Scaban [Completo]

By belyny

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[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me... More

Sinopse.
Prólogo.
Capítulo 1 - Um Sonho Quase Real.
Capitulo 2 - O Que Diabos tem de Errado Com Scaban?
Capítulo 3 - Correndo.
Capítulo 4 - Ele Estava Lá.
Capítulo 5 - A lenda de Salen. Parte I
Capítulo 6 - Isso carbonize meu esquecimento!
Capítulo 7 - A lenda de Salen. Parte II
Capítulo 8 - Bem vinda ao paraíso dos bastardos. Parte I.
Capítulo 8 - Bem vinda ao paraíso dos bastardos. Parte II.
Extra: Mapa de Scaban.
Capítulo 9 - Entendedores não entenderão.
Capítulo 10 - A lenda de Salen. Parte III.
Capítulo 11 - A doce voz do cupido.
Capítulo 12 - A lenda de Salen. Parte IV.
Capítulo 13 - Emanando questionamentos. Parte I.
Capítulo 13 - Emanando questionamentos. Parte II.
Capítulo 14 - Um A qualquer.
Capítulo 15 - A lenda de Salen. Parte V.
Capitulo 16 - Entre um pouco tome um chá.
Capítulo 17 - A lenda de Salen. Parte VI.
Aviso: Novaris - Arena de Fumaça.
Capítulo 18 - A de Amélia B de Bruxos C de Conspiração. Parte I.
Capítulo 18 - A de Amelia B de Bruxos C de Conspiração. Parte II.
Capítulo 19 - Doce Lenna. (Ravi)
Capítulo 20 - A Lenda de Salen. Parte Final.
Capítulo 21 - O peso de três vidas. Parte I.
Capítulo 21 - O peso de três vidas. Parte II.
Capítulo 22 - Meu azul favorito. (Hayley e Ravi).
Capítulo 23 - Um despertar banal.
Capítulo 24 - Passar bem, príncipe.
Bônus: Especial de Natal.
Capítulo 25 - Você e seu pé 103.
Capítulo 26 - Nosso laranja de cada dia. Parte I.
Capítulo 26 - Nosso laranja de cada dia. Parte II. (Hayley e Ravi)
Capítulo 27 - Oh...céus! Mãe?
Capítulo 28 - Hayley Hayny. (Hayley e Ravi)
Capítulo 30 - Deu tudo muito errado.
Capítulo 31 - O jeito é procurar em Matri. (Hayley e Amélia).
Capítulo 32 - Você soca como uma moça, Hayley.
Capítulo 33 - Em Scaban as coisas são ácidas. Parte I.
Capítulo 33 - Em Scaban as coisas são ácidas. Parte II.
Aviso Especial: #ScabanTodoDia.
Bônus: #ScabanTododia - 01.
Bônus: #ScabanTodoDia - 02
Bônus: #ScabanTodoDia - 03.
Capítulo 34 - Eu só queria sumir. (#ScabanTodoDia - 04)
Bônus: #ScabanTodoDia - 05.
Bônus: #ScabanTodoDia - 06.
Capítulo 35 - Eu não sou feita de vidro. Parte I. (#ScabanTodoDia - 07)
Capítulo 35 - Eu não sou feita de vidro. Parte II. (Hayley e Amélia).
Capítulo 36 - Plano E de Emergência.
Capítulo 37 - Troxs.
Capítulo 38 - O assassinato no lago encantado.
Capítulo 39 - Bruxa do Coração de Pedra.
Capítulo Bônus.
Capítulo 40 - Drago.
Capítulo 41 - Está na hora de voltar pra casa.
Capítulo 42 - Alberg é um covarde.
Capítulo 43 - Sem mais delongas.
Capítulo 44 - Amélia vai lutar.
Capítulo 45 - Salen e...Amélia?
Capítulo 46 - Um dia...talvez dois.
Capítulo 47 - A Batalha Final.
Capítulo 48 - Rumo ao Mundo Real. (Ravi)
Capítulo 49 - Muito chapado. Parte I.
Capítulo 49 - Muito Chapado. Parte II.
Aviso: Leiam, por Favor!! PRINCIPALMENTE QUEM ESTÁ NO COMEÇO DE SCABAN.
Capítulo 50 - O pacto final.
Agradecimentos.
Epílogo.
Perguntas e Respostas.
Livro novo!!

Capítulo 29 - O sacrificio. (Hayley e Ravi)

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By belyny

Ravi.

Na noite anterior.

Dormia no meio de um amontoado de gravetos, mas que incrivelmente, eram absolutamente confortáveis. Se você não fosse muito exigente, claro. O que no momento, eu com certeza não era.

Do lugar em que eu estava deitado, conseguia enxergar perfeitamente os portões de Matri.

Tão altos e ameaçadores.

Me lembrava bem das histórias que Petrici me contava quando era mais novo. Salen havia os feito assim. Sentia pena dos gigantes justamente por isso.

Eu não queria ter uma experiência frente à frente com esse lendário Salen, ele parecia ser o pior dos piores. Um covarde insano, na verdade.

Voltei meu olhar para o céu e encarei as poucas estrelas que hoje o compunha. A noite estava fria, mas não insuportável como as anteriores. Era difícil encontrar um lugar para dormir à noite, mas com aquele frio, eu faria qualquer coisa para conseguir uma coberta ou ao menos um chá bem quente.

Respirei fundo, ciente de que devia dormir se quisesse fazer alguma coisa amanhã. Portanto, fechei meus olhos, praticamente pregando minhas pupilas fechadas, para não ter o perigo de meus olhos abrirem mais uma vez. Eu não aguentava mais aquela insônia. Era um maldito problema passar o dia com dor de cabeça porque não havia dormido a noite.

Dor de cabeça por cansaço era só o que me faltava mesmo.

