- Vamos acabar com isso logo, está bem? - sugeriu ela.
- Por que não terminar de comer antes? - vanesa declarou com suavidade.
Yasmim apenas provou o jantar, afastou logo o prato, dizendo:
- Perdi o apetite.
- Quer mais vinho?
- Não. Preciso de uma cabeça fria para raciocinar. É essencial.
Droga, por que ele te de ser tão másculo?, pensou. Vanesa saboreava a comida como saboreava uma mulher. Com cuidado, com prazer e satisfação.
Havia algo incrivelmente sensual no movimento de suas mãos, e ela olhava para os lábios de vanesa com o fim de imaginar como se sentiria se estivessem encostado nos dela. Era o bastante um toque para deixar uma mulher louca.
Céus, mas isso não tem nada a ver comigo. Ou com vanesa . Tinha a ver apenas com os direitos sobre as empresas
- Precisamos decidir onde vamos morar - ela começou a falar com firmeza.
- Tenho a impressão de que você preferia continuar no seu apartamento.
- Sim. - Seria tão fácil?, ela raciocinou.
- A casa da Leblon é grande. Acho que seria mais conveniente se você se mudasse para lá.
Yasmim se surpreendera por ela ainda não ter vendido a luxuosa mansão que os dois haviam ocupado nos poucos meses do malfadado casamento de duração tão curta. Uma obra-prima de arquitetura construída na encostas de uma rocha e que possuía uma sala moderna de três níveis, com terraços, jardins ornamentais, piscina e magnífica vista.
E guardava também muitas recordações.
- Não, não seria melhor se eu mudasse para lá.
- Com medo, Yasmim?
Ela notou que a esposa a fitava com olhar firme e reconheceu em silêncio que vanesa possuía uma mente alerta, e um instinto perigoso. Qualidades essas que lhe valiam imenso respeito da parte de amigos e inimigos. Na arena dos negócios e na elite social.
Isso fora o que chamara a atenção de Renato brunet , que viu em vanesa o que ele próprio era, uma pessoa que sabia o que queria e que ia atrás disso qualquer que fossem as coisas ou pessoas que estivessem em seu caminho.
- Tenho motivos para ter medo?
- Você deve saber que guardo sua felicidade em meu coração.
- Sendo assim, deveria ter ficado fora da posição de testamenteiro das últimas vontades de Renato.
- Dei-lhe minha palavra de não interferir em meu proveito.
- E isso é tudo?
- Cinismo não combina com você, Yasmim
Yasmim tomou um gole de vinho.
- Por que não pede uma sobremesa?
Yasmim suspirou fundo e tentou manter-se calma.
- Precisamos chegar logo a uma conclusão.
Vanesa colocou uma das mãos no bolso e tirou de dentro um envelope, jogou-o sobre a mesa, em frente dela.
Yasmim a olhou- com suspeita.
- O que é isso?- perguntou.