- Eu não tinha idéia de que Aline estaria lá esta noite.
Yasmim parou um segundo e depois afastou as alças do vestido dos ombros e deixou-o deslizar até o chão.
Tudo o que usava por baixo era uma calcinha, e vanesa se perguntou se Yasmim tinha idéia de como estava provocante. pele da textura de cetim, curvas tentadoras e seios que cabiam perfeitamente na palma de suas mãos.
Quis acariciar-lhe os quadris, para depois subir até os seios contornando os mamilos com os polegares, e em seguida substituir as mãos pelos lábios.
- Não me importei por Aline ter ido - yasmim respondeu.
Vanesa a fez virar o rosto para si e segurou-lhe o queixo.
Não havia nada que Yasmim pudesse fazer, e não teve remédio senão fitá-lá.
- Sim, você se importou.
Vanesa inclinou a cabeça e yasmim teve medo que ela a beijasse de novo. Medo de ceder, aceitando o carinho de vanesa.
- Não, não me importei - ela repetiu, num tom de súplica desesperada. E fechou a boca.
A única coisa que vanesa pôde fazer foi roçar a língua nos lábios dela. Um beijo gentil, que trouxe a sua lembrança de cenas do passado. Porém Yasmim ignorou a voz de seu interior que a prevenia de estar se deixando levar por uma sedução hábil.
Ela gemeu quando vanesa removeu-lhe os grampos dos cabelos, deixando-os soltos, em seguida demorou-se num beijo transformando-o numa cópia do ato sexual.
Foi só mais tarde, muito mais tarde, que Yasmim rolou na cama para longe dela , furiosa consigo mesma por sua fraqueza, e com ela pela habilidade em se aproveitar dessa mesma fraqueza.
- Negue que me ama, se puder - disse vanesa.
- E isso me fará sentir feliz? Acha por acaso que não me detesto por ter cedido ao...
- Sexo?
- A você.
- Obrigado, meu amor, pela distinção.
- Não foi distinção coisa nenhuma, foi desagradável.
- Posso pensar em muitas descrições para o que houve. Mas desagradável não é uma delas.
- Como a chamaria, então? - Yasmim perguntou.
- Magia sensual. Paixão primitiva. Desejo cru. Algo único... para nós duas.
Santo Deus. No começo foi tudo isso e mais. Muito mais. Ela fechou os olhos e abriu-os logo depois. Mesmo agora, depois de tudo o que os separou , intensidade emocional era violenta. Uma força antiga exigia ser reconhecida.
Um ano atrás Yasmim juraria ser amor. Mas como poderia chamar aquilo de amor ante a infidelidade de vanesa? Não fazia sentido.
- Contudo, três meses depois de nosso casamento... três meses - ela enfatizou -, sua ex-amante se deliciava revelando a quem quisesse ouvi-la que estava tendo o caso com a minha esposa . Por Deus, vanesa, você deve ter ido nosso leito nupcial para a cama dela, alguns dias após nossa volta da lua-de-mel! - Não ajudaria nada se lembrar das semanas passadas em Miami. Dias preguiçosos e longos, noites cheias de amor.
- Nessa ocasião você preferiu acreditar em Aline em vez de em mim. - vanesa teve vontade de sacudi-la. - Parou para pensar em como me senti? - Ela apertou as mãos e controlou-se para não jogar qualquer coisa no ar. Logo, ela teria a prova necessária. Por agora, tudo o que possuía era a sua palavra. - Nunca lhe passou pela cabeça, Yasmim,que Aline desejava era destruir nosso casamento? O seu, o meu?
- Sim. Porém ela providenciou datas, lugares, hotéis. Tinha recibos para a confirmação.
- Eu não estava com Aline.
- Contudo, ela me mostrou provas. Mostrou-me fotos, vídeos tudo . Foi-lhe entregue em seu apartamento semanas mais tarde, por um mensageiro.
Havia sido demais. Pensar que semanas antes se entregara sem restrições aos braços de vanesa deixava-a doente.
Com um gemido, parte de desespero, parte de ódio de si mesma, rolou para a beirada da cama a fim de fugir. Porém vanesa agarrou-a antes que pudesse colocar os pés no tapete.
- Deixe-me ir - Yasmim gritou.
- Não! - vanesa segurava-a firme.
- O que está querendo provar, vanesa ?A superioridade ? Sua habilidade sensual?
Vanesa não disse uma palavra. O silêncio estendeu-se entre as duas , tal qual o fio de aço prestes a se romper. Yasmim podia ver a tensão, senti-la, como uma entidade viva.
vanesa moveu-se, colocando-a em cima dela, segurando-a com um braço cuja mão cobria-lhe uma das nádegas enquanto com a outra agarrava-lhe os cabelos para puxá-la bem junto de si.