- Oras mas se não temos um príncipe dormindo em um berço nem um pouco real aqui. - uma voz extremamente irritante me fez abrir os olhos, que eu tanto tinha tentado manter fechados.

Dei de cara com um homem baixinho, bem baixinho, até um pouco corcunda se formos ser mais descritivos. Usando uma capa vermelha que lhe cobria o rosto.

- Mas que diabos? - soltei sem querer, me colocando apoiado em meus cotovelos.

- Diabos? Isso eu não sou. - gargalhou de uma forma escandalosa e em seguida estendeu sua mão para que eu apertasse. - Sou apenas um pobre bruxo.

Não consegui esconder minha frustração.

- Bruxo... - soltei um suspiro. - É claro que você é um bruxo. - fiz força para me colocar de pé, resmungando alguns xingamentos. O que diabos mais um maldito bruxo estava fazendo ali? Ignorei a mão estendida do sujeito. - Abaixe esse capuz. - ordenei finalmente, cruzando os braços e limpando minha garganta, que arranhava em consequência do sereno.

- Vejo que faz jus do título de príncipe. - disse, enquanto me obedecia e abaixava aos poucos o capuz, dando-me uma visão perfeita de sua feiura. Ele sorria. Seu sorriso amarelado era terrível, sem falar em seu olhar caído. O capuz vermelho finalmente caiu de vez em suas costas, me dando uma visão perfeita do rubi em seu pescoço.

- Canby? - perguntei, constatando imediatamente que tipo de bruxo ele era.

- É muito bom não ter que explicar as coisas, sabia? - começou, sorrindo mais uma vez. - Com Hayley tudo era tão melodramático. - Hayley?

- Hayley? Quando você falou com ela? - perguntei, tentando soar o máximo ofensivo possível. O sorriso do bruxo aumentou.

- Hayley estava certa. Você não é como eles.

- Não sou como quem? - perguntei, com raiva daquele sorriso patético que ele ostentava desde sempre.

- Me permita dizer que eu desaprovo completamente o que eles fizeram. Aliás...eu detesto o que eles fizeram. - respirou fundo. - Perdemos muito tempo com você, principezinho. - sorriu, me fazendo ter uma vontade imensa de soca-lo.

- Do que diabos você está falando? - perguntei, raivoso, o que o fez sorrir mais.

- Por Salen, como você é cabeça quente! - exclamou, gesticulando. - Se acalme, eu vou te contar o que quiser saber.

- O que eu quiser saber? Por que eu iria querer perguntar alguma coisa a um bruxo? - perguntei, sentindo meu sangue ferver. Odiava bruxos com todas as minhas forças. Afinal, eles tinham acabado com a minha vida...

Aliás...talvez tivesse uma coisa que eu talvez quisesse saber...

- Acredito que você pode me responder uma coisa. - corrigi minha primeira frase, tomando cuidado com o meu tom.

- Com o que precisar, príncipe.

- Se você me chamar assim mais uma vez eu juro que vou quebrar cada um de seus dentes tortos. - não medi minhas palavras. Ser chamado de príncipe por quem sabia que eu não era um era demais para mim.

- Relaxe, Ravi. - levantou os braços, como se estivesse se rendendo. - Se eu perder meus dentes temo que não consiga responder a sua pergunta.

- Tenho certeza que não conseguiria. - disse, fazendo questão de exaltar minha raiva.

- Não precisamos chegar a esse ponto. Certo? - ele ainda sorria. Diabos!

- Depende de você.

- Vou me comportar.

- Sei que vai. - percebi seu sorriso aumentar.

- Podemos ir ao que importa? - parecia muito à vontade com a conversa. - No que posso ajudá-lo, Ravi? - a vontade e quase ansioso pra responder minha pergunta. Não entendi o porquê de cara.

- Acredito que você possa me esclarecer uma coisa. - fiz uma pausa pra encará-lo bem a fundo. - E devo adiantar que se eu descobrir que o que você diz é mentira, eu te mato.

- Justo. - foi só o que ele disse, então eu respirei fundo, me concentrando no que deveria perguntar.

- O que você sabe sobre a minha família? - fui cuidadoso com minhas palavras. Me lembrar do que eu lembrava era doloroso. Desde que meu cordão havia queimado e eu tinha finalmente me lembrado, sentia como se uma parte de mim tivesse morrido junto com minha mãe e meu irmão. E de certa forma, essa parte havia realmente morrido.

- Vejamos. Eu sei muitas coisas... - fez uma pausa. - ...seja mais específico, não temos muito tempo pra jogar conversa fora.

- Eu quero saber tudo. - fui firme.

- Ok. Se você não se interessa em dormir... - acho que fiz uma careta muito feia, pois ele não fez questão de terminar sua frase. - ...certo. - foi só o que disse, antes de continuar. - Eu sei que fomos todos enganados pelos seguidores de Alberg.

- Alberg? O rei sumido de Canby?

- Esse mesmo.

- Pode continuar. - disse, fazendo o bruxo assentir.

- Eles simplesmente jogaram no ar que você era filho de Salen com Rosa. O que atraiu imediatamente os olhares dos seguidores de Salen...

- Os da magia negra? - o interrompi.

- Esses mesmo. - sorriu. - Posso dizer mais uma vez que eu estou amando conversar com um conterrâneo?

- Teoricamente você já disse. - disse, sem paciência. - Apenas continue.

- Por Salen...como você é sem graça... - fez uma careta, continuando logo em seguida. - ...certo. - limpou a garganta antes de continuar. - Você era apenas uma criancinha quando eles decidiram que precisavam de você. - abri a boca pra fazer mais uma pergunta, mas fui cortado. - Precisavam de você pro ritual.

- Ritual?

