A Última Nefilim - Livro I (E...

By ZaacFray

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Hailey pensa ser apenas mais uma garota comum e não acredita em anjos ou em demônios, até que conhece Ícaro... More

Prólogo: A Carta do Arcanjo
Capítulo 1: Divinum sagittam
Capítulo 2: Navego em um lago de ácido corrosivo
Capítulo 3: Enfrento uns guardas-esqueleto
Capítulo 4: Um cheiro de canela e jasmim em minha casa
Capítulo 5: Minha amiga tem dentes grandes
Capítulo 6: Bem vinda ao Templo de Betesda
Capítulo 7: Um arcanjo tem cabelos roxos
Capítulo 8: Reencontro meu ex namorado
Capítulo 9: Conhecendo meu pai durante uma invasão
Capítulo 10: Minha "anja madrinha" me empresta suas roupas
Capítulo 11: Rosas perigosas nem sempre possuem espinhos
Capítulo 12: Recebendo um enigma
Capítulo 13: "Ave Halley"
Capítulo 14: O chicote da morte
Capítulo 15: A Morte me encontra em um túnel alagado
Capítulo 16: Reencontro minha melhor amiga no inferno
Capítulo 17: Visito o calabouço lá de baixo
Capítulo 18: A Grande Ceia
"Lúcifer, Lilith e Nachash, a serpente do Jardim do Éden"
"O golem"
"Incêndio sobrenatural"
"Apenas uma valsa nos Céus"
"A benção de um querubim"
"No princípio: A guerra primordial"
"O Réquiem Celestial"
"Cuidado com as pedras voadoras"
"Legião, o demônio feito de muitos"
"Supernova"
"Viajando em uma bolha"
"Fiz questão de esquecer como um anjo"
"O Santo Graal e a Esmeralda do Conhecimento"
"Espelho, espelho meu"
"Apenas mais uma casca"
"Sombras do passado"
"A humildade torna homens em anjos"
"Epílogo: Dormindo feito uma nefilim"
No princípio: as Estrelas Cadentes e o Relâmpago que cortou os céus
"AVISO!"
"AVISO 2: Minhas outras obras"

"Os cavaleiros do apocalipse"

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By ZaacFray

"É melhor reinar no inferno do que servir no Paraíso" - John Milton, O Paraíso Perdido


      — Como ninguém desconfiou do sobrenome do garoto? — Começou Lúcifer — Éosforo ou Phosphoro é a palavra grega para Lúcifer em latim, que significa estrela da manhã. — Havia uma certa beleza sombria no rosto do querubim caído, com aquele sorriso malicioso, aqueles olhos semifechados azuis brilhantes como latão em uma fornalha, e aqueles longos cabelos prateados. — Entendam estava tudo na cara de vocês, seus idiotas. Já experimentaram trocar o "N" de Natan por um "S"? 

"Natan" "Satan", as palavras eram muito parecidas, agora ela entendeu, ele só se aproveitara de Halley para se infiltrar na legião. Ele nunca fora um nefilim, ele era mais que isso, era o Arque-demônio principal do inferno, o anjo caído que sempre estava em oposição a Miguel o Arcanjo principal dos céus, Natan era o próprio Diabo, o rei dos demônios que estava desaparecido.

Um brilho avermelhado surgiu da espada do cavaleiro vermelho, era uma luz semelhante a fogo, Ariel olhou para o anjo e sussurrou algo para si mesma, tão baixo que Halley não pode sequer escutar.

— Linda, não é?! — Disse o anjo montado no cavalo vermelho cujo a armadura possuía uma cor escarlate.

— Devolva a espada seu desgraçado! — Gritou Ariel.

— Claro que não, a espada me escolheu! — Os olhos violeta de Abigor, o cavaleiro vermelho, fixaram-se em Halley e ele continuou, enquanto deixava seus cabelos ruivos caindo sobre sua face — Então essa só pode a nefilim escolhida pelos Céus para me matar, estou certo? Porém, devo avisar que nem todas as profecias acertam, lembre-se da profecia apocalíptica que dizia que Abaddon abriria os portões do submundo, ela errou, Abaddon está no submundo agora, transformado em uma mísera supernova.

