"Não é porque você se feriu na guerra que você deixa de ser um soldado."
- Supernatural.
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— Ok, brincar de "Vamos prender Zoe porque elas nos assusta" estava muito legal mas eu realmente já estou me cansando. Que tal brincarmos de "Vamos soltar Zoe porque ela é legal", hum?
O caçador de sombras somente olhou para ela com tédio, ignorando o olhar raivoso que a garota o lançava.
— Tenho ordens para não te deixar sair daqui. Que tal parar de falar e só ficar quieta no seu canto, hum? - disse finalmente, e Zoe revirou os olhos.
— Ah, claro, vou ficar quieta nessa cela quando na verdade nem sei por quê estou aqui.
O caçador a ignorou e Zoe deixou a cabeça cair apoiada nas grades, exausta. Segurar a espada mortal havia acabado com todas suas energias e ela estava com raiva por ter de ficar na cela. Voltar para uma cela no seu segundo dia de liberdade após dez anos trancada numa não estava nos seus planos.
— Deixe-me sozinha com ela. - uma nova voz, que Zoe descobriu ser a de Joanne ao levantar a cabeça, falou.
O homem pareceu hesitante e lançou um olhar alarmado à Joanne.
— Tem certeza? Ainda não sabemos do que ela é capaz.
— Ah, por favor, ela nem possui treino! Estarei completamente segura aqui.
— Ótimo, falem de mim como se eu não estivesse aqui, não se preocupem com os sentimentos de Zoe. - murmurou, sarcástica. Não que ela ligasse, é claro, mas aquilo era definitivamente exaustivo.
Joanne a lançou um olhar irritado e depois olhou para o caçador de sombras.
— Peça à Messias para acalmar os outros. - e o homem saiu, não sem antes olhar desgostoso para Zoe.
— Se você e seu amiguinho sem senso de humor não se importam, eu gostaria de ao menos saber o motivo de eu estar desperdiçando minha tarde nessa cela.
— Estou certa de que já sabe. - Joanne disse, se sentando em uma cadeira em frente às grades da cela.
— Por quê vocês tem medo de mim e dos meus poderes? Uau, eu achava que os caçadores de sombras eram mais corajosos.
Joanne nem ao menos se deu o trabalho de responder, e encarou Zoe com olhos gélidos.
— Quero que me mostre do que é capaz.
A garota bufou e soltou as grades, cruzando os braços.
— Para isso eu preciso de uma cobaia.
— Não espera que eu entre aí com você, não é?
— Bem, se você quiser que eu mostre...Sim, vou precisar que entre aqui.
Joanne encarou-a, como se avaliasse suas verdadeiras intenções. Por fim, pareceu concluir que Zoe não exercia perigo, pois entrou na cela, trancando a porta logo após o ato.
— Vá logo com isso, eu não tenho o dia todo.
A loira bufou e levantou as mãos, esticando também os dedos e quase encostando as pontas na cabeça de Joanne. Ouviu um arquejo baixo, o que a fez concluir que suas íris ja deviam estar vermelhas, e então os pequenos fios vermelhos saíram de seus dedos. Em um segundo estava na cela, no outro estava ao lado de um lago de aparência macabra.
E como se não bastasse o lago, havia uma casa branca de tinta desbotada à uns quinhentos metros do mesmo. O céu estava nublado e parecia que ia começar a chover, e não se ouvia nenhum som - nem de animais.
Zoe olhou ao redor, mas não viu nenhum traço de presença humana. Será que algo havia dado errado e ela de alguma maneira havia se mandado para uma casinha no meio do nada?
Como se na deixa, uma gargalhada veio da direção da casa e duas garotas saíram correndo pela porta da frente, ambas com um vestidinho branco e maria chiquinha no cabelo, parecendo irmãs.
— Você não me pega! - a garota de cabelos loiros gritou. A gargalhada dela soando mais alta conforme ela se aproximava de Zoe.
— Não seja tão convencida, Annie. - a outra garota também ria, mas ela era bem diferente da outra. Enquanto esta possuía cabelos claros e pele pálida, ela tinha cabelos castanhos e pele escura. Pareciam o sol e a noite.
A primeira garota havia parado de correr e ria, com as mãos apoiadas no joelho. A de pele escura parou de correr também e tentava recuperar o fôlego.
— Está vendo, Jô? Você não me pegou. - disse a outra, sorrindo.
— Ah, é? - ela deu um sorriso travesso e começou a fazer cócegas na loira, que começou a rir e se contorcer.
— Pare com isso! Pare com isso, Jô! - dizia rindo em meio as cócegas.
E então, em menos de dez segundos, tudo desmoronou.
A garota loira se desequilibrou, tropeçando numa pedra, e caiu no lago escuro. A outra gritou e correu até a borda, chamando pela irmã.
— Annie?! Annie! - ela chamou, e uma cabeleira loira apareceu na agua, se debatendo.
— So-soc-corro - gaguejou, tentando se manter na superfície.
— Annie, agarre minha mão! Annie! - tornou a gritar a morena, estendendo a mão o máximo que podia sem entrar no lago.
Mas a loira não conseguia segurar a mão dela e, por fim, também não conseguiu mais se manter acima da superfície. Ela parou de se debater e o cabelo loiro ficou jogado na água, cobrindo-lhe o rosto.
Sua irmã continuou a gritar, chamando-a e implorando que continuasse respirando. Lágrimas desciam por seu rosto enquanto ela gritava, e parecia alheia a qualquer coisa ao seu redor.
A escuridão reinava enquanto a luz desfalecia.
— Annie! - chamou mais uma vez e então o ar envolta de Zoe tremeluziu e ela estava de volta à cela.
Zoe deu alguns passos para trás, desnorteada. Se essa era a pior lembrança de Joanne...Então ela era aquela garotinha morena, que viu a morte da própria irmã - ou amiga.
A garota olhou para Joanne, que estava paralisada encarando o chão. Após cerca de um minuto desse jeito, ela levantou a cabeça e olhou para Zoe.
— C-Como fez isso?
— Eu não sei direito como funciona. Mas eu meio que revivo a cena junto com a pessoa. Vejo tudo pessoalmente, como foi pelos olhos da...pessoa. - ela iria dizer "vítima" mas era uma palavra terrível demais para seu gosto. Não gostava de pensar dessa maneira.
Joanne assentiu devagar, o olhar sem foco. Mas, em comparação aos outros, a mulher até que se recuperou bem. Na corte Seelie, ja houveram pessoas que as fadas diziam ter se matado depois do que Zoe fizera à elas.
— Você poderá ir embora. - começou, a voz levemente tremida. - se prometer que não usará esse...dom contra nenhum caçador de sombras e nenhum humano.
— Eu prometo. - disse a garota, imediatamente.
Joanne lhe lançou um olhar ameaçador, como se a desafiasse a contesta-la.
— Tem noção de que, se algum dia quebrar essa promessa, a Clave não medirá esforços para destrui-la, certo?
— Eu...Tenho.
— Ótimo. Espere aqui enquanto vou resolver sua saída e o lugar em que ficará. - disse, saindo da cela e a trancando em seguida.
Joanne olhou para Zoe mais uma vez, como um predador olharia para sua presa, e então saiu, deixando a garota sozinha na escuridão da cela.
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Sim, vai ser um capítulo por dia mesmo, ou por aí, vai depender da minha criatividade. Anyway, eu sei que tá tedioso agora mas jaja a Zoe vai começar a buscar sua vingança e umas coisinhas vão acontecer também rsrs enfim, aproveitem o domingo de vocês e vamos todos tentar ignorar o fato de amanhã ter aula :( beijao