- Você já vai entender, Ravi. Me deixe terminar primeiro. - disse, serio pela primeira vez. Respirei fundo, tendo que concordar com o sujeito. - Continuando... - anunciou, me encarando sério. - ...como eles são extremamente e desnecessariamente drásticos eles acharam que a única forma de ter você seria matando sua família. - engoli a seco. Aquilo foi como um golpe. Eu tinha matado minha família. Mas eu já sabia disso de certa forma, não? - E foi o que eles fizeram, claramente. - fez uma pausa, felizmente sem sorrir. - Depois disso creio que você já sabe. Eles te prenderam em um castelo na falida Kineg e trocaram o rei de forma discreta. Fazendo toda a população acreditar que você era um príncipe, e que todos os seus líderes eram normais. Mas não eram. Todos eram bruxos. Bruxos sem magia, mas ainda bruxos.

- Sem magia? Mas então como eles...

- Eles não trabalhavam sozinhos, ingênuo Ravi, claro que no meio deles sempre tem um idiota que tem o gene. Eles não têm magia, mas os patetas dos operários tem.

- Idiotas. - soltei, o que fez o bruxo sorrir.

- Sim. Idiotas. - o sorriso prolongou por mais um tempo, até que ele finalmente resolvesse continuar. - Nós, os forasteiros, não tínhamos chance alguma de impedir que eles realizassem o que planejavam, com você, o sangue de ouro, protegido daquele jeito. Mas então nós descobrimos uma coisa.

- O que? - perguntei, ingenuamente curioso.

- Amélia. - sorriu de canto. - Amélia tinha uma filha. Uma filha descendente de Salen. Você foi deixado em segundo plano imediatamente. - fez uma pausa, sorrindo de forma sapeca. - Desculpe a honestidade. - revirei os olhos com o comentário.

- Ai vocês foram atrás de Hayley? - perguntei, certo de minhas palavras, mas para a minha surpresa ele negou com a cabeça. Juntei as sobrancelhas.

- Por Salen...não! Hayley ainda era apenas um sonho. Fomos atrás de Aurora. Sua mãe. Que assustadoramente já tinha 5 anos, e vivia bem, em um mundo diferente do nosso. - fez uma pausa. - Foi aí que começamos a vigiá-la. Tentamos entrar em contato uma ou duas vezes, mas ela era difícil. Nunca cedeu. E nós não podíamos fazer nada radical. Nada que chamasse a atenção dos outros. Isso era sigiloso. Ninguém sabia da existência de outro descendente de Salen. Só nós. E nós, curiosamente não podíamos fazer nada com ela. Amélia era tão esperta... - fez uma segunda pausa, sorrindo. - ...ela colocou sua filha em um lugar sem mágica. Nós não conseguiríamos trazer Aurora pra cá sem que ela permitisse. Nosso poder não era tão forte assim. Por isso ela ficou lá.

- O tempo lá passa de forma diferente, não é? - conclui, fazendo-o sorrir.

- Com certeza passa. Alguns anos depois e Aurora já tinha uma filha. - fez uma pausa. De certa forma, aquilo não me chocou. - Nossa bela Hayley, caso você ainda não tenha entendido...

- Eu entendi. O que não entendi é de onde você a conhece. - fui firme. Aquele cara falava de Hayley de um jeito muito...desagradável, ao meu ver.

- Temo que ainda não tenha me apresentado formalmente! - exclamou, com um sorriso. - Sou Jop. Eu a trouxe pra cá. - disse, orgulhoso, me fazendo sentir uma vontade imensa de soca-lo ali mesmo.

- Você é o maldito que causou tudo isso então? - perguntei, raivoso. - Seu cretino... - comecei, dando um passo na sua direção, com o punho fechado. Ele era o bruxo que tinha causado tudo isso a Hayley.

- Espera ai, Ravi! - ele não se abalou com a minha reação. - Achei que queria saber de toda a história. - encarei-o por um segundo. Sentindo meu sangue ferver. Eu queria saber de toda a história. Mas aquele cara tinha enganado Hayley... - Não adianta ficar remoendo o passado, Ravi. Já foi. Já era. Ela já está aqui. - engoli a seco. - Creio que ela não nutra mais raiva por mim. Pelo menos não depois de amanhã.

- O que vai acontecer amanhã? - perguntei, quase rosnando. Estava me segurando para não socar a cara dele.

- Se você me deixar terminar vai entender. Vamos Ravi, só mais cinco minutos. Se depois disso você ainda quiser me bater, juro que não vou revidar. - algo em sua voz me fez recuar. Ele parecia estar falando muito sério agora. Eu queria saber a história inteira. Será que Hayley me mataria se soubesse que eu não matei Jop quando tive a chance? - Então, posso continuar? - perguntou, cruzando os braços. Respirei fundo antes de respondê-lo com uma outra pergunta.

- O que vocês querem com Hayley?

- Nós só tínhamos a melhor das intenções... - esperei ele completar sua frase, mas nada aconteceu.

- Quais eram as malditas intenções? - perguntei, irritado.

- Queríamos deixá-la fora da vista dos seguidores de Salen.

- Fizeram um péssimo trabalho. - observei, o que o fez rir.

- Não conseguiríamos escondê-la por muito tempo, Ravi. Eles são eficazes em descobrir o que se passa na vida dos outros. Verdadeiros fofoqueiros, como dizem por aí.

- Seria mais fácil escondê-la deixando ela no mundo de lá, não?

- Sim. Com certeza. Até que eles descobrissem e ela fosse pega. - disse, debochado.

- Vocês aceleraram o processo, seus idiotas! - soltei, irritado com aquele sujeito imbecil.

- Calma ai, Ravi. Nós não a colocamos em risco porque queríamos...havia um propósito... - pareceu ofendido. Fiquei feliz que estivesse.

