Tudo Pela Reportagem

By mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... More

Prólogo.
Primeira parte.
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Segunda Parte.
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!!!!!100 MIL F*CKING VIEWS!!!!! ❤️
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31 (Pra quem não está conseguindo ler!!)
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42. [Final]
Epílogo.
Agradecimentos.
Capítulo Bônus (1)
Booktrailer <3
Se você gostou de TPR, vai gostar de Morde e Assopra também!
Capítulo Bônus da Gabi! Yey!

17.

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By mariiafada


- Não faça muito barulho. – aconselhei à Homero. – Não queremos que o Sr. Ling nos ouça, não é mesmo?

Abri a porta do apartamento e Seth veio correndo do seu jeitinho desengonçado até nós. No meio do caminho ele se atrapalhou em suas rodinhas e caiu. Eu corri até ele e  ajudei-o, colocando-o de pé. Ele me agradeceu com uma lambida bem molhada do rosto.

- Onde eu coloco tudo isso? – Homero perguntou referindo-se a pilha de coisas que estavam em seu colo.

- Deixa que eu pego. – transferi as roupas para o meu colo, lembrando-me que tinha de fazer algo com as roupas do Brad. Talvez queimá-las. Não, melhor! Vou doá-las para o sem-teto boa praça que sempre passa pelo Chelsea, Sr. Thompson. Ele vai adorar a camisa autografada do Yankees do Brad. É um grande fã do time.

Eu levei as minhas coisas até o quarto, aproveitando para pegar os dois retratos do meu ex namorado que estavam no criado ao lado do sofá. Deixando somente a foto onde papai me abraçava enquanto dava o seu melhor sorriso de galã. Scarlett dizia que papai meio que lembrava o George Clooney. Às vezes eu achava que ela tinha uma quedinha de infância pelo meu pai...

- Isso aqui vai para o lixo. – retruquei quando peguei as fotos. – Babaca. – acrescentei cheia de raiva.

- Lembre-me de nunca provocar a sua fúria. – pediu Homero.

Dei uma risada leve.

- Eu invadi o seu escritório, difamei você como um péssimo pai, estraguei sua grande negociação e ainda lhe dei um soco no queixo. Tem certeza de que não provocou a minha fúria, Homero?

Ele gargalhou.

- Eu provavelmente estarei morto nas próximas vinte e quatro horas.

Apenas balancei a cabeça. Se tratando de mim, tudo era possível.

- Sente-se e fique à vontade! Eu vou trocar de roupa e nós poderemos ir. – avisei à Homero por cima do ombro enquanto andava pelo corredor, desviando de um ursinho de pelúcia que Seth tinha estragado.

- Tudo bem. – ele respondeu já distraído com o meu cachorro.

Deixei uma mensagem para Scarlett e para Ray enquanto me arrumava, contando sobre os acontecimentos recentes e dizendo que explicaria tudo depois. Eles provavelmente desejariam incendiar Brad vivo, mas não posso culpá-los.

Não é como se eu não estivesse com vontade de quebrar todos os vidros do carro dele, assim como furar os pneus... Hum, não era uma ideia ruim. Afastei o pensamento, concluindo que não faria isso porque era uma adulta madura e sabia lidar com um término de namoro conturbado. Ou talvez seja pela grande chances de ser pega pela polícia enquanto fazia isso. E da polícia, eu já estava saturada.

Estava terminando de vestir a calça preta quando ouvi as risadas de Homero. Uma crise descontrolada de risos. Será que Seth tinha se animado e tentado dar uma pirueta? Ele geralmente fazia isso quando estava muito feliz e acabava sendo uma cena engraçada.

Já devidamente vestida caminhei de volta para o corredor enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo. Quando vislumbrei o que Homero segurava nas mãos o meu coração gelou.

Ele estava lendo o meu Livro dos Relacionamentos. As regras que eu impunha para ter um relacionamento com alguém. Homero levantou os olhos, o olhar praticamente brilhando como fogos de artifício azuis-cobalto; estava na cara que ele tinha tantas piadas na cabeça que mal podia se segurar.

- Eu acho que nunca me diverti tanto lendo algo. – ele pontuou. – Regra número vinte...

Fechei os olhos. Inferno.

