Indômito

By EAnoniima

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Tempos depois de começar a vingar a morte de sua mãe, Safrina Nieto retorna a Hausach, a pequena cidade onde... More

Prólogo
Capítulo 1| Retorno
Capítulo 2| Destruição
Capítulo 3| Sombras
Capítulo 4| Me Salve
Capítulo 5| Concentre-se
Capítulo 6| Mudanças
Capítulo 7| Noivado?
Capítulo 8| Direção
Capítulo 10| Ações
Capítulo 11| Marcas
Capítulo 12| Verdades
Capítulo 13| Me Apaixonando Totalmente
Capítulo 14| Provocações
Capítulo 15| Aflição
Capítulo 16| Solitário Novamente
Capítulo 17| Piedade
Quantos gritos cabem no seu silêncio?
Capítulo 18| Demônios
Capítulo 19| Novos laços
Capítulo 20| Lágrima maldita

Capítulo 9| Desejo

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By EAnoniima

"Eu nunca tive algo que eu não posso andar longe
Mas, menina, meu autocontrole paralisou
Quando se trata de você, não, eu não tenho paciência."
(Thomas Rhett - Craving You)


· Zac Müller ·

Hoje teria que levar Safrina para a biblioteca, as aulas com a minha mãe teria início cedo. Queria usar esse tempo que elas teriam juntas, para aproxima-las, até porque só poderíamos ver mudança em Safrina se ela permitisse, então meu intuito não era muda-la.

Percorro os corredores até o quarto dela, faltavam apenas dez minutos para as sete da manhã e seu quarto estava em completo silêncio.

Ficaria surpreso se ela já estivesse no local ordenado, mas o guarda que contratei para vigia-la estava posto ao lado da porta. Pensei que ela poderia ter fugido e ele não percebeu, mas ao concentrar no quarto a minha frente, consigo escutar uma respiração lenta, seguida de um bater calmo de um coração.

Suspiro.

— Bom dia. Por favor, traga-me uma bandeja com frutas e algo para beber. — Peço.

— Sim, senhor. — Ele diz, concordando com a cabeça e saindo da sua posição.

Encostei na porta, usando como apoio para meu corpo, cruzei as pernas e coloquei as mãos no bolso da calça jeans escura, o que fazia a camisa social branca se destacar em meu corpo. Esperei o guarda voltar, enquanto encarava meus sapatos. Mas sua demorava já me entediava, e se meu relógio de pulso estivesse certo, havia se passado quase vinte minutos.

Eu já tinha a desculpa perfeita para adentrar o quarto.

E é isso que faço. Giro a maçaneta marrom com desenho dourado do brasão da alcateia. Todos os móveis do Palácio Central continha o brasão, a cabeça de um lobo. A porta abriu silenciosamente, algo que eu apreciava nesta casa. Era histórica, mas tudo em perfeitas condições.

Safrina estava encantadoramente linda enrolada na coberta. A posição em que ela se encontrava fazia com que ocupasse a enorme cama, seria assustador e invejável ela não reclamar de dores lombares.

Poderia ficar horas apreciando essa mulher. Mas tínhamos compromisso e se eu continuasse aqui seria invasão de privacidade. Poderia ser considerado no momento em que entrei no quarto sem avisa-la ou pedir permissão, e isso me fazia sentir obsessivo. O que eu não era!

Resolvo tomar uma atitude para sair logo deste local.

— Chega, Safrina. Levante-se. — Falo, voltando a colocar as mãos no bolso da calça.

Ela se mexe um pouco e abre os olhos lentamente, focando em mim. Depois vira e pega o relógio que estava na escrivaninha ao lado da cama e o aproxima dos olhos, tentando olhar as horas. Deixa o relógio cair na cama e levanta, indo para o banheiro, sem dizer nada.

A observo, imóvel. Seu corpo estava coberto apenas por uma calcinha de renda preta e um sutiã do mesmo modelo. Meu corpo fica tenso, abaixo minha cabeça para não ficar olhando para ela como um idiota, era desrespeitador. E eu também não queria ter que tomar outro banho gelado.

Escuto passos vindo na minha direção, levanto a cabeça a tempo de vê-la passar do meu lado, indo até o guarda roupa, pegando o primeiro vestido que encontra e o vestindo. A cor vermelha destacava-se em sua pele bronzeada. O coque tinha fios teimosos que insistiam em ficar em seu rosto. Então ela sai, sem dizer nada, deixando a porta aberta e eu no quarto sem entender.

Reviro os olhos e vou atrás dela. Caminho lentamente, tanto que perco Safrina de vista. Quando estava próximo a porta da biblioteca, prestes a abrir, escuto uma conversa e paro para ouvir.