- Propósito? E que propósito seria esse? - perguntei, ironicamente.

- O rubi.

- Claro. O maldito rubi vermelho. - fiz uma pausa pra respirar fundo. - Você tem noção que ela esteve obcecada com essa pedra desde que chegou, não tem?

- Tenho. Eu a deixei assim. - disse, firme.

- Você quer realmente levar um soco, não quer? - gritei, caminhando em sua direção. Ele deu passinhos apressados para trás, colocando a mão na frente de seu corpo, na defensiva.

- Foi um mal necessário! 

- Necessário?

- Precisávamos do rubi. E ela era a única que encontraria.

- Me poupe de suas desculpas idiotas! - gritei. Ele não se abalou.

- Você já sabe o que aconteceu depois que descobrimos sobre Hayley, não? Conseguimos que ela aceitasse vir até aqui. Conseguimos a verdadeira sangue de ouro. E sabe o que é o melhor? Além de ser desconhecida, era neta de Amélia. E Amélia tinha o rubi. O rubi, Ravi. Entende agora? Achamos que conseguiríamos duas coisas com apenas uma garota. - dei mais um passo repleto de irá em sua direção, ele continuou rapidamente. - Mas aí tinha você... - parei no meu lugar, confuso com suas últimas palavras. Eu?

- O que tinha eu? - perguntei, mais alto do que o necessário.

- Não podíamos te deixar naquele castelo pra que eles te  usassem quando fosse o tempo. Por isso, mandamos Hayley até lá. Ela tinha o cordão de herdeira. E ele queimou ao seu lado. Foi aí que soubemos que você não era filho de Salen com Rosa coisa nenhuma. - atropelou as palavras. - Vocês não eram irmãos de pai, Ravi. Os seguidores de Alberg te usaram pra afastar a gente de Aurora. Eles sabiam dela. E também sabiam que o bebê de Rosa tinha sido apenas um. Bela. E ela não era filha de Salen coisa nenhuma. Você foi apenas uma distração. Você é realmente filho de sua mãe com, bom...seu pai. Nada de Salen. - senti uma estranha sensação de vazio.

Eu não era nada. Não sou nada. Se esses malditos seguidores de Alberg não tivessem resolvido brincar com a minha vida, minha família não estaria morta. Eles eram os piores dos piores. Não sabia quem eu odiava mais. Meu coração pareceu estar mil vezes menor, se é que isso fosse biologicamente possível, mas eu resolvi engolir a seco e continuar a ouvir a história. Eu tinha que entender até o final. Mesmo que a cada frase eu sentisse mais raiva de todas as espécies de bruxos.

- Bela é a herdeira... - comecei, ainda meio atordoado. - Disso eu já sabia. - completei, tentando continuar firme. Jop não ligou muito pra minha falta de ânimo.

- Sabe de uma coisa que você com certeza não sabe? Bela não é a única filha de Rosa com Alberg. - disse, sussurrando, como se contasse uma fofoca qualquer.

- O que?

- Rosa tentou a todo custo esconder essa filha dos pais de Alberg quando o mesmo morreu. Ela até teve que se separar dela, tadinha!

- Essa filha?

- A primeira morreu. Morreu ainda jovem.

- Por que ela morreu? - perguntei, tentando não parecer um curioso insensível. Mas não pude evitar perguntar, nunca tinha ouvido essa história.

- Os seguidores de Salen a mataram, depois de descobrir que ela era a próxima na linha de sucessão. - engoli a seco. Aquilo era terrível. Quantas pessoas inocentes morreram desde que Salen começou a respirar? - Por isso eu pedi para que Hayley a protegesse. Drago é um bruxo. Não confio nele.

- Hayley também é bruxa... - disse, me sentindo um idiota logo em seguida.

- Não se finja de inocente Ravi, você sabe que é diferente.

- Apenas continue. - disse, sem vontade alguma de admitir que ele estava certo.

- Continue o que? Já acabei. - juntei as sobrancelhas.

- Acabou? Você apenas confundiu tudo.

- Você que pediu a história toda. - sorriu.

- Como eu sei que tudo que você disse é verdade?

- Você não saberá. - senti vontade de lhe dar aquele soco mais uma vez. Ele era extremamente arrogante.

- Se você estiver mentindo, sobre qualquer coisinha... - Jop me cortou.

- Você me mata, já entendi. - estava sorrindo. Por que ele sorria tanto? Diabos! Respirei fundo. Ou ele estava falando a verdade ou era muito bom mentiroso.

- O que vai acontecer amanhã? - decidi perguntar, de supetão.

Percebi que ele não havia entendido.

- Como?

- O que vai acontecer com Hayley amanhã? - reformulei minha pergunta, deixando claro o que eu queria saber. Ele assentiu com a cabeça, parecendo finalmente entender.

- Ah sim, com meu bichinho...bom...amanhã eles vão matá-la. - engasguei com o ar, tendo dificuldades de encara-lo com o choque. A naturalidade que ele tinha colocado aquelas palavras me causou ânsias.

- Do que diabos você está falando? - perguntei, após me recuperar das tosses que procederam o engasgo sem motivo.

- Lembra do ritual que eu disse que você estava escalado para? - esperou que eu assentisse para continuar. - Agora Hayley se tornou a estrela principal. - senti minha cabeça girar. Ele não podia estar falando sério. Um ritual?

- Um ritual? O que diabos isso quer dizer? - falei, já nervoso com sua resposta.

- Eles vão matá-la. - senti que apertava meus próprios dedos mais do que o necessário. Eles provavelmente já estavam brancos. Mas eu não ligava. Queria simplesmente poder explodir todo o planeta. - Amanhã a noite.

- Você sabe onde eles estão, não sabe? - perguntei, rangendo entre dentes. Ele assentiu com a cabeça. - Então me leve até lá. Agora.