Era a regra dos beijos.

Certa vez tive um namorado que gostava de inovar na hora dos... digamos, "amassos".

O Kyle geralmente sempre inventava uma posição diferente para colocar a sua língua na minha boca ou o modo de mexê-la, o que era desconfortável e muito estranho. E quando ele perguntava:

- Gostou desse jeito? Acabei de inventar!

Eu simplesmente sorria e dizia:

- É surpreendente! Nunca vi nada assim.

Um dia Kyle pediu para que eu tentasse adivinhar o nome do novo beijo inovador dele. Acho que o Kyle não ficou muito feliz quando nomeei o beijo de "esfregão de privada".  (A língua dele ia e voltava como se ele realmente estivesse tentando fazer uma geral na minha boca, e não me beijar! Eu ficava lá, parada, sem fazer nada esperando ele terminar o serviço. Acho ele fazia um trabalho melhor que as minhas escovas de dente).

Depois da fatídica pergunta, terminamos. Ou melhor, o Kyle chorou, disse que eu era uma pessoa horrível, sem frutos como o joio (ainda me pergunto o que isso quer dizer), e foi embora dizendo que nunca me perdoaria.

- O que você considera beijos "normais", com a quantidade "normal" de língua, Elizabeth? Só para eu... saber. – o sorriso de Homero me fez ficar ainda mais constrangida.

Eu não consegui formular nenhuma frase inteligível. Só sabia que seria um desastre se Homero virasse aquela página e lesse a regra do sexo. Ele tiraria tanto sarro da minha cara. Um alerta gritou na minha mente, e eu sabia que não podia deixar ele virar aquela página. Coisa que já estava fazendo.

- Não, não, não! –  voei na direção de Homero com as mãos estendidas para agarrar o livro. Ele saltou do sofá e se pôs de pé. Eu pulei em suas costas com tanta força que nós dois caímos embolados no chão. Bati a cabeça da porta de vidro da varanda fazendo-a estremecer.

Seth latia, como se dissesse: Do que estão brincando? Eu também quero participar!

- Autch! – exclamei. O mundo ao meu redor girava. Homero não parecia muito melhor. Nós dois olhamos para o livro, jogado no chão há alguns poucos metros. Avançamos contra ele ao mesmo tempo.

- Qual é, Liz! O que tem aí? Deixe-me ver! – ele implorou quando eu engatinhei até o livro e o agarrei primeiro. Tentei fugir, mas o desgraçado puxou meu tornozelo e eu soltei um grito de surpresa.

Homero me arrastou até ele. Em desespero, eu rasguei a página e a enfiei amassada na boca. Ele me prendeu no chão e estreitou os olhos.

- Abre a boca, Liz. Agora eu fiquei mesmo curioso.

- Hum-hum – eu neguei com a boca cheia de papel. Eca. Imagine que é Froot Loops e seja forte, Lizzie, disse a mim mesma.

Desafiador, Homero chegou mais perto, e quando tentei chutá-lo, ele usou as próprias pernas para prender as minhas.

Suei frio. Eu estava sentindo o corpo dele colocado ao meu. E isso era ruim, bem ruim. Quer dizer, era bom. Quero dizer... o corpo dele era bom, mas a situação... Bem ruim. Não, o que eu estava pensando? O corpo dele era "bom"? Era na verdade magnífico...
Não! Definitivamente aquela linha de raciocínio não estava ajudando.

- Cupcake, eu sou uma pessoa extremamente curiosa. Então... Me deixa ver isso. – Homero se aproximou do meu pescoço lentamente, fazendo-me estremecer. Meu estômago borbulhou e o meu coração falhou uma batida. Seu nariz roçou no meu pescoço. Eu queria gritar. O silêncio tenso pairou entre nós enquanto Homero mantinha o rosto perto do meu. – Vai, Lizzy. Deixa...

- Ai er que me atar pimeiro – tentei dizer enquanto mastigava papel e rangia os dentes ao mesmo tempo. Tradução: Vai ter que me matar primeiro.

Os olhos de Homero brilharam. Ele parecia muito sério, mas eu tinha plena certeza que só queria me intimidar. Não era o seu olhar que estava me dando calafrios, mas sim a nossa proximidade, e o modo como ele mordia o lábio inferior.

