demais para alcançarmos. – É, não dá. Estamos longe demais... Uh!

O elevador tremeu. Segurei-me no teto para não cair.

- Lizzie, saia daí! – Homero implorou.

- Estou tentando achar uma saída! - rebati.

Virei-me para os cabos de aço que seguravam o elevador. As polias estavam enferrujadas, mas pareciam bem. Havia algo de errado com os cabos, no entanto. Um deles estava soltando faíscas. Eu não era técnica em eletricidade ou coisa parecida, mas claramente aquilo não era um bom sinal.

- Isso não é bom. – murmurei. – Isso...

O elevador novamente chacoalhou, e dessa vez ele escorregou pelo poço de vez alguns metros seguidos. O impulso me fez cair em cima de Homero com um grito estridente antes que a tampa de metal pudesse cair em minha cabeça e fechar de novo a saída de emergência.

Homero amaciou a minha queda. Nós dois nos encaramos aterrorizados quando o elevador parou. Nós vamos morrer, foi o pensamento que provavelmente compartilhamos.

- Os cabos. – murmurei. – Tem algo de muito errado com eles. Precisamos...

Plinc! As portas do elevador se abriram. Estávamos no andar da impressão dos jornais. Homero e eu nos entreolhamos e em questão de segundos escapulimos do elevador, antes que ele voltasse a cair.

Nos jogamos de vez no chão do corredor que levava para a sala das máquinas, os corações acelerados. Soltei o ar aliviada, decretando que nunca – nunca – mais pisaria em um elevador novamente.

Donavan e Juieltt , dois dos diagramadores do jornal, saíram da sala das máquinas e pararam no corredor. Donavan franziu o cenho para Homero e eu, sem entender o que estava acontecendo.

- Elizabeth? Está tudo bem? – ele repuxou os óculos para cima, aproximando-se.

– Meu deus. – Juliett arquejou quando finalmente tirou os olhos do seu tablet. Pelo horror em seu rosto, nós dois provavelmente parecíamos péssimos. - Vocês estão bem?

Fiz um esforço para levantar e apontei para o elevador, com um sorriso fraco no rosto. O coração ainda batia pesadamente.

- Definitivamente... interditado. Não... Não vão. Péssima ideia. – aquelas frases eram o máximo que o meu cérebro derretido conseguia formar no momento.

- Lizzie, você não me parece nada bem. – Juliett observou, sua testa se franzindo. - Querida, você quer se sentar e beber um pouco de água?

- O quê? – desdenhei. – Eu estou ótima.

Na verdade, eu não estava. Estava vendo tudo em dobro. Levantei o dedo para indicar algo importante, mas não consegui dizer nada inteligível. Senti o chão perdendo sua estabilidade, como se estivesse inclinando. Havia um gosto estranho na minha boca, ácido e enjoativo, que fazia minha garganta arder.

- Ah, não, de novo não. – lamentei.

- De novo não o quê? – Julliet quis saber.

- Liz? O que foi, qual o problema? - Homero perguntou, aproximando-se de mim. Eu me afastei dele e de Juliett, querendo um pouco de ar, um pouco de espaço. Vamos lá, Lizzie. Você consegue.  Estava tentando impedir o que saberia que aconteceria. O chão ficou ainda mais instável, minhas pernas perderam as forças.

- Hum, eu acho que vou...

E pronto. Eu havia apagado. Nem ao menos cheguei ao chão, perdi a consciência antes disso. Só pude desejar não acordar em um lugar desconhecido dessa vez. 

***

HEEEEEY GUYS!

Eu não ia postar hoje, mas mudei de ideia. Vocês foram tão pacientes comigo e tão apoiadores ( obrigada pelas mensagens de carinho, comentários de incentivo... Guardei todos para ler amanhã antes do Enem, porque sei vou ler e ficar inspiradíssima e dar o meu melhor. Vocês são únicos, obrigada mesmo 💙) que merecem um capítulo surpresa. E eu também ja estava me coçando para postar... Enfim, não me matem pelo capítulo não tão grande, é que pela minha lógica de linha do tempo, fez sentido ele acabar aí.

Mas, se vocês votarem e a história atingir 250 estrelinhas rapidinho, ganham mais um capítulo. Ficar aqui com vocês me acalma e relaxa, melhor do que eu ficar pirando nervosa sobre amanhã. Então, votem e comentem o que acharam da DR de #Homeleth... Beijos & beijos. Até o próximo capítulo 💗💗💗

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