- Na verdade...eu tenho uma ideia melhor.

Hayley.

Atualmente.

Quando meu cabelo foi brutalmente puxado por aquele bruxo ameaçador eu simplesmente entrei em pânico.

A dor que se instaurou no meu couro cabeludo foi logo misturada a adrenalina que até então bombeava junto com o meu sangue, causando uma sensação de impotência generalizada.

Senti vontade de gritar. De espernear. E ainda de matar todos aqueles bruxos. Mas a minha magia não funcionava. E era óbvio que eu não tinha chance alguma contra todos eles.

Tudo que eu podia fazer então era torcer para o que quer que fosse tudo isso, acabasse rápido. E claro, não demonstrar nem metade do pânico que eu sentia.

Não queria morrer. Não queria morrer ali, daquela forma. Sentia tudo passar em câmera lenta. Estava mais nervosa do que nunca.

O rubi por outro lado, apenas cintilava.

Era uma pedra linda. Bem menor do que eu imaginava mas ainda assim brilhante. Como eles o haviam pego afinal?

Só via uma explicação.

Eles tinham pego aquele objeto pois tinham Amélia. E aquilo era o suficiente para me colocar no meu lugar mais uma vez, e simplesmente aceitar que tinha um bruxo mal caráter me arrastando pelo cabelo até o centro de um círculo desenhado com alguma coisa gosmenta no chão.

Um círculo.

Resmunguei de dor ao sentir uma puxada maior em meu cabelo.

Subitamente as palavras do homem da seringa começaram a fazer sentido. Aquele era o círculo em que eu deveria estar. Era ali que eu ia ser morta. Senti que minha garganta se fechou subitamente. Não conseguia respirar. Meu coração batia tão forte que achava possível que todos estivessem escutando.

Tentei arranhar o sujeito com a minhas unhas mas não deu jeito. Ele apenas ignorou minhas investidas.

Fui arremessada finalmente no meio daquele local, sentindo minha cabeça agradecer a falta de contato com o bruxo.

Cai por cima de meu ombro, fazendo força para me colocar sentada rapidamente.

Observei a movimentação do bruxo com o olhar, sentindo minha respiração completamente desregrada começar a me irritar. Ele pegou o rubi com uma das mãos e em seguida caminhou até minha direção, com um sorriso no rosto. Estava se divertindo com toda aquela situação. Isso era óbvio.

- Está nervosa, Hayley? - perguntou, debochado, enquanto se ajoelhava ao meu lado e colocava o rubi também no centro do círculo. Não me dei o trabalho de responder, só de olhar para a minha expressão mortificada dava para ver que eu não estava nervosa. Eu estava apavorada. - Te prometo uma coisa, querida. - começou, sussurrando no meu ouvido. - Se depender de mim, demoraremos o máximo possível pra terminar com você. - um arrepio percorreu meu corpo com suas palavras, mas eu não permiti que ele o visse.

Tinha certeza que ele faria o máximo pra que eu sofresse.

Ele me odiava. Sabia disso. A única coisa que eu confundia eram os motivos. Será que era só porque eu tinha fugido?

- Bom... - levantei o olhar de forma assustada ao escutá-lo voltar a se pronunciar. Agora ele já estava de pé, bem ao meu lado. Mas não prestava atenção em mim, mas sim nos outros bruxos que compunham aquela roda estranha e medonha. Não foquei meu olhar em nada específico. - ...todos prontos? - perguntou, recebendo apenas o silêncio como resposta. Aquilo pareceu ser o suficiente.

Um bruxo qualquer se movimentou em dos cantos, saindo de seu lugar com a cabeça baixa. Percebi que ele tinha algo em mãos. Tentei entender o que era, mas as mangas da gigante capa negra tapavam o que quer que fosse que ele segurava.

O sujeito caminhou em direção ao círculo que eu estava, caminhado rapidamente, sem se dar o trabalho de encarar nada a não ser o chão a sua frente.

Ao finalmente alcançar o seu destino final, ele se colocou de joelhos, bem à frente do bruxo que dividia a circunferência comigo, estendendo logo em seguida a mão, ainda com a cabeça baixa, finalmente me permitindo ter uma visão clara do que ele carregava.

Prendi minha respiração ao dar de cara com um facão muito bem afiado. O punho do objeto era liso e preto, não havia nada ali senão couro bem novo. A lâmina por sua vez, era repleta de desenhos sem nexo, formas imperfeitas e letras aleatórias. Aquilo não podia ser bom.

Era óbvio que aquele facão era próprio para aquele ritual. O que só podia ser sinal de tragédia.

Finalmente o objeto foi pego pelas mãos ágeis do bruxo que parecia ser o líder de todos.

Encarei com a garganta seca o objeto parecer encaixar de forma perfeita aos dedos do indivíduo, como se fosse uma própria extensão de seu braço.

- Comecemos então, o sacrifício. - respirei fundo, tentando acalmar as batidas do meu coração com um pouco de oxigênio exagerado. Óbvio que não funcionou. - Hayley. - fui chamada, me assustando ao escutar meu nome, mesmo estando completamente ciente do que estava acontecendo, meu corpo parecia ainda estar amortecido pelo medo. Voltei meu olhar para o bruxo, que me encarava com um sorriso no rosto. - Se levante.

Engoli a seco, voltando meu olhar rapidamente para todos os encapados em roda há alguns metros de mim, me sentindo completamente sufocada.

Não encontrei qualquer brechas sequer.

Não que eu estivesse realmente considerando a possibilidade de correr feito uma louca no meio de um local completamente desconhecido na calada da noite, com mais ou menos cinco dúzias de bruxos na minha cola.

Eu ainda não estava doida a esse ponto.

- Hayley. - meu nome foi chamado pela segunda vez, dessa vez com um tom autoritário e repressivo.