— Espere, se Abaddon está morto então — disse Halley — Ícaro conseguiu!

— Mas isso não quer dizer que você vá! — Gritou o cavaleiro negro que portava uma balança na mão.

O cavaleiro que montava em um cavalo preto fez com que chamas verdes brotassem de dentro de seus olhos, olhos escuros e profundos como um abismo. Sua pele era escura, seus cabelos curtos e crespos, e seus lábios carnudos.

— Calma Abdiel, mantenha a calma! — Disse Azrael, o cavaleiro amarelo (o anjo da morte) ao cavaleiro negro. — Tenha calma!

Halley olhou para o anjo da morte que a conduzira para o inferno quando ela morreu e perguntou:

— Então você é um demônio? Agora entendo porque me levou ao Sheol.

— Sim, eu sou um dos caídos, porém, não foi por causa disso que mandei você ao submundo, Halley. Esse é o destino de todo nefilim, sou um dos poucos que ainda deve seguir pelo menos uma das regras dos Céus, porque continuo sendo Morte, sigo um certo protocolo. Então sou o único que vocês não podem matar, até porque um dia ceifarei todos vocês.

— Já chega! — Gritou Lúcifer para os outros três demônios do Armagedom— Eu só quero que vocês as matem, simples, como vocês três são idiotas.

— Só matarão Halley por cima do meu cadáver!

Halley reconheceu aquela voz serena e enigmática, era de Ícaro, ela virou-se e o viu junto de Ismael, porém algo havia mudado nele, seus cabelos batiam nas costas agora, e uma pedra como a de Natan posicionava-se em sua testa. Ele segurava com seu braço direito um elmo grego e com a mão esquerda erguia uma espada de bronze celestial.

— Ícaro! Você está bem? — Gritou a nefilim enquanto corria para os braços do Arcanjo Mortal.

Ela esticou-se para beijá-lo, porém ele recuou.

— O que foi?

— Me desculpe, Halley, mas eu não posso. eu não sou quem você pensa que é.

— Mas Ícaro...

Nesse momento a voz de Natan ecoou pelo templo:

— Miguel, há quanto tempo irmão! Já não estava mais te reconhecendo como aquele mortal, vejo que conseguiu impedir meu querido Abaddon! Olha, estou admirado, nunca pensei que você o derrotaria.

A mente de Halley virou de cabeça para baixo e suas mãos gelaram. Ela havia escutado direito? Natan, na verdade Lúcifer, havia chamado Ícaro de Miguel?

— Não me chame de irmão — continuou Ícaro — você perdeu esse título quando ousou me enfrentar nos céus há milhares de éons atrás, e aliás, eu derrotei você, não seria muito difícil derrotá-lo.

— Então — prosseguiu Lúcifer — acredito que terei de derrotar você dessa vez, meu irm... quer dizer, arcanjo Miguel.

— Heilel, como você continua sorrindo mesmo depois de perder o seu lugar nos Céus — Disse Ícaro, e Halley lembrou de quando Ariel falou que Heilel ben-shahar significava estrela da manhã em hebraico, tendo o mesmo significado tanto do nome Lúcifer em latim quanto do nome Phosphorus ou Eosforo em grego — Porque não se entrega a luz novamente?

— Entenda Miguel, eu não tenho mais nada a perder. Meu destino já foi escrito por Yahweh, já sou condenado a sofrer no Inferno no futuro, ou seja, a única coisa que me resta é tomar os Céus e recuperar minha glória. Eu sei que se me entregar a Deus posso ter minha luz restaurada, porém, nunca irei me humilhar e voltar a ser um escravo daquele Tirano só por causa de uma mísera luz, prefiro viver escondido nas trevas, onde sou rei, até porque, como uma vez disse John Milton "É melhor reinar no inferno do que servir no Paraíso".

