Capítulo 4: Um cheiro de canela e jasmim em minha casa

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          Hailey sentou-se desesperadamente no canto de sua cama, levou sua mão direita ao seu peito esquerdo e percebeu que seu coração estava muitíssimo acelerado. Suas mãos e pernas tremiam, sua testa estava suada e a garganta estava seca; ela arriscava em dizer que, durante o sonho, ela havia pressionado com bastante força os seus dentes, pois eles apresentavam uma sensação dolorida, além da mandíbula doer de tanta tensão. Todavia, isso era o menos importante, o que realmente importava — e a aliviava — era que Hailey havia conseguido despertar daquele sonho horrendo. Sendo assim, reunindo o ar restante em seus pulmões cansados, ela soltou um único e relaxante suspiro e conseguiu sussurrar: "Pelo menos, foi apenas um sonho!"

          Bem, pelo visto, Hailey dormira a tarde inteira e, por incrível que parecesse, a janela de seu quarto já mostrava um céu totalmente escuro, com uma lua cheia pairando sobre a tela escura e sombria que era o céu em sua face noturna. Ela, então, retirou o edredom de cima de seu corpo, até porque já estava suada demais para se cobrir, e recostou a cabeça em sua cabeceira. Desse modo, colocando o seu cobertor de lado, como que instintivamente, Hailey pode ver que havia algo de estranho em seu braço direito. Ao direcionar seu olhar ao braço, Hailey percebeu que havia uma pequena marca que se assemelhava a uma mordida, uma marca semelhante à mordida das Cortantes de seu sonho. Poderia parecer loucura, Hailey sabia, mas, justamente no lugar onde uma das piranhas esqueléticas havia mordido-a em seu sonho, havia uma marca pequena. Qual era a probabilidade daquilo acontecer?

— O que é que está acontecendo comigo? — Sussurrou Hailey para si mesma, pondo a mão na testa, sem acreditar que ela estava pensando na possibilidade daquele sonho ter sido real — Eu estou realmente cogitando acreditar que aquele sonho fantasioso foi real?! Eu devo ter bebido demais na festa de Bryan para ter de considerar tamanha idiotice.

          Obviamente, tudo aquilo não passava de coincidência, obra do acaso. Hailey era cética demais para acreditar em qualquer coisa que tivesse envolvimento com assuntos espirituais ou sobrenaturais, ainda mais em um cardume de esqueletos de peixe que estavam vivos e comiam pessoas. Claro que ela não iria acreditar naquilo, até porque seria pura tolice. De qualquer forma, ela queria contar para Donna sobre aquele sonho, até porque Hailey precisava saber como sua amiga estava depois de sentir-se mal no meio da rua mais cedo. Sendo assim, ela não hesitou em pegar o seu celular debaixo do travesseiro e, imediatamente, abriu a lista de contatos e clicou no nome "Donna". O som do celular mostrava que o celular de Donna estava chamando e tocando de alguma forma; Hailey imaginava alguma música em estilo folk ou celta, semelhante às músicas medievais, tocando no celular de Donna enquanto ela ligava. "Scarborough Fair seria uma ótima opção" pensou Hailey, tendo em vista que Donna amava aquela música.

Hi, Hay? — Disse Donna pelo celular, atendendo a ligação com uma voz estranha, como se estivesse comendo algo.

— O que é que você está comendo? — Hailey perguntou, ouvindo uns "crock, crock" na linha.

— Fiz pipoca para comer durante um filme. Ele é romântico e fofo, mas já aviso que é bem clichê. — A amiga ruiva de Hailey respondeu, pondo mais um punhado de pipoca na boca. — É bem do jeito que eu gosto. A garota perdeu a memória e não se lembra do noivo, você acredita? Eles passam cinco anos separados e agora estão se reencontrando.

— Ahh, então, pelo visto, você já chorou bastante, não foi? — Perguntou Hailey, com o riso entre os dentes.

— Bastante é pouco, meu amor — Donna respondeu — não se espante se eu for para o hospital depois de assistir esse filme e o médico disser que eu estou desidratada de tanto chorar.

— Não duvido — Hailey respondeu, soltando uma risada.

— Ainda bem que você me conhece — Disse Donna, dando também uma risada abafada e pondo mais outro punhado de pipoca na boca.

A Última Nefilim - Livro I (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now