Entendi logo.

Eu devia levantar, certo?

Respirei fundo. Ignorando o fato de minhas pernas estarem paralisadas e minhas mãos faltarem pingar de suor. Não tinha mais o que fazer.

Meu Deus, eu ia morrer!

Encarei a multidão super concentrada em meus movimentos a minha frente e fiz força para me colocar de pé, ficando surpresa com a facilidade que consegui me manter desse jeito.

Limpei a palma das minhas mãos no que sobrava da roupa que usava, engolindo a seco e respirando fundo várias vezes.

Em seguida, comecei a caminhar na direção do bruxo, ignorando por hora o tremor de minhas pernas.

A ficha não havia caído ainda.

Continuava esperando que de alguma forma alguém aparecesse e dissesse que era tudo brincadeira, ou que apenas desistissem de me matar em um círculo tenebroso mesmo. Pra mim aquilo parecia perfeitamente possível. Mas eu não estava pensando direito naquele momento.

Quando finalmente fiquei ao lado do bruxo, ele se virou em minha direção, voltando seu olhar bem para os meus. Prendi a respiração ao receber seu olhar frio, mas não me permiti desviar o meu. Tentei transmitir por aquele meio, que a raiva que sentíamos pelo outro era recíproca.

Acho que ele entendeu o recado, pois não deixou o nosso contato visual durar muito tempo, apoiando sua mão fria em meu ombro.

Soltei um suspiro nervoso com aquele gesto, me segurando pra não fechar os olhos com o susto.

Respirei pela boca pra conseguir mais oxigênio já que o ar que entrava pelo nariz não parecia ser o suficiente para me manter respirando de forma normal.

A mão gélida que estava apoiada em meu ombro deslizou de forma lenta até o a parte de trás do meu pescoço.

O bruxo fez questão de marcar minha pele com uma linha dolorida provenientes de sua unha por todo o percurso. Me fazendo morder os lábios.

Encarei o chão por alguns segundos, recuperando o controle logo em seguida. Não podia me mostrar submissa a eles naquele momento.

Mesmo que por dentro uma escola de samba batesse no lugar de meu coração, eu manteria a cara de paisagem para quem quisesse ver.

Quando finalmente o arranhão cessou e a mão do homem finalmente pousou de forma firme em meu pescoço, me peguei pensando no que podia ter acontecido se eu simplesmente tivesse ignorado Jop naquela noite.

Se eu não tivesse aceito vir para Scaban, em troca de nada, como eu estaria nesse momento?

Senti meu coração apertar com as possibilidades.

Tudo isso era minha culpa.

Eu era a culpada pela minha morte. Queria ter consciência plena disso mas por algum motivo, eu não conseguia aceitar. 

Não conseguia aceitar que ia morrer. Meu Deus...eu estava participando de um sacrifício. Por que diabos minha ficha não caia?

Seria tão mais fácil se eu simplesmente me conformasse que era isso. Aqueles bruxos eram a última coisa que eu veria. Aquele medo era a última coisa que eu sentiria. E a incerteza do que podia ter sido seria o meu último pensamento.

Mas eu não aceitava. Em algum lugar lá dentro eu sabia que aquilo não aconteceria. Isso era pura teimosia. Não tinha como adiar o ritual. Mas eu não enxergava aquilo.

Meu pescoço foi esmagado pelos dedos compridos do bruxo, o que me tirou de meus pensamentos imediatamente. Soltei um gemido de dor rápido, fechando os olhos por causa da pressão, mas não durou muito, segundo depois, meu pescoço já tinha sido poupado.

O alívio não demorou muito, já que logo em seguida a mão do bruxo encontrou um novo alvo, uma pobre mecha de meu cabelo que estava bem ali, escondendo meu pescoço do vento gelado que batia em minhas costas. Ele não demorou muito pra se apossar da mecha por completo, puxando a mesma pra baixo, levando minha cabeça junto.

- No que está pensando, Hayley? - perguntou, enquanto fazia questão de sorrir. Estava sendo induzida a encarar o céu, que não possuía estrela alguma naquela noite. A dor em meu couro cabeludo era suportável, mas a voz daquele sujeito era mais do que dispensável.

- Em como... - minha fala foi interrompida por um puxão em meu cabelo, sem propósito algum além de me provocar mais dor. Respirei fundo, fechando os olhos e continuando. - ...como eu vou te matar. - consegui completar, sentindo a minha raiva se concretizar com palavras.

Não consegui enxergar a expressão que ele fazia pois ainda estava sendo forçada a encarar o céu. Mas consegui ouvir suas gargalhadas.

- É... - ele disse, depois de finalmente parar de rir. - ...boa sorte com isso. 

Dito isso, meu cabelo foi puxado subitamente em uma direção complemente contrária à atual.

Meu corpo todo foi arremessado para a frente do bruxo, que assim que conseguiu me movimentar, voltou a agarrar meu pescoço, da forma mais firme possível.

Tudo o que vi foi a grama, e logo em seguida, a lâmina do facão apontada diretamente para o meu rosto.

Entrei am pânico assim que percebi o que acontecia.

- Últimas palavras? - perguntou, mexendo a mão que me segurava para conseguir mais firmeza. Engoli a seco, sentindo que ia vomitar. - Últimas palavras? - gritou, subitamente mudando a direção do facão e apontando diretamente para uma de minhas cochas. Não tive tempo de me manifestar, pois quando vi, a lâmina já estava sendo brutalmente afundada em minha carne. Gritei de dor. Sentindo uma dor indescritível tomar conta de minha perna.

Por que diabos ele tinha feito isso?

A mão do bruxo deixou de segurar meu pescoço, não tive então mais apoio algum.

Nada me impediu de cair de joelhos na grama, levando minha mão rapidamente até o local.