— Está atrasada, Safrina. São quase oito horas da manhã. — Sorrio com a voz severa da minha mãe, as mesmas palavras que eu ouvia quando chegava em algum lugar atrasado me traz lembranças da infância.

— Me desculpe. — Me surpreendo ao ouvi-la se desculpar. Não era capaz de imaginar uma cena na qual Safrina pediria perdão por algo.

— Essa é a segunda lição, ser pontual. Ter compromisso. Ser responsável. — Rose diz, pausadamente.

— Eu sou responsável. — Ouço Safrina rosnar.

— Não ao ponto de ser pontual. Terceira lição: manter o controle. Manter o tom da sua voz estável, mesmo querendo matar uma pessoa, seja elegante. — Ela completa.

Posso sentir que neste exato momento Safrina estava revirando os olhos.

— Deselegante. — Rose diz, tão casualmente que não parecia um insulto, no entanto era um dos mais puros.

— Elegante. — Rebate Safrina.

— Obrigada. — Minha mãe diz.

Eu poderia ter entregado que estava atrás da porta se não tivesse conseguido controlar a minha risada. Se continuasse desse jeito, uma iria tentar matar a outra. Precisaria de mais guardas.

— Tomou o seu café? — Rose perguntou.

— Não.

— Quarta lição: sempre tome café da manhã, mesmo que não esteja com fome. Ele te fortalece e mantêm uma dieta. — Sorrio imaginando minha mãe levantar um dedo para cada lição que falava.

— Obrigada pela dica. — Safrina tinha perdido a paciência, era notável pelo seu tom de voz. Podia imaginar o sorriso sarcástico que ela matinha nos lábios. — Agora, como eu cheguei atrasada, creio que deveria levar uma punição e ficar no meu quarto o dia inteiro. — Ela sugeriu, estava claro a sua irritação com Rose.

— Certo, mas antes você irá tomar seu café da manhã comigo. — Diz minha mãe.

Ouço o barulho de cadeiras sendo puxadas, elas iriam tomar café da manhã agora. Já poderia me retirar sem ter medo de encontrar uma das duas mortas.

Antes que fizesse tal ato, escuto uma tosse forçada e olho para trás. O guarda que ficava na porta de Safrina estava agora na minha frente com uma bandeja nas mãos, tinha trago as coisas para que ela pudesse comer, mas já era tarde, ela já estava comendo.

Por um minuto, me senti envergonhado por ser flagrado ouvindo atrás da porta. Mas ignora, quem nunca teve que passar por uma situação dessa?

Pego a bandeja de suas mãos.

— Obrigado. — Agradeço a ele e saio, o deixando posicionado na porta.

Vou para o meu escritório, tinha muito trabalho pela frente.

Assim que entro, deixo a bandeja na mesa de tira gostos, bebo um copo d'água e caminho até a minha mesa. Sento na cadeira que ficava de costas para a janela, dando vistas para o jardim, e começo a mexer com os papéis.

Eram vários, teria que organizar todos hoje e mandar para os ministros rever os tópicos que mudei e assinarem.

Mal tinha começado a ler quando ouço batidas na porta.

— Entre. — Falo, sem tirar os olhos do papel, estava lendo um requisito importante que havia sido pedido para a comunidade e não queria ler novamente.

Passos vem em minha direção e alguém puxa uma cadeira, sentando a minha frente.

— Bom dia. — Falo assim que termino aquele tópico e olho para a pessoa a minha frente. — Jordan. — Sorrio o cumprimentando.

— Bom dia, Zac. Tenho notícias da comunidade. — Ele diz e me cumprimenta com uma pequena reverência com a cabeça.

— Fale. — Deixo a caneta de lado e escoro na cadeira, levando uma mão ao queixo para apoiando na mesma.

— Eles querem saber seu posicionamento sobre este noivado, Zac. Tem certeza que quer seguir com isso? — Questionou.

— Tenho sim. Vou fazer um discurso e ir até a aldeia falar com todos. — Disse, pegando a caneta novamente e anotando em um pedaço de papel, para não esquecer.

— Certo. — Ele suspira. — Eles também querem ser notificados sobre a rotina de Safrina, o que faz aqui, como se comporta, horário para acordar... querem saber se ela vai ser digna de sentar ao seu lado um dia.

— Isso está parecendo um reality show, eles a estão monitorando. — Pensei. — Posso fazer um resumo, não muito detalhado e passar para eles, mas na minha opinião isso não é necessário, soa como se eles duvidassem da minha escolha.

— Todos duvidam. Eles escutaram o que Felipe disse na clareia, que você sofreu imprinting por Safrina, acham que ela está de usando isso. Que o tem na palma das mãos por este detalhe essencial. — Ele diz convicto.

Bato as mãos na mesa ao levantar abruptamente.

— Isso é um absurdo! Nunca pensei que teria que usar do poder com meus súditos! — Passo a mão pelos cabelos.

