Tudo Pela Reportagem

By mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... More

Prólogo.
Primeira parte.
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Segunda Parte.
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!!!!!100 MIL F*CKING VIEWS!!!!! ❤️
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31 (Pra quem não está conseguindo ler!!)
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42. [Final]
Epílogo.
Agradecimentos.
Capítulo Bônus (1)
Booktrailer <3
Se você gostou de TPR, vai gostar de Morde e Assopra também!
Capítulo Bônus da Gabi! Yey!

19.

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By mariiafada

                  

Fiquei encarando a tela do computador, pensando no que fazer com a minha vida. O meu pai estava vindo para Nova York. Chegaria, na melhor das hipóteses, amanhã ou hoje à noite, dependendo das conexões que ele faria. Papai odiava conexões, então escolheria o voo mais rápido.

O meu celular tocou.

- Alô? – atendi com a voz trêmula tentando imaginar porque papai não me contara. Será que o Sr. Ling havia entrado em contato, como ele ameaçara? Será que Homero Smith havia enviado por correio a minha ficha criminal e agora o meu pai sabia que eu não estava melhorando, me tornando uma pessoa melhor e continuava atraindo desastres?

- Oi, Lizzy? Eu liguei para saber... – Homero começou mas não lhe dei tempo.

- Você por acaso não seria tão baixo ao ponto de mandar a minha ficha criminal para o meu pai, não é? Nós tínhamos um acordo. Como pôde ser tão baixo?!

Homero engasgou.

- Eu não fiz isso. – ele parecia confuso. Do outro lado da linha percebi que se afastara do burburinho de vozes que estavam perto. – O que houve, Lizzy?

- Tem certeza? – eu insisti roendo as unhas e girando a minha cadeira de maneira nervosa. Ray, como um bom amigo, pegara sua revista da Vogue e começara a abanar o meu rosto, que por acaso estava suando frio. – Talvez tenha mandado sem querer, enviado por engano?

- Não, eu nunca faria isso. – ele me garantiu e não senti hesitação na sua voz. Estava sendo sincero.

- Ah, mas que droga. – gemi coçando a cabeça e fazendo uma careta de desespero para Ray. Ele abanou a revista mais rápido e me ofereceu seu melhor sorriso tranquilizador.

- O que aconteceu? Posso ajudar em alguma coisa?

Eu ri.

- Bom, se tiver oitocentos e quarenta dólares para que eu pague o aluguel, ajudaria. – ironizei. – O meu pai vai ficar uma fera, perguntar o porquê não paguei o Sr. Ling e serei obrigada a contar sobre a fiança da cadeia!

Bati meus pés no chão com impaciência, logo em seguida me levantando e andando pelos poucos metros cúbicos do meu reservado. Não conseguia ficar parada quando estava aflita.

- É só desse dinheiro que você precisa? – Homero perguntou levando-me a sério.

Eu parei de andar.

- Não. Eu estava brincando, estava sendo sarcástica. Não quero seu dinheiro, Homero.

Ele suspirou.

- Você pode me pagar depois. Apesar de eu achar que seria melhor contar a verdade para o seu pai de uma vez de todas, mas se você acha que não...

- Definitivamente não. – interrompi-o. – Você não conhece o meu pai. Eu o amo, é um pai maravilhoso, só que... super protetor.

Homero riu.

- Lizzy, quem pode culpá-lo? Sabe-se lá Deus o que esse pobre homem passou com você na adolescência...

Segurei o celular com força.

- Escuta aqui, só houve um incidente realmente grave, e não foi culpa minha, foi culpa do professor de Química. Ah, os bombeiros nem consideraram um incêndio de verdade... – eu fechei os olhos. – Mas isso não interessa.

Homero escondeu a gargalhada com um pigarro.

- Lizzy, deixe-me ajudá-la. Pegue o dinheiro emprestado e me pague quando puder, talvez depois que ganhar o seu Pulitizer. – ele brincou imitando o que eu sempre dizia. Era incrível como já me conhecia a esse ponto.

Eu suspirei; enquanto decidia, recebi outra chamada. Era o meu pai.

- Espera, eu já volto. O meu pai está me ligando!

Ansiosa, deixei Homero na espera e atendi o meu pai.

- Papai! – cumprimentei-o, talvez eufórica demais. A minha voz saiu esganiçada e fina. Que ótimo jeito de disfarçar o nervosismo, Elizabeth. Parabéns!