Estava em choque.

Tinha um facão enfiado em minha cocha. Por Deus...tinha um facão enfiado em minha cocha!

A dor era diferente de todas as que eu já havia sentido, pouco se assemelhava a dor de um corte qualquer. Sentia como se meus tecidos se revirassem, queimassem.

Não demorou muito para que finalmente o bruxo retirasse a faca de minha cocha, de uma vez só, retirando um segundo grito de dor de minha garganta.

- Não quer falar nada mesmo? - perguntou, calmo, se agachando ao meu lado logo em seguida.

Inspirei rapidamente, tentando controlar minha respiração. Minha perna inteira queimava.

Ainda encarava a grama a tempo de assistir parte de meu sangue, que escorria do recente buraco em minha cocha, manchar o belo rubi bem acolhido pelo verde bem abaixo de meus olhos.

Aquilo era...

Fechei os olhos por alguns instantes, voltando os mesmos logo em seguida para o bruxo ao meu lado.

...era repugnante.

Seu olhar petrificado estava completamente focado em mim. Retribui a frieza. Sentindo lágrimas se formarem em meus olhos em consequência da dor em minha cocha, mas não me permiti derramar uma sequer.

- Vá pro inferno. - consegui dizer, quase cuspindo em seu rosto.

Meu rosto estava repleto de suor, mesmo com o vento congelante, portanto, metade de meu cabelo estava grudado em minha bochecha.

Minhas mãos estavam vermelhas em consequência do sangue em minha perna, e eu já não conseguia pensar em mais nada a não ser em como doía aquele buraco em minha pele.

- Não sei o que isso quer dizer. - disse, levantando a lâmina finalmente e direcionando ela bem devagar para o meu rosto. - Mas desejo o mesmo pra você. - finalmente completou, encostando a ponta congelante e repleta de sangue do facão em minha garganta.

Senti um arrepio percorrer meu corpo naquele exato momento. Fechei os olhos, evitando derramar as lágrimas que o inundavam. Engoli a seco, sentindo minha garganta arder.

O gelado do objeto parecia congelar todo meu corpo. Estava imóvel.

Respirei fundo. Abrindo meus olhos e encarando os vários encapuzados a minha frente.

Pisquei diversas vezes, apertando minha cocha.

Era aquilo.

Havia chegado a hora.

Respirei fundo, sentindo a lâmina ser passada de forma suave na minha pele pela primeira vez.

Acredito que um corte fino tenha sido feito, pois uma pequena ardência se acumulou na área, mas logo foi inibida pelos puxões e pelas pontadas que o buraco em minha perna proporcionavam.

- De seu sangue, vida... - começou a recitar o bruxo, como se desse uma palestra a todos os presentes. Senti meu coração aos poucos bater em um ritmo mais lento, se juntando aos poucos com a minha respiração quase regulada novamente.

Deixei também uma lágrima solitária escorrer, sem me importar. Ninguém prestava atenção em mim mesmo. Pareciam duplamente concentrados em algum tipo de mantra silencioso.

A ficha tinha finalmente caído.

Havia sido preciso que aquele metal ameaçasse minha garganta diretamente pra que eu entendesse que não tinha mais jeito.

Minha cabeça não me deixou prestar atenção no que acontecia ao meu redor. Estava em uma espécie de transe.

Em algum momento lembrei de minha família, em algum outro lembrei de Amélia, e em mais um, foi a vez de Ravi.

Ravi havia me abandonado.

Eu ia morrer sozinha.

- ...e da pedra renasce a vida. Da vida a magia. E da magia... - voltei a prestar atenção nas palavras finais do bruxo, sem vontade alguma de tentar compreendê-las. - ...nosso poder. - completou finalmente, voltando o olhar pra mim.

Respirei fundo.

Mais lágrimas escorreram pela minha bochecha, se misturando com o suor de meu cabelo e em seguida pingando no chão, fazendo companhia à poça de sangue que havia abaixo de mim. Apertei involuntariamente o machucado, mordendo os lábios com a dor.

- Seja bem vindo de volta, Salen. - disse finalmente, orgulhoso.

Não consegui segurar minha surpresa dessa vez.

Todo o controle que eu tinha de certa forma mantido até agora pareceu me abandonar.

Eles iam trazer Salen de volta à vida?

Oh céus...

Encarei desesperada o bruxo acima de mim. Ele me encarava de volta, preparado pra finalizar com aquilo.

Entrei em pânico.

Eu não podia deixar isso acontecer. Não podia...

Não...

Subitamente, um grito tomou conta de meus ouvidos, seguido por outro, e logo em seguida por alguns xingamentos e palavras sem nexo.

Não entendi o que acontecia, pois não conseguia me mexer para enxergar nada atrás de mim, pois a maldita lâmina ainda estava posicionada estrategicamente em minha garganta. E eu não ousaria mover minha cabeça e bom, me matar.

A confusão de barulhos atrás de mim não parava.

Posso jurar que cheguei a escutar um rugido.

Céus...o que diabos estava acontecendo?

- O que... - escutei o bruxo que me segurava soltar. Senti então, uma vontade imensa de enxergar o que ele enxergava.

Meu coração batia mais rápido ainda.

Se ele não estava continuando só podia significar uma coisa...

Meus pensamentos foram interrompidos quando subitamente fui atingida por alguma coisa extremamente pesada.

Perdi o ar quando minhas costas foram empurrada para frente com o impacto.

Por estar de joelhos, não consegui me manter ereta por muito tempo.

Foi só consequência da gravidade que eu caísse de cara no chão. Claro que com uma ajudinha de alguma coisa extremamente pesada vindo em alta velocidade em minha direção.

Perdi a noção por alguns segundos, sentindo um peso considerável ainda se apoiar em minhas costas.

Oh céus...doía.

