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Nina
Não consegui falar. Não consegui fazer um som, dizer uma palavra ou até fazer algo. Era como se eu não estivesse ali. Isto não pode acontecer comigo e eu sei que vou acabar por acordar. O Harry não pode estar na nossa cama com a Valerie. Que estupidez é essa?
Eu não estou a ouvir as palavras de Valerie, as desculpas. Vejo os seus lábios mexerem-se, acompanhadas pelas suas mãos que seguram delicadamente os meus braços, mas eu não oiço nada. Não estou ali. O meu olhar não consegue encarar o corpo de Harry, nu, deitado na cama. Continua a dormir, como se a minha vida não tivesse acabado. Como se tudo o que nós temos continuasse exatamente igual quando ele acordar.
'Larga-me.' murmurei, desviando o meu olhar para os braços de Valerie que seguravam os meus. Fechei os meus olhos calmamente, tentando que as lágrimas que ainda desciam pela minha face parassem.
'Nina, ouve o que eu te digo. Isto não passa de um mal-entendido, eu nunca quis que isto...'
'Larga-me!' Gritei, olhando para ela que imediatamente largou o meu corpo. Eu sei o que é pior nisto tudo. É que ele não tem a dignidade de acordar. Continua estendido na cama a dormir. Na nossa cama.
Virei as minhas costas àquele ambiente. Caminhei por entre o corredor e não hesitei em sair de casa. Fugir, talvez seja uma melhor palavra. Carreguei no botão do elevador e esperei. Os passos de Valerie caminhavam por ali e consegui ouvir a sua respiração mais acelerada ao chegar à porta de entrada.
'Nina, ouve-me!' ela disse, caminhando até mim. Permaneci na mesma posição, vendo o elevador quase a chegar. 'Foi tudo uma armadilha.' disse, tocando no meu ombro.
Não hesitei e ri. Ri, porque com tudo o que já aconteceu na minha vida, ainda tem a lata de vir com esta conversa. O elevador chegou e as portas abriram-se. Entrei e olhei para o espelho, vendo que Valerie ia entrar no elevador.
'Nem te atrevas.' Disse, olhando para a sua cara no espelho. Ela hesitou mas acabou por parar, deixando que as portas do elevador fechassem de novo apenas comigo lá dentro.
Desci e saí do prédio. Senti de imediato uma brisa mais fria chocar contra o meu corpo. Levei as minhas mãos à minha face e apercebi-me de que ainda estava a chorar. Já não sentia as lágrimas na minha face e talvez seja melhor assim. O melhor é mesmo não sentir nada.
Comecei a caminhar por entre aquela rua. Pelos adolescentes que havia por ali, apercebi-me de que devia ser tarde. Mas tarde, para quê? Tarde para chegar a casa, tarde para chegar a algum lado, tarde para quê? Não faz sentido.
Não consigo ir para casa de Anne, não quando o revejo nela. Talvez a casa de Alfie, é mesmo a melhor opção.
Suspirei e parei assim que cheguei à porta de Alfredo. Levantei a minha mão mas não consegui bater na porta. Sentia vergonha, por ter deixado que as coisas chegassem a este ponto. Deveria ter falado com Harry, assim que comecei a ver coisas que não são normais. Devia ter-lhe contado do Niall e de quando ele se enfiou na minha cama. Não devia ter ignorado o assunto, e continuado a falar com ele como se nada tivesse acontecido. Não disse a ninguém, guardei tudo para mim e talvez este seja o meu castigo. Deveria ter sido mais honesta, dizer-lhe tudo. Porque eu o amo.
Acabei por tocar à campainha. Baixei a minha cabeça e levei as minhas mãos às minhas bochechas, tentando esconder o facto óbvio de que estive a chorar. Os meus olhos estão vermelhos e um pouco inchados, e qualquer idiota saberia que estive a chorar.
'Nina?' Ouvi a voz de Alfie e não consegui conter mais nada. Chorei.
*
'Vá lá, come alguma coisa'. Alfie disse, enquanto pousava um prato com sopa na pequena mesinha de centro. Abanei a minha cabeça negativamente, enquanto olhava atentamente para o computador. Ele olhou para mim e suspirou, acabando por se encostar para trás. Olhou de relance para o computador e desviou o olhar. 'Estás a precipitar-te.' ele comentou, olhando agora para a minha face.
'Deixa-me.' murmurei, observando o preço dos vários bilhetes que apareciam no ecrã. Alfie suspirou e olhou de novo para o telemóvel, que tocava mais uma vez.
'Nina, não posso ignorar o Harry para sempre.' Proferiu, olhando para mim. Soltei um suspiro e agradeci pelo facto de nem sequer ter trazido o meu telemóvel. Alfie desligou mais uma vez a chamada e pousou o telemóvel ao seu lado no sofá. 'Sabes que ele vai acabar por aparecer aí.'
Suspirei e fechei a tampa do computador. Pousei o mesmo no chão à minha frente e encostei-me para trás no sofá, olhando para a televisão que permanecia com o volume no mínimo, enquanto dava um programa de tele-vendas visto que eram 3 da manhã. Levei as minhas mãos à minhas cara e fechei os meus olhos, com força, esperando acordar de repente e estar de novo no meu quarto, com Harry a dormir pacificamente ao meu lado e com um sorriso estampado na minha cara, ao vê-lo assim. Sorri ao pensar nisso e desviei as minhas mãos, com esperança de o ver. Ao invés, encarei o fumo do prato quente que Alfie me preparou a espalhar-se por ali e as luzes amareladas que cobriam toda aquela divisão. O sorriso que se tinha formado desapareceu, gradualmente, ao me aperceber de que as coisas vão mudar.
A mão de Alfie pousou sobre a minha perna, docemente. Subi vagarosamente o meu olhar até ele e mordi o meu lábio, tentando com todas as minhas forças que não chorasse mais. Não valia a pena, mas aliviava. Senti o meu queixo tremer ligeiramente.
'Oh Nina.' Alfie murmurou e tocou-me no braço, puxando-me mais para ele. Não afastei o seu contacto e acabei por me encostar a ele, pousando a minha cabeça no seu ombro.
'Sinto-me uma imbecil.' Murmurei, fechando de novo os meus olhos. A mão de Alfredo passou suavemente sobre os meus cabelos, enquanto ele os afastava da minha face. 'Estava tudo a correr muito bem, não é verdade?' Levou os polegares às minhas bochechas húmidas, limpando-as. 'Sendo eu quem sou, é estranho o facto de ter durado tanto tempo.' Proferi, abrindo os meus olhos e observando a mão de Alfie que permanecia no meu rosto.
'Não te culpes a ti' Alfie murmurou, descendo a sua mão da minha face para o meu braço, acariciando-o.
'Preciso de te contar uma coisa.' murmurei e desviei o meu olhar para ele, acabando por me ajeitar no sofá. Funguei e levei os meus dedos à minha face, limpando-a. Alfie olhou-me atentamente e sabia que ele estava a prestar atenção. 'Lembras-te naquele dia em que o Harry foi para fora e tu e o Niall foram ter comigo a minha casa?'
'Sim.' Alfie respondeu calmamente, observando-me. Soltei um pequeno suspiro olhando-o e baixei o meu olhar.
'Nesse dia, o Niall meteu-se na cama comigo. Eu pensava que era o Harry, ele tinha-me dito que vinha para casa essa noite, o avião tinha sido cancelado.' Murmurei, olhando para Alfredo. Ele olhou para mim e levantou-se repentinamente.
'O quê?' ele disse, observando-me.
'Não aconteceu nada, ele arrependeu-se e saiu.' Continuei, observando-o. Encostei-me para trás no sofá, sentindo um peso sair dos meus ombros. 'Já me tinha tentado beijar antes.' murmurei, olhando Alfredo. Ele observou-me incrédulo e levou as mãos à cabeça, virando-me costas.
'Aquele cabrão.' ele murmurou, virando-se de novo para mim. Observei-o e ele abanou a cabeça negativamente, não acreditando no que eu estava a dizer. Sentou-se de novo ao meu lado e olhou para mim. 'Porque é que não disseste nada antes?'
'Tive medo.' murmurei, desviando o meu olhar. Alfie olhou-me e puxou delicadamente a minha cabeça para o seu ombro. Não hesitei e encostei-me, observando as minhas mãos. 'Não contei ao Harry e sinto-me pessimamente.'
'Tem calma.' Alfredo pronunciou. Depositou um pequeno beijo na minha bochecha e observou-me. 'Não penses nisso agora.'
Oiço a campainha tocar e sei quem está à porta. Sei perfeitamente, sem ter qualquer dúvida. Não poderia ser mais ninguém. Aperto a mão de Alfredo contra a minha e solto um suspiro nervoso, como se tivesse 10 anos e o meu nome tivesse sido chamado no consultório do dentista. Alongo as minhas pernas sobre o sofá e fecho os meus olhos calmamente, afundando a minha cabeça no braço de Alfie.
'Deixamos que toque?' Alfredo murmurou, com uma voz tão cuidada como se eu fosse quebrar a qualquer momento. Assenti às suas palavras, apenas com um aceno.
Ainda não acredito que isto está mesmo a acontecer, não parece verdade. Não quero que seja verdade. Ainda há 24 horas estava tudo bem e nunca me passou pela cabeça que passado tão pouco tempo as coisas mudassem desta maneira. É como se alguém estivesse a brincar com a minha vida, como se fosse apenas uma peça num jogo.
'Nina!' ouvi a voz de Harry e imediatamente senti o meu coração começar a bater com mais força. Abri os meus olhos repentinamente e sentei-me sobre o sofá, olhando para as grandes janelas da sala. Vi-o ali. Semi-nu, apenas com umas calças vestidas e a olhar para mim.
Observei-o e comecei a sentir falta de ar, como se de repente me tivessem tirado todo o ar que está naquela sala. As lágrimas que tinham estampado por uns minutos voltaram, assim que o vi. Soltei um longo suspiro e levantei-me, sentindo as minhas pernas tremerem um pouco. Caminhei até ao vidro e observei-o, que me olhava intensamente.
'Como é que foste capaz?' disse alto, observando as suas bochechas que estavam húmidas e os seus olhos vermelhos. Os seus caracóis estavam um pouco descaídos, por ter estado deitado. Ele olhou para mim e bateu na janela, sempre olhando para mim.
'Não aconteceu nada!' Ele disse, olhando para mim. Observei-o e desviei o meu olhar, não acreditando que ele estava a usar a desculpa mais reles que existe. Olhei para Alfie que estava sentado e olhava para nós, deixando-nos falar. Virei-me de novo para Harry e ele não tinha deixado de olhar para mim. Estava transpirado.
'Diz-me que não foste para a cama com ela.' disse, calmamente, observando-o. Ele pousou a mão na janela e soltou um suspiro, olhando-me.
'Mas tu achas mesmo que tendo-te a ti, ia acabar com a minha vida para ir para a cama com aquela cabra?' Harry disse alto, tocando de novo com a mão no vidro com um pequeno murro. Baixei o meu olhar e senti as lágrimas caírem de novo pela minha cara.
Ele próprio o disse, acabar com a vida dele, a nossa vida. Deixei-me cair e sentei-me, ficando apenas com a visão da suas pernas. Baixei a minha cabeça e levei as minhas mãos à minha face, escondendo o meu rosto. Ouvi os passos de Alfie virem até mim e senti Harry sentar-se à minha altura, de modo a que pudesse olhar para mim. Pousei as minhas mãos nos joelhos e olhei para cima, observando-o. Na sua face escorriam lágrimas, assim como na minha.
'Fogo, Harry.' Murmurei, olhando-o. Ele olhou-me, mostrando-me os seus olhos chorosos. Mordi o meu lábio, tentando esconder o quanto me custava vê-lo assim. Tentando esconder a vontade que tinha de o abraçar. De o beijar. De o ter de novo ao pé de mim. 'Não sabes o quanto magoada estou contigo.' murmurei. Levantei-me e ele levantou-se também, sem tirar os olhos de mim. Virei-lhe costas. A ele e aos sentimentos que tenho por ele.
'Nina!' Harry murmurou e sabia que ele estava a chorar.
Eu estava a chorar e ele estava a chorar. Tudo isto por causa de mim, que fui sempre demasiado ingénua com ele. Porque de todas as pessoas que existem nesta cidade, tinha de me apaixonar por ele.
Não sei o que é que acabou de acontecer.
Não sabem o quão difícil é escrever os capítulos em que eles não estão bem. É tão difícil e estranho tê-los um contra o outro, visto que eu sei o ponto de vista de cada um. Enfim.
Ainda há muita história para vir! Não parem de ler a história porque eles estão zangados, a história nem sequer está a meio. Não pode estar sempre tudo bem.
Agora sim, já acabaram as aulas, exames e tudo o que me ocupava a cabeça. Espero que vos tenha corrido tudo bem!
Espero que tenham gostado e até ao próximo capítulo \o