capítulo 16

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Amizade com a filha de uma das esposas do pai estava fora de cogitações. Bastaria uma harmonia superficial, inteligência e olho atento... a fim de evitar comentários maldosos, a mentira, e ser apunhalada pelas costas.


O casamento de Andréa com Renato não durou muito. E, quando yasmim achou que as coisas iriam melhorar, chegaram Carla e Cássio.


E isso fora pior, bem pior.


Ela voltou para o carro. Iria ao cinema, comeria algumas coisas, e regressaria a casa. Enfim assistiu a dois filmes, comeu e foi para casa. Eram mais de dez horas quando pôs o carro na garagem e entrou.


Vanesa surgiu no saguão, vindo do escritório, quando ela ia subir as escadas. Teria ela visão de raio X? Ou instalou uma câmera no sistema de segurança?


Ela estava muito atraente, de jeans, blusinha , exibindo um corpo invejável, pernas longas.


- Verificou os recados em sua secretária eletrônica? - ela lhe perguntou.


- Não, desde o meio-dia. Por quê?


- luiza telefonou duas vezes. Cássio está parecendo desejar uma resposta urgente. E Harry pediu que ligasse para ele insistindo que você tinha seu número. Cada uma dessas pessoas declarou que tentara em vão alcançá-la pelo celular. Quer que eu lhe peça desculpas por inadvertidamente ter ouvido seus recados?


- De forma alguma, pois não lhe devo explicações.


- Nesse particular, nossos pontos de vista diferem.


- Vá para o inferno. - E ela continuou a subir as escadas. Mas vanesa a segurou pela cintura e a fez virar-se para encará-lá .


- Agora vai usar a força, vanesa ?


- Você prefere a guerra?


- A harmonia seria preferível.


- Nesse caso, sugiro que trabalhe para isso.


- Eu também sugiro, vanesa.


Ela soltou-lhe o braço e Yasmim subiu as escadas depressa. Seu quarto era seu santuário, e lá entrou trancando a porta.


Em seguida apanhou o celular, procurou por recados e ligou para a mãe.


Deitou-se e dormiu a noite toda, acordando tarde pela manhã com terrível dor de cabeça. Nem tomou o café da manhã na pressa de chegar ao escritório. E passou o dia todo ocupada. Teve de encarar problemas em ares em que geralmente tudo corria bem, e foi rude com Cássio que insistira em ter cinco minutos de seu tempo.


Não almoçou e às duas horas mandou buscar uns sanduíches que comeu no escritório mesmo. Às quatro horas recebeu um telefonema do advogado de Renato informando-a que Cássio pretendia contestar o testamento alegando que tinha direito a metade dos bens.


O protesto de Cássio não passava de uma amolação, pois era dever do advogado providenciar tudo.


A dor de cabeça não passou apesar dos comprimidos que ela tomou . Eram quase seis horas quando estacionou seu carro na garagem e entrou em casa. Tudo o que queria era um banho quente, mas algumas aspirinas, fechar as venezianas e entrar embaixo das cobertas. Queria isolar-se do mundo até que passasse sua dor e voltasse ao normal.


Quase conseguiu.


Vanesa encontrou-a na cozinha, pálida como umas folha de papel, enrolada num roupão com os cabelos caindo pelas costas.


- Que diabos...?! - ela exclamou.


As palavras foram sussurradas.


Yasmim fechou os olhos ao vê-lo. A última coisa de que precisava era uma inquisição verbal.


- Onde você guarda os analgésicos?


Ela abriu uma gaveta, tirou de dentro uma caixa de aspirinas, encheu um copo de água e entregou ambas as coisas a ela.


- Dor de cabeça?


- Sim. - Yasmim pegou dois comprimidos e engoliu-os com água.


Ela mal percebeu que vanesa puxava uma cadeira e a fez sentar-se.


- O que acha que está fazendo? - disse. Tudo o que ela desejava era deitar-se numa cama e esperar que a dor passasse.


Ignorando os protestos da esposa, vanesa tirou o blazer , e abriu os primeiros botões de sua camiseta , dobrou as magas da camisa.


- Fique quieta e relaxe - ordenou.

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