Meu rosto estava completamente molhado. Agora também com meu próprio sangue, que antes manchava apenas a grama.

Tentei me colocar apoiada em meus cotovelos, mas aquele peso não me deixava levantar.

Meus braços não tinham força suficiente para levantar a mim e o que quer que seja que estava em cima de mim.

Sabia que não era uma coisa qualquer, mas sim algo quente, e bem...macio.

Tentei me esquivar para longe daquele peso todo que esmagava meu estômago mas ao me mexer só piorei minha situação.

Alguma coisa simplesmente começou a prensar minha perna ferida diretamente na grama. Droga.

Mordi os lábios com a dor. Não queria gritar e chamar a atenção de qualquer um que fosse.

Se bem que ninguém me escutaria gritar no meio de toda aquela gritaria.

Respirei fundo, com dificuldade.

Certo.

O que eu faria?

Tentei me mexer mais uma vez, mas a medida que eu tentava me virar e tirar o que quer que fosse de cima de mim, sentia que minha perna estava sendo esfaqueada mais uma vez.

Parei por um tempo, tentando controlar minha respiração e desviar minha cabeça daquela dor terrível. Encarei então, a movimentação a minha frente.

Foi aí que dei de cara com ele.

- Oh céus! - soltei, levando um susto ao dar de cara com aqueles olhos azuis me encarando.

Era Ravi.

E ele estava agachado bem a minha frente.

Ravi? Agachado na minha frente? Mas o que?

Sua expressão estava dura. Seus olhos bem abertos e seu maxilar tenso, pude perceber que também estava assustado.

- Fique quieta, Hay. - ordenou, enquanto tampava minha boca com sua mão. Não tive reação alguma além de respirar com dificuldade, ainda mais agora, com ele tampando meu nariz com sua mão. - Vou tirar esse bruxo de cima de você, certo? - esse bruxo? Senti meu coração bater ainda mais rápido. Céus, tinha um corpo em cima de mim? Senti que arregalei os olhos. - O que foi? - ele perguntou, visivelmente preocupado. - Oh droga, esse sangue é seu? - perguntou, analisando de forma firme todo o meu rosto que devia estar bem sujo de sangue. - Você consegue correr? - perguntou, sem esperar minha resposta. - Tanto faz. Espera. Deixa eu tirar esse bruxo dai. Depois a gente vê o que faz. - concluiu, parecendo medir as consequências de suas palavras assim que as soltavas. - Certo. Farei isso. Fique quieta. - tomou a decisão, tirando a mão de minha boca rapidamente e sumindo de meu campo de visão.

Tentei enxergar o que ele fazia, mas não consegui.

Foi só quando senti todo aquele peso sair de minhas costas que pude ter certeza que ele não tinha me abandonado mais uma vez.

Assim que o que quer que fosse do bruxo que esmagava minha perna foi removido, senti a mesma formigar.

Droga. Seria difícil correr desse jeito.

Comecei a me colocar sentada, com dificuldade, mas o mais rápido que conseguia, até que senti uma mão agarrar minha cintura.

Me esquivei imediatamente, desesperada ao concluir que devia ser algum dos bruxos.

- Hay. - a voz confusa de Ravi ecoou nos meus ouvidos, me fazendo encara-lo, aliviada.

- Ravi...eu...

Era só ele que tentava me ajudar. Eu estava ficando paranóica.

- Só vamos sair daqui. - disse ele, ignorando meu surto mais recente. - Rápido. - completou, parecendo assustado.

Suas mãos agarraram rapidamente meu pulso, me colocando de pé em uma puxada só. Não entendia porque ele estava tão assustado ou ainda porque fazia tudo com tanta rapidez, mas assim virei o rosto para trás, compreendi.

Quatro bruxos nos encaravam.

Eles tinham percebido que íamos fugir.

Os quatro que se sobressaíam da confusão atrás de si tinham nos visto.

Meu Deus...

Espera.

Eu vi gigantes?

- Rápido! Rápido! Rápido! - Ravi gritou, repetidamente, me puxando pelo pulso para uma corrida súbita, me tirando o ar e os pensamentos ao mesmo tempo.

Senti minha perna doer, mas não tive escolha senão ignorar.

Era isso, ou seriamos pegos.

***

Fim de capítulo!

Olá gente linda, como estao?

Gente. Para tudo pra eu respirar depois de passar uma maratona escrevendo esse capítulo. Kkkkkk. Ficou enorme, não?

Eu não sei o que vocês acham de capítulos com 70 páginas mas eu acho sei lá...grande. Kkkkkk. Não sei dizer se é bom ou ruim. Mas eu realmente espero que vocês digam que é bom. Porque aliás, todos os capítulos agora estão bem grandes! Então gente, se for ruim me mande um: stop! Por favorrr me ajudem com esse feedback.

Então pessoas, o que acharam do capítulo? Alguém ficou nervoso? Kkkkkkk. Espero que tenham ficado bem nervosos, e ansiosos também, e principalmente, que tenham gostado.

Não vou me estender muito porque já tá grande! Kkkkkkk.

Queria apenas pedir (como sempre) pra que caso tenham gostado do capítulo não esqueçam de clicar com amor na estrelinha lindona ali embaixo 🌟 e de comentar o que vier na telha.

Muito obrigada pela sua leitura e pelo seu carinho.

Um big beijo e até o próximo capítulo, Bely. ❤️

_____

# perguntinha bônus.

25) Hayley foi salva. Então acabou?

Sem opções. Perguntinha bônus mais vaga da história das perguntinhas bônus. Kkkkkk.

PS: conversem comigo nos comentários.
PS2: conversem comigo nos comentários.
PS3: adivinha...conversem comigo nos comentários. =)

____

Capítulo postado no dia 14/02/16.
Todos os direitos reservados.

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