Capítulo 38 - O assassinato no lago encantado.

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• Amélia.

Algumas horas antes.

Acordei completamente atordoada.

Não conseguia respirar, mas ao mesmo tempo sentia meu pulmão queimar com a quantidade de ar que parecia se acumular naquele pequeno pedaço de tecido muscular. Mesmo que eu não fizesse força alguma pra por algum ar lá dentro.

Engasguei uma ou duas vezes, sozinha, antes de finalmente conseguir me apoiar em meus cotovelos e inspirar de forma normal. Mas assim que eu o fiz, meu braço perdeu completamente as forças, balançando até que finalmente cedesse ao peso de meu corpo e se dobrasse contra a minha vontade, fazendo com que eu caísse, batendo a bochecha e a barriga mais uma vez no chão.

Tossi, sentindo algo subir pela minha garganta instantaneamente. Tive que me virar para soltar aquilo que me sufocava.

Meu nariz queimava, e minhas coxas ardiam, ao mesmo tempo que eu vomitava algo viscoso, que manchava meus lábios e pingava na terra abaixo de mim. Estava escuro, mas apenas ao tocar em meus lábios, percebi que se tratava de sangue.

Eu tinha vomitado sangue. Mais uma vez. Bom, de certa forma aquilo não me surpreendia mais.

Do que eu me lembrava. Eu havia passado horas assim...depois...não me lembro de mais nada.

Minha garganta agora também queimava, coçava. Minha boca estava com gosto de sangue. Tudo que eu via era sangue.

Levei um susto.

Havia sangue em minhas mãos. Muito sangue.

Aquele sangue era todo meu?

Inspirei profundamente, tentando me colocar sentada mais uma vez.

O que diabos tinha acontecido?

Toquei na camada de areia molhada abaixo de mim, amassando-a. Onde eu estava?

Senti minha cabeça girar. Milhares de pensamentos a rodeavam. Eu não me lembrava o que diabos tinha acontecido. Não sabia como tinha ido parar ali. Estava apavorada, confusa, me sentindo completamente doente.

Com muita força e depois de duas tentativas, finalmente consegui me colocar sentada, sem forças para mexer o pescoço e encarar qualquer coisa senão a terra abaixo de mim, manchada com o meu sangue.

Passei a língua em meus lábios, sentindo o sangue que ali ainda se acumulava, mas não consegui me preocupar.

Eu só queria entender o que estava acontecendo. Apenas isso.

Foi quando eu decidi isso que um grito estridente de pânico chamou a minha atenção, voltei minha cabeça imediatamente na direção em que o ruído vinha, com o olhar arregalado.

Foi então que eu a vi. E então a perdi de vista.

Ela vinha em minha direção. Mas então tudo ficou preto.

- Bruxa! - escutei-a gritar, parecendo correr. Mas eu não consegui ver.

Estava tudo escuro, meu ouvido zunia.

Tossi mais uma vez, sentindo minha garganta coçar.

Minha visão voltou aos poucos, como se uma cortina se abrisse.

Scaban [Completo]Where stories live. Discover now