- Oi, meu amor. Por acaso você já se alimentou hoje?

Pensei nas duas xícaras de café. A única coisa que o meu estômago tinha recebido pela manhã

- Sim, pai. – respondi obediente com a já costumeira culpa se instalando no meu peito. – Como você está? Alguma novidade? – inclinei-me para frente, ansiosa. Era a chance que ele tinha de me contar. Por que esconderia de mim que viria para Nova York? Ele nunca fizera isso antes.

- Ah, está tudo ótimo por aqui. Não, nenhuma novidade. O mesmo de sempre. A sua avó está mandando lembranças.

Mordi o lábio. O que papai estava aprontando? Eu conhecia o seu tom de voz, estava contornando a conversa, meio nervoso.

- Pai, você está bem?

Ele ficou em silêncio, hesitando.

- Claro que está! Por que não estaria... Por acaso você anda aprontando aí em Nova York, Lizzie? – o seu tom foi brincalhão mas mesmo assim eu empalideci.

Forcei-me a rir também.

- Há, há! É claro que não, está tudo tão tranquilo que é quase entediante. – fiquei chocada com a desenvoltura que consegui fingir uma voz de tédio, quando na verdade estava uma pilha de nervos. Comecei a amassar papéis antigos e jogá-los na cesta de lixo, a atividade me ajudou a desacelerar a respiração.

Papai pareceu satisfeito por eu lhe garantir que não ando sendo presa, causando acidentes ou colocando fogo em laboratórios de Professores de Química, quintais de vizinhos aleatórios...

- Que bom, princesa. Fico feliz em ouvir isso. Mas e o seu coração? Sei que o término do namoro deve ter sido difícil. Scarlett ficou preocupada...

- Ah, estou superando. – peguei-me pensando na noite anterior, no jantar com Homero. Eu estava superando de melhor maneira possível. Mais tarde eu me repreendi por esse pensamento maldito, no entanto naquele exato momento eu estava sorrindo. Voltei a realidade, o sorriso substituído por uma careta. - Scarlett esteve aí em casa? Quando?

- Ela sempre está aqui. Ás vezes vem pegar uma peça de roupa sua, comer com a sua avô... – ele tossiu de novo, era sempre o sinal de que queria mudar de assunto. – Mas, se está tudo certo, eu vou desligar. O professor de História faltou de novo e  não temos um substituto. Vou ter que assumir todas as turmas hoje.

Mentiroso. Ele deveria estar em casa, arrumando suas malas. A passagem fora para comprada para hoje mesmo. Eu decidi fingir que acreditava em sua mentira.

- Oh, pobres adolescentes. – lamentei pelos alunos do meu pai. Ele era um ótimo professor, mas acho que a sua fama de diretor poderia intimidar um pouco os alunos. A carranca que papai assumia quando estava na escola ajudava a potencializar minha teoria.

- Não seja boba, eles vão adorar. Não se lembra de quando eu fui seu professor?

Atividades de vinte páginas, intermináveis lições orais... Eu era tão boa em história por causa do papai que era como se tivesse feito uma secunda faculdade nesse curso.

- Sim, eles vão. – papai não captou a minha ironia e riu com gosto. – Tchau, pai. Boa aula! Não os assuste muito.

Papai deu uma gargalhada maléfica.

- Isso eu não posso prometer. Tchau, princesa. Comporte-se, alimente-se bem, e tome cuidado nessa cidade!

- Pode deixar. – eu voltei a ligação para Homero.  – Tudo bem, você ganhou. Mas quando eu lhe devolver o dinheiro, vai aceitar, não vai?

- É claro. Se isso tirar um peso das suas costas. – pude imaginá-lo dando os ombros, da mesma maneira que fizera ontem em diversas ocasiões. Os ombros dele eram largos, formando um desenho perfeito das costas. Balancei a cabeça. Por que estava pensando nisso?

Foco, Elizabeth, FOCO!

- Então é isso, preciso quitar a minha dívida com o Sr. Ling e arrumar o apartamento. Ugrh, papai acharia estranho manter os sapatos no forno...

- Você mantêm os sapatos no forno? – Homero questionou rindo.

Eu estalei a língua.

- Esqueci que você ainda está aí. E, sim, algumas pessoas precisam utilizar o máximo de espaço que tem. Não é como se o meu apartamento fosse enorme.

- Eu não vou discutir isso com você. – ele decidiu sabiamente. – Passarei aí daqui a trinta minutos, para lhe entregar o dinheiro. E ser útil no que mais você precisar.

