Capítulo 49 - Muito Chapado. Parte II.

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- Isso dá? – Ravi indagou, assim que voltou finalmente para dentro da igreja com os punhos fechados.

Tremi com as possibilidades ao encarar suas mãos apertadas ao redor de alguma coisa. E bom, minhas preocupações se concretizaram quando ele jogou no banco da igreja algumas notas de dez reais. Jesus, ele tinha mesmo roubado alguém!

- Isso da?

Repetiu, e eu não demorei muito então para contar as notas, ainda atordoada, sentindo-me de certa forma, completamente errada na vida; mas, não podia me dar o luxo de lamentar. Tínhamos que sair das ruas antes que fossemos parar na cadeia por termos sonegado o pagamento do hospital e não termos ao menos identificação!

- Ravi... – sussurrei seu nome, dobrando as notas com um sorriso no rosto. – Você conseguiu setenta reais!

- Isso é muito?

Assenti com a cabeça, abismada. Quem ainda andava com setenta reais em dinheiro vivo na carteira?

- Da para pegarmos um táxi – mordi meus lábios, estranhamente nervosa. – Graças a Deus não precisaremos pegar um ônibus...

- Ônibus? O que tem de errado com o Ônibus? – Ravi perguntou, curioso, sentando-se na banqueta, bem ao meu lado.

Haviam várias coisas erradas em ônibus. Mas eu não entraria nessa discussão com ele.

- Não importa – fui rápida. – Precisamos ir logo.

- Certo – soltou, parecendo confuso logo em seguida. – Mas... espera um pouco – pediu, franzindo a testa. – O que é um táxi?

Respirei fundo. Como explicar?

- É uma carruagem? – arriscou, ao parecer perceber que eu procurava alguma definição na minha cabeça escassa de vocabulário.

- Sim! – ele era genial. Exatamente isso que eu precisava. – Uma carruagem... ou quase isso...

- Igual a ambulância?

Fiz uma careta. Ele devia saber o que é ambulância porque devíamos ter andado em uma para ir ao hospital. Deus, eu daria um rim pra conseguir ver como ele se virou lá dentro.

- É... só que menor – soltei, gesticulando. Ravi pensou por um tempo.

- Ah sim – soltou, finalmente. – Tudo bem então. Obrigado.

Dito isso, ele se levantou de uma vez só, entendendo suas mãos para me ajudar a fazer o mesmo. Sem mais perguntas? Isso era novidade. Mas bom, não podia reclamar.

E não o fiz.

Então nos levantamos.

- Hayley... – Ravi chamou-me, cortando os quase cinco minutos de silêncio que havíamos feito ao caminhar com camisolas hospitalares da igreja a calçada. – Eu não entendo nada daqui – anunciou, parecendo engolir a seco. Sua voz foi tão sinceramente doce que eu senti vontade de abraçá-lo, vendo ao mesmo tempo um táxi dobrar a esquina.

- Eu vou te explicar tudo que você precisa saber quando estivermos no táxi, certo? – ele assentiu com a cabeça, sério.

Fiz sinal para o táxi, que veio em nossa direção diminuindo a velocidade. Graças a Deus.

- Hay? Isso é o táxi?

- Sim, Ravi – respondi, finalmente me permitindo encara-lo, respirando fundo logo em seguida.

Scaban [Completo]Where stories live. Discover now