E eu estava numa posição tão arriscada. É claro que poderia tentar me soltar, se quisesse. A parte alarmante era essa: eu não estava inclinada a fazer isso.

- Não me faça tomar atitudes drásticas. – ele sussurrou no meu ouvido de maneira ameaçadora. Suas mãos apertaram as minhas um pouquinho mais.Em resposta, mastiguei o papel com mais vontade, e ainda sorri de boca fechada. Ele podia ser provocativo, mas eu era forte.

- Delícia! Tem gosto de árvore reflorestada! – retruquei em meio às mastigadas. Ele deu um sorriso e segurando as minhas mãos com uma só, usou a outra para tampar o meu nariz. Trapaceiro! Eu comecei a grunhir e protestar, porém Homero simplesmente ergueu as sobrancelhas.

- Quer respirar? Abra a boca. – concedeu. Ainda sem desistir, fui firme e aguentei uns bons minutos.

- Jesus, Elizabeth, você vai ficar roxa!

Quase dois minutos depois eu não suportei e abri a boca, respirando o ar que me faltava. Homero pegou o papel completamente babado, vitorioso. Ele leu o que tinha sobrado, que não foi muita coisa. O restante estava molhado e ilegível.

Dei um sorriso aliviado e me levantei.

- Parece que o jogo virou, não é mesmo, Homero?

Ele gemeu.

- Não pode me deixar curioso. Qual regra tinha ali?!

Dei os ombros, indiferente.

- Em primeiro lugar, você nem deveria ter lido aquilo. Era... pessoal. E – levantei o dedo indignada. – Não faça mais isso.

- Isso o quê? – ele piscou de maneira inocente.

- V-você sabe o quê! – balbuciei sentindo a pele do pescoço formigar. Respirei fundo. – Voltando ao que estava dizendo, o livro é uma coisa pessoal.

-  Desculpe, eu não resisti: vi o título e achei que merecia uma olhada.

- Enxerido! – acusei. – Eu não fiquei revistando o seu escritório quando estive lá, fiquei?

- Não. – concordou. – Estava ocupada demais desviando o meu beijo e chutando a minha genitália.

Eu fiquei sem fala. Era a primeira vez que ele admitia que tinha mesmo tentado me beijar. Troquei o peso de perna, encabulada e desconfortável.
Resolvi ignorar. Olhei para o relógio.

- Olha a hora! Precisamos ir.

Homero apenas sorriu e balançou a cabeça.

- Sim, Cupcake. Está na hora de irmos. – concordei distraidamente e me dirigi à porta. Antes que eu pudesse abri-la, Homero colocou a mão sobre o material de madeira. Eu odiava quando ele baixava a voz naquele tom extremamente inebriante e ao mesmo alarmante. Odiava tanto que cerrei os punhos. – Você não vai mesmo me dizer?

- Se eu te contasse, teria que te matar. – sussurrei afastando a mão dele da porta e andando para fora do apartamento.

*

- É impressão minha ou você se vestiu como uma... espiã? – Homero perguntou enquanto ligava o carro e eu passava o cinto de segurança ao redor do corpo.

Olhei para a minha própria roupa: calça jeans preta, botas pretas, camisa preta de manga curta. E luvas da mesma cor.

- É para parecer uma ninja. – assinalei. Homero não pareceu captar a dica. – Ficar encoberta na noite... Um disfarce! Nunca assistiu Jack Shan?

Ele riu e balançou a cabeça.

- Você é uma figura, Lizzy.

Apenas dei os ombros.

- Então, me conte. Como você planejou? Vamos entrar sozinhos, o prédio estará vazio, teremos de bater em alguns seguranças e deixá-los desacordados? Escalar o prédio...

Homero olhou para mim como se perguntasse para si mesmo sobre a seriedade da minha pergunta.

Falei algo de mais?

- Vai com calma, 007! Eu não tenho ideias tão absurdas quanto às suas.

- Você quer dizer ideias tão divertidas.

Ele suspirou e revirou os olhos.

- O prédio estará praticamente vazio. Entraremos por uma porta de serviço que quase ninguém usa. Carl abrirá para nós.

- Ei, ei! Espera! O segurança sabe? Como pôde contar para alguém sobre...

