"Você sabe o que dizem...sonhos são memórias de outra vida"
- Once Upon a Time
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— Querem fazer o favor de abrir a maldita porta? Julian, eu juro que enfio sua cabeça na privada se esse barulho não parar agora! - gritava uma voz no corredor, que fora a responsável por acordar Zoe.
Esta por si só já havia dormido muito mal, sonhando com gritos horripilantes e muito, muito sangue. E, quando finalmente conseguira dormir após acordar de seu quarto pesadelo, fora acordada por uma gritaria e o som de batidas na porta do instituto.
Bocejando e praguejando todas as pessoas que se lembrava o nome, ela se levantou sem nem se incomodar de trocar o pijama. Seu plano era voltar a dormir assim que desse alguns tapas nos responsáveis por atrapalhar seu sono.
Assim que saiu do quarto, quase caindo por causa da calça de moletom demasiadamente comprida que Piper lhe emprestara - o que a lembrava de que precisava urgentemente ir fazer umas compras - , ela encontrou um Edmund bem irritado se arrastando pelo corredor.
— O que diabos está acontecendo? Foi você fazendo esse barulho todo? - perguntou, ja preparando a mão para o tapa que daria nele se a resposta fossem sim.
Edmund lhe respondeu com um bocejo e umas palavras incompreensíveis, que Zoe entendeu como "Leões" , "merda" e "biscoitinho", o que a levou a crer que ele estava com ainda mais sono do que ela mesma. Parece que outra pessoa levaria o tapa hoje.
Balançando a cabeça irritadamente, foi marchando até a porta do instituo, de onde se ouviam algumas vozes.
— Vocês querem parar de gritar? Já não acordaram Nova York inteira, não? Francamente, não se incomoda o sono de uma pessoa assim. Eu esperava o mínimo de respeito, e aliás vocês deveriam.. - começou, colocando a maior quantidade de raiva que podia na voz. Ela sinceramente nem se importava com quem quer que fosse, só se importava em achar o culpado por interromper seu sono.
— Ora, vamos lá, Zoella. Para quê tanto mal humor? - uma voz nova a interrompeu e ela ergueu a cabeça, vendo um homem de terno azul-celeste berrante, olhos com os de um felino e exagerado glitter na cara quando o fez. - Não me reconhece?
— Espere, você não... - ela se interrompeu, abrindo a boca num perfeito O. - Eu acho que te conheço.
A Herondale ainda estava grogue de sono, e seus olhos estavam embaçados, portanto ela não conseguia enxergar a cena ao seu redor direito.
— Mas é claro que nos conhecemos! Não acredito que já esqueceu uma figura como a minha tão facilmente assim. - o homem pareceu ofendido, e Zoe abriu a boca para explicar que não estava nem conseguindo raciocinar direito e que ele deveria voltar daqui umas duas horas para ela poder responder conscientemente, quando Edmund entrou se arrastando pela porta.
— Olha aqui, querem fazer o favor de calar a bo.. - ele soltou um bocejo, mas continuou como se nada tivesse acontecido. - ..ca? Da para ouvir os gritos dessa idiota da Piper até da China.
— Idiota? Eu vou lhe mostrar quem é idiota. - disse a garota, e somente nesse momento Zoe notou que ela estava ali, indo em direção à Edmund para provavelmente bater nele.
Julian, que a loira também acabara de perceber estar ali, colocou um braço na frente de Piper, que parou irritada e cruzou os braços. Ela usava uma camisola amarela, com um robe da mesma cor por cima, e pantufas pretas com um lacinho. Julian usava uma calça de moletom preta e uma camiseta larga da mesma cor. Ambos pareciam tão cansados quanto Zoe e Edmund.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui para eu poder voltar a dormir, por favor? - disse a Herondale, soltando um bocejo logo em seguida e tentando se manter de pé.
— Uau, vocês realmente são péssimos anfitriões. - falou o homem com pupilas de felino, soltando um suspiro exagerado. - Como ninguém fez o favor de falar, sou Magnus Bane, Alto Feiticeiro do Brooklyn.
As reações foram totalmente variadas. Enquanto Piper soltou um oi entediado, Julian acenou com a cabeça e disse:
— Seu nome é bem estranho, não é? No que diabos sua mãe estava pensando? - o que arrancou uma profunda exclamação ofendida de Magnus.
— Para sua informação, Magnus é um nome incrivelmente nobre. Bem melhor do que Julian, aliás.
Edmund bocejou mais uma vez e resmungou algo sobre biscoitos, e Zoe franziu a testa.
— Brooklyn tem um Alto Feiticeiro?
Magnus fechou os olhos, como se obrigasse a si mesmo a ter paciência.
— Vocês são terríveis, e você é mais lerda que Ragnor costumava ser, Zoella. Realmente esperava mais da descendente de Jace e Clary. - acrescentou para Zoe, que franziu novamente a testa.
Mas quem diabos são esses?