Beijou-a com loucura, e por fim deu leves mordidas em seus lábios .
Yasmim ouviu um gemido, e não teve certeza se viera de sua garganta ou da dela.
Foi um ato de posse. Pose total, absoluta. Selvagem em sua intensidade, devoradora, devastadora...
Algo sacudiu-a, exigindo uma resposta, afastando-a da passividade e substituindo-a por uma resposta ativa.
Yasmim mal podia acreditar na mudança. Retribuía a paixão de vanesa com a mesma intensidade e fervor.
E Muita saudades
Tudo foi rápido, sem preliminares. Precisava daquela força animalesca do amor, sem barreiras de espécie alguma.
Yasmim agarrou-se aos ombros de vanesa , sua voz era uma súplica enquanto arqueava o corpo contra a dela
Intencionalmente, devagar de início, movimentou-se de maneira provocante. Vanesa penetrou-a então e cresceu uma paixão libidinosa que durou muito tempo deixando ambos arfantes e com o corpo escorregadio pela transpiração sensual.
O que haviam experimentado era mais do que apenas sexo, mais do que satisfação de desejo mútuo, yasmim concluiu.
Vanesa beijou-lhe o lóbulo da orelha e em seguida mordeu-o suavemente. Beijou-a ao longo do pescoço até a base.
Um gemido escapou dos lábios dela enquanto, com a língua, vanesa iniciava a exploração da boca de sua mulher novamente. Ambos criaram nova vida.
Num movimento rápido ela sentou-se e segurou-a nos braços beijando-lhe os seios.
O mamilo escuro convidava a ser tocado e vanesa circundou a auréola com a língua, saboreando-o antes de prendê-los em seus lábios. Yasmim sentiu um tremor percorrendo-lhe o corpo e gritou quando ela tocou-o com os dentes. Segundo depois fez o mesmo com o outro mamilo.
Yasmim desceu a mão até a parte íntima de sua companheira, acariciando com delicadeza e maestria como se não houvesse o amanhã, ela só pensou em aproveitar o momento
A reação de vanesa foi imediata, e Yasmim tocou-o no lugar onde os corpos se juntavam. Ouviu então um gemido... dela
Dessa vez vanesa agiu bem devagar, prolongando os minutos de excitação até que ela suplicasse pelo ato final do amor.
Yasmim gritou quando afastou-se, para em seguida colocar a boca no umbigo e descer lentamente a fim de presenteá-la com o beijo mais íntimo de todos.
Era possível morrer, subir aos céus, e continuar sendo mortal? Em que ponto a dor se transformava em prazer? E vice-versa?
Yasmim não sabia. Talvez um prazer intenso ficasse perto da dor, necessitando consolo. A certeza de que jamais conheceria algo igual a fez desejar que aquilo nunca terminasse.
Fora ela quem gritara? Ela, que pedira, quesuplicara a mulher cuja contato hábil quase a destruíra?
Quando vanesa a penetrou, foi um alívio, e Yasmim abençoou-o, desejando que a intensidade diminuísse, apenas para recompor e atingir o patamar aonde ela a levara antes, às alturas, e acima das alturas.
Agora não estava sozinha, e ouviu o exultando gemido rouco de vanesa ao alcançar o próprio clímax, yasmim saboreou o momento, adorando a paixão da esposa e alegrando-se por participar disso.
Mais tarde poderia analisar e dissecar o fato, mas agora sentia-se feliz por viver o momento.
E ali estava vanesa. Nos braços da mulher , o rosto enterrado na curva do ombro dela, ouvia o forte palpitar do coração, sentia a força desse mesmo coração, e saboreava o conforto quente da respiração dela junto a seus cabelos.
Amava o aroma de vanesa , da colônia, do sabonete e do desodorante.
Adorou também a paixão evidente nos olhos escuros de sua esposa . Uma expressão que tornava as palavras totalmente desnecessárias.
Um dia, no começo, era o bastante Yasmim fitá-la para saber a hora de ser alimentada de suas necessidades, para ter consciência de quando estavam sós e de quando a noite realmente começava... uma longa noite de amor, em que um dava prazer ao outro até que o sono se apoderasse das duas. E acordavam juntos para um novo dia.
Poderia tudo ser assim de novo?
Poderia haver absoluta confiança de uma para com o outro? Total fidelidade? Porque juntos eram duas metades de um todo. Dois corações batendo em uníssono. Uma só alma, um só amor.
Porém... naqueles tempos ela pensara que nada nem ninguém poderia invadir o espaço que ocupavam. Ninguém poderia separá-los.
Contudo, alguém fez isso. E o espirito de Aline permanecia vivo.