Capítulo 9: Conhecendo meu pai durante uma invasão

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       Halley correu para ajudar Ícaro; ela corria por entre os destroços de armaduras medievais e pedaços espalhados de asas de mármore a ajoelhou-se perto de Ícaro, que tentava se levantar para desferir outro ataque contra o demônio, com as asas postas para voar. Como sempre ele cheirava à canela e flor de jasmim.

— Halley, o que você faz aqui? — Ícaro perguntou, contestando a presença de Halley — você precisa voltar para o quarto, aqui não é seguro.

— Mas e você? — Halley perguntou. Por algum motivo ela se preocupava com Ícaro; ela não poderia deixá-lo ali.

— Eu preciso continuar lutando, Halley — o jovem respondeu — é para isso que eu vivo aqui. Preciso deter esse demônio antes que algo pior aconteça.

Halley queria dizer para ele não ir, mas ela sabia que não podia impedi-lo, aliás, fora por causa de sua bravura que Halley havia sido salva do demônio que dizia se chamar "Donnye". Sendo assim, Halley não disse nada, apenas assentiu, concordando que ele partisse.

— Fique aqui — Ícaro disse, se levantando e tomando a sua espada novamente nas mãos — não saia daqui até tudo isso acabar.

E novamente Halley assentiu. Ícaro deu um sorriso para ela e, virando-se de costas, voou rapidamente na direção do demônio outra vez, com a espada erguida. Os legionários lutavam contra o anjo de asas negras, mas este sempre revidava todos os ataques com suas asas, que pareciam formar uma barreira de ar que contra-atacava tudo o que ia em sua direção. Tudo aquilo acontecia muito rápido ao olhos de Halley, todos ele se moviam em uma velocidade surreal, como se fossem flashes de luz todos ao mesmo tempo, principalmente Raphael, o arcanjo, que só era possível ver um vulto amarelado e luminoso quando se movia.

       Repentinamente, Halley sentiu um cheiro forte inundar o salão; era um fedor de enxofre muito intenso que veio acompanhado por um calor e um tremor de terra. Enquanto a terra tremia, o demônio se pôs a gargalhar novamente e disse, com a voz arranhada:

— Ouçam o meu chamado, meus irmãos. De todos os mundos, apresentem-se perante mim que os evoco e chamo.

E naquele momento alguns círculos de fogo apareceram no chão e, dentro dos círculos, as chamas começaram a se espalhar, formando o que parecia ser uma estrela de cinco pontas. "Um pentagrama" Halley pensou, aquele símbolo ela conhecia; se posicionado para cima simbolizava os quatro elementos e o espírito, mas posicionado para baixo... não era tão legal assim. De lá saíam vários anjos de asas negras e um número incontável de gárgulas que, de longe, pareciam até um enxame enorme de abelhas. Halley estava em pé, imóvel, apenas vendo a guerra acontecer; ela prometera para Ícaro que não sairia dali e cumpriria a sua promessa, até porque ela sabia que apenas atrapalharia os legionários se entrasse no meio deles. Mais adiante, uma guerreira de armadura prateada atirava flechas de bronze celestial em uma velocidade inimaginável na testa de uma gárgula e Halley via o momento certo em que a gárgula se transformar em pó na sua frente; era incrível e assustador ao mesmo tempo. As gárgulas saíam desesperadamente de dentro dos pentagramas, como se fugissem de onde quer que elas estivessem. Era visível que os legionários estavam dando conta dos seres sombrios, todavia, Halley sabia que eles não aguentariam por muito tempo se o número de demônios e gárgulas dobrasse a cada minuto como estava acontecendo. O Pretor Raphael, estendendo suas enormes mãos, lançava rajadas de luzes violeta que desintegravam instantaneamente os seres das trevas.

— Noah — gritou o Pretor Raphael enquanto incinerava uma dúzia de gárgulas com raios de luz provenientes de suas mãos — recite o texto do Rituale Romanum, agora!

         Passando seus olhos rapidamente, Halley conseguiu achar o garoto do cabelo roxo, azul e rosa no meio de de toda aquele multidão, assentindo para o arcanjo. Noah, com uma espécie de giz, desenhava no chão uma espiral no sentido da esquerda para a direita, começando por fora. Ao terminar o desenho no chão, a espiral resplandecia como o sol e, ficando em pé no centro da espiral, Noah tomou em suas mãos um livro grosso e, lendo uma das páginas, dizia em alta voz:

A Última Nefilim - Livro I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now