Azrael, Lúcifer, Abdiel e Abigor desceram de seus cavalos, que sumiram como névoa, e aproximaram-se de Ariel, Ícaro, Halley e Ismael, que deram um passo para trás. Os anjos caídos abriram suas asas e todos puderem ver as quatro asas negras cravejadas de pedras preciosas do rei do submundo, Lúcifer. As incontáveis asas negras de Azrael, o cavaleiro amarelo, a famosa Morte, possuíam pequenos pontos brilhantes como uma noite estrelada. As asas de Abdiel, o cavaleiro negro, eram vermelhas com uma aparência áspera e algumas penas quebradas, dando um tom desigual e assimétrico as seis asas que o demônio-serafim possuía. Já as quatro asas de Abigor eram gigantescas e semelhantes as asas de uma cegonha, pois eram brancas, mas com as pontas negras, simbolizando sua luz que foi consumida pela escuridão.

— Mas Ícaro — disse Halley. — Onde está Muriel?

Miguel abaixou a cabeça e disse:

— Eu tentei, mas ele se perdeu no portal, me desculpe. A culpa foi toda minha, eu segurei somente a mão de Ismael, pois achei que Muriel soubesse se locomover por um espelho mágico, porém eu estava enganado, eu sinto muito.

Ariel correu em direção à Miguel e agarrou-lhe pela camisa dizendo:

— Como?! — Sua voz estava dura e seus olhos vermelhos enquanto uma lágrima escorria e caía de seu rosto. — Eu confiei em você, eu não acredito Miguel, como Deus pode dar o título de Príncipe dos anjos a um ser tão irresponsável como você?! Eu amava Muriel, e agora, ele pode estar em qualquer mundo, em qualquer dimensão, pode até ter sido teletransportado para o próprio nada, ou pior e se ele estiver no Sheol, preso agora?! Tudo culpa sua, seu idiota, eu vou matar você!

— Você não precisa, docinho — disse Lúcifer — pode deixar comigo que eu dou conta.

— Cale a boca, seu imbecil traidor!

Ariel estendeu sua mão esquerda em direção de Lúcifer e atirou uma rajada de luz e de trevas que se cruzavam, enrolando-se uma na outra, formando uma mistura de clarão com escuridão. No entanto, Lúcifer desviou-se e disse:

— Espere Ariel, eu escutei bem? Você me chamou de traidor? Quem foi o traidor foi esse daí que vocês chamam de "príncipe", que na rebelião celeste, traiu os Céus e liderou ao meu lado, mas depois que viu que a guerra estava difícil foi logo correndo para o 'Papai'!

Os olhos de Ariel fixaram-se nos olhos do querubim caído e disse:

— Isso não é verdade! Miguel nunca iria...

— Jovem Ariel, entenda, as piores mentiras são aquelas que você conta para si mesmo e acaba acreditando. Ele tenta tanto esconder essa verdade que, por dentro, ele dilacera a si mesmo e acaba mentindo para seu próprio coração, dizendo que isso nunca aconteceu. Porém, Miguel, quero que saiba, que eu sou o Pai da Mentira, e as suas mentiras que eu mais amo são aquelas em que você conta para mim e eu finjo que acredito, mesmo sabendo de toda a verdade. Então, resumindo, suas mentiras não afetarão a ninguém mais além de você.

Ariel soltou o arcanjo, colocando o no chão, e virou-se para o querubim caído, que disse para ela:

— Venha, Ariel! Venha comigo e eu te darei tudo o que você sempre quis. Já que Muriel acabou se perdendo, eu posso de oferecer Leviathan, ou melhor, meu servo Levih, como você costuma chamar, porque eu sei que no fundo, você ainda o ama. E de brinde te devolvo a sua lira que você perdeu enquanto treinava com sua espada da luz, no vale da sombra da morte.    

— Me desculpe, mas eu não posso aceitar. A perda de Muriel é um fardo que eu terei que carregar por toda a eternidade, até encontrar um jeito de me livrar disso. Mas... como você sabe tanto sobre mim?

— Eu sei de tudo — prosseguiu Lúcifer — sobre nós caídos. Entenda que o único jeito de se livrar desse fardo é encontrando a morte e lembre-se que temos ela aqui, ao nosso lado — Azrael aproximou-se de Lúcifer — basta você se entregar.

— Não vá Ariel! — Gritou Halley, mas a anja pareceu não dar ouvidor.