Eu senti uma ponta de duplo sentido em suas palavras. Apertei o celular de novo, o meu maldito cérebro me traindo, trazendo à tona a cena na minha sala, Homero me prendendo contra o chão, seu nariz tocando meu pescoço... Respirei fundo e decidi ignorar.

- Só o dinheiro está ótimo. – esclareci.  – E obrigada. Salvou a minha vida.

Ouvi seu sorriso do outro lado da linha.

- Quem diria, salvei a vida de uma garota independente. Não achei que estaria à altura. – ele parecia realmente surpreso, não havia ironia em sua voz.

- Não vá se acostumando. – cantarolei e antes que  Homero pudesse dizer mais alguma coisa, desliguei.

*

Dei a volta no apartamento, certificando-me que estava tudo impecável. Homero estava sentado ao lado de Ray no sofá e os dois me observaram surtar em silêncio.

O chão de linóleo estava impecável, brilhante e encerado. A louça lavada, os quadros na parede azul anil da sala – tinham sido feitos por Brad mas não tive coragem de jogá-los fora, eram bonitos demais para fazer tamanha crueldade – milimetricamente ajeitados, o sofá e as poltronas haviam sido aspirados, a estante de livros do lado oposto ao sofá, que antes tinha livros empilhados e entulhados, agora estava espanada e organizada.

- Lizzie, você vai fazer um furo no chão se continuar andando de lá para cá. – alertou Ray.

Olhei para o relógio em meu pulso.

- Para que horas era a previsão do voo? – perguntei cerrando os punhos, estava tomada pelo nervosismo.

- Oito e meia. – Ray prontamente respondeu. – Você já me perguntou isso cinco vezes e já verificou tudo umas dez vezes. Está me deixando nervoso.

A campainha tocou. Eu dei um salto e corri até a porta, escancarando-a.

- Sr. Ling! – um suspiro de alívio escapou da minha boca. – Oi.

O síndico tinha uma carranca formada, estava de braços cruzados, sua espátula usual presa nas garras direitas, quer dizer, mãos.

- Elizabe-tí. – murmurou sério e desconfiado. Era quase estranho ouvir ele dizer o meu nome que não fosse esbravejado, gritando e perseguindo-me escadas abaixo, ou acima, dependendo do momento em que ele me encontrava. O Sr. Ling estendeu a mão livre na minha direção, sua palma amarelada e descascada aberta. – O meu dinheiro, mocí-nha.

- Foi exatamente por isso que eu lhe chamei aqui! – busquei a minha bolsa para pegar o dinheiro. Homero tinha entregado tudo em dinheiro vivo, guardado em um pacote pardo. Ás vezes eu esquecia que ele era, de fato, rico.

Naquele momento, se não fosse pela bolada de dinheiro em minhas mãos, eu jamais poderia adivinhar. Homero estava vestindo uma roupa casual: calças jeans velhas, camisa vermelha de mangas longas e sapatos esportivos, os cabelos despenteados e a barba pós-fazer. Tá, eu tinha que admitir... Era uma bela visão, e estava bem ali no meu sofá.

E eu não era o único que tinha notado  a beleza casual de Homero. Ray estava discretamente tirando fotos dele, o safado pensava que eu tinha percebido! Provavelmente estava enviado para o próprio namorado, com uma mensagem:

OLHE PARA ISSO AQUI SENTADO DO MEU LADO!!!!!!! 

Amo você, vou passar a noite na casa da Lizzie. XX.

A relação de Ray e o Grant era algo peculiar.

- Aqui está, Sr. Ling! Tudo o que eu te devo. – entreguei o envelope pardo para ele. O meu síndico deixou o queixo cair, seus olhos pequenos esbugalhando-se. Dei um sorriso vitorioso, feliz por arrancar dele essa surpresa.

- Como conseguiu tudo isso tão depressa? – seus olhos se estreitaram. – Você roubou, Elizabe-tí?

Eu arquejei.

- Sr. Ling! É claro que não.

- É só que eu fiquei surpreso, desculpí. – deu um sorriso fraco. – Bem, você se lembrou dos juros, não lembrou?

Eu fiquei sem fala.

- Juros? Mas você nunca me cobrou juros antes! – protestei. - Por que cobrar agora?!

