Narrativa J.P
Nem tinha percebidos os meus olhares, quando o Jess pegou a barra da camiseta e esfregou na minha boca, em sinal de limpeza.
- Espera, espera, deixa eu limpar aqui essa baba escorrendo pelo canto da sua boca... Esse movimento fez ele sorrir, o mesmo sorriso gostoso de se ouvir.
- Não está escorrendo nada seu idiota, para de ser bobo... Puxei minha camiseta para baixo, por mais que eu não quisesse admitir havia algo acontecendo.
- Sobre a perspectivas dos grandes pensadores, essa troca de olhares só pode significar duas coisas, primeiro: ele tem a intenção de ferir você ou até mesmo matar, ou ele quer fazer sexo com você, um dos dois! A frase saiu completamente séria, como se realmente tivesse parado sua vida para fazer esse tipo de estudo.
- Fico com a primeira opinião... Meu corpo se trancou nesse momento e Jess ficou surpreendido com a minha frase.
- Preciso de mais explicação, se você quer que eu entenda, como assim, ele quer te matar? O reflexo de surpresa ainda estava presente na sua cara, os risos sumiram.
- Às vezes, faço freela de garçom e ajudante em um buffet da mãe de um amigo meu, e estava trabalhando na festa de aniversário dele do sábado, mas de repente minha mão balançou um pouco fora do comum, e aconteceu um acidente com uns pratos antigos, e ele foi a primeira pessoa que me viu, depois do acidente, minha mão estava cheia de sangue, mas o que mais me surpreendeu foi a agressividade que a esposa dele me atacou.
- Cintia? O terror cercou meus olhos, somente por ouvir seu nome.
- Sim, essa mesmo, nunca tinha conhecido uma pessoa tal malvada e tão egoísta em somente um dia, como será que ele aguenta viver com ela? Sinceramente, ele não parecia o tipo de pessoa que aguentava todo aquele mal humor, mas talvez com ele seja diferente.
- Ele é muito popular aqui na faculdade, se não me engano ela cursa direito, e ela é noiva do Gustavo, dizem que ela está com por conta do império que ele herdará do pai no futuro, mas ela está com ele deste do início da faculdade, acho que entraram junto.
- Acho que ela pode ser rica, mas tratar as pessoas daquele jeito, que nem um animal... meu olhos mudaram a direção, não queria chorar na frente dele, mal conhecia ele e já ia desabar no choro, mas reviver aquela sensação de humilhação de trouxe sentimentos horríveis.
Me lembro de quando tive que levar minha mãe no hospital e não quiseram atendê-la, simplesmente por julgar que não iriamos pagar a consulta, tivemos que ir em um posto público do qual ficamos mais de seis horas na fila, e a solução não veio naquele dia.
A humilhação que havia sofrido naquele dia, estaria para sempre marcado na minha cabeça, não tinha escolha, estava abalado por tudo que acontecia na minha vida, e lidar com aquilo me fez um homem mais forte, apesar de sofrer, minha mãe sempre me fez crescer nesse lado e me fortificar cada vez mais, então apesar de ficar muito abalado, nunca demonstrei a ela o que realmente sentia, não queria preocupá-la com meus sentimentos.
- Não fica assim J.P! Eu vou te proteger desse tipo de gente, tudo bem? Seus braços rodaram meu corpo e ali me senti seguro, o perfume que exalava do seu corpo era cítrico meio adocicado, seus braços era forte e mesmo assim era macios, se deixasse poderia ficar ali por séculos.
- Tudo bem, então! Agora eu tenho que ir... Tenho que voltar para a aula... Me afastei do seu abraço quente, porque não queria me descontrolar e atacar aquela boca perfeita.
- Tudo bem! Qualquer coisa que precisar, estarei aqui! A distância entre nós não era muito, até que seu pedido veio... Será que você pode passar seu número, quando precisar fica mais fácil e prático... Seu sorriso voltou a surgir.
Anotei o telefone em uma folha de papel, entreguei a ele, não demorou para que uma mensagem chegasse no meu telefone, o número desconhecido só podia ser dele, na mensagem vinha o texto.
Desconhecido: Desculpa, mas esse telefone é do lindo João Pedro?
Narrativa Gustavo
- Mas é bobo mesmo né! Seu corpo virou para me encarar de frente, e naquele momento senti que minha presença ali estava lhe causando espanto, e de certa forma o desespero dele em me ver, estava me causando uma onda forte de excitação.
- Será que posso falar com você? Segurei seu braço firmemente, e o levei para fora da biblioteca, apesar de estarmos quase na porta já, num breve momento que olhei para ele, tinha notado que a tonalidade do seu rosto tinha mudado, estava com as bochechas rosadas, e sua boca tremia levemente no canto esquerda, juro que tive que me segurar para não tirar a roupa dele naquele momento, mas algo me internamente me dizia para esperar, eu sabia que ele não seria tão fácil assim.
