Capítulo 8 - Bem vinda ao paraíso dos bastardos. Parte II.

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Eu olhava para frente. Transtornada.

Não esperava por aquilo. Aquilo não era uma cidade, era um campo de guerra.

Daqui de cima eu via apenas destruição. Parecia que um terremoto tinha passado por ali. Um furacão. Uma tsunami. Qualquer coisa que provocasse algo ao menos parecido com aquela confusão.

- Ravi? - o chamei, sem tirar os olhos da miniatura de cidade, ou melhor, da destruição que era aquilo ali. - alguém mora aqui? - estava transtornada.

- Você se impressionaria com a quantidade.

Aquilo era o cúmulo do absurdo e o literal da palavra caos. Como alguém moraria ali?

- Vamos, Hayley? - Ravi disse e eu concordei, porém sequer desviei o olhar daquilo tudo.

Finex era uma cidade em ruína e uma confusão também. Não entendia o que era rua e o que era casa, prédio, ser vivo...tudo parecia se misturar, como uma receita perfeita para a loucura.

Percebi que Ravi já estava descendo e havia se afastado de mim. Então o segui, rapidamente.

Pedra após pedra. O chão estava quente e o sol, mais ainda. Sentia que ia derreter ali mesmo. Precisava muito de água. Minha respiração estava ofegante e eu estava quase desmaiando ali mesmo. Mas a curiosidade para entrar naquele lugar me movia, e me deixava de pé.

Foi uma descida curta, porém cansativa. Não sentia mais meus pés. Pra que gastar quilos de hidratante neles mesmo? Pois é, agora não faz mais sentido.

Ainda encarava Finex de relance durante a descida. E quanto mais eu chegava perto, mais louco aquele lugar parecia. Percebia que tudo era feito de pedra, mas a maioria estava manchada ou quebrada. Percebi ainda que pequenas ruazinhas de terra cortavam os lugares. Devia ter sido uma cidade bem bonita um dia. O que será que tinha acontecido para ficar desse jeito?

Enxerguei o final da descida e suspirei aliviada, mas ao mesmo tempo senti certo receio em chegar a Finex. Estava com medo do que tinha ali.

Continuamos andando e quando estávamos quase chegando, Ravi me impediu de continuar. Parando, se virando para mim e finalmente dizendo:

- Hay, fica perto de mim. Não saia do meu lado nenhum segundo. - sua voz era firme e autoritária. Assenti, mas ri do "Hay". - qual a graça? - perguntou, juntando as sobrancelhas.

- Nenhuma, Vi. - ele pareceu confuso.

- Vi? - ri de sua ingenuidade.

- Ra-vi. - repeti seu nome, dando bastante ênfase em cada sílaba. Ele ainda não entendeu, então bufei, desistindo de explicar. - deixa pra lá, vamos andando. - ele deu de ombros e segurou meu pulso.

- Do meu lado. - repetiu e eu assenti com a cabeça mais uma vez.

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Entramos em Finex por uma rua de terra. Casas quase destruídas enfeitavam nosso caminho. Nenhum sinal de algum morador, sem sinal de vida alguma. Não tinha vegetação nenhuma ali. Sentia o ar mais pesado. Ravi segurava meu pulso, e me guiava bem perto dele. Ele estava com medo de alguma coisa, só não sabia o que.

Continuamos andando. Estávamos passando por uma área residencial. As casas aqui estavam mais conservadas do que parecia de cima, mas ainda assim, estavam acabadas.

A rua pela qual passávamos estava deserta. Sentia a mão de Ravi suar. Ele andava preocupado, o que estava começando a me preocupar também. O que será que ele temia?

Viramos a direita em uma esquina como qualquer outra e eu escutei um barulho vindo de trás de nós assim que restabelecemos uma reta. Ravi pareceu também escutá-lo, pois o mesmo parou rapidamente e segurou com força o topo de sua espada, que ainda estava presa em sua cintura. O barulho cessou e depois de conferir que não havia nada, continuamos a caminhar.

Scaban [Completo]Where stories live. Discover now