— Eu avisei, Zac. Os ministros também avisaram, a morte de Safrina é o caminho fácil. — Ele me olha. — Mate-a e todos voltaram a te idolatrar sem questionamentos.

— Você sabe que nunca me deixei levar pelo que os outros desejam. Faço sempre o necessário, independente do caminho que tenho que percorrer. — Esbravejo. — Se ela morrer, eu também morro. O que você pede é a minha morte, caro amigo. Isso é o melhor para a alcateia?

— Não é bem assim. — Jordan diz. Levantando da poltrona e abrindo a porta para que Kate entrasse.

— Como? — Olho para ele e depois para ela — O que vocês tem em mente?

— O imprinting é a única coisa que a mantem viva. Pelo menos eu não posso matá-la sem que você também sofra. Então procurei por alguém que pudesse desfazer esse laço. — Kate diz.

Caminho de um lado para o outro. Não teria um dia de paz?

— Zac, estamos tentando ajudar você a não perder o trono. — Jordan fala.

Paro de caminhar e olho para eles.

— Não. Vocês estão tentando matar Safrina, realizar o desejo de todos. Eu pedi um mês! Apenas um mês! Não podem cumprir com esse prazo? Vai acontecer alguma guerra civil dentro desse mês? Não!

— E quando esse prazo acabar? — Ele pergunta.

— Planejou tudo com a Kate, mas ela esqueceu de te contar isso, Jordan? — Balancei a cabeça negativamente. — Ficou decidido a morte de Safrina.

— Parece que você gosta de amar essa mulher! Não consegue perceber o quão mal isso está te fazendo? — Kate esbraveja. — Dulla morreu por isso!

— Não me culpe pela morte de sua irmã! Ela morreu porque foi tola o suficiente para ir atrás de Safrina! Sozinha! Eu havia pedido para que ela não fizesse isso! E você a acobertou! Tem certeza que está culpando a pessoa certa? — Vociferei para ela.

— Zac. — Ouço Jordan me repreender.

— Kate só quer matar. Não justifico os crimes de Safrina, ela vai pagar. Mas a morte dela não vai desfazer as outras! — Tento voltar ao meu controle.

— Você está cada vez mais idiota! Olha o que ela está fazendo contigo! — Kate rosna para mim, mas eu a ignoro. Dando as costas para os dois e encarando a vista que meu escritório dava para a floresta.

Escuto a porta bater. Kate tinha saído.

— No final é você quem decide qual caminho percorrer. — Jordan diz. Ele iria falar algo mais, porém é interrompido por duas batidas na porta.

— Entre. — Falo, parando diante da porta com os braços cruzados.

O mesmo guarda que me flagrou escutando atrás da porta da biblioteca, estava agora a minha frente.

— A prisioneira está nos "ordenando" a levar tinta para ela, e objetos como rolo e lixa. — Diz o guarda. — O que devemos fazer, senhor?

Sinto o olhar questionador de Jordan na minha nuca.

— Leve o que ela pede, também finja que ela manda em algo, deixe-a se iludir. — Ordeno. — Provoque-a também, sei que está com raiva de ficar de vigia na porta dela. Então use isso ao seu favor. — Disse e viro para eles, voltando para a minha cadeira e esperando que ele saísse e fechasse a porta em seguida, mas ele não faz nada disso. — Está esperando uma bonificação? Não terá. Saia. — Rosno.

O guarda sai fechando a porta logo em seguida. Olho para Jordan, que me encarava com uma sobrancelha erguida.

— Você está diferente, pode ganhar o ódio dos seus funcionários assim. Quer isso?

Argh! Ele era meu amigo, meu melhor amigo, por isso tinha a liberdade de falar tudo desse modo, mas era realmente necessário jogar tudo na minha cara?

— Eles devem me temer. — Jordan se senta à minha frente e pega um pouco dos papéis. — Temos que terminar isso. — Mudo o assunto e começamos a organizar os papéis.

Demoramos horas para terminar, Jordan saiu com os braços cheios e foi direto para a sala dos ministros, já estava no horário de passar as informações que nós mudamos.

Não voltamos ao assunto. Ele me lançava olhares de vez enquanto, como se quisesse dizer algo mais. Porém eu ignorei, já havia me alterado antes e não queria repetir.

Me dirigi para o meu quarto. Tomei um banho demorado para relaxar todo o meu corpo, vesti uma calça de moletom folgada e uma camisa fresquinha, e fui até o quarto de Safrina ver o que ela estava aprontando.

Foi automático. Só percebi o que estava fazendo quando já estava no corredor que dava para o quarto dela. Bato duas vezes na porta e espero ela responder, enquanto passo os dedos no meu cabelo que ainda estava molhado por conta do banho.

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