- Me desculpas! As palavras foram jogadas na minha cara, diretamente da sua boca para os meus ouvidos, depois dessa frases meu semblante mudou completamente, não entendia os motivo das suas Desculpas, será que ele tinha feito algo do qual eu deveria desculpa-lo?
- É que... suas palavras saíram falhas, e por fim ele ficou um pouco mais calmo e continuo... É que ontem eu toquei sem querer... seu rosto ficou mais vermelho de vergonha... no seu... ele apontou o dedo para entre minhas pernas e não pude conter o sorriso de toda aquela situação.
- Que isso, fica calmo, eu sei que foi sem querer... Minha fala saiu entre meus risos... Na verdade queria pedir desculpas, pois aquilo que aconteceu no meu aniversário ainda está fixo na minha cabeça, e a cena que a Cintia fez, você não merecia ser tratado daquele jeito, na verdade ninguém deveria ser tratado daquele jeito, e não gosto que ninguém seja maltrato daquela forma.
Seu rosto estava voltando ao seu tom de pele normal, talvez ele estivesse mesmo preocupado por tocar no meu membro, mas depois que pedi desculpas pela cena da Cintia, senti que ele voltou a respirar tranquilo.
- Não precisa se desculpar, aqueles pratos deviam ser importante para ela... Ele p estava tentando justificar a maneira que ele foi trato, e aquilo me deixou um pouco confuso, quem faria isso uma coisa dessa?
Mesmo eu me desculpando, e ele quase aceitando minhas desculpas, seu corpo ainda estava enrijecido, e ele estava nervoso por aquela conversa, capaz dele desmaiar se aquele papo não acabasse rápido.
- A Cíntia foi realmente rude e por isso eu achei de devia isso, vamos dizer que é de família, e se eu não me desculpasse me sentiria culpado toda vez que te visse... Pela primeira vez ele me olhou nos olhos.
- Tudo bem, desculpas aceitas, ok? Ele retornou sua atenção para a porta da biblioteca, e seu corpo mudou a direção do meu, se eu não fizesse algo naquele momento, minha chance podia estar acabada.
- E você? Qual curso está fazendo? O assunto mudou o mais rápido que eu pude, tinha que prendê-lo de outra forma.
- Faço arquitetura, na verdade comecei ontem! A fala dele mudou de nervosa para felicidade, mas a sua atenção ainda era para a biblioteca.
- Se eu tiver atrapalhando, pode ir! A pergunta foi válida, ele se quer prestava atenção no que eu dizia, estava extremamente foca na biblioteca.
- Sinceramente, você não está atrapalhando, é que tenho que pegar um resumo para minha próxima aula, e falta só dez minutos para bater o sinal da aula... Ele rodeou meu corpo, e foi em direção a biblioteca.
- Claro, pode ir, então quer dizer que estamos bem? Eu estava com as expectativas altas na sua resposta, precisava estar perto dele, pelo menos até conseguir o que queria.
- Para de ser bobo, é claro que estamos bem... Ele tocou levemente no meu antebraço, e meu corpo de arrepiou.
Não posso negar que fiquei nervoso com seu toque, como alguém podia mexer tanto assim comigo, minha pele, meu corpo, tudo estava me traindo, precisava agir imediatamente, porque se não iria explodir de tanto desejo e tesão.
Sinto o meu telefone vibrar na minha calça, minha mão automaticamente foi em direção a vibração, enquanto ele se perdia naquele lugar cheio de livros.
- Cintia! Minha voz saiu meu alta, como se estivesse fazendo algo de errado, virei meu corpo na direção contraria a da biblioteca.
- Está tudo bem? Sua voz está estranha...
- Estou ótimo...Ele realmente não demorou para pegar suas cópias do resumo, ele apontou para o pulso, indicando o horário, e saiu depressa da biblioteca, simplesmente fiz um gesto com a cabeça e sorri, de costa só via o meu presente indo embora.
- Gustavo? Você está ai? Sua voz irritada me despertou daquele inebriante sonho.
- Desculpa, estava terminando de falar com meu professor do trabalho, agora sou todo seu.
Narrativa Jess
Meus olhos não estava acreditando no que tinha acabado de ver, aquilo não era bom em nenhum sentido, na verdade era muito ruim, Gustavo Adentra e J.P conversando, isso era um pressagio para o apocalipse.
Retornei à sala, os poucos alunos que estavam presente eram os mesmo que nem tinham saído para o intervalo, era estranho que se bobear eu tinha me tornado um nerd que nem eles, e tudo aquilo era o que eu não queria, mas para evoluir um pouco, tinha que estar muito focado no que precisava, a vida não estava sendo fácil, e desistir agora não nos meus planos, pelo menos não agora.