Capítulo 12 - A lenda de Salen. Parte IV.

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Ponto de vista - Amélia Romnly.

Não consegui correr por muito tempo. Meu filho pesava demais, e eu estava apenas no quinto mês de gravidez. Ia ser uma bela criança...

Admito que usei um pouco mais de mágica para me locomover até uma cidade vizinha e a sensação de finalmente usar aquilo que eu nasci para usar, era incrível. Se meus pais soubessem que eu finalmente tinha usado mágica...eles ficariam muito orgulhosos. Sorri ao lembrar deles. Desde que havia sido expulsa de casa por estar grávida, nunca deixei de pensar em como eles devem estar se virando, afinal, apesar de tudo, eles eram meus pais.

O céu estava mudando de cor, ficando laranja, vermelho. Senti vontade de me sentar e assistir ao por do sol, assim como fazia quando não morava em Scaban. As vezes acreditava que me mudar para cá foi a pior coisa que me aconteceu. E eu estava certa em relação a isso.

Desejei um cavalo, e consegui fazer um aparecer, estava abusando da magia, sabia disso, e os primeiros sintomas estavam começando a aparecer. Olhei para os meus braços e pequenas marcas vermelhas cobriam uma pequena parte da extensão de meu pulso. Eram bolhas vermelhas, em alto relevo, circulares, e juntas. Contei quatro. Ok, são só marcas. Tentei me convencer que não era nada demais, o que não era mesmo, mas eu sabia que aquilo era originário do uso sobrecarregado que eu tinha feito da mágica nas últimas horas. Mas eu não tinha outra escolha. Precisava salvar meu filho.

Caminhei até o cavalo que comia a grama do chão e acariciei seu longo focinho. Era um cavalo branco, com a trina lisa e brilhante. Desci minha mão até seu pescoço e o acariciei mais um pouco. Respirei fundo. O que eu faria agora? Quando eu sai de casa tinha um propósito em mente. Apresentaria meu filho para seu pai. Porem eu não sabia que seu pai tinha virado um babaca insensível. Agora não tinha mais plano algum. Não fazia ideia do que fazer, para onde ir.

Fiquei um tempo apenas ali, parada, alisando o cavalo e pensando nas possibilidades de vida que tinha agora. E garanto que as possibilidades para uma bruxa grávida não eram as melhores. Não na época em que nos encontrávamos. Precisava de um mapa. Precisava traçar uma rota. Só sabia trabalhar dessa forma, em prol de um objetivo.

Pensei então em um mapa, e como das outras vezes, ele rapidamente apareceu na minha mão.

Era assim que a magia em Scaban funcionava. Quem tinha o gene, quem era das linhagens que possuíam mágica, automaticamente era bruxo...ou bruxa, no meu caso. E para usar essa tão preciosa magia, só o que era necessário era sangue frio e concentração. Devíamos esquecer tudo ao redor e nos concentrar no que queríamos que acontecesse, então quando eu digo que pensei em alguma coisa, e tal coisa apareceu magicamente, ela realmente apareceu magicamente. Eu a fiz aparecer.

Salen nunca possuiu o gene da magia, ao contrário do que muitos devem estar pensando. Seus pais tinham, mas por algum motivo, esse gene não passou para ele. Seus pais ficaram preocupados, pois o primeiro filho, Albergue, possuía a mais plena magia, que se aflorou desde criança. Mas com Salen era diferente, sessões de terapia e de treinamento, não foram suficientes para proporcionar a mágica que lhe era prometida.

E foi nesse impulso de conseguir magia, que ele inventou a magia negra. Arruinando tudo que seus pais um dia haviam construído.

Olhei para o pedaço de papel na minha mão e me localizei. Estava em algum lugar perto de um novo reino que havia acabado de se erguer. Troxs, se não me engano...antigamente esse reino era humano, sem atrativo algum. Salen porém proporcionou a eles um poder sobrenatural. Eles podiam se transformar em fogo agora. E adoravam isso.

Acredito que essa maldição foi uma estratégia de governo do meu querido ex amante. Os troxs agora comem na sua mão. Ter aliados que queimam não é a pior coisa que se pode acontecer.

Scaban [Completo]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang