capítulo 17

4.4K 397 1
                                    

Ela abriu a boca e fechou-a em seguida, quando sentiu as mãos de sua esposa massageou-lhe os músculos tensos do pescoço, depois dos ombros.


Oh, por Deus, como aquilo era bom! Tão bom! Os dedos dela pareciam mágicos.


Ninguém foi tão carinhosa com ela durante muito tempo. Não desde que seu pai ficou doente .


Yasmim começou a chorar.


Vanesa sentiu os próprios dedos molhados, blasfemou em voz baixa, e ergueu-a da cadeira e aconchegou-a junto de si.


Se ela tivesse dito uma palavra que fosse, yasmim teria rejeitado o conforto oferecido, mas aquele conforto silencioso foi maravilhoso, e pela primeira vez na vida desde a morte de Renato, ela soluçou.


Mal percebeu que vanesa encostou o queixo em sua cabeça ou que ela passou os braços em volta da cintura da esposa em um perfeito aconchego.


Depois de alguns minutos ela passou um braço sob os joelhos da esposa e levou-a para cima. Deitou-a na cama com ela ciente de que assim que Yasmim percebesse onde estava e quem se encontrava a seu lado, o empurraria para fora da cama.


Exceto que isso não aconteceu. Os tremores cessaram aos poucos e ela ficou imóvel. A respiração normal se restabeleceu. Contudo, tendo Yasmim acordado suas próprias lembranças, cada uma delas foi uma tortura a seu libido.


Após um tempo, vanesa tentou sair da cama lentamente. Mas ouviu um murmúrio de protesto.


Então ficou. Estava consciente de ser o pior dos tolos. Mas usufruiu o prazer de tê-la nos braços, de sentir-lhe o perfume, a suavidade dos cabelos junto a seus lábios.


O ar da noite estava frio. Vanesa tirou os sapatos, cobriu-se e logo adormeceu.


Yasmim acordou lentamente. Quando se deu conta de que se encontrava na cama, viu que não estava sozinha.


Não apenas não estava sozinha mas sua cabeça repousava em cima da sua esposa , e os braços dela a segurava, enquanto se agarrava à cintura dela


Vanesa . Seu primeiro desejo foi sair da cama para longe dali.


Registrou então várias coisas. Encontrava-se em seu próprio quarto, vanesa completamente vestida . Lembrou-se de tudo.


Talvez se bem devagar removesse seu braço... Tentou desalojar vanesa , mas ela segurou-a com força.


Dormia como um gata , consciente dos menores movimentos de Yasmim , e percebeu que ela acordara. Sentira a mudança no ritmo da respiração, quase podia ouvir-lhe o pensamento.


O que ela queria mesmo era beijar-lhe a testa, escorregar uma das mãos pela abertura do robe e cariciar-lhe os seios. E seguir com os dedos até a junção das coxas.


O ato do amor praticado bem cedo pela manhã, ela refletia, era um magnífico modo de começar o dia.


Talvez... Não, ela abandou a idéia. Não lá, não agora. Na hora certa, não haveria hesitação. Mas ela queria que Yasmim a desejasse, e para isso precisava de tempo. Graças aos termos do testamento de Renato, tinha bastante tempo. Abafou seu desejo.


Meia hora no ginásio, seguida de um banho de chuveiro e café da manhã, e ganharia energia para o dia.


- Sua dor de cabeça passou?


Yasmim levantou a cabeça.


- Sim - disse. Seu instinto preveniu-a para que se afastasse um pouco, e depressa.


- Você dormiu bem.


Por instante ela pensou em lhe agradecer pela ajuda que lhe dera. Mas sentiu um certo embaraço por causa das lágrimas que derramara nos braços dele.


Devagar sentou-se na cama e fechou melhor o roupão.


Com um movimento rápido vanesa pôs as pernas para fora da cama ficando em pé no chão. Apanhou os sapatos.


- O café será servido no terraço às oito. - Ela divertiu-se com a confusão de yasmim, Sem esperar pela resposta, saiu, e Yasmim ficou olhando para o espaço.


Meia hora mais tarde pegou sua pasta e desceu as escadas. Havia apenas posto o pé no hall quando vanesa entrou vindo do corredor que conduzia à escada em espiral em conexão ao ginásio.


Ela estava de shortinho e top , com uma toalha úmida no pescoço. Tinha aspecto muito sexy , quente .


Fixou o olhar em Yasmim no traje costumeiro de trabalho, saltos muito altos, e ergueu a sobrancelha.


- Vai começar seu trabalho assim tão cedo? - vanesa perguntou.


- Sim. - Assim ela poderia trabalhar um pouco no computador antes de sua secretária chegar.


- Não me espere para jantar. Chegarei tarde.


- Eu também - ela respondeu sem pensar, e foi para a garagem.


Por que diabos disse aquilo?, refletiu, quando não havia planejado nada? Poderia telefonar para Luiza e sugerir que comessem fora. Talvez, depois, pudessem ir a uma galeria de arte ou ao cinema.

Uma Falsa traição ? Onde as histórias ganham vida. Descobre agora