Homero colocou o indicador sobre os meus lábios enquanto freava o carro devido ao sinal vermelho. Não sabia se ficava mais impressionada com a eficiência do carro em parar tão rápido e serenamente, já que Homero estava a uma velocidade considerada bem alta, ou com a audácia dele em me calar.

- Calma, mocinha. Carl não sabe. Só é um homem fiel e faz o que eu peço sem questionar.

Aquietei-me no banco, começando a pensar em um plano. Afinal, seria o escritório de Slender. Ali era um verdadeiro paraíso de provas! Por onde começaria? Talvez a mesa da secretária, aquela garota com a qual falei no telefone... Qual era mesmo o seu nome? Não conseguia me lembrar.

O meu celular começou a tocar uma música do John Mayer. Eu vislumbrei o visor do aparelho e apareceu a foto Brad. Apertei Recusar no mesmo instante. Quando ele insistiu e ligou mais quatro vezes, mandei uma mensagem de texto:

ME ESQUECE!!!!!!

Ele respondeu:

NUNCA!!!! EU.TE.AMO.

Irritada, estalei a língua e guardei o celular. Homero não disse nada, continuou dirigindo em silêncio por alguns minutos.

- Eu já disse que sou uma pessoa curiosa... – ele começou e eu suspirei.

- Quer saber o porquê terminamos? – conclui.

Ele deu os ombros.

- Se você não se importar...

- Brad me traiu. – eu engoli em seco. – Bem, tecnicamente, nós tínhamos terminado. Mas ele mentiu e ah... Eu não sei. Foi simplesmente a gota d'água.

Não queria pensar sobre o ocorrido, na verdade. Estava verdadeiramente chateada com Brad por ter mentido, mas não magoada. E isso era estranho, eu deveria me recusar a sair de casa e ficar jogada no sofá com um pacote de sorvetes, assistindo Sob O Sol da Toscana e Comer, Rezar e Amar. Homero acenou com a cabeça e eu desviei o olhar para a janela. Estávamos passando pela Brodway, colorida e cheia de vida, um mar de turistas maravilhados com a Cidade Que Nunca Dorme.

Repentinamente, uma vontade incontrolável de ir até a China Town tomou conta dos meus pensamentos. Queria abocanhar um prato inteiro de yakisoba! E talvez alguns rolinhos primavera. Refrigerante de cereja para acompanhar... Coloquei a mão sobre a barriga, sentindo-a roncar. Não tinha comido nada desde o almoço. O jantar seria por conta de Brad, mas então a Meridity apareceu e... Você já sabe o resto.

E não é como se houvesse prateleiras recheadas de comida no meu apartamento. A coisa estava feia lá em casa. O prato mais nutritivo que eu tinha era uma pedaço de queijo morfado de entrada, um pote de biscoitos antigos como prato principal e um limão velho de sobremesa. Um banquete de dar inveja. Fundo do poço é eufemismo para a minha situação.

Se Homero percebeu os barulhos que meu estômago insistia em fazer, não disse nada. Ou talvez tenha percebido e por isso me oferecera uma barra de KitKat largada no painel do carro. 
Na minha atual situação eu tinha de escolher: ostentar uma barra de chocolate ou financiar um carro zero.
Pode rir. Como eu sempre digo, às vezes eu também dou risada da minha própria desgraça, nas outras vezes eu choro...

- Chegamos. – Homero anunciou. Eu pisquei e olhei ao redor. Ficara perdida pensando em comida e deixara de prestar atenção do percurso.

Há alguns metros atrás de nós ficava o Central Park. Estava prestes a sair do carro quando Homero me puxou para ele.

Arregalei os olhos.

- O que está fazendo?!

Ele me ignorou. Sua mão tocou o meu rosto e seu polegar esfregou um lugar no canto da minha boca.

- Estava sujo. Chocolate. – ele teve a coragem de limpar a minha boca e lamber o dedo dele. Aquilo era imoral. Era injustiça. Pigarreei e me afastei dele, respirando fundo.

- "Está sujo ". – imitei sua voz aveludada. – Urgh, que coisa mais... Desnecessária. Ele não poderia avisar, como qualquer pessoa normal?

Saltei do carro e ajeitei a blusa, esticando o pescoço para vislumbrar o prédio agora escuro da World Slender P&N. Homero me guiou até uma esquina vazia e escura, puxando-me pela mão.

- Tem certeza que é por aqui? – sibilei. Não sabia o porquê estava falando baixo, mas estava.

- É claro que eu tenho. – ele respondeu. – Carl deve estar do outro lado na porta, nos esperando.

Ele apontou para além da caçamba antiga de lixo, onde uma porta pintada de azul e bastante enferrujada se encontrava.

Homero bateu na porta três vezes alternadamente, fazendo um barulho de metal ecoar pelo beco vazio. Segundos depois a porta se abriu com um rangido que fez os ratos que estavam por perto fugirem e eu me encolher. Meu coração quase parou quando vi Carl, aquele homem-poste ser iluminado pela pouca luz da rua.

- Boa noite, senhor. – ele se dirigiu à Homero. Estreitou os olhos para mim e fechou a cara. – Boa noite, garota da qual eu não gosto.

- Boa noite, projeto de gigante. – respondi à altura.

- Vamos. – Homero me fez ir na frente, deixando Carl e eu longe um do outro.

Carl entregou uma lanterna à Homero.

- Vou estar esperando na entrada, aviso vocês caso algo dê errado. - ele anunciou e sumiu por um corredor escuro.

- Porque simplesmente não ligamos a luz? – perguntei.

- Desliguei a energia do prédio, assim as câmeras não nos filmarão. Vamos, as escadas são por aqui.

O corredor desaguou em um amplo saguão, e o reconheci do dia que estivera no prédio. Era o saguão principal. Como se conhecesse o lugar como a palma de sua mão, Homero andou aos passos largos e rápidos até uma porta de vidro, abrindo-a.

- Damas primeiro.

Eu forcei um sorriso e passei por ele. O maldito ia me fazer subir trinta andares de escada? Isso é tortura. Era para não passar por esse tipo de situação que eu evitava a academia.

- Isso pode demorar um pouco. – Homero retrucou quando estávamos no quinto andar. Eu já estava arfando. As botas pesadas não estavam ajudando. Parei entre o sétimo e oitavo andar, colocando as mãos no joelho.

- Isso... Não está funcionando. – arfei. – São muitos andares.

Homero iluminou o meu rosto com a lanterna.

- Precisa de ajuda aí, Cupcake? Se pedir com educação, eu a levo no meu colo. – ele ofereceu debochado. Eu estava prestes a responder (ou lhe dar o meu dedo do meio, ainda estava decidindo), quando Homero e eu ouvimos o barulho de alguém descendo as escadas, vindo no contra fluxo. Era um homem, e ele estava retrucando sobre alguma coisa. Talvez sobre a queda de luz.

Homero e eu nos encaramos em desespero. Ele desligou a lanterna e me arrastou até a porta do oitavo andar. Paramos em um corredor minúsculo que separava as portas de conexão.

- Inferno de dia! – a voz murmurou do outro lado passando por nós. Prendemos a respiração já castigada pelas escadas. Segurei o braço de Homero, mas ele parecia extremamente concentrado, como se conhecesse a voz que se lamentava.

- Quem é? – sussurrei.

- Não tenho certeza. Eu... não sei bem. – a resposta veio como um jato gelado no meu rosto. O hálito dele tinha gosto de bala de menta, como daquelas que ele me oferecera certa vez.

- Acho que a barra está limpa. – Homero abriu a porta e acendeu a lanterna novamente. – Vamos, precisamos ser rápidos.

*

Acho que as minhas pernas nunca trabalharam tanto. Definitivamente, eu estava livre do meu compromisso com o exercício físico por pelo menos um ano. As minhas pernas fraquejavam quando chegamos ao trigésimo andar. Eu me agarrei ao corrimão e respirei fundo por diversos minutos. Homero continuou em pé, perfeitamente normal, o cabelo meio descabelado de um jeito perturbadamente bonito. E só.

- Eu poderia correr uma maratona. – ele pontuou com um sorriso cheio de si.

- Exibido. – resmunguei.