Ariel, cambaleando, aproximou-se do anjo da morte e ajoelhou-se perante ele dizendo:

— Vá em frente, mate-me, arranque-me a vida, destrua o que restou de mim, se é que restou algo, porque tudo o que eu tinha estava em Muriel, e sem ele, eu não tenho nada.

O cavaleiro amarelo tirou a espada com a frase em latim novamente da bainha e apontou para a garota, abrindo aquela boca de lábios pálidos e ressecados para dizer:

— Chegou a sua hora de explodir como uma estrela, Leão de Deus. Esse é o seu fim.

A espada aproximou-se de seu peito rasgando a superfície da blusa no momento em que ela estendeu a mão direita em formato de arma e disse:

— Ainda não!

Uma rajada de luz saíra de seu dedo iluminando aquele lugar escuro e atingindo o abdômen do anjo da morte. Ele foi jogado contra a parede, porém seu corpo permanecia o mesmo sem nenhum arranhão. Ele se levantou limpando sua roupa longa enquanto gargalhava em direção a Ariel.

— Mas como?! — A voz da anja saiu sem poder conter o espanto.

— Como você quer matar um demônio já morto? Como acha que a Morte está presente em todos os lugares, milhares de pessoas morrem ao mesmo tempo, e como acha que eu me locomovia tão rápido? Entenda que eu já sou uma supernova, sou onipresente, eu sou o único anjo que não pode voltar a ter um corpo de verdade depois da supernova, porque sou a própria Morte.

— Como assim "eu sou o único anjo que não pode voltar a ter um corpo de verdade depois da supernova"? Então quer dizer que voltamos a vida depois da supernova?

— Claro! Se um anjo é imortal, como ele iria permanecer morto para sempre?

 Porém alguém atrás de Ariel disse algo:

— Mas sinto que no seu caso será diferente Ariel! 

Ao se virar a anja só sentiu algo queimar em seu peito e algo semelhante a uma agulha perfurar se coração. Abigor, o demônio da guerra, havia enfiado a Excalibur, a espada flamejante do arcanjo Miguel, em Ariel, fazendo seu corpo pegar fogo. Ariel gritava e sentia sua própria pele queimar, era como se houvesse alguém derramando ácido corrosivo nela, por pura diversão. Ela viu quando Ismael, Halley e Ícaro, agora chamado de Miguel, aproximaram-se dela e tentaram apagar o fogo de seu corpo, porém já era tarde demais, ela não sentia mais dor porque a camada da pele que fazia com que isso acontecesse, havia sido destruída. Ela não sentia mais o fedor de sua própria carne queimando, e fui nesse momento em que ela resolveu tentar se acalmar e virar de lado, vendo as cinzas que há uma época que agora estava tão distante dela haviam sido suas asas.

— Ariel, você não pode morrer, por favor! — Gritou Halley.

— Isso... isso não importa, Halley — a anja sorriu para a nefilim — pelo menos eu sei que morri lutando e defendendo o que eu considerava certo. Eu morri lutando contra a escuridão, e pela primeira vez, depois de éons, percebo que mesmo em toda essa escuridão que eu sou, ainda há uma pequena luz que brilha dentro de mim. Eu não sou tão ruim quanto eu pensava, eu acho que... — Ela tossiu e voltou a falar com mais dificuldade — eu acho que eu finalmente posso me considerar uma pessoa boa.

E assim o corpo de Ariel explodiu em uma chuva de cinzas prateadas. Halley chorou, e depois de alguns minutos percebeu que aquilo não a levaria a lugar nenhum, então, enxugou suas lágrimas e gritou em uma língua que nem mesmo ela conhecia. Ela segurou a mão de Ícaro e disse:

— Vamos, agora é tudo ou nada!

Ícaro assentiu dando um beijo rápido em seus lábios. Eles jogaram-se um nos braços do outro e sentiram quando de suas costas asas brotaram, porém dessa vez elas estavam completas, um par para cada um, sim, os dois que haviam perdido uma de suas asas haviam recuperado e agora se preparavam para colocar um fim naquela guerra que parecia ser eterna.

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