Scaban [Completo]

Capítulo 33 - Em Scaban as coisas são ácidas. Parte II.

Todos ficamos paralisados por algumas frações de segundos.

Sentia minha cabeça girar.

Drago estava ali? No meio da floresta? No meio do nada? Por quê?

Respirei fundo, tentando me lembrar da última vez que nos falamos. Ele ainda estava mal, com um corte na nuca. Eu havia dito para nos separarmos.

Por Deus, quanto tempo fazia? Pareciam anos.

Encarei aquele homem musculoso e assustado, enquanto ele me encarava de volta. Sua perna estava coberta de sangue, mas por alguns minutos, ele não pareceu ligar muito.

- Drago? O que...

A voz de Ravi foi suficiente pra acordar todos daquela transe, colocando todos em nossas devidas posições, inclusive Kioto, que não demorou muito para rosnar mais uma vez para Drago.

- Kioto... - o chamei, receosa.

A fera virou o olhar vermelho para mim, fazendo minha perna tremer involuntariamente. Eu odiava aquele olhar ameaçador.

- Kioto? - Drago perguntou, confuso. Sua testa franzida deixava evidente que ele não estava entendendo nada.

- Kioto é... - não consegui retomar minha frase, pois o movimento mais singelo de Kioto provocou um susto generalizado.

O problema é que o animal não pretendia fazer nada, não até se assustar com o nosso susto.

Dado um passo para trás, Kioto franziu seu cenho peludo, abrindo a boca e soltando um rosnado firme, para Drago.

O que ele tinha contra Drago afinal?

Senti Ravi puxar meu pulso, me virei então para encara-lo. Ele não parecia muito confiante de que Kioto deixaria Drago passar.

Senti minha mão suar.

Já tinha estado naquela situação antes, com Jop, diversas vezes, mas em nenhuma delas Kioto havia me obedecido. Ele só ouvia Ravi. O que me deixava enciumada, confesso. Mas naquele momento, não importava quem ia acalma-lo, a única coisa que realmente importava era evitar que Kioto fizesse mais estrago ainda na perna de Drago.

- Ravi? - chamei-o, em um sussurro baixo, para não chamar a atenção da fera. Meu coração batia em um ritmo desconcertado. - Por favor, acabe com isso.

Com Ravi não era preciso de explicações, muito menos repetições, automaticamente depois das minhas palavras, ele assentiu com a cabeça e assobiou para a fera.

Não fazia ideia do que se passava pela sua cabeça. Se ele nutria algum medo, por menos que fosse, por Kioto, nunca havia demonstrado. Pelo contrario, a fera parecia ter mais medo dele que o contrario.

O assobio chamou a atenção de Drago, que se apoiava com um dos braços em um tronco de árvore atrás de suas costas e respirava de forma desregrada, ao julgar pela velocidade absurdamente rápida que seu peito subia e descia.

Drago encarou Ravi rapidamente, e logo em seguida voltou o olhar para o animal, que já não o encarava mais.

- Kioto. Deixe-o em paz. Ele não é inimigo. - Ravi soltou, conversando com a fera como se ela fosse um ser humano, assim como Amélia o fazia. Acho que esse era o segredo no final das contas.