O saguão do último andar era o maior de todos. Muito bonito, circular, com móveis longos e escuros distribuídos por ali. Havia até mesmo uma mesinha com uísques. Eu caminhei até lá e me servi com um gole longo.

A bebida desceu esquentando todo o meu corpo e chacoalhando os ossos. Empertiguei-me, sentindo uma onda de eletricidade me atingir quase que de imediato. Foi como combustível para o meu cérebro.

- Tudo bem, vamos começar. – esfreguei as mãos e me dirigi ao balcão da secretária. Havia inúmeros papéis por ali. Alguém precisava ser mais organizada... Vasculhei pela gaveta até encontrar uma agenda.

- Homero, ilumine aqui!

Ele caminhou até a mim, dando a luz que eu precisava. Para a minha sorte, a garota anotava absolutamente tudo. Tirei foto de muitas páginas da sua agenda, principalmente das viagens e encontros que Slender tinha pré-agendado.

- Slender vai para Las Vegas, você sabia disso? – perguntei enquanto bisbilhotava minuciosamente cada detalhe.

- Como tudo que o meu padrinho apronta, eu não fazia a menor ideia.

Depois de revistar a agenda e o balcão inteiro, virei-me para Homero.

- Nenhuma prova aqui. – suspirei e olhei de soslaio para as portas duplas que me levariam para a sala de Slender. – Acho que agora deveremos ir até lá.

Caminhei quase saltitando até a porta, mas Homero me parou no meio do caminho.

- Eu não tenho tanta certeza se é seguro entrar aí.

Lancei um olhar incrédulo à ele.

- Como assim, seguro? Por que não seria? - praticamente cuspi as palavras.

Homero hesitou.

- E se... o sistema de vigilância dele for mais moderno e funcionar mesmo sem luz? E se ele descobrir que você entrou aqui? Liz, eu não quero colocá-la em perigo.

- Fico lisonjeada pela sua preocupação, mas eu vou entrar e nada vai me impedir. – disse e empurrei a porta, que se abriu com um clique leve e suave. Dei a Homero um olhar dizendo: Está vendo, para que toda essa preocupação? A sala de Slender era enorme. Mas não parei para apreciá-la. Fui direto à mesa dele, vasculhei cada detalhe. Sentei-me na enorme e aconchegante cadeira de couro, colocando a lanterna na boca e espalhando alguns contratos pela mesa.

Eu queria achar um furo neles. Algo incriminador. Contratos com empreiteiras, outras empresas... A maioria deles trazia uma assinatura que provavelmente era de Homero. Abaixo da linha pontilhada vinha indicando VICE PRESIDENTE. É claro. Homero era quem fechava os negócios e fazia a empresa lucrar.

Dispensei aquela pasta, vendo mais interesse na pasta que dizia DOAÇÕES.

Com a ponta do dedo, li cada papel. O barulho de um celular tocando começou a soar, quebrando o silêncio.

- Sim? – Homero atendeu, falando aos murmúrios. – Ah, mas que merda. Ele está ai? Eu estou indo.

- Parece que Carl precisa da minha ajuda com um... Imprevisto. Você vai ficar bem? – Homero franziu o cenho, preocupado de verdade.

- Pode ir, estou bem ocupada agora. – respondi distraidamente fazendo um aceno com a mão. – Vou ficar ótima.

Ele hesitou, mas por fim deu os ombros e sumiu na escuridão, iluminando ao redor com a luz do celular. Concentrei-me nos contratos. O uísque estava me dando toda a atenção que eu precisava.

Entre um contrato e outro, eu parei. Espera. O nome da ONG que financiava ajuda para pessoas com doenças terminais já tinha sido mencionado. Puxei aquela folha e busquei pela outra. Eram contratos idênticos, eu conclui depois de analisa-las. Espera. Não. Não completamente idênticos. Os números. Os números não batiam! A papelada foi alterada. Em um dos contratos os números eram exorbitantes, uma conta alta. No outro, eles decaiam quase que em oitenta por cento.

Peguei você, Slender.

Depois de alguns minutos achei mais cinco contratos com a mesma situação. Eram fraudulentos. Ele estava alterando os preços, enganando aquelas instituições. Eu já podia imaginar o parágrafo onde contaria isso em minha Reportagem. Terminara com um "Mas para onde e para quê Marco Slender está levando todo esse dinheiro?". E no próximo parágrafo, eu contaria o porquê. Seria escandaloso. Seria brilhante. Já podia imaginar onde colocaria a minha estatueta do Pulitzer...