- Hum, vejamos. – ele esticou a mão livre para fazer uma contagem. – Primeiro: pelos remédios que tive que passar a tomar pelo estresse que me causou, segundo: as horas de fisioterapia que terei de fazer para me livrar das dores que ganhei ao correr atrás de você, o psicólogo que me ouviu pacientemente chorar feito um bebê reclamando da inquilina cultuadora de Lúcifer que eu tinha...

- Tudo bem, já entendi! Espera, eu não cultuo Lucífer, ficou maluco?!

Sr. Ling piscou, confuso.

- Mas o tambores que ouvi não vieram do seu apartamento? Os vizinhos tem reclamado de barulhos estranhos...

- Não é aqui. – assegurei-o. – Eu nem ao menos tenho um tambor.

- Se não é aqui... – Sr. Ling e eu direcionamos juntos nosso olhar para a porta do outro lado do corredor, onde um tapete vermelho com detalhes dourados estava na entrada. A minha vizinha estranha, que eu mal via fora do seu apartamento, Helga. Era uma mulher loira na casa dos trinta anos, que usava roupas de malha e largas, os braços cobertos de miçangas. Ela raramente dava as caras, mas sempre que a via, Helga me tratava muito bem.
Balancei a cabeça. O que a Helga deixa de fazer não é da minha conta!

- Voltando ao que interessa, eu não tenho mais dinheiro, Sr. Ling. Os juros terão que ficar para depois.

Quase pude ver a dor nos olhos do síndico. Teria de me cobrar dinheiro de novo, o que podia imaginar que não era uma tarefa fácil.

- Não vou reclamar. – ele decidiu dando os ombros e já se virando para subir as escadas. – Você ter me pagado foi um milagre, então... Ai, cachorri-nho mau, solta minha pernaaaaa!

Seth veio correndo do meu quarto e passou pelo meio das minhas pernas, voando na calça do Sr. Ling e puxando-a para baixo. Eu soltei um arquejo misturado com risada quando a calça de moletom do velho foi trazida para baixo.

Seria maldade comentar sobre as roupas de baixo do meu síndico, um homem já de idade avançada e madura, eu deveria respeitá-lo... Só vou dizer que o Sr. Ling deve ser muito fã de Dragon Ball Z.

- Seth! Vota aqui! – eu corri até o Sr. Ling e peguei o meu cachorro no colo, tomando cuidado com suas rodinhas. – Desculpe, ele geralmente não age assim. Que feio, Seth! Feio!

- Umpf! – o síndico ajeitou a própria calça, indignado, e levantou o dedo.  – Endiabrado como a dona, vira lata mau!

Seth latiu em resposta, assustando o Sr. Ling. Ele retrucou sobre rever as normas de permitir animais no prédio e subiu mancando a escada, agarrado ao próprio dinheiro.

Entrei no apartamento, Ray e Homero prendendo as risadas.

- Parem com isso, não teve graça... – eu os repreendi, mas logo comecei a rir também, lembrando das ceroulas com os desenhos do Goku do meu síndico de quarenta anos de idade. Virei o rosto do meu cachorro para mim, tentando ficar séria. – Seth, que isso não se repita.  Não é educado tirar a roupa das pessoas assim.

– É Seth, tem que pedir a permissão delas primeiro. - Homero complementou.

A risada se perdeu em minha boca enquanto eu percebia um detalhe importante. Ah, inferno!

- Ai, o que foi dessa vez? – Ray lamentou já preocupado.

- Acho que Seth fez o número 1 no colo da Elizabeth. – especulou Homero.

Balancei a cabeça. 

- Alguém precisa levá-lo para passear! Eu não tive tempo hoje, e o meu pai vai chegar a qualquer momento...

Homero se levantou.

- Sem problemas, eu levo. Onde está a coleira dele?

- Faria mesmo isso? – perguntei agradecida e aliviada.

Talvez eu estivesse abusando da boa vontade de Homero, que estava ali desde as seis horas da tarde me ajudando a deixar  casa organizada, e ele até prometeu nunca mais xeretar o Livro dos Relacionamentos... 

Coloquei Seth no chão, que correu para os pés de Homero. Fui até a cozinha e voltei com a coleira vermelha dele, entregando-a para o homem à minha frente. Como aquele ser conseguia ficar tão elegante numa blusa antiga de frio? Acho que os ombros largos ajudavam...
Homero pegou a coleira com um sorriso sereno.

– Obrigada, de verdade. É a segunda vez que você me salva hoje. – ergui uma sobrancelha, a observação pairando entre nós.

Ele riu se aproximou no meu ouvido.