— Hmm, certo. E o que você faz aqui à essa hora da manhã? - perguntou Julian, aparentemente sem ter ouvido nada do que acontecera.
— Eu vim ver Zoella, mas infelizmente ela mudou muito depois de dez anos. Sinto em concluir que estou perdendo o meu tempo.
E então, Zoe se tocou por quê este lhe parecia familiar. Ele era aquele feiticeiro cuja família da garota contara seu terrível segredo, aquele que ela pensara se chamar Mangus.
— Então foi você. - disse, ao passo de que Magnus assentiu com uma expressão de satisfação.
— Sabia que iria lembrar. Eu sou bem difícil de esquecer. - ele sorriu, e então olhou para todos os presentes. - Agora, que tal oferecerem uma xícara de café ao seu convidado? Teremos uma agradável conversa.
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Após alguns minutos, os quatro se encontravam sentados na mesa da cozinha com xícaras de café em sua frente e um pouco mais despertos. Julian, o único dali que sabia fazer café, havia preparado uma xícara para cada um e Magnus, que era definitivamente o mais alegre de todos, havia insistido para se sentarem juntos e então ele poderia explicar o motivo de estar ali.
— Então. - disse Zoe, cuja raiva de ter o sono interrompido podia ter diminuído mais ainda estava lá.
— Então, creio que querem saber o por quê de estarem tendo a bela visão minha de terno às cinco da manhã. - começou Magnus, depois de ter tomado alguns goles de seu café. - Bem, como disse antes, assim que soube que Zoella "voltara à vida" planejei visita-la. E, após meus contatos me informarem que ela se encontrava no instituto de Nova York, resolvi fazer uma visita.
— Ok, mas precisava ser tão cedo assim? - Piper perguntou, embora não parecesse mais tão irritada. Apenas entediada.
— Não, claro que não. Isso foi escolha minha. Estava sofrendo de insônia, entendem? E, como minha agenda estava vazia, decidi vir para cá. - Magnus disse, ignorando os olhares de descrença e raiva que Julian e Edmund lhe lançaram. - Mas, de qualquer forma, também queria continuar estudando o dom de Zoella.
— É só Zoe, por favor. E por que eu deixaria você ficar me estudando?
— Estudando o dom, querida. - corrigiu Magnus. - Você não é importante o bastante para ser estudada. E, respondendo sua pergunta, porque seus pais autorizaram isso e sua ordem continua viva mesmo depois de mortos.
— Isso não faz sentido. - disse-lhe a garota.
— Não tem que fazer. - respondeu simplesmente Magnus, e, ao perceber que além dele ninguém tocara no café, suspirou. - Bem, vamos começar então.
E se levantou, fazendo um aceno com a mão em seguida e observando as xícaras desaparecerem assim que o fez.
— Hã, começar o que? - Piper perguntou, embora tenha se levantado também.
— Começar o estudo do dom de Zoe, oras.
— Ei, espere! Mas eu nem sei quem é você direito. Você por acaso sabe por que tenho esse dom? - a loira se levantou, porém estava extremamente confusa. E começou a considerar a possibilidade de tudo isso ser apenas um sonho estranho de si mesma.
Ela se beliscou, esperando acordar. É, não funcionou. Ou talvez Alice no Pais das Maravilhas estivesse completamente errado e isso não funcionasse.
— Não tenho certeza, mas estou quase certo de que se trata de algo de sua família. Alguns Herondales também tiverem dons um tanto estranhos, e com a combinação do DNA de Clary e Jace, isso deve ter ficado ainda mais forte. - ele deu de ombros. - Há algum lugar onde possamos fazer experiências mais abertamente? Ah, claro, O salão de armas.
E começou a andar rapidamente, fazendo Zoe apertar o passo para alcança-lo.
Então, ela finalmente se lembrou de quem eram Clary e Jace. Uns dos caçadores de sombras mais famosos já existentes. Eles salvaram o mundo de Valentim e Jonathan Morgenstern e aparentemente possuíam uma quantidade a mais do sangue do anjo, o que lhes dava dons a mais também. Clary era capaz de criar novas runas que não estavam presentes no livro Gray e Jace tinha o salto do anjo, ou seja, era capaz de saltar de mais de quarenta metros (ou mais) sem se machucar. Jace fora um Herondale, Clary também a partir do momento que casou com ele. E ela era descendente deles dois.
Uau, isso é confuso.
Magnus adentrou o salão de armas como se fosse um ato familiar à ele, o que devia ser já que ele provavelmente já visitara o instituto muitas vezes antes. Afinal, ele tinha...É, a Herondale não fazia ideia de quantos anos ele tinha. Mas era mais do que cem, com toda certeza.
Por um momento, ela tentou imaginar como era ser imortal como um feiticeiro. Devia ser horrível ver todos ao seu redor morrendo e não poder fazer nada para impedir.
— Então, - a voz de Magnus a tirou de seus devaneios. - faça a demonstração de seu dom, Zoe.