É claro que eu não tinha descoberto o motivo que Slender roubava tanto dinheiro, ainda, mas isso mudaria em breve. Levantei-me da cadeira, depois que os contratos acabaram. Guardei tudo em seu devido e lugar e passeei pela sala de Slender.

Ele deveria ter um cofre. Imagine que tipo de informação preciosa poderia ter lá?Fui até cada quadro exposto na parede e mexi neles, tentando achar um possível esconderijo. Slender era mais esperto que isso. Dirigi-me para sua enorme estante de livros, lendo os títulos. Por algum motivo, parei em O Capital, de Karl Marx. Fiquei pensando  que algumas pessoas não sabiam, mas aquele grandioso filósofo havia sido jornalista. Ele costumava pregar pela liberdade de imprensa. Quando os jornais ainda não eram controlados pelo monopólio capitalista. Se Marx estive vivo, denunciaria esse tipo de atitude da maioria dos jornais.

- A ignorância é um demônio. – lembrei de uma de suas frases que o meu professor da faculdade vivia dizendo.
Puxei o livro distraidamente e para a minha surpresa, uma parte fina da parede se abriu. Rá! Era como estar dentro de um filme. Slender deveria gostar de produções Hollywoodianas.
Estava prestes a ir até a parte vazada da parede quando ouvi passos vindo do lado de fora. E pelas lanternas, aquele não era Homero Smith. Eu coloquei o livro no lugar e ouvi uma voz estranhamente conhecida dizer:

- Espero que essa merda seja concertada e a luz volte.

Corri até a mesa de Slender, enfiando os papéis que tinha em mãos dobrados no meu sutiã. Encolhi-me naquela mesa e a porta se abriu.

Os passos vinham na direção em que eu estava. Eu sabia que ele me veria, e eu teria de pensar em uma boa desculpa para estar ali. A cadeira da mesa se afastou e duas pernas apareceram no meu campo de visão.

- Mas o quê... – ele murmurou confuso. Abaixou-se para ter uma melhor visão de quem estava escondida debaixo da mesa, a lanterna apontada para o meu rosto. Sua expressão mudou automaticamente de surpresa para presunção. Ele deu um sorriso malicioso e satisfeito.

Suspirei, pensando: Deus me ajude, e estiquei-me para fora do esconderijo. Sorrindo, disse:

- Oi, Jason.

***

Oooooi 💜 Gente, o capítulo de hoje ficou ENORME! - alguém se empolgou um pouco. ( perdoem em erros, pq to cansada e postando às pressas pra voltar a estudar -.-)

Acho que o capítulo ficou tão grande que nem vou postar semana que vem... Hahahahha, BRINCADEIRA, não precisa me ameaçar de morte, semana que vem tem capítulo sim ❤️

Um capítulo por semana é tudo que meu tempo (ai, nossa como ela é ocupada), permite. Mas realmente o meu tempo como vocês já sabem, e quem tá no Grupo do WhatsApp principalmente, é bem limitado e curtinho. Tem dia que só termino de estudar 10 hrs da noite ): * sintam pena de mim, kkkkkkk*

Não, falando, sério, gosto sempre de explicar pq vejo muita escritora penando pra amansar alguns leitores e morro de pena deles (dos escritores) e não quero passar por isso também. É foda ):

Então a tia tenta, mas nem sabe da pra escrever, okay? Sei que como vocês são muito legais vão entender!
E ahhh, eu tô quase PIRANDO como atingimos  tão rápido 15 mil!!!!! *emocionada aqui... Queria Agradecer à Academia... * Gente, é sério levei MESES para conseguir isso no meu outro livro! 

Obrigada, viu? Não me canso de dizer que vocês são maravilhosos! ❤️

Okay, já fui fofa por tempo demais, chega! *ativar lado caminhoneira casca grossa novamente*

Um beiiiijo, e até o próximo capítulo.

p.s.: para os entusiastas do #BeijoHomeleth🍳 tenham paciência, vai acontecer, um dia... 👹

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