- Eu sei, mas me disseram para não me acostumar, então não vou me vangloriar... – eu ri cruzando os braços para que Homero não percebesse que a sua voz me causava calafrios pelo corpo. Acho que mesmo assim, Homero notou; seu sorriso se alargou e ele se afastou lentamente. – Volto em um instante, Liz.

Homero se agachou e colocou a coleira em Seth. Esse, quando ouviu a palavra "passear" correu desesperadamente para a porta, latindo de maneira animada.

- Ufa! – Ray se abanou quando Homero e Seth deixaram o apartamento. Eu me joguei no sofá ao seu lado, passando as mãos pelo rosto quente.

- Caramba... Eu senti a tensão daqui entre vocês dois. – Tensão...

- Se você disser "sexual", eu queimo suas revistas da Vogue.

Ele arregalou os olhos.

- Não faria isso!

Eu apontei o dedo para ele.

- E eu vi que você andou dando uma de paparazzi, seu safado! – acusei. Ray ficou vermelho e deu um gritinho ofendido.

- Calúnia! Sou inocente de todas as acusações!

Fiz uma cara de tédio, mostrando que ele não me enganava.

- Para quantos grupos você mandou as fotos, Raymond?

Ele se fez de inocente, mas acabou desistindo sobre o meu olhar inquisidor.

- Seis. – admitiu.

Eu caí na gargalhada.

- Quais?

- Orgulho Gay, Alta Confraternaria Gay do Chelsea, #ColoridosEOrgulhosos...

- Deixe-me ver! – pulei em cima de Ray e roubei seu celular. Ele gritou e me puxou pela camisa, tentando recuperar o aparelho. No meio da nossa luta, a campainha tocou novamente.

Caí no chão sala, meu rosto ficando sem cor.

- É o meu pai. – sussurrei e lancei um olhar desesperado para o meu amigo. Minhas mãos tremeram – Ele está aqui!

Não consegui andar até a porta. Levantei do chão, mas fiquei congelada no lugar, o cérebro vazio; eu tinha perdido a capacidade de andar. Quando eu abrisse aquela porta, teria que mentir para o homem mais importante da minha vida de como eu ia bem. E fazer isso pessoalmente, não era como pelo celular ou um e-mail.

- Devo fingir que sou hétero? – Ray questionou, tirando a gravata borboleta da blusa.

- Não, está tudo bem. – consegui sussurrar. – Ele é bem resolvido quanto à isso, não tem preconceitos. Eu vou... abrir a porta. – engoli em seco. - Agora.

Pensei que dizendo as palavras conseguiria me mexer. Pelo contrário, foi como se pregos tivessem pregado meus pés ao chão. Eu não conseguiria mentir para ele. Seria desastroso.

A campainha tocou mais duas vezes insistentemente. Eu sabia que precisava ir até lá e enfrentá-lo, lidar com ele, mas... Vamos lá, Elizabeth. Você consegue.

- Lizzie, vai! – Ray sibilou empurrando-me com o pé. – Abre logo!

Dei dois passos incertos na direção da porta, mas parei quando uma voz gritou do outro lado:

- Lizzieeeeee! – a voz conhecida cantarolou e meu coração bateu forte, aquecendo-se. Eu conhecia aquela voz tão bem que o medo se foi. Praticamente corri, as mãos erguidas para abrir a maçaneta.

Escancarei a porta com um grande sorriso no rosto e todo e nervosismo foi embora, substituído por alívio.

***

O que seria da vida sem um pouco de suspense, não é mesmo galera? hahahahah ( quem acertar primeiro a pessoa que chegou no apartamento da Lizzie ganha um prêmio!!!)

Mas calma, o próximo capítulo sai ainda hoje, daqui à pouco! Hoje eu vou fazer ainda DUAS atualizações!!! A primeira será o capítulo, a outra é uma coisinha legal que preparei para interagirmos mais! Eu só vou aqui rapidão comer (ainda não almocei hoje, cheguei do colégio e vim aqui preparar o capítulo - tá vendo, deem um desconto para tia, ela deixa de comer para postar o livro. E a tia deixar de comer... MINHA NOSSA É MUITO AMOR).



É isso, não esqueçam de votar, até nestanteee <33 Beijoss, beijões, beijaços.

Maria.

AH!!!!! Hoje saiu a última parte do meu conto, postado no perfil da LehAnello. Vão lá conferir, seriam uns lindos se fizessem isso <3

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