Deuses e Feras

By fabiobrust

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Em um futuro distópico, a Internet transformou-se em um instrumento de governo. Os países e nações desaparece... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Notas do autor
Novidades

Capítulo 14

775 99 3
By fabiobrust

Manhã. Depósito.


Com a cabeça retumbando com as possibilidades e com o fato de que o colar que eu acreditava precisar roubar ainda estar em meu relatório de bens, acesso as câmeras que instalei no centro de treinamento de Kali com poucas esperanças de encontrá-las ativas.

Mas estão.

Pelo menos duas delas ainda estão funcionando. Foram as mais difíceis de instalar, postas em dois cantos do teto e dando apenas uma visão aérea do lugar. O bastante, felizmente, para que eu consiga ver tanto Kali quanto quem quer que possa estar junto dela; assim como, através dos microfones integrados, ouvir praticamente tudo do que é dito no interior do lugar.

Ainda é cedo. O centro de treinamento está vazio, sua quietude intocada.

A escolha óbvia de onde procurá-la é o banco de dados. O acesso ao seu circuito interno agora é possível, assim como foi possível da última vez em que estive lá. Me pergunto se o fato de eu ter ido até ele e me cadastrado com o display na entrada tem alguma coisa a ver com isso. Provavelmente, sim.

Kali está sentada outra vez ao lado de Leon, o velho fatalista. Os dois estudam na mesa coletiva.

— Como estão seus treinos com armas antigas? — Pergunta o homem, olhando para ela de bastante perto.

Coloco o fone de ouvido para conseguir escutar melhor o que eles dizem. Mesmo que os microfones sejam ótimos, os sons ao meu redor atrapalham na hora de tentar entender. Lanço um olhar para Jayden, completamente entretido com seus próprios assuntos, e me isolo do mundo para fazer o mesmo.

— Qual é a utilidade disso, Leon?

— A utilidade disso é que, em meu tempo de fatalista, as coisas eram um pouco diferentes.

— E quanto tempo faz isso? — Kali dá um sorriso, e o homem o corresponde, com ironia.

— Faz muito tempo.

Ele batuca com quatro dedos na tela, como se estivesse impaciente, ou pensando em alguma coisa.

— No meu tempo, usávamos facas com mais frequência — diz ele, os olhos mirando as janelas pelas quais entra a luz difusa do dia. — Elas serviam principalmente para quando o uso de armas de fogo era... inapropriado. Ou quando fosse necessário matar com discrição. Hoje a Teia vetou o uso delas por conta, justamente, do que aconteceu com os torturadores. É mais fácil torturar alguém com uma faca do que com uma pistola. Ainda que um torturador possa usar praticamente qualquer coisa para fazer o que bem entender.

— Se o uso de facas por fatalistas é vetado, porque você quer me treinar para saber usá-las? — Pergunta Kali.

Leon parece incomodado por alguns instantes, embora continue olhando para o lado de fora.

— Eu insisto no seu treinamento para o caso de...

— De eu querer me tornar uma torturadora? — Ela o interrompe.

— Não seja ridícula. Ninguém pode trocar de casta — ele suspira. — Não. Para o caso de você decidir poupar alguém, algum dia — ele diz, os olhos virando na direção dela. — Caso decida seguir por outro caminho.

Os dois permanecem em silêncio por algum tempo, até que ela puxa, do encosto de sua cadeira, a sacola preta que sempre carrega consigo, e a abre. Ela vasculha por alguns segundos o interior e, em seguida, põe sobre a mesa a faca que roubei de Morfeu. Está dentro de uma bainha.

O velho arregala os olhos.

— Essa é aquela faca?

Ela se limita a concordar com a cabeça.

— Onde conseguiu isso?

— Na feira dos mercadores, ontem, depois da cerimônia. — Responde ela.

— Como conseguiu comprar?

— O bloqueio no meu display me protege desse tipo de coisa, você sabe — a garota diz, como se o bloqueio fosse algo normal. — Até que foram poucos créditos para subornar o mercador. Tive a ajuda de algumas pessoas para isso. É importante para mim. De qualquer forma, a faca não vai constar meu relatório de bens.

— Assim como o colar.

— Exato. — Ela fala.

O velho dá um sorriso torto e levanta um dedo na direção dela.

— Eu já disse que esse bloqueio só vai te trazer problemas. Além de que essa Ceres parece ser alguém em quem não se pode confiar.

— Ela é minha aliada.

Eu sei. Mas eu também sou, e olhe onde você está, agora, por minha culpa. — Os dois sorriem um para o outro, e eu tento entender o que ele quer dizer com isso.

Os dois olham para a faca até que o velho a empurra na direção da garota, preocupado.

— Guarde logo essa merda antes que alguém veja e dê o alarme.

Ela coloca a faca com cuidado de volta dentro da sacola. Depois, volta a erguer os olhos na direção do velho fatalista.

— O Harlan tentou me roubar, ontem, nessa mesma feira de mercadores.

— E o que você fez?

— Basicamente o impedi de recuperar o colar e... bem, acho que consegui confundi-lo um pouco — ela diz, e ergo uma de minhas sobrancelhas em uma resposta silenciosa. — E quase o mandei para o Hospital Geral. Bati com a cabeça dele no chão.

— É algo ótimo a se fazer com um par. — Leon dá uma breve risada.

— Tanto faz. Eu só quero manter ele longe. — A voz dela é fria.

Eles encaram por um tempo a tela da mesa, calados. Enquanto eles esperam o tempo passar, meus pensamentos passam por todo tipo de hipótese para Kali me querer distante dela. Mas sua voz me interrompe.

— Você falou que se sentia deslocado, no outro dia.

Leon lentamente olha para ela.

— Sim, falei.

Ela ensaia falar alguma coisa: abre a boca e fecha, abre de novo. Então a fecha, e é a sua vez de olhar para fora da janela.

— Acho que eu concordo.

O velho e a jovem ficam lá por algum tempo, talvez um minuto ou dois.

— Que diferença eu posso fazer? — Pergunta ela, subitamente.

— Está falando do que a Teia quer de você. — É uma afirmação, não uma pergunta.

— Sim — ela toca no antebraço esquerdo e abre a galeria de alvos. — Quero dizer... qual é o significado de tudo isso? Porque aconteceu isso, depois da atualização? Eu achei que as tarefas fossem divididas entre todas as pessoas, mas foi diferente, dessa vez. É como se...

— Como se tivessem tirado um alvo de cada fatalista de Dínamo e transferido pra você — resmunga Leon. — Tenho quase certeza de que foi o que aconteceu. Era a solução mais fácil, pra eles, se quisessem te punir, e é o que eles queriam. A única pessoa na cidade que teve grandes mudanças no display foi você. Todo o resto teve que se atualizar por conta dos ecos da mudança no seu display.

Ela volta a encará-lo.

— Teve mais alguém. — Diz a garota.

— Uma pessoa, apenas uma. Que diferença uma pessoa pode fazer?

— Eu também sou uma pessoa. Apenas uma.

Ele põe um dedo no meio do peito da fatalista, indicando-a.

— Mas você é diferente. Você pode fazer diferente.

Kali estava olhando para baixo, mas agora levanta o olhar para olhar o dele.

— Tem certeza? — É a pergunta dela.

Ele pega a mão dela e a segura com força, olhando dentro de seus olhos.

— Acho que está na hora